sábado, 2 de julho de 2011

América do Recife, Campeão Pernambucano de 1918

Goleiro Jorge Tasso/1918
GRANDES ACONTECIMENTOS: Naquele ano de 1918, a Europa acompanhava a vitória dos aliados frente a Alemanha, mas o fim da 1ª Guerra Mundial só finalizava definitivamente no ano seguinte. Entretanto, o maior acontecimento daquele ano foi a terrível  e assustadora epidemia da gripe espanhola que matou milhões de pessoas em todo o mundo e chegou ao Brasil, através do porto do Recife, quando soldados vindos do Senegal, desembarcaram com o vírus influenza. Uma semana depois, a gripe espanhola já havia se espalhado por todo o país,  matando milhares de brasileiros, vitimando fatalmente até o Presidente da República, Rodrigues Alves. A situação foi tão séria que o campeonato gaúcho não foi realizado, alguns outros foram retardados, inclusive o campeonato pernambucano que só encerrou em fevereiro do ano seguinte. Outro fato marcante foi o falecimento do Presidente da Liga Sportiva Pernambucana (LSP), o tenente da marinha Henrique Jacques, em 4 de setembro, vitimado de uma congestão pulmonar. A Liga Sportiva Pernambucana (LSP) passou a chama-se Liga Pernambucana de Desportos Terrestre (LPDT).

O Campeonato Pernambucano de 1918, foi disputado por seis equipes, todas do Recife, no sistema de pontos corridos em turno único, com jogos de ida e volta. O grande campeão foi o América Futebol Clube, do bairro recifense de Casa Amarela, fundado em 12 de abril de 1914. O América sabendo da esperteza do Sport Recife que tentava o tri-campeonato e que costumava contratar jogadores profissionais no sudeste do país para disputar as finais do certame, não ficou atrás, e contratou o zagueiro Alexi e o atacante Bermudes da Associação Atlética das Palmeiras e o atacante Perez I, do Ypiranga, todos de São Paulo. O América já contava com uma grande equipe, além do craque do time, o atacante Zé Tasso que foi o artilheiro do campeonato com 16 gols, irmão do goleiro Jorge Tasso que também era árbitro. Zé Tasso começou no Santa Cruz, mas veio para o time da Jaqueira, por imposição da família que torciam pelo time esmeraldino (América).
O artilheiro Zé Tasso

O Sport Recife já contava com os jogadores Antônio Ferramenta que veio de São Paulo, e Benedito Fernandes oriundo do Rio de Janeiro. O time leonino tentou ainda Paulino do América-RJ e Cyro Werneck do Botafogo-RJ, que já haviam sido campeões pernambucano no ano anterior, mas não foi possível. O Sport partiu para uma aventura no Uruguai e contratou o atacante Pedro Mazullo, todavia, o Sport tinha que obedecer o regulamento da Liga, que determinava que todo jogador vindo de fora do Estado tinha que passar pela “lei do estágio”, onde estabelecia que o jogador para atuar teria que ter pelo menos dois meses de estadia em Pernambuco. Pedro Mazullo partiu de Montevidéu no dia 13 de maio, passou pelo Rio de Janeiro, Maceió chegando a Quipapá-PE, divisa com Alagoas, em 21 de maio. Antes de seguir para o Recife, os dirigentes do Sport que acompanhavam Mazullo pegaram um atestado da autoridade local, atestando que o jogador já se encontra em terras pernambucana.

O América foi arrasador, e não adiantou o Sport Recife importar jogadores, pois o time esmeraldino foi superior durante todo o campeonato, até o Santa Cruz, com todos jogadores da região, foi superior a equipe rubro-negra. A classificação final do Campeonato terminou da seguinte forma: 1º) América com 17 pontos; 2º) Santa Cruz com 13 pontos; 3º) Sport Recife com 11 pontos; 4º) Náutico com 7 pontos, com 3 vitórias; 5º) Flamengo do Recife com 7 pontos, com 2 vitórias; e em 6º) Torre com 5 pontos.
Os jogos do Campeonato foram realizados no Campo dos Aflitos( que ficava próximo a AABB) até junho, quando a Liga (LSP) devolveu a Frederico Lundgren, proprietário do campo, que alugou por quatro anos, ao Náutico. No Campo da Jaqueira que pertencia ao América; O Campo da Av. Malaquias pertencente ao Sport.
A taça de 1918

As goleadas: América 10 x 1 e 6 x 1 no Torre; Náutico 5 x 1 Flamengo.
As zebras: 2/6/18- Torre 2 x 1 Náutico; 14/7/18- Flamengo 3 x 1 Santa Cruz; 5/1/19- Torre 5 x 0 Náutico.
Os clássicos: 28/4/18- América 10 x 1 Náutico; 12/5/18- Sport 5 x 3 Náutico; 26/5/18- Náutico 1 x 1 Santa Cruz; 9/6/18- América 2 x 1 Santa Cruz; 30/6/18- Santa Cruz 1 x 0 Sport; 21/7/18- América 6 x 1 Sport; 18/8/18- América 3 x 0 Náutico; 1/9/18- Náutico 1 x 0 Sport; 22/9/18- Santa Cruz 2 x 0 Náutico; 8/12/18- Santa Cruz 2 x 0 América; 29/12/18- Sport 1 x 0 Santa Cruz. *O América até 1944, era considerado uma equipe grande do futebol pernambucano e encerrou o campeonato com: 8 vitórias, 1 empate e 1 derrota. O América disputou seu último jogo no dia 12 de janeiro de 1919, em virtude da epidemia da gripe espanhola, e consolidou o título de Campeão Pernambucano de 1918, pela primeira vez.

Artilheiro: Não há registro.

*Não houve a escolha da Seleção do Campeonato.

Ficha Técnica:
Local: Campo da Jaqueira (América)
Arbitro: Mr. J. Foster
Gols: Zé Tasso, Juju e Perez para o América e o uruguaio Pedro Mazullo para o Sport Recife.
O América formou com: Jorge Tasso; Ayres e Alexi; Rômulo, Bermudes e Soares; Siza, Perez, Zé Tasso, Juju e Lapa. O Sport Recife com: Franco; o inglês Chalmer e Armínio; Manta, Mazullo II e Benedito; Salazar, Batista, o uruguaio Pedro Mazullo, Lourenço e Rodrigo.  

Outros campeões estaduais de 1918. Em São Paulo, O Atlético Paulistano sagrou-se tri-campeão paulista. No Rio de Janeiro, o Fluminense foi o campeão. Em Minas Gerais, O América chegou ao tri-campeonato. No Paraná, o Britânia foi o campeão. No Ceará, o Ceará tornou-se tetra-campeão. Na Bahia, o Ypiranga de Salvador sagrou-se bi-campeão e no Pará, o Remo conquistou o hexa-campeonato paraense.

Por: Jânio Odon de Alencar
Fonte: Diário de Pernambuco e do livro História do futebol em Pernambuco, Ed. Bagaço, jornalista Givanildo Alves, falecido em 4/4/2000.

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