terça-feira, 27 de novembro de 2018

A verdadeira história do bairro de Dois Unidos (Recife)

Avenida Hildebrando de Vasconcelos em outubro de 1972, que foi liberada para o trafego de veículos, no entanto, só foi inaugurada oficialmente pelo prefeito Augusto Lucena, treze meses depois, quando foi concluída toda a pavimentação. Esta foi a maior obra da história de Dois Unidos. Foto: Diário da Manhã.

INTRODUÇÃO
Caros leitores e moradores do bairro de Dois Unidos, o BLOG VOZES DA ZONA NORTE trás para vocês o mais completo estudo sobre a origem de seu bairro. Um trabalho sério, de muita dedicação e credibilidade. Foi vasculhando livros, jornais, revistas, diário oficiais e contatos com moradores antigos e meses de minuciosa pesquisa em bibliotecas, no arquivo público e na internet, que deportamos vocês ao passado e ao presente do bairro de Dois Unidos, toda história de luta, sofrimento, sacrifícios e conquistas de um povo por melhorias e qualidade de vida, numa transformação feita a passos lentos e repleta de obstáculos. Desde a abertura da Estrada do Cumbe (1845), seus pequenos povoados, suas ricas fontes de água, sua mata e o Rio Beberibe que foi degradado com o passar dos anos. O que seria uma olaria, foi descoberto o Sítio Dois Unidos, que já existia desde o século XIX, embrenhado dentro da mata e que serviu de morada para os flagelados das grandes enchentes dos rios Beberibe e Capibaribe e dos mocambos espalhados pelo Centro do Recife que o interventor Agamenon Magalhães com sua ideia fixa de modernização e sobre pressão oposicionista, tratou de expurgar toda a miséria dos mocambos para os chamados arrabaldes. O medo da proliferação comunista, fez com que o governo criasse a Liga , depois, o Serviço Social Contra o Mocambo para monitorar e assistir através das ações sociais à pobreza e garantir a estabilidade do governo ditatorial de Getúlio Vargas. Foi neste contexto, que o governo de Pernambuco, transformou o secular Sítio Dois Unidos numa Vila Popular Operária (1949), onde seu povo teve que se adaptar aos rigorosos invernos na desafiadora Estrada do Cumbe, que enfrentou uma terrível batalha contra os fenômenos da natureza, que destruía todas as pavimentações feitas por diversos governantes por mais de um século, evidente, que a maior obra da história de Dois Unidos foi sem dúvida a Avenida Hildebrando de Vasconcelos (1973) feita pelo prefeito Augusto Lucena, que já havia prometido  fazê-lo em 1966 e que foi uma obra de valorização de toda a população local. Outra importante estrada que contribuiu bastante para a povoação das encostas e morros do lado noroeste e sudoeste de Dois Unidos, foi a antiga Estrada do Oiti-Furado, que na década de 1930, passou a chamar-se de Avenida José Chagas Ferreira. Outra importante artéria de Dois Unidos, fica logo na entrada do bairro, ao sul, é a Rua Mamede Coelho, que muitos chamam de antigo Córrego da Picada, outros afirmam que o referido córrego era a atual Rua Monsenhor Viana. Fica uma grande incógnita, já que no material de pesquisa nada foi encontrado sobre o Córrego da Picada em Dois Unidos ou Beberibe. O que podemos dizer é que quando o Jardim Maracanã começou a ser loteado e vendido a partir de 1959, próximo ao Campo do Madureira, na Linha do Tiro rumo a Rua Mamede Coelho, onde as vendas rumaram para o morro, surgiu o Alto do Maracanã. Há publicações que apontam o Córrego e o Alto da Bela Vista (antigo Alto Chagas Ferreira) tenha mais de cem anos, isto de fato, é uma grande verdade, já que o Planta da Cidade do Recife e seus Arrabaldes de 1875, feita pela Repartição de Obras Públicas da Província de Pernambuco, mostra o povoado do Cumbe, justamente, nas imediações do atual Córrego da Bela Vista (antigo Córrego do Morcego). Em outro ponto, ficava o povoado denominado de Coelhas, no ponto onde hoje fica a Rua Maria Estevão (antigo Córrego da Camila). Tínhamos ainda em Dois Unidos, no século XIX, a propriedade Cumbe ou Cafeeiro. Isolado dentro da mata, ficava o Sítio Dois Unidos. O resto é com vocês, gostaria muito que vocês leitores, comentassem e contassem suas histórias vividas neste bairro que cresceu e se valorizou bastante. Conheça um pouco da história de seus morros, seus córregos e suas conquistas, da Água Mineral Santa Clara (1940), da Invernada Dois Unidos (1940), da Minerva (1951), do presídio e o canil da Força Pública (1962) e muito mais. Você conhecerá de fato a verdadeira história do bairro de Dois Unidos como você nunca viu. 
Estrada do Cumbe (atual Av. Hildebrando de Vasconcelos), sendo calçada em paralelepípedo em dezembro de 1959. Foto: Diário de Pernambuco.

A ESTRADA DO CUMBE
A história do bairro de Dois Unidos teria outro rumo se não existisse a Estrada do Cumbe (atual Avenida Hildebrando de Vasconcelos). Ela foi construída no período do Brasil Império, durante a regência do imperador D. Pedro II, através da Lei Provincial Nº 1.499, de 3 de novembro de 1845, sancionada pelo Presidente da Província de Pernambuco, Antônio Pinto Chichorro da Gama, e tinha apenas 880 metros de extensão e com o passar dos anos foi crescendo. Nesta época, o povoado do Cumbe era totalmente isolado de Olinda e do Recife. A estrada que liga o povoado de Beberibe através da antiga estrada do Matumbo até Peixinhos só foi aberta em 1842, porém com um acesso muito difícil por conta do pântano de Olinda. A avenida Beberibe, antiga estrada Nova de Beberibe só foi concluída em 1867. Os trens a vapor (maxambombas) só começaram a circular até a praça da Convenção, (antiga praça da Conceição), em maio de 1871, e os bondes elétricos só entraram em funcionamento em 1924, dois anos após a Beberibe Eletric instalar a energia elétrica no povoado de Beberibe.

A Estrada do Cumbe foi aberta para que as pessoas tivessem acesso aos casarões e sítios existentes de pessoas abastadas, que vinham ao povoado de Beberibe apreciar a beleza e o clima da região, numa época em que o rio Beberibe ainda era muito pouco poluído, onde se podia tomar banho e fazer piqueniques. Um paraíso destruído pelo tempo, pela ação devastadora do homem.

Thomaz Edward Andrew Comber (o pai) 1832- 1907. Foto: Biblioteca de Cubatão (SP).

Thomaz Comber, que foi gerente do Banco de Pernambuco, exportador de algodão e era diretor de várias companhias inglesas que prestavam serviços ao governo brasileiro, inclusive, a de transportes marítimos. Thomaz Comber, tinha várias propriedades no povoado de Beberibe e era bastante conhecido. Ele nasceu na Inglaterra em 1832 e faleceu no Recife aos 76 anos, no domingo, dia 25 de agosto de 1907. Foi sepultado no Cemitério dos ingleses, no bairro de Santo Amaro, em Recife. Residia à Estrada  de Ponte D’Uchoa, Nº 31, no bairro das Graças, Recife. Era casado com a Sra. Lucy Edith Comber, de quem tinha dois filhos, Thomaz Andrew Comber, ilustre personalidade do povoado de Beberibe, pois foi dono da atual casa paroquial da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Beberibe e do prédio que fica no topo do Alto do Bonfim, conhecido como Retiro São José, numa subida (atual rua Engenheiro Fernandes Dias) que tem na Estrada do Caenga, próximo ao cemitério de Águas Compridas, no bairro olindense de São Benedito; e Herbert Andrew Comber. Tinha ainda, uma filha do primeiro casamento que era casada com o sr. Robert Fenton, revelou o Diário de Pernambuco do dia 27 de agosto de 1907. Com a morte de Thomaz Comber em 1907, e por ser uma figura ilustre no povoado de Beberibe, o governo resolveu homenageá o magnata trocando a palavra "Cumbe" por "Comber", mas só a partir de 1918 é que os jornais começaram a  citar aquela via por Estrada do Comber, entretanto, até a estrada se transformar na Avenida Hildebrando de Vasconcelos, muita gente vinha chamando aquela via pelo antigo nome.

A Planta da Cidade do Recife de março de 1875, que foi organizada pela repartição das obras públicas da Província de Pernambuco, através do Art. Nº 36, da Lei Provincial Nº 1141, a pedido do desembargador Henrique Pereira de Lucena, Presidente da Província de Pernambuco. Mostra à Estrada do Cumbe, em sua margem esquerda, no sentido subúrbio, um pequeno povoado também chamado de Cumbe, um pouco à frente, do mesmo lado, mais dois riachos não identificados, mais que, provavelmente, são os riachos Dois Unidos e o Santa Clara. Na margem direita do rio Beberibe, o riacho Condengo. A cerca de um quilômetro, também na margem esquerda, existia outro povoado denominado de Coelhas, bem ao lado do riacho de mesmo nome, também conhecido por “Tapa D’Água” que nascia no atual Alto do Capitão e desembocava no rio Beberibe.

Durante os 128 anos de sua existência, quando mudou de nome e tornou-se uma avenida, a Estrada do Cumbe passou por diversas intervenções, como a que aconteceu em julho de 1880, quando o Presidente da Província, Joaquim José de Oliveira Andrade, liberou a quantia de 3:000$000 (Três contos de réis) para a nova pavimentação e conclusão da obra de manutenção da estrada.
O que ocorria de fato, era que a Estrada fora aberta sem calçamento, a base de chão batido e reforçado por cascalhos de pedra, em meio a mata, córregos e morros. No período de chuva, de inverno rigoroso, o volume de água que descia desses lugares destruía todo o serviço de terraplanagem com imensas crateras e um lamaçal imenso, o que tornava a estrada intransitável. Por inúmeras vezes, e por vários governantes, a Estrada do Cumbe teve de ser  pavimentada novamente, como veremos algumas situações mais a frente.

A ANTIGA PROPRIEDADE CUMBE OU CAFEEIRO

Uma das propriedades mais antigas da região de Dois Unidos era a do Cumbe ou Cafeeiro, o Jornal do Recife do dia 12 de junho de 1881, publicou um anuncio de um leilão de alguns imóveis e sítios, entre eles, o Cumbe ou Cafeeiro, o anuncio dizia o seguinte: “LEILÃO - ...dois sítios em Beberibe, e uma parte  do sitio e mata no Cumbe ou Cafeeiro. Sábado, 18 do corrente, ao meio-dia no Armazém da Rua do Imperador, Nº16, o agente Steppe, comentemente autorizado por alvará do Exmo. Sr. Juiz de Direito da Provedoria de Capelas e Resíduos, levará a leilão...um grande sitio na Estrada do Cumbe, denominado “Emberibeira”...e uma parte do sitio e mata no Cumbe ou Cafeeiro, com assistência do Dr. Juiz; desde já podem examinar”.

O Diário da Manhã do dia 21 de fevereiro de 1967, publicou uma nota sobre a venda de uma propriedade onde faz referência a antiga Propriedade Cumbe ou Cafeeiro. A nota dizia o seguinte: “Foi posto à venda 146 lotes do loteamento da Propriedade Paraíso pertencente a Sra. Lúcia Soares Brandão de Hollanda Cavalcanti, terras da antiga propriedade rural Cumbe ou Cafeeiro, em Dois Unidos”.  

O ANTIGO SITIO DOIS UNIDOS E A ORIGEM DO NOME DO BAIRRO

Há publicações na Web, que diz que a origem do nome do bairro de Dois Unidos se deve ao fato dos primeiros habitantes costumarem abrigar os seus parentes em suas residências, que passou a ser conhecida como Casa dos Unidos, com o tempo, o nome foi se propagando por toda a localidade, sendo reconhecida como local dos unidos, para depois ser denominado Dois Unidos. Tudo faz crer, que o autor do texto quis apenas criar uma justificativa para dar sentido a origem do nome do bairro, todavia, não há nada documentado. O certo é que, o Sitio Dois Unidos já existia desde o século XIX e que o governo de Agamenon Magalhães através do Serviço Social Contra o Mocambo, criou a Vila de Dois Unidos (1949) a partir deste sitio, que evidentemente se transformou numa vila, e a vila, com o crescimento demográfico se transformou num bairro. Salientando que Dois Unidos, com o passar do tempo, a população começou a reconhecer o local como sendo um bairro, no entanto, era um distrito ou localidade pertencente ao bairro de Beberibe. Dois Unidos tornou-se um bairro independente em 1988.

O Jornal do Recife do dia 4 de abril de 1883, faz referência ao Sitio Dois Unidos, que pertencia ao sr. Eulálio Rodrigues dos Santos, e foi a primeira vez que um jornal do Recife, citou o referido sitio. Com o falecimento de Eulálio, as terras do Sitio Dois Unidos foram divididas entre seus filhos menores: João, José, Júlia e Amélia, conforme consta no inventário do finado, proferido pelo juiz de órfãos da Comarca de Olinda do dia 8 de março de 1883.

Residência na Estrada do Cumbe em 1933.

O ASSALTO AO CASARÃO DA ESTRADA DO CUMBE  

A questão da segurança e da violência sempre foram sérios problemas para os governantes de ontem e de hoje, a diferença era que antigamente, eram em proporções menores. O Diário de Pernambuco do dia 5 de junho de 1886, publicou um assalto a uma residência na Estrada do Cumbe descrita da seguinte forma: “Na madrugada do dia 31 de maio, foram os ladrões, em número de três, à casa do súbdito português João dos Santos, morador do lugar denominado Cumbe, no distrito de Beberibe e subtraíram a quantia de 1:250$000 (Um conto, duzentos e cinquenta mil réis) em dinheiro, um trancelim e duas pistolas.
Quando os ladrões penetraram no interior da casa, o que fizeram por meio de arrombamento, encontraram Santos dormindo em uma rede, o qual despertando, o obrigaram, sob ameaça de ser assassinado, a entregar-lhes a chave do baú, de onde tiraram os objetos acima descritos.
Uma mulher que também estava dormindo e a quem acordaram, depois de a terem amarrado, impuseram que não gritasse e igualmente a ameaçaram de assassinar. Os ladrões estavam armados de facas e retiraram-se”. Finalizou.

A PRIMEIRA ESCOLA

O Jornal A Província, do dia 29 de dezembro de 1901, anunciou a existência de uma escola na Estrada do Cumbe, tratava-se da escolinha particular da professora Sebastiana Cândida Farias de Albuquerque.

O PRIMEIRO PONTO COMERCIAL

Em janeiro de 1933, o Jornal Pequeno, do Recife, anunciava os produtos do primeiro ponto comercial da Estrada do Cumbe. Foram 48 anúncios do Aviário do Sítio Dois Unidos, na Estrada do Cumbe Nº 1591, que vendia ovos importados de São Paulo, da tradicional  Granja do Mandy, onde a dúzia de ovos de galinha da raça “Australorps” custava 60$000 (Sessenta mil réis) e a dúzia da raça “Leghorns” custava 25$000 ( Vinte cinco mil réis). Os pedidos eram feitos no próprio aviário ou pelo telefone 2712. Um detalhe, o escritório não ficava na estrada do Cumbe, provavelmente no Centro do Recife (o anúncio não informa), pois, no Cumbe não havia telefone. No Recife, havia poucos telefones por isso eles possuíam apenas quatro dígitos. Em 1934, havia também na estrada do Cumbe, o Aviário Alvorada, que além de vender aves, vendia também, porcos para abate.

ESTRADA DO OITI-FURADO

Ao oeste de Dois Unidos, fica a centenária e importante Estrada do Oiti-Furado, que pelos meados de 1938, recebeu o nome de Avenida Chagas Ferreira, que era uma tradicional família que morava na antiga estrada do Brejo e eram proprietários da “Propriedade Brejo” nos anos de 1930. A Avenida Chagas Ferreira tem mais de 4 Km, onde começa no cruzamento da rua Mamede Coelho com a subida da Medalha Milagrosa em Dois Unidos, e termina no cruzamento da rua Engenheiro Arnulfo Falcão com a rua Vargem Linda, no bairro de Passarinho.

Maria de Oyá nos anos de 1930 e Mãe Biu, sentada com uma criança ao colo, nos anos de 1950. Foto: Jornal do Commercio/Recife- 15/12/2018.

XANGÔ DE MÃE BIU

Na metade dos anos da década de 1930, onde atualmente funciona a Empresa Águas Minerais Santa Clara, funcionou a sede do tradicional xangô da ialorixá Maria de Oyá que faleceu em 1939 e de sua sucessora, Severina Paraíso da Silva (Mãe Biu) que fazia parte da Sociedade Africana Santa Bárbara-Xambá. Em maio de 1938, o terreiro foi fechado pela polícia no governo de Agamenon Magalhães, e só reabriu em junho de 1950 no Portão do Gelo no atual bairro recifense do Porto da Madeira.
A filha-de-santo, Zeza de Oyá contou das dificuldades enfrentadas para participar dos toques nos terreiros na localidade de Santa Clara, em Dois Unidos. Pois o lugar era de difícil acesso e em área de mata. Disse ela:
" ...dificuldades que tínhamos de irmos lá...aí que os filhos-de-santo iam poder, iam logo na quarta-feira, aqueles que podiam ficar, ficavam, entendeu? Sábado e domingo, quando terminava o toque, os que moravam por aqui por perto ficavam e os que moravam como a gente por Campo Grande, as irmãs, a madrasta dela morava no Cordeiro, aí faziam aquela turma para sair tudo junto porque ali era uma mata. Não passava ônibus, da casa dela até o terminal de Beberibe. Quando terminava o toque a gente ia, passava tudo junto feito um comboio de lá de Santa Clara para aqui para Beberibe, para vir tomar o ônibus. Foi uma vida maravilhosa e sacrificada, porque, pense, dois toques, um no sábado e outro no domingo..." (Finalizou).

Prédio da Água Mineral Santa Clara, na Estrada do Cumbe em 1940. Foto: A.M.Santa Clara.

ÁGUA MINERAL SANTA CLARA

Em 1937, um grupo de investidores, analisaram a área onde atualmente fica a Reserva Ecológica de Dois Unidos e compraram entre a reserva e a estrada do Cumbe, a fonte de água mineral. A linha de captação de água é feita de duas nascentes: Santa Clara e Padre Lâmego e por três poços profundos denominados de Frei Damião, Bento Milagroso e Seu Zeca.

No dia 31 de março 1940, o Diário de Pernambuco revelou que foi descoberta uma grande fonte de água mineral na Estrada do Cumbe, em Beberibe. No dia 4 de dezembro, a empresa começou a produzir guaraná, vinagre, refrigerante de uva (UVAM), gasosa de maça e pera, além de água tônica. Os pedidos eram feitos pelo telefone 2306, em seu escritório que ficava na rua Martins Júnior, Nº 39, defronte ao Teatro do Parque, no bairro da Boa Vista.
Coca-cola instalada em Dois Unidos.

Em 1941, a Coca-Cola iniciava sua produção no Brasil, e durante um ano, utilizou parte das instalações da Santa Clara para produzir em pequena escala, seu tradicional refrigerante, até que a sua fábrica no Rio de Janeiro estivesse pronta.

No dia 23 de abril de 1942, A Santa Clara S/A, torna-se uma sociedade anônima com a aprovação de seus sócios e investidores: Mário Gonçalves Pena, Hildeberto Morais Vasconcelos, Francisco Cornélio de Carvalho, Aurélio Baudoux Castelo Branco, Mario Ramos e Silva, Elizeu André da Silva Rio, Adauto da Silva Teixeira, Pedro Pinto de Mesquita, João Batista Brasileiro Viana, José Braz de Lucena Filho, Gil Carneiro da Cunha, Werner Drechsler, Álvaro Pinto Carvalheira e Luiz Scheinberg. A empresa ficou denominada, Águas Minerais Santa Clara S/A.
A partir de 1950, a Santa Clara passou exclusivamente a exploração de água mineral.


Centro Comercial de Dois Unidos, próximo ao terminal de ônibus. Foto: Jânio Odon- 03/12/2018.

O SURGIMENTO DA VILA POPULAR DE DOIS UNIDOS

Durante o governo de Agamenon Magalhães, interventor de Pernambuco, foi criada a Liga Social Contra o Mocambo em 1937,  com o objetivo de extinguir os mocambos, habitações precárias erguidas sobre palafitas e também às margens dos rios Capibaribe e Beberibe, como também, no centro do Recife; e de incentivar a construção de casas populares.

Em agosto de 1939, o governador de Agamenon Magalhães após receber informações  que estava faltando tijolos  para construção de casas populares dentro do programa da Liga Social Contra o Mocambo, cogitou abrir uma olaria no Sitio Dois Unidos para a fabricação de 25 mil tijolos por semana.

O Decreto-Lei Estadual Nº 1118, de 16 de fevereiro de 1945, criou o Serviço Social Contra o Mocambo (SSCM), substituindo a Liga, mas, com os mesmos objetivos.

O Diário de Pernambuco do dia 27 de maio de 1949, publicou uma nota sobre o início do levantamento topográfico e o loteamento do Sitio Dois Unidos, pelo Serviço Social Contra o Mocambo.

O jornal Pequeno, do dia 31 de agosto de 1950, noticiou que as casas da Vila Popular de Dois Unidos já estavam prontas. Foram construídas pelo Serviço Social Contra o Mocambo, eram de taipa, com dois quartos, sala e cozinha. Justificou que a entidade só dava direito a famílias de oito pessoas. Uma senhora que estava no velho solar do conselheiro João Alfredo, que estava servindo de abrigo, alegou que esteve na vila e que contou duzentas casas construídas, e que estava com a chave de uma das casas já fazia quinze dias, no entanto, não tinha condições para fazer a mudança por falta de dinheiro, nem o SSCM havia providenciado.
Planta da Cidade do Recife de 1952, área da região de Dois Unidos.

A Planta da Cidade do Recife de 1952, elaborada por Luiz Gonzaga de Oliveira, mostra a região onde hoje se situa o bairro de Dois Unidos, pouco povoada e mostrando suas principais artérias como a Estrada do Cumbe, Rua Mamede Coelho ligando a Avenida Chagas Ferreira, que finda em Passarinho, após o Riacho das Bicas, no Sitio Flor do Vale. Mostra também, os morros de Dois Unidos sem qualquer referência como se fossem totalmente desabitados, no entanto, numa pesquisa mais profunda, detectei notícias de fatos acontecidos no Alto da Bela Vista em 1951 e no Córrego do Morcego (atual Rua da Bela Vista) em 1954, prova que o desenhista da referida planta não levou em consideração a povoação dos morros, talvez considerando insignificante para o seu intuito.
No dia 27 de fevereiro de 1962, o governador Cid Sampaio, doou ao Serviço Social Contra o Mocambo (SSCM), dois terrenos pertencentes ao Estado, no Sitio Dois Unidos, numa área de 268 M² para construção de casas para moradia.

 CÓRREGO DA PICADA 
Durante toda a pesquisa, o lugar mais enigmático de todos os lugares de Dois Unidos, sem sombra de dúvida, foi o Córrego da Picada, um lugar postergado pelo tempo, onde pouquissíma ou quase nenhuma informação fora encontrada. Sabíamos de sua existência, no entanto, não foi encontrada nenhuma referência nos materiais de pesquisas (livros, revistas e jornais atuais e antigos). Foram encontradas várias ocorrências referêntes ao Córrego da Picada, não o de Dois Unidos, mais os antônimos localizados nos municípios pernambucano de Limoeiro, Taquaritinga do Norte e Bom Jardim. 
Hoje, esse enigma foi desvendado, contamos com a colaboração de um morador de cognome "Guego", que após investigação, confirmamos que a referida artéria tratava-se da rua Francisco Paulo dos Santos, terceira rua à esquerda da avenida Hidelbrando de Vasconcelos, no sentido cidade/subúrbio. Rua conhecida, como rua do campo da barreira, campo que fica entre as ruas Iara Cristina e Jorge Melo.

O PONTILHÃO DE MADEIRA DA RUA MAMEDE COELHO
A primeira notícia sobre a Rua Mamede Coelho em jornais,  foi publicado pelo Diário de Pernambuco do dia 20 de outubro de 1950, refere-se a construção de um pontilhão de madeira sobre o Rio Morno, ligando a referida rua á Estrada João Chagas Ferreira.

Estação de Tratamento de Água da Compesa, no Alto da Esperança. Foto: Google.

O ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM DOIS UNIDOS

Desde o século XIX, os povoados mais antigos da atual região de Dois Unidos, como: Cumbe, Coelhas, Cumbe ou Cafeeiro e Sítio Dois Unidos, utilizavam as águas do Rio Beberibe e de seus afluentes: Riachos: das Moças (atual Rio de Passarinho), Beberibe-Mirim ou Morno, Condengo, Dois Unidos, Coelhas ou Tapa D’Água. Alguns desses afluentes, não existe mais. Os que resistiram ao tempo, se transformaram em canais de redes de esgotos. Os cacimbões também eram bastantes utilizados. 

Em março de 1951, O governador Agamenon Magalhães, autorizou o Serviço Social Contra o Mocambo, empregar CR$ 66,000,00 (Sessenta e seis mil cruzeiros) na perfuração de um poço, a compra de uma bomba d’água e a construção de um chafariz com banheiro, na Vila de Dois Unidos.

O Diário Oficial de Pernambuco do dia 24 de abril de 1952, informou que o abastecimento d’água da Vila de Dois Unidos já estava em funcionamento, no entanto, só faltava o governador Agamenon Magalhães inaugurá-lo.

No dia 11 de maio de 1952, o governador Agamenon Magalhães, inaugurou o serviço de abastecimento de água na Vila Popular de Dois Unidos, obra executada pelo Departamento de Saneamento do Estado (DSE). A vila contava com 145 famílias, a maioria vítimas das enchentes dos rios Beberibe e Capibaribe. Constava um poço, casa de bombeamento d’água, chafariz com quatro torneiras, três banheiros e um aparelho sanitário. Moradores ainda receberam lotes em torno da vila,  para cultivo agrícola, enxadas e sementes, sob supervisão do Departamento Social do SSCM. Além do governador, estavam presentes: Dr. Antônio Figueiredo (DSE), Dr. Jorge Martins (presidente do SSCM), e os líderes comunitários da Vila Dois Unidos, Sr. Delson Lopes da Silva e o Sr. Milton Rios.

No dia 4/4/1966, o governador Paulo Guerra, veio pessoalmente a Vila de Dois Unidos experimentar a água do primeiro poço profundo e constatou que a água era excelente. Foto: Diário de Pernambuco/5/4/1966.

Em fevereiro de 1966, A Secretaria de Viação e Obras Públicas anunciou a perfuração de vários poços profundos nos municípios do Recife e do Jaboatão dos Guararapes assim distribuídos: 6 no Totó, 15 em Dois Unidos, 15 em Prazeres e 1 em Cajueiro Seco.

No dia 4 de março de 1966, o secretário do Serviço de Viação e Obras Públicas (SVOP), Murilo Paraíso; o diretor do Departamento de Saneamento do Estado (DSE), engenheiro Petrônio Mesquita e o chefe  do Setor de Hidrologia do Ministério de Minas e Energia, Francisco Moacir, estiveram inspecionando o primeiro poço de perfuração profunda às margens do Rio Beberibe, nas proximidades da Vila de Dois Unidos. O poço com uma profundidade de 81 metros, tinha uma vasão de 110 metros cúbicos por hora e tinha a finalidade de abastecer os morros de Beberibe, Água Fria e Casa Amarela, além de reforçar o abastecimento da Capital.

No dia 4 de abril de 1966, o governador Paulo Guerra veio pessoalmente inspecionar o poço de Dois Unidos e anunciou que estava sendo perfurado mais oito poços tubulares na localidade.
Em outubro de 1971, a Saner iniciou a perfuração do terceiro poço de água em Dois Unidos.
Em dezembro de 1971, a Saner iniciou a perfuração do quarto poço de água no Córrego do Morcego, Dois Unidos.
Em maio de 1972, era concluída a 2ª Etapa da Estação Elevadora de Dois Unidos, que conduzia água para os reservatórios do Alto do Jenipapo, em Casa Amarela; e Alto do Deodato, em Água Fria.
Em outubro de 1972, a Saner saneou mil metros da Rua Mamede Coelho.
Em maio de 1975, já havia seis poços d’água concretizados e mais quatro em andamento, em Dois Unidos. O que ampliou o Subsistema do Beberibe, aumentando a vazão d’água para 12.000 M³, destinados ao abastecimento das populações da Zona Norte, nas áreas de influência  dos reservatórios dos Altos do Deodato, em Água Fria e Novo Mundo, em Casa Amarela. O secretário de Saneamento, Habitação e Obras, Erasmo José de Almeida, disse que o governador de Pernambuco, Moura Cavalcanti, investiu 17 milhões de cruzeiros neste sistema.

No dia 3 de setembro de 1981, o deputado Paulo Mendonça, subiu à tribuna da Assembleia Legislativa e fez um apelo ao secretário do Saneamento e Obras, Artur Lopes de Araújo, no sentido de instalar um serviço de abastecimento d’água no Alto da Bela Vista, Alto do Maracanã e Jardim Maracanã. A Indicação Nº 2148, apresentava a seguinte justificativa: As comunidades que queremos beneficiar, através do presente requerimento, com a instalação do serviço de abastecimento d’água, atualmente enfrentam seríssimas dificuldades para adquirir o precioso líquido, pois, cada lata d’água compradas pelos moradores das referidas localidades custa a quantia de Cr$ 10,00 (dez cruzeiros), as quais chegam em condições não condizentes  com o estágio de desenvolvimento atual, até mesmo em meios prejudiciais  à saúde, haja vista que é conduzida através de burros e em recipientes sem nenhuma higiene.
É, portanto, este um assunto que deve por certo merecer toda a atenção  da parte do Dr. Artur Lopes, pois aquelas  comunidades possuem grande densidade habitacional, e convenhamos, o quadro acima descrito não pode perdurar nos padrões de vida atual. 

Em outubro de 1984, o prefeito Joaquim Francisco, inaugurou um chafariz no Alto do Capitão.

O Decreto Estadual Nº 19.632, de 13 de março de 1997, sancionado pelo governador Miguel Arraes de Alencar, desapropriou as terras localizadas na Quadra T-1 do Loteamento Casa Forte, no Alto do Rosário, em Dois Unidos. A finalidade, foi a construção de uma linha adutora que ligou o reservatório do Alto da Esperança, atual Rua da Mata, (Dois Unidos) ao reservatório elevado  do Alto Santa Terezinha, onde toda a tubulação passava por dentro do referido loteamento.
Como se ver, Dois Unidos sempre teve um potencial de água elevado, tanto que serviu para alimentar grandes adutoras que abasteciam toda Zona Norte do Recife, no entanto, o que se viu desde sua implantação em 1952 pelo governador Agamenon Magalhães, foi um sistema deficitário e muitas vezes, inoperante. A comunidade de Dois Unidos, nunca teve o privilégio de usufruir de um sistema eficaz decorrente dos vários poços perfurados nesta região, muito pelo contrário, teve que enfrentar a falta de água constante, principalmente nos morros e córregos, assistiu também, a degradação do Rio Beberibe e a morosidade na conclusão no sistema de abastecimento. Como se pode ver, a promessa para a perfuração de quinze poços em Dois Unidos em 1966, se arrastou por anos, em 1975, o serviço de saneamento só havia perfurado e concretizado, apenas seis poços. Em 1981, a população do Alto do Maracanã, ainda comprava água impura a vendedores que utilizavam burros para fazer o transporte, ou então, tinha que enfrentar longas filas com latas e galões nos escassos chafarizes e em cacimbões.

O Diário de Pernambuco do dia 16 de março de 1983 publicou um pronunciamento do vereador Carlos Eduardo Cintra da Costa à respeito da falta d’água na Avenida Hildebrando de Vasconcelos. Ele solicitou um esclarecimento da Compesa à respeito da não extensão dos serviços de abastecimento de água aos moradores da Avenida Hildebrando de Vasconcelos. Ele disse: Os moradores da antiga Estrada do Cumbe, compreendendo as localidades  chamadas Morro do Maracanã, Córrego do Morcego, Alto da Bela Vista, Rua Júlio Castilhos e Rua José Francisco, jamais dispuseram durante todo o período que ali habitam do serviço básico do abastecimento de água, patrocinado pelo Governo do Estado, através da Compesa. Os mais antigos da área, e alguns deles nela se encontram há mais de 30 anos. Relatam que a única iniciativa adotada pelos poderes públicos, no sentido de atenuar o problema,foi a construção de um chafariz, quando governava a cidade do Recife o então prefeito Miguel Arraes, declarou Carlos Eduardo. O vereador explicou em seguida que este chafariz foi fechado logo após o deflagrar dos acontecimentos políticos de 1964.

O DEPUTADO ANDRADE LIMA CRITICA A SITUAÇÃO SANITÁRIA DA VILA DE DOIS UNIDOS

O Diário de Pernambuco, do dia 1º de junho de 1951, publicou um pronunciamento do deputado Andrade Lima, na bancada da Assembleia Legislativa, solicitando um ambulatório e criticou a difícil situação sanitárias a qual estavam vivendo os moradores da Vila Popular de Dois Unidos. Disse ele: Esse conjunto residencial foi criado para abrigar numerosas famílias que tiveram seus mocambos destruídos pela cheia do ano passado, gente paupérrima. Dias atrás, indo à vila construída ao tempo em que exercia a presidência do SSCM encontrou toda a comunidade em precaríssimas condições sanitárias, por falta de assistência médica. “Há crianças morrendo à mingua quase diariamente. No dia 20, o governador Agamenon Magalhães, disse que abriria uma linha de crédito no valor de CR$ 50.000,00 (Cinquenta mil cruzeiros) para instalação e manutenção do ambulatório.

DISTRIBUIÇÃO DE LEITE

No dia 12 de julho de 1951, Foram distribuídos pela primeira vez, 600 quilos de leite em pó, pelo Serviço de Proteção à Maternidade e Infância, na Vila Dois Unidos.

DA IMBIRIBEIRA PARA DOIS UNIDOS

No dia 18 de outubro de 1951, mocambos do bairro da Imbiribeira são demolidos e parte dos moradores vieram morar na Vila Dois Unidos.

O PRIMEIRO CLUBE AMADOR DE DOIS UNIDOS E O FUTEBOL AMADOR DO BAIRRO

No dia 13 de janeiro de 1952, o sr. Nelson Silva, fundou o primeiro clube amador do bairro, o Dois Unidos Esporte Clube.
Depois da criação do Dois Unidos Esporte Clube, surgiram outros clubes, algo muito comum nas comunidades suburbanas. Nas pesquisas em jornais de época se destacam: o Brasileirinho, na década de 1950; o Botafogo da Vila de Dois Unidos na década de 1960 e que também se destacou nos anos de 1975/76, quando o seu quadro infantil chegou a ficar  mais de 100 jogos sem perder e foi destaque das páginas esportivas do Diário da Manhã. Na década de 1970, destacam-se o Esporte Clube Dois Unidos, o Leão do Norte e o Centro Esportivo Dois Unidos; na década de 1980, a Prefeitura da Cidade do Recife promoveu o Peladão com os clubes amadores de todos os bairros e Dois Unidos foi representado pelo América, Associação Atlética Dois Unidos e Internacional, esses clubes também participaram da prestigiada Copa Arizona, houve também, o Central do Alto do Maracanã que chegou a ficar 81 jogos invictos. Nos dias atuais, se destacam, o União, o Passarinho, o Peñarol e o Juventude, estes dois últimos fizeram a final da famosa Copa Dois Unidos/2018, onde a equipe do Juventude sagrou-se campeão ao vencer o rival por 3 a 1 na final.

A façanha do infantil do Botafogo da Vila de Dois Unidos começou a ser acompanhado pelo Diário da Manhã da seguinte forma:
7/11/1975- Os infantis do Botafogo, da Vila Dois Unidos estarão jogando amanhã no Brejo, contra o Rivelino Atlético Clube. Os infantis do Botafogo estão invictos há 69 partidas e pretender manter esta condição por mais tempo. Este é um dos fatores que está tornando o encontro esperado pelos desportistas do Brejo.

11/11/1975- Os infantis do Botafogo, da Vila de Dois Unidos, conseguiu chegar ao invejável  número de 70 partidas invictas, no sábado à tarde, ao derrotarem a representação do Rivelino Atlético Clube, do Brejo Velho, nos domínios de seus adversários pela contagem mínima com um tento assinalado por intermédio de Sérgio. O time que é treinado por João Garrinchinha, manteve sua invencibilidade jogando com Wilson; Orlando, Palito e Alcidésio e Dez; Mário Elpídio e Vodo (Ernane); Sérgio, Alrides Fernando, Pereira e Satanás (Potó).

2/12/1975- “O infantil do Botafogo lavou o Fluminense” – O quadro infantil do Botafogo da Vila de Dois Unidos, manteve sua longa invencibilidade, agora de 73 jogos ao vencer de maneira sensacional o Fluminense Futebol Clube, de Águas Compridas pelo elástico escore de 6 a 1. Os tentos foram marcados por: Beto (3), Dudé, Marreta e Zeca. O único tento do Flu foi de Jamelão. O time do Botafogo venceu com Grego; Neinha (Pereira), Miúdo, Dudé e Clóvis (Zuza); Beto, Marreta (Fernando), Ernane e Zeca.

11/3/1976- O quadro do infantil do Botafogo da Vila de Dois Unidos, conservou a sua invencibilidade de 88 jogos, ao vencer no domingo passado, o Bandeirantes do Sitio das Placas, em Glória de Goitá, pela contagem de 5 a 1. Os tentos do Botafogo foram assinalados por: Dudé (2), Satanás, Dino e Salário Mínimo. Biléu descontou para o Bandeirantes.

29/4/1976- O quadro infantil do Botafogo da Vila de Dois Unidos, conseguiu manter sua longa invencibilidade, agora com 93 partidas, ao vencer o Barcelona da Usina Bom Jesus, no Cabo, pela contagem de 3 a 1. Orlando, Daltro e Palito anotaram para o Botafogo, enquanto Dão descontou para o Barcelona. A meta dos dirigentes  do Botafogo é atingir a centésima partida sem conhecer uma derrota.
O infantil do Botafogo, da Vila de Dois Unidos ultrapassou a barreira dos 100 jogos sem perder, que o jornal perdeu o interesse em cobrir os jogos seguintes do time de Dois Unidos. O último boletim publicado no jornal foi este do dia  23 de setembro de 1976: “A equipe infantil do Botafogo de Dois Unidos que se encontra invicto há mais de 100 jogos estará preliando  na tarde do próximo sábado no Brejo contra a representação da Ponte Preta, do Córrego do Eucalipto, numa contenda das mais interessantes. O time de João Garrincha se encontra em boa fase”. 

Campo da Minerva, visto da Rua Expedicionário Teodoro Sativa. Foto: Jânio Odon- 03/12/2018.

Os principais campos ainda existentes são: o Campo do União, no Alto da Esperança, e o Campo da Minerva, perto da antiga fábrica, na Av. Hildebrando de Vasconcelos e um campo pertencente ao Santa Cruz, chamado de Centro de Treinamento, na entrada para Dois Unidos. Há também, um espaço particular, a Arena Dois Unidos Futebol Society, que fica na Rua Adelmar de Oliveira.

O CRAQUE DE DOIS UNIDOS
Lourival frevando no pátio da sede do Clube Náutico Capibaribe em 1983.

Lourival Benedito da Silva, o meio-campista Lourival, nasceu no bairro de Dois Unidos no dia 8 de março de 1960. foi considerado pelos torcedores do Náutico e pela imprensa esportiva pernambucana, como um dos maiores meio-campistas da história do clube. Lourival jogava num time de várzea chamado Industrial  em 1979, não sei dizer se este time era de Dois Unidos ou não, pois a fonte não revela. O certo é que Lourival foi para o América da Estrada do Arraial, aqui no Recife. Logo foi descoberto pelo Clube Náutico Capibaribe, e no dia 3 de novembro de 1979, jogou pela primeira vez como profissional contra o Moto Clube do Maranhão, pelo Campeonato Brasileiro da "Série A", quando venceu por 1 a 0, no Arruda. No entanto, não se firmou-se como titular perdendo a vaga para Carlos Alberto Nascimento. 

Em 1980, o meio-campista, que na época era chamado de volante, voltou a ser o titular absoluto da camisa 5. Lourival era um jogador voluntarioso, de muita garra, que desarmava seus adversários com muita eficiência, com seus carrinhos precisos e na bola, ganhou neste ano a confiança de todos os técnicos que passaram pelo Náutico como, Pinheiro, Cidinho, Brida, Luciano Veloso, Paulo Emílio e Orlando Fantoni. Lourival chegou a atuar também de lateral-direito em alguns jogos.
1984 - O Náutico formou o melhor plantel depois daquele time do hexa. Foi campeão estadual e fez a melhor campanha de sua história em Campeonatos Brasileiro da Série A, ficando na 6ª colocação. Esta formação alinhou com o goleiro Mazarópi, Vilson, Manquinha, Lourival, Newmar, Alberis e o massagista Valdir; (agachados) Heyder, Baiano, Mirandinha, Ademir Lobo e Zé Eduardo. Ainda está faltando Edson Gaúcho e Denô.

Em 1984, no time comandado pelo técnico Ênio Andrade, Lourival foi campeão pernambucano pela primeira vez, foi um ano fantástico para o Náutico e para ele, que fez a melhor campanha de sua história em Campeonatos Brasileiro da Série A, ficando na 6ª Colocação. No ano seguinte, no time comandado pelo técnico Mário Juliato, Lourival e sua equipe levou o Náutico ao bicampeonato pernambucano.

Em 1987, depois de oito anos no Náutico, onde participou de 385 jogos, atrás somente do ídolo Kuki, que tem um jogo a mais. Lourival, enfim, deixou o Náutico jogando seu último jogo contra o Cruzeiro, lá no Mineirão, no dia 28 de janeiro de 1987. Foi negociado ao Guarani de Campinas, depois foi para Portugal jogar no Rio Ave (1987 a 1989); Salgueiros (1989 a 1990), depois voltou para o Brasil para jogar no ABC (RN), Treze (PB), Jaboticabal (SP), Santa Cruz (PE) em 1991; Santo André (SP) e encerrou sua carreira como jogador profissional em 1994, jogando pelo Taquariense, do Rio Grande do Sul. Após parar de jogar, Lourival seguiu a carreira de técnico de futebol, até agora sem muito sucesso.
Antes de ser jogador de futebol, Lourival trabalhava na construção civil, depois mudou-se para o Rio de Janeiro, passando uma temporada, onde exerceu a função de cobrador de ônibus em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

INSTALAÇÕES DE BOEIROS NA ESTRADA DE DOIS UNIDOS

Em janeiro de 1952, o prefeito do Recife, Antônio Pereira, informou que foram concluídos os serviços de galerias e boeiros da Estrada de Dois Unidos (atual Hildebrando de Vasconcelos).

O JORNAL PEQUENO EM DOIS UNIDOS

O Jornal Pequeno, do dia 10 de julho de 1952, publicou uma matéria através de seu repórter Ramos de Oliveira, sobre as dificuldades enfrentadas pelos moradores da Vila de Dois Unidos. Veja os principais trechos da reportagem: Tivemos, um desses dias, oportunidade de visitar a Vila Dois Unidos, construída pelo SSCM a 4 Km, aproximadamente de Beberibe. Essa vila abriga cerca de 500 famílias, que são, na sua maioria, antigos moradores de mocambos. Essas casas, realmente modestas vivendas, mas, na verdade, não se comparam com os infectos mocambos que infelizmente ainda existem por aí a fora, como, por exemplo, em João de Barros, ou mesmo no Bode, à vista de todos comprometendo o Recife, que se orgulha de ser a terceira cidade do Brasil.

Nesse conjunto residencial, existem problemas gritantes que exigem  providências saneadoras e imediatas por parte dos poderes competentes. Para chegarmos à referida vila, apanhamos um ônibus de Beberibe e, ao atingirmos o fim da linha, tivermos que aguardar uma outra espécie de transporte que nos levassem  até Dois Unidos, custando-nos  essa brincadeira, entre ida e volta , a bagatela de Cr$ 60,00 (sessenta cruzeiros), de vez que tivemos de deixar o carro parado durante  a nossa permanência na vila. Pois, como é sabido, não há ônibus de Beberibe a Dois Unidos, e nós não estávamos dispostos a voltar dali a pé.

Um morador deu seu depoimento sobre a questão do ônibus: Há mais de três anos foi construído este conjunto residencial. Depois de totalmente habitado, procuramos ver se conseguíamos  transporte para aqui; com tal propósito, andamos Seca e Meca para finalmente nada conseguirmos, pois os proprietários dos ônibus que fazem a linha de Beberibe mandavam os seus choferes (motoristas) examinar a estrada e, como estes constatassem a existência de alguns buracos, ficava tudo em “nada feito” mesmo com o privilégio que teriam de cobrar, por passagem naquela época, Cr$ 1,50 (um cruzeiro e cinquenta centavos) da Vila ao Recife. Todavia, a cerca de três meses apareceu uma empresa que se prontificou a fazer circular aqui um ônibus (se é que se pode chamar assim um calhambeque) mas, dado o estado do veículo e a precariedade da estrada, acabou o proprietário retirando o veículo, voltando destarte o povo de Dois Unidos à estaca zero, isto é, a fazer a longa travessia, da Vila a Beberibe, ou vice e versa, a pé.

Além do inconveniente de andar a pé um outro, ainda mais grave, qual seja de não poderem fazer a travessia desacompanhadas, porquanto o caminho é ermo, deserto e lateralmente coberto de vegetações, a menos que se arrisquem  a ser atacadas, durante o longo trajeto, por algum tarado. Na Vila Dois Unidos, luz só de candeeiro ou vela. Água, mesmo para beber, só do rio que passa perto. Médicos especialistas, amebas e esquitossoma, em breve terão  muitos clientes da Vila Dois Unidos, pois, estes parasitas são encontrados com frequência nas águas do rio.
Tivemos , ainda, oportunidade de conhecer, de perto, mais alguns problemas dos habitantes daquela vila. Não há chafariz,, nem luz elétrica, nem farmácia nas imediações, padaria também não há, divertimentos de espécie alguma. Vive, portanto, aquela gente, afastada de tudo, inclusive da civilização.

Enquanto observávamos essas coisas, pensávamos  com nossos botões – o pobre não tem direito a uma felicidade completa. As casas inegavelmente oferecem um pequeno conforto para os seus habitantes, que pertencem à classe  dos menos favorecidos da sorte. Todavia, esses problemas de transporte, de água, de luz, etc, vêm deixando os moradores daquela vila deveras contristados, pois, que nos mocambos em que residiam, conseguiam, com um pequeno esforço, botar luz elétrica em suas casinhas e, bem assim, não lhe faltava água portável para beber. Mas, naqueles cafundós-de-Judas, tudo é difícil, tudo falta, é, enfim, um verdadeiro inferno, por assim dizer, pois vivem entregues à própria sorte. O estranho de tudo isto, é que, um mês após ter sido inaugurado o sistema de abastecimento de água da Vila Dois Unidos, o jornalista do Jornal Pequeno esteve na vila e revela que água para beber só no rio, e o sistema de abastecimento?  

O PARQUE INFANTIL

No dia 17 de maio de 1953, o prefeito José do Rego Maciel, inaugurou o Parque Infantil da Vila Dois Unidos, que foi solicitado pelo deputado estadual Andrade Lima Filho.

LEI DOS MERCADINHOS

A Lei Municipal Nº 3460, de 27 de junho de 1955, autoriza o prefeito do Recife, Pelópidas da Silveira, a construir mercadinhos nas Vilas Populares de Areias, Santo Amaro, Morro da Conceição e Dois Unidos. A lei foi aprovada na sessão presidida pelo Presidente da Câmara, Rui Rufino Alves.

Em 1955, começou a circular a primeira linha de ônibus em Dois Unidos. A Empresa São Paulo foi uma das pioneiras. Foto: Alexsander Correia/2012.

A PRIMEIRA LINHA DE ÔNIBUS E O TRANSPORTE COLETIVO EM DOIS UNIDOS
No dia 18 de julho de 1955, era criada a primeira linha de ônibus da Vila de Dois Unidos, graças ao empenho do Dr. Andrade Lima Filho ( presidente do SSCM) O Diário de Pernambuco publicou: “ Está sendo explorada por uma empresa que começou o serviço com um ônibus e vai aumentar o número de veículos. A providência , sobretudo nesses dias de chuvas, a lama, veio facilitar, muito, o trabalho dos moradores de Dois Unidos e, por outro lado, evitou penoso trabalho que todos tinham de andar, todos os dias, quase uma légua em busca de transporte”. O nome da empresa não foi divulgado, mas, há registros de várias empresas operando a linha de Dois Unidos, no início dos anos de 1960, como: Empresa Real, Empresa Andrade, Auto Viação Marlene, que pertencia ao sr. Ívano Morais, e seu escritório e oficina ficava na rua São Vicente de Paulo; tinha também o da Empresa São Paulo, dos irmãos Mario e Raul Morato, criada por eles em 1944.

Apesar da implantação de linhas de ônibus até a Vila Popular de Dois Unidos, nem sempre foi motivo de alegria para os moradores, o velho problema, a estrada do Cumbe, sempre que chovia, a enxurrada de lama e lixo que vinha dos córregos e morros acompanhada de muita água, simplesmente, causava grandes alagamentos e destruía toda pavimentação, o que impedia a circulação de veículos pela via.  O sofrimento dos moradores com a falta de transporte era uma constante, como já foi citado.

No dia 13 de janeiro de 1964, líderes da Associação de moradores da Vila e moradores, foram até a prefeitura para denunciar a falta de água no chafariz da rua “E”, e reclamar da Empresa Auto Viação Marlene, que não vinha fazendo o percurso normal até a Vila Dois Unidos, regressando de Água Fria ou Fundão. Os moradores foram recebidos pelo chefe de gabinete, sr. José de Castro Montenegro, que encaminhou a queixa contra a Empresa Marlene ao Departamento de Concessões e Permissões, solicitando providências quanto ao serviço de ônibus que vinha prejudicando cerca de 5 mil moradores de Dois Unidos.

Outro problema que afetava diretamente os moradores, era a questão das condições de limpeza e manutenção dos ônibus. Em função da estrada do Cumbe estar sempre esburacada, os proprietários das linhas alternativas que circulavam até a Vila de Dois Unidos, colocavam os piores ônibus, que quebravam com frequência, causando insatisfação ao moradores da localidade. Visando um melhor atendimento aos usuários de Dois Unidos, o prefeito Augusto Lucena, determinou que todos os ônibus fossem restaurados, ou caso contrário, perderiam as concessões. O fato é que, em janeiro de 1965, todos os ônibus estavam restaurados para melhor atender a população de Dois Unidos.

O Diário de Pernambuco do dia 15 de setembro de 1966, entrevistou o proprietário da Empresa São Paulo, Mario Morato, que falou a respeito do novo funcionamento dos ônibus de sua empresa na comunidade da Vila de Dois Unidos da seguinte forma: “Afirmando que Dois Unidos é linha deficitária e que o sistema de baldeação em Beberibe foi a melhor solução para conciliar os interesses em jogo. O sr. Mario Morato disse que no horário de 04:00 às 09:00 horas, os ônibus de Dois Unidos fazem viagem para o Recife; das 09:00 às 16:30 fica um ônibus fazendo a baldeação, até às 21:00, permanece um ônibus, até o último horário, fazendo o transporte do pessoal de Beberibe para Dois Unidos.

Todavia, para melhorar o sistema de transporte daquela linha, dentro de dez dias um carro bagageiro será destinado principalmente ao transporte de feirantes e para o atendimento das lavadeiras que diariamente se deslocam para o Passarinho (rio), onde lavam roupas de seus fregueses. Este carro, embora destinado especialmente ao transporte da bagagem, servirá para os demais passageiros, acrescentando que, desta forma, o sistema de transporte da referida linha melhore consideravelmente, declarou Morato.

Por mais que se procurasse uma alternativa para melhorar o transporte em Dois Unidos, a questão da estrada do Cumbe, com sua má iluminação, sempre foi um empecilho para os moradores. Em maio de 1968, moradores da Vila de Dois Unidos protestaram contra o trajeto e o horário noturno dos ônibus. Os moradores reclamaram que o último ônibus só saía às 23 horas, e o próximo só há uma hora, e o pior, só ia até a praça da Convenção, em Beberibe. Os passageiros tinham que se arriscar a pé pela deserta estrada do Cumbe, sob ameaça de serem assaltados ou coisa pior. O fato é que os moradores tiveram de conviver com esta situação por muito tempo, já que os motoristas alegavam falta de segurança e a buraqueira na estrada do Cumbe.

Em janeiro de 1978, o prefeito Antônio Farias, criou as linhas que seguiam até o centro do Recife, através das linhas diametrais, que levavam os usuários aos bairros do Recife Antigo, Santo Antônio e Boa Vista, antes, tinha que pegar outro ônibus circular. Dois Unidos, foi uma das linhas beneficiadas.
Em agosto de 1990, é criada a primeira linha de ônibus a subir o morro de Dois Unidos, a Linha do Alto do Capitão. Foto: Alexsander Correia.

No dia 1º de agosto de 1990, foi criada a linha de ônibus 746- Alto do Capitão, executada pela Empresa São Paulo, através da Resolução Nº 019/90, do Conselho Metropolitano de Transportes Urbanos (CMTU), do Decreto Estadual Nº 13.931, de 4/10/1989, e a Lei Estadual Nº 10.429, de 9/5/1990. O Diário Oficial de Pernambuco do dia 2 de agosto, publicou o seguinte à respeito da implantação da linha de ônibus no Alto do Capitão: “Os moradores do Alto do Capitão e adjacências, a partir de hoje, não terão de se deslocar cerca de 4 quilômetros para utilizar o transporte coletivo, pois uma linha regular de ônibus passará a servir àquela comunidade com 27 viagens por dia em intervalos de 38 minutos.

A informação foi fornecida pelo presidente da EMTU, engenheiro Adrimon Cavalcanti, esclarecendo que a nova linha irá beneficiar os habitantes do Córrego do Curió, Alto da Esperança, Córrego Leôncio Rodrigues, Alto do Maracanã, além do próprio Alto do Capitão.
De acordo com o diretor-técnico da EMTU, Maurício Pina, a linha do Alto do Capitão atenderá mais de 4 mil usuários e funcionará de segunda a domingo, num percurso de 23,5 quilômetros e tarifa de primeiro anel (Cr$ 18,00) dezoito cruzeiros. Inicialmente, a frota será composta de três veículos, operados pela Empresa São Paulo, iniciando atividades às cinco horas  e fazendo sua última viagem partindo do ponto de retorno na Avenida Guararapes às 21:40 horas. Maurício Pina adiantou ainda que o terminal do Alto do Capitão ficará na Rua Divinópolis”.

Infiltrada em Dois Unidos desde o início, a Empresa São Paulo com o passar dos anos, adquiriu a concessão absoluta. Suas linhas eram: 741- Dois Unidos; 744- Dois Unidos/Bacurau; 746- Alto do Capitão; 760- Dois Unidos/Derby e 800- Dois Unidos/Afogados. A Empresa São Paulo, foi criada em 1944 pelos irmãos, Mario e Raul Morato. Depois de 70 anos de atividade a empresa deixou de operar no dia 23 de maio de 2014, era dirigida pelo empresário Luiz Antônio Morato de Souza. Todas as linhas que circulam em Dois Unidos passaram a ser operadas pela Rodoviária Caxangá.

No dia 2/2/1962, o governador Cid Sampaio inaugura o canil da Polícia Militar de Pernambuco na Av. Hildebrando de Vasconcelos, em Dois Unidos. Foto: Diário de Pernambuco/3/2/1962.

INVERNADA DE DOIS UNIDOS E O CANIL DA POLÍCIA MILITAR

No dia 8 de novembro de 1940, era inaugurada o stand de tiro, Coronel Silva Torres, da Invernada Dois Unidos, pelo Comandante da então Força Policial de Pernambuco, Agenor Brayner, nas comemorações dos 115 anos da corporação. A Invernada de Dois Unidos, era um centro de treinamento dos militares da polícia, uma espécie de CFAP (Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças).
Demonstração de ataque com cães no dia da solenidade de inauguração do canil da Polícia Militar de Pernambuco em fevereiro de 1962 em Dois Unidos. Foto: Diário de Pernambuco/3/2/1962.
No local onde funcionou a Invernada de Dois Unidos, foi criado pelo governador Cid Sampaio, o canil da Polícia Militar de Pernambuco, no dia 2 de fevereiro de 1962, o efetivo era composto por um tenente, um cabo, três soldados e quatro cães da raça pastor alemão.

No dia 8 de junho de 1983, o coronel Adelson Wanderley, Comandante do Policiamento da Capital, inaugurou a 2ª Companhia do 1º Batalhão, em Dois Unidos, com 94 policiais militares, depois passou ao Comando do Batalhão de Choque (BPChoque).

Através da Portaria do Comando Geral Nº 1.111 do dia 5 de novembro de 1997, o canil desmembrou-se do Batalhão de Choque, sendo criada a Companhia Independente de Policiamento com Cães (CIPCães).
USF- 273- Bianor Teodósio, na Avenida Hildebrando de Vasconcelos.

O AMBULATÓRIO

Em agosto de 1951, o ambulatório da Vila de Dois Unidos foi aberto à comunidade. Na primeira semana, o Dr. Reinaldo Câmara informou que foram atendidos 737 adultos e 47 crianças.

No dia 1º de maio de 1961, foi inaugurado o Ambulatório do Grupo de Trabalho do Serviço Social Contra o Mocambo, em Dois Unidos.

Atualmente, o bairro de Dois Unidos faz parte do Distrito Sanitário II e conta com uma academia da cidade no Alto do Capitão  e mais 5 Unidades de Saúde da Família assim distribuídos: USF- 222- Córrego do Curió – Rua Córrego do Curió, Nº 73; USF- 273- Bianor Teodósio – Avenida Hildebrando de Vasconcelos, S/Nº; USF- 327- Clube dos Delegados/Visconde de Garret,  Rua João Cavalcanti Petribu, S/Nº; USF- 328- Alto do Maracanã- Rua Subida Medalha Milagrosa, Nº 153; USF- 339- Alto do Capitão- Rua Tupiracaba, S/Nº.  

Fábrica da Minerva em 1983, quando começou a utilizar o bagaço da cana como combustível e gerou um problema de saúde pública. Foto: Diário de Pernambuco.

A FÁBRICA DA MINERVA

A Fábrica da Minerva foi inaugurada na estrada do Cumbe, Nº 1016, em dezembro de 1951, pelo empresário Hildebrando de Vasconcelos Reis Pereira, que foi fiscal federal e era sócio, diretor e chefe da Indústria Minerva, o nome da fábrica foi para homenagear a sua esposa Minerva. Hildebrando de Vasconcelos faleceu no dia 15 de setembro de 1967, no Rio de Janeiro, onde foi sepultado. O nome oficial da fábrica era Sociedade Indústrias Minerva Ltda, fábrica de celulose, papel, papel ondulado para embalagens. Também era conhecida popularmente por fábrica de papel de Beberibe.

Com a morte de Hildebrando, assumiram a Indústria Minerva, seus filhos, Jarbas de Vasconcelos, Rildo de Vasconcelos e José Carlos de Vasconcelos. A fábrica da Minerva trouxe grande desenvolvimento para a comunidade de Dois Unidos e toda região de Beberibe na geração de emprego e acelerou a habitação dos morros e córregos ali existentes. A importância da fábrica em Dois Unidos rendeu uma significante homenagem feita pela Prefeitura do Recife ao seu fundador, onde a principal avenida e centenária estrada do Cumbe, recebeu a denominação de Avenida Hildebrando de Vasconcelos.

No entanto, a principal fábrica de Dois Unidos, não trouxe apenas desenvolvimento e progresso para região, contribuiu também para consolidar de vez, com destruição do Rio Beberibe, um crime ambiental irreversível, pois, todos os dejetos poluentes da fábrica eram jogados dentro do rio. O descaso da Minerva, rendeu duras críticas do Diário de Pernambuco, que no dia 3 de janeiro de 1960, publicou: (Trechos) “O lixo industrial de uma fábrica de papel tornou imprestável o rio Beberibe para os que moram entre a praça da Convenção e Caixa D’Água. Os moradores do Cumbe começam a sentir o problema. Há sete anos, se não nos enganamos, quando ali se instalou a indústria.

Os moradores hoje, estão organizados numa associação que defende os seus interesses. Eles têm muitas reivindicações a fazer, e imediatas, algumas delas por exemplo, a conclusão de serviço de iluminação pública. Ou o trabalho que deve ser feito da drenagem das águas que descem dos morros.
O problema dos rios com suas águas poluídas, sem mais peixes; que todos morreram; sem mais banheiros públicos; que ninguém toma mais banho, nem bebe (sem não deixar de ser um mal) da água do rio, sabem-no os moradores e têm consciência que é um problema secular e que só agora começa a ser atacado. Daí pensar-se em providências imediatas a fim de que o lixo industrial seja desviado, de molde a não continuar envenenando rios, como o Beberibe.

Muitos núcleos populares estão atingidos pelo mal. O exemplo é o do Cumbe. Os seus moradores é que reclamam, que se lembram que antes da fábrica de papel podia-se pescar, tomar banho, lavar roupa e até beber água. Agora somente os sapo-de-rabo e, talvez os aruás, perigosos hospedeiros do esquitosoma, é que resistem a tudo de lixo industrial que é jogado no rio.

Antigamente existiam os banheiros públicos que se acabaram, é claro, desde que começou o reinado da fábrica que domina largo trecho do rio de mais de dois quilômetros. Beber água do rio é um negócio horroroso, mas o que fazer se até agora não tem chafariz? Até o final da rua da Bela Vista, antigo córrego do Morcego, e conhecem o que já passaram metidos na floresta burocrática: a Força e Luz de Beberibe dizendo que a instalação podia ser feita, mas só falando lá no Departamento de Águas e Energia e, daí, passando-se pelo serviço de comunicações da Prefeitura.

...E a eles já foi prometido pelo novo prefeito (Miguel Arraes) o início de obras para drenar as águas da chuvas. Reivindicam alguns melhoramentos e podem dar alguma de mão às autoridades ( o exemplo dos moradores de Dois Unidos continua a pé), com alguns de seus habitantes se oferecendo para trabalhar no que for possível e de graça. Mas o problema do rio podia ser resolvido também de algum modo, porque na verdade, aqueles habitantes sentem a tristeza de um rio que não serve mais pra nada”.
Uma das caldeiras da Fábrica da Minerva, na Av. Hildebrando de Vasconcelos. Foto: Jânio Odon- 03/12/2018.

A fábrica da Minerva não foi alvo apenas de críticas por crimes ambientais, respondeu a processos por causa de acidentes de trabalho, foram vários, alguns como esses abaixo, que ganharam as páginas dos jornais.

No dia 5 de outubro de 1969, um funcionário de 23 anos, que fazia a limpeza de um dos cilindros de uma máquina, teve o braço esmagado, com o impacto da pancada, bateu com a cabeça na máquina e sofreu traumatismo craniano. Foi socorrido para o Hospital Pedro II, mas, ao dar entrada, faleceu.

No dia 2 de dezembro de 1972, a explosão da caldeira da fábrica da Minerva deixou cinco funcionários gravemente feridos com queimaduras de 1º, 2º e 3º graus. Não houve mortes.
Vinte três anos depois, no dia 20 de novembro de 1983, o Diário de Pernambuco publicou novamente uma nova denúncia em desfavor da fábrica Minerva, uma matéria sobre a poluição do ar provocado pela fábrica, que começou a utilizar o bagaço da cana de açúcar como combustível nas operações das maquinas, o que causou sérios danos a população local. O Diário publicou da seguinte forma: (trechos) “Minerva ainda polui o ar, sem nenhuma providência” – A poluição da Fábrica da Minerva, em Dois Unidos, está provocando diversas doenças e causou a morte  de pelo menos duas crianças nos últimos dois meses. Uma das crianças, tinha apenas nove meses, e morava na rua Darci Melo, nos fundos da fábrica, acesso por Caixa D’Água.

Os problemas de saúde da população se agravaram depois que a fábrica começou a queimar bagaço de cana como combustível, há alguns meses. Desde então, um terrível pó preto, semelhante a carvão, começou a invadir as casas: acumula-se nos lençóis e móveis, cai na comida, entranha-se nos cabelos e nas roupas deixando as crianças com a pele completamente suja e com problemas respiratórios.

Em todas as casas da rua Darci Melo, em Caixa D’Água, verifica-se o fenômeno. Duas mulheres vizinhas, estão enchendo sacos plásticos com a poeira negra para denunciar em programas de rádio e televisão, além dos jornais. Em dois dias elas conseguiram encher  dois sacos de um quilo. A poeira causa irritação nos olhos, com ardores e vermelhidão. Diversas pessoas já tiveram de ser atendidas em farmácias ou mesmo no Hospital da Restauração.

Uma moradora revelou: “Eu tenho de lavar o chão e passar pano molhado nas paredes e nos móveis, duas a três vezes por dia”. As mulheres que lavavam roupa de ganho, estão impedidas de exercer essa atividade, e muitas vão lavar roupa na casa das patroas, porque em Dois Unidos e Caixa D’Água é impossível. Apenas quando chove o índice de poluição diminui, entretanto, não resolve o problema.

O empregado da fábrica denunciou que os empregados que comentam sobre a poluição são ameaçados de expulsão e todos se calam para não perderem o emprego. A direção da fábrica, costumam dizer que “os incomodados que se mudem”. Muita gente acha que eles querem que todos se mudem para comprar barato os terrenos e expandir a empresa.

Além do mal cheiro exalado pela fábrica de papel, o pó preto cai no mingau das crianças. A população tem denunciado o problema  em programas como o de Samir Abou Hana, Paulo Marques, J. Ferreira e outros, mas sem qualquer providência seja tomada. Também já comunicaram com o prefeito Gustavo Krause, sem sucesso.

Além do problema da poluição, que está prejudicando a saúde, especialmente das crianças, existe o risco de vida devido à presença  de cerca de doze caldeiras, uma das quais explodiu há seis anos e outras três estiveram prestes a explodir a menos de dois meses. Uma moradora da rua Maria Estevão, revelou que uma caldeira teve uma válvula entupida pela pressão do vapor, há cerca de dois meses, ameaçando explodir e pondo em risco a vida de dezenas de moradores nas imediações. Das doze caldeiras da fábrica, umas cinco ficam viradas para a avenida Hildebrando de Vasconcelos, onde circulam os ônibus, que param ao lado”.


Cenas do Rio Beberibe em março de 1984, o rio estava tão poluído pelos resíduos da Fábrica da Minerva e do Matadouro Marajó que as crianças conseguiam brincar sob a crosta de poluentes. Foto: Diário de Pernambuco.

Quatro meses depois, outra grave denúncia contra a fábrica Minerva sobre a poluição do Rio Beberibe e seu afluente, o Rio Morno. Desta feita, o outro denunciado foi o Matadouro Marajó, que ficava na Avenida Otacílio de Azevedo, no Brejo. No dia 18 de março de 1984, o Diário de Pernambuco publicou: “O lixo doméstico, os resíduos de produtos químicos liberados pela fábrica de papel Minerva e o sangue e as vísceras de animais abatidos pelo Matadouro Marajó, são os poluentes responsáveis pela transformação dos rios Beberibe e Morno numa crosta sólida e de péssimo odor.

Em ambos, no trecho entre ponte de Beberibe e o bairro de Dois Unidos, crianças chegam a caminhar sobre o lixo, como se estivesse em terra firme. Na confluência dos dois, os poluentes se misturam: na água tinta de sangue veem-se garrafas plásticas, tripas de animais, latas enferrujadas, tudo isso recoberto por uma espuma castanha produzida pela fábrica Minerva. Lá, muriçocas e ratos encontram campo fértil para reprodução, disseminando toda sorte de doenças entre as populações ribeirinhas.

Garante um morador, residente às margens do Beberibe, que, há dez anos, “o rio era farto em peixes e crustáceos e muitas famílias viviam da pesca. Com a falta de fiscalização dos órgãos responsáveis pela contenção da poluição dos recursos hídricos, foi sendo progressivamente contaminado pela soda cáustica e outros produtos utilizados pela Minerva.

Para a comunidade que habita às margens dos dois rios, a vida vem se tornando um inferno. Além do cheiro pútrido que emana das águas, a população ainda tem que conviver com grande quantidade de ratos e insetos transmissores de doenças e com a espuma castanha que, levada pelo vento queima a pele dos moradores e destrói jardins e fruteiras. Quando não chove os detritos secam ao sol, produzindo uma poeira fina que se deposita sobre as casas, dificultando a rotina doméstica e provocando processos alérgicos e dificuldades respiratórias nos que aspiram.

A poluição da fábrica atinge com maior intensidade as famílias que residem na Rua Hildebrando de Vasconcelos e imediações, local onde encontra-se instalada. Lá é praticamente impossível manter uma planta verde, pois um pó preto recobre casas e jardins. Para as donas de casa, as tarefas domésticas  se multiplicam de acordo com o funcionamento da indústria. Nos momentos em que a chaminé solta a fuligem, as roupas devem ser recolhidas  dos varais, os alimentos e utensílios de cozinha devem ser cobertos e as crianças são proibidas de brincar na rua e quintais para que não respirem o ar contaminado. Chão, paredes portas, janelas e até telhados necessitam de lavagem periódicas, para remoção do pó preto e oleoso que ali se deposita.

A maioria dos moradores nas proximidades da fábrica é composta por operários que trabalham para a Minerva. O medo de perderem o emprego faz com que eles desistam de qualquer mobilização contra a poluição, argumentando que é preferível uma vida de má qualidade à impossibilidade de sobrevivência que enfrentarão se ficarem desempregados. Essa atitude passiva, reflete-se, inclusive, na fisionomia dos operários, que esquálidos, queixam-se de doenças como dor de cabeça, asma e bronquite, conjuntivite, dermatites e enjoo.

Os filhos dos operários são os principais prejudicados, exigindo sempre cuidados médicos. Muitas famílias já montaram esquema para que as crianças não permaneçam muito tempo no local. Assim que começam a apresentar sinais de doença, são transferidas para casas de parentes em locais menos poluídos. Mas, muitos que não dispõem dessa alternativa, tem como única solução expor os filhos aos efeitos da fuligem”. A direção da Indústria Minerva, informou em nota, que uma caldeira estava usando o bagaço da cana em substituição do óleo BPF, por causa da crise energética e a determinação do Governo em economizar óleo, e que uma empresa especializada iria instalar um filtro para conter a fuligem.

No dia 8 de dezembro de 1994, foi decretada a falência da Indústria Minerva, por causa de débitos com credores e os Bancos: Bandepe, Banorte, Banco do Brasil e BNB, além da Celpe, Fazenda Nacional e Fazenda Estadual. Até os dias atuais, a Indústria Minerva, responde na justiça a processos de indenizações impetrados por ex-funcionários. 

Em 2009, a Ondunorte Indústria de papel, do industrial Aluísio Pontes, adquiriu em leilão a Indústria Minerva, que quando fechou tinha cerca de 800 funcionários, agora funcionará com uma nova denominação, CIPER.

CORDEIRO DE FARIAS ENTREGA NOVAS CASAS

 No dia 1º de fevereiro de 1956, o governador Cordeiro de Farias, entregou 36 casas de alvenarias através do SSCM, na Vila de Dois Unidos, em substituição as antigas casas de taipa que se deterioraram, entretanto, muitas casas ainda eram de taipa. Em maio de 1958, moradores de Dois Unidos protestaram junto ao SSCM sobre as rachaduras que surgiram em suas casas.

O dia da inauguração do Grupo Escolar Professor José dos Anjos em 1965 pelo governador Paulo Guerra. Foto: Diário de Pernambuco.

AS ESCOLAS QUE SURGIRAM APÓS A FORMAÇÃO DA VILA DE DOIS UNIDOS

Em maio de 1952, foi inaugurada a Escola Isolada de Dois Unidos.
Em outubro de 1954, o governador Etelvino Lins, inaugurou a Escola Rural Geminada de Dois Unidos.

Uma escolinha improvisada com apenas duas salas de aula, foi transformada pelo governador Paulo Guerra em um Grupo Escolar com seis salas de aula e um pavilhão de artes industriais, denominado de Grupo Escolar Professor José dos Anjos, sendo inaugurado pelo governador e o secretário de educação, Edson Mouri Fernandes, no dia 7 de maio de 1965.

No dia 30 de maio de 1966, uma grande inundação provocou a morte de 63 pessoas e 8 mil famílias desabrigadas. Em Dois Unidos, 92 pessoas foram se abrigar no Centro Social local. A correnteza destruiu os móveis  e derrubou algumas paredes do Grupo Escolar Professor José dos Anjos.

O Decreto Estadual Nº 7.734/82 de 14 de janeiro de 1982, transformou o Grupo Escolar em Escola de 1º Grau Professor José dos Anjos. O decreto foi sancionado pelo governador Marco Maciel.
Em 1982, o Grupo Escolar passou a chamar-se Escola Professor José dos Anjos. Foto: Jânio Odon- 03/12/2018.

No dia 18 de março de 1970, o engenheiro José Mário Mendes de Araújo, fundou na Rua Monsenhor Viana, Nº 51, Dois Unidos, o Ginásio Monsenhor Viana. Depois transformado em escola de 1º e 2º grau.

A Lei Municipal Nº 14.291, de 13 de julho de 1981, sancionada pelo prefeito em exercício, Achilles Amorim, criou a Escola Municipal Olindina Monteiro França, situada no Córrego do Morcego (atual Rua da Bela Vista), em Dois Unidos. Antes no local, existia uma escolinha da Fundação Guararapes, que havia sido concluída em maio de 1980.

A Lei Municipal Nº 15.911 de 26 de julho de 1994, criou a creche denominada Emília Maria da Silva, localizada na Rua Pedro Batista, Nº 126-A, no Alto do Capitão, Dois Unidos. É uma Escola-Creche Municipal, conhecida por Tia Emília, criada através do Projeto de Lei Nº 21, de autoria do vereador Luiz Vidal.

No dia 29 de junho de 1995, o prefeito Jarbas Vasconcelos inaugura  a Escola Municipal Alto do Maracanã com apenas duas salas de aula. Em outubro de 1997, o prefeito Roberto Magalhães entregou a escola ampliada com oito salas de aula.

O Decreto Municipal Nº 20.704 de 27 de outubro de 2004, sancionada pelo prefeito João Paulo, criou a Escola Municipal João Amazonas, situada na Rua da Bela Vista, Nº284, Dois Unidos e que já havia sido inaugurada desde o dia 17 de fevereiro.

DO CENTRO EDUCATIVO OPERÁRIO (C.E.O) ao CENTRO SOCIAL URBANO (CSU)

No dia 28 de setembro de 1957, o governador Cordeiro de Farias, inaugurou o Centro Educativo Operário da Vila de Dois Unidos. O Centro Educativo Operário (C.E.O) foi criado no Brasil por Milton Pontes, membro da Congregação Católica Mariana em 1935. Após a implantação da Ditadura de 1937, o C.E.O foi um importante instrumento para o controle do operariado, já que em décadas anteriores houve grandes movimentos operários, como greves, e que abalou as estruturas do governo e ameaçou-o sua estabilidade. Pensando em conter o ímpeto das classes operárias, o governo de Getúlio Vargas adotou a ideia dos Centros Operários, implantando assim, a política das ações assistencialistas para enfraquecimento da mobilização operária, propagavam os valores cristãos católicos, enfraquecendo o pensamento comunista, que se infiltravam  entre os trabalhadores. Os Centros tinham como proposta, a qualificação da mão-de-obra, o convívio social e o fortalecimento da família operária por meio de uma ação assistencial e educativa.

O Diário de Pernambuco do dia 25 de março de 1961, publicou a seguinte nota: O Centro Educativo Operário (C.E.O), promoveu o campeonato interno de futebol de Dois Unidos, que contou com as seguintes equipes: América, Fantasma, Dois Unidos, Vasco da Gama e Peixinhos.

No dia 15 de outubro de 1975, o governador Moura Cavalcanti através de decreto , cria a instituição denominada Centro Social Urbano. Em 1978, o Centro Educativo Operário é transformado no Centro Social Urbano – Jorge Marinho Falcão, conhecido também como CSU de Dois Unidos.

A Lei Estadual Nº 15.005, de 11 de junho de 2013, sancionada pelo governador Eduardo Campos. Autoriza o uso do imóvel, antes CSU - Jorge Marinho Falcão, na Avenida Hildebrando de Vasconcelos, Nº 2739, Dois Unidos, pelo município do Recife, no prazo de 10 dias. Dizia a lei.


Lar Presbiteriano Vale do Senhor foi fundado em 1957. Foto: Blog Vale do Senhor/2013.

VALE DO SENHOR

Fundado em 1957, o Lar Presbiteriano Vale do Senhor, fica Rua Compositor Raul Valença, Nº 1340, em Dois Unidos. É uma instituição religiosa evangélica mais antiga de Dois Unidos, que no início funcionou como orfanato para meninas e também para acolhimento a idosos abandonados, hoje acolhe também crianças em situação de risco de rua e violência doméstica  e sexual. Atende as famílias de Dois Unidos e adjacentes.


Atual Paróquia São Vicente de Paulo, inaugurada em 1958. Foto: Jânio Odon- 03/12/2018.
Em 2017, a igreja de São Vicente de Paulo tornou-se paróquia, o Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido participou da celebração.

PARÓQUIA SÃO VICENTE DE PAULO

No dia 3 de novembro de 1957, o Diário de Pernambuco publicou uma nota sobre a construção da Capela de Dois Unidos que dizia o seguinte: “...Quanto a Capela de Dois Unidos, que deverá estar concluída em dezembro, tivemos uma ajuda da municipalidade, resultante da Lei Rui Alves, na importância de 150 mil cruzeiros, a que acrescentaremos 180 mil para completar o preço total da obra, orçada em 330 mil cruzeiros”.

A Igreja de São Vicente de Paulo, foi a primeira construída em Dois Unidos, inaugurada em 1958 e foi dirigida pelo padre holandês John Pubben, conhecido e chamado pelos fiéis por padre João, e da freira vicentina, irmã Priscila, por mais de trinta anos. No dia 19 de maio de 2017, a capela foi elevada à categoria de paróquia, sendo a 127ª paróquia ligada a Arquidiocese  de Olinda e Recife, a missa solene que marcou a elevação da paróquia foi presidida pelo Arcebispo de Olinda e Recife, Antônio Fernando Saburido; o padre da paróquia, José Erivan Nuto Liberalino; pelo monsenhor Paulo Sérgio Vieira Leite, vigário episcopal do Vicariato Soledade; pelo padre Rosivaldo Torres, pároco da igreja de Nossa Senhora da Conceição de Beberibe; pelo padre Josenildo Tavares, Coordenador das Pastorais da Arquidiocese; pelo padre Davi Gonçalves, pároco da igreja de Matriz da Luz (São Lourenço da Mata); pelo padre Antônio Diego, pároco da igreja de Santa Maria Mãe de Deus (Macaxeira), além do padre Pedro Evangelista e o diácono permanente Malafaia.

O Diário de Pernambuco do dia 28 de julho de 1964, publicou uma nota à respeito da festa de São Vicente de Paulo da seguinte forma: “Na Capela de São Vicente de Paulo, na Vila de Dois Unidos, na paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Beberibe, no domingo, 19, realizou-se a festa de seu padroeiro. Pela tarde daquele dia, a imagem de São Vicente percorreu as ruas da Vila com grande acompanhamento de fiéis. Em seguida, houve missa cantada pelo reverendíssimo pároco, Cônego Severino Viana, e sermão pelo padre Miguel Hirata, dedicado capelão. A escola de cantos da matriz executou a partitura da Missa de Tavoni, a três vozes. Os fiéis superlotaram a capela, num ambiente de grande alegria, quando naquele dia se celebrava a primeira missa cantada. Estão de parabéns os promotores das solenidades da Festa de São Vicente de Paulo, em Dois Unidos”.

A CONTAMINAÇÃO DO RIO BEBERIBE PELOS MORADORES DA VILA DE DOIS UNIDOS

O Diário de Pernambuco do dia 14 de março de 1958, publicou uma denúncia sobre a poluição do Rio Beberibe provocada pelos moradores da Vila de Dois Unidos e moradores de Caixa D’Água, próximo a bomba de captação de água potável, que abastecia diversas localidades da cidade do Recife. O jornal publicou o seguinte:

A manchete dizia: “Misturada a fezes e toda espécie de sujeira a água distribuída no Recife”- Todo leigo sabe que não é somente a má água responsável pelo aparecimento de doenças. Ela pode, no entanto, ser das principais. E é o que está acontecendo no Recife. Os dados que obtivemos, inclusive fotograficamente, bem documentam a que ponto chegamos. Não foi preciso nenhum sacrifício para apurar a verdade.

O Rio Beberibe tem as suas águas captadas, para servir a população , no local denominado Caixa D’Água, no subúrbio que leva o nome do rio. As bombas tombam o líquido para o reservatório do Alto do Céu, no Fundão, estão localizadas por trás da Vila de Dois Unidos. Distando poucos metros da casa de bombas, rio acima, existe quase uma dezena de vacarias, além de uma pocilga.

Tantos as vacarias como a pocilga despejam dejetos dentro do rio. As vacas são banhadas no Beberibe. Convém frisar que a água é colhida poucos metros depois. Se isso não representa nenhum perigo à saúde da população, vejamos o que segue é mais grave.

A Vila de Dois Unidos, na sua quase totalidade, por lavadeiras. Pois bem, essas lavadeiras utilizam o rio para ganhar o pão. Centenas de mulheres, diariamente, lá estão às suas margens, contaminando o líquido que o Recife inteiro bebe. Fato mais grave do que este, em matéria de saúde pública, não poderíamos denunciar.

Em conversa com o engenheiro do saneamento, soubemos que a captação  das águas do Rio Beberibe foi uma solução provisória adotada em 1952. Disse-nos aquele engenheiro que o então governador Agamenon Magalhães, não acreditava que o Recife fosse precisar de água dentro desses dez anos. Por isso – continuou – as obras de Monjope não foram iniciadas àquela época.

Não estamos condenando a captação das águas do Rio Beberibe. Em certo trecho do mesmo, perto de Passarinho, a água é potável. Tão boa como a melhor que exista. O crime que durante oito anos se cometeu contra o recifense é ter-se feito a captação na altura como foi feita. Tanto afirmamos é verdade que o saneamento – foi preciso uma epidemia  de tifo, inclusive com o sacrifício  da vida de um jovem médico – providenciasse , a toque de caixa, uma pequena adutora para apanhar o líquido dois quilômetros acima do local onde atualmente é feito. Prova de que, mesmo como solução de emergência, poderia ter sido evitado o crime cometido.

Deputado Augusto Lucena 
O DEPUTADO AUGUSTO LUCENA DENUNCIA OS PROBLEMAS DA VILA DE DOIS UNIDOS

Em sessão na Assembleia Legislativa de Pernambuco, o deputado Augusto Lucena envia seu requerimento solicitando melhorias para a comunidade da Vila de Dois Unidos, publicado pelo Diário de Pernambuco do dia 22 de julho de 1958 que dizia o seguinte:

“Requeremos apelo em caráter de urgência, ao Exmo. Sr. Secretário  de Viação e Obras Públicas, no sentido de que o departamento competente, de sua secretaria, providencie a recuperação e a conservação do revestimento da estrada que liga a Vila de Dois Unidos ao subúrbio de Beberibe, em virtude do abandono em que se encontra a referida via, há longos anos, sem que nenhuma autoridade municipal ou estadual, até o presente, tenha tomado qualquer medida, para realização dessa obra, da maior importância para as comunicações com aquela vila do Serviço Social contra o Mocambo, na qual residem mais de 500 famílias, nas mais precárias condições, seja quanto o transporte, o abastecimento de água ou os necessários meios de contato o centro através de Comissões como de abaixo assinados, como tantas são as vezes que temos pedido, em nome do povo, providências nesse sentido, sem que contudo, nada se haja feito de positivo, para resolver a angustiante  e aflitiva situação que se acham abandonados aquelas famílias, sem transporte, sem um telefone público, para chamadas de socorros de urgência, ou, mesmo, sem água potável, para o abastecimento coletivo, ficando obrigados os moradores  de Dois Unidos até a se servirem da água poluída do Rio Beberibe, isto pela madrugada, afim de que ainda possam captar um líquido menos viscoso e contaminado, como ocorre, depois das 6 horas da manhã, devido ao despejo de dejetos que recebe em todo seu curso”.

Quinze anos depois, o deputado Augusto Lucena, já como prefeito da Cidade do Recife, realizou a maior obra já feita em Dois Unidos, a pavimentação em blocos de concretos da Avenida Hildebrando de Vasconcelos.  

LOTEAMENTO JARDIM MARACANÃ

No dia 10 de maio de 1959, através de anúncio no Diário da Manhã, o srº Adriano Times e a srª Riselda Cesário de Melo Times começaram a vender ao custo de Cr$ 20.000,00 (vinte mil cruzeiros), os primeiros lotes do Jardim Maracanã localizados na Rua Uriel de Holanda, na Linha do Tiro, próximo ao stand de tiro e do Campo do Madureira, depois, deram início as vendas dos lotes da Rua Mamede Coelho. No dia 14 de dezembro de 1969, foi postado o último anúncio de venda do loteamento, já havia água e luz na localidade. Enquanto isso, todo o morro ao redor do loteamento foi sendo povoado dando origem ao Alto do Maracanã.

O CALÇAMENTO EM PARALELEPÍPEDO DA ESTRADA DO CUMBE

A Lei Municipal Nº 2593, de 19 de novembro de 1953, aprovada na sessão proferida pelo presidente da câmara, Hilo Lins e Silva, autorizou ao prefeito José do Rego Maciel, a pavimentar a Estrada do Cumbe, trecho compreendido entre a Rua Uriel de Holanda e o Sitio Dois Unidos, em Beberibe. No entanto, após de sancionada a lei, a pavimentação só foi executada seis anos depois. Em dezembro de 1959, a Estrada do Cumbe foi toda calçada em paralelepípedo na gestão do prefeito Pelópidas Silveira e concluída na gestão de Miguel Arraes em 1960.

SOCIEDADE DE PLANTADORES E CRIADORES DE DOIS UNIDOS

Em 1960, há publicações sobre a existência da Sociedade de Plantadores e Criadores de Dois Unidos, com 325 membros, acompanhados pelo Serviço Social Contra o Mocambo (SSCM).

O SUBCOMISSARIADO

No dia 11 de fevereiro de 1960, era inaugurado o Subcomissariado de Polícia de Dois Unidos.

NOVAS MORADIAS

No dia 29 de abril de 1960, o governador Cid Sampaio através do SSCM entrega 150 casas em Dois Unidos para atender o plano emergencial social para atender as vítimas das enchentes do Rio Capibaribe.

A FRENTE NACIONALISTA

No dia 3 de junho de 1960, o prefeito Miguel Arraes de Alencar, inaugurou a Escola da Frente Nacionalista de Dois Unidos.

AS CASAS RUÍRAM

No dia 2 de agosto de 1960, seis casas ruíram na rua São Vicente de Paulo, em Dois Unidos. Das cento e cinquenta casas construídas e entregue em abril pelo governador Cid Sampaio, as fortes chuvas provocaram o desastre e deixou oito pessoas feridas.

O DESABAFO DO MORADOR DA ESTRADA DO CUMBE

No dia 30 de julho de 1961, o Diário de Pernambuco publicou a carta do morador da Estrada do Cumbe, sr. Aluísio Melo, sobre as dificuldades e o abandono que se encontrava a Estrada do Cumbe da seguinte forma:
“Não sei se o prefeito já ouviu falar de um lugar em Beberibe chamado Cumbe. Sim senhor, este lugar existe e por lá só aparece político  ou pessoas de influência em época de eleições, prometendo tudo. Mas logo após as mesmas, se esquecem completamente das promessas feitas. O Cumbe senhor prefeito, é uma estrada que liga o Largo da Conceição (atual Praça da Convenção) à Vila de Dois Unidos. Nela existem duas fábricas: uma de papel e outra de água mineral; pois bem, essa estrada que tem uma distância aproximada de dois quilômetros, sem luz, sem transporte, sem chafariz, sem nada; é o maior sofrimento dos moradores do Cumbe e de Dois Unidos, porque são obrigados a fazer longas caminhadas para pegar condução. À noite, então, o martírio aumenta, porque têm de voltar para casa depois de um dia exaustivo, na mais completa escuridão, atolando-se nas poças de lama existentes na estrada má conservada.

Senhor prefeito (Miguel Arraes), quando tiver uma “folgasinha”, vá até o Cumbe, para observar com os seus próprios olhos, o único lugar onde não existe um chafariz e onde os seus moradores vivem no mais completo abandono, dos poderes públicos sem uma iniciativa particular digna de registro. É verdade que existe no Cumbe rede elétrica de iluminação pública, porém, contam-se as lâmpadas que estão em condições, porque a maioria está queimada e a concessionária de luz e força de Beberibe ignora completamente o que por lá se passa. É uma teremidade, por isso, viajar à noite, por aquelas bandas.  
Iluminação a vapor na Av. Hildebrando de
Vasconcelos (1972).
ILUMINAÇÃO PÚBLICA DE DOIS UNIDOS

A primeira distribuidora de energia elétrica em Dois Unidos foi a empresa SILFB- Serviço Industrializado de Luz e Força de Beberibe que começou a operar inicialmente em 1952 na Vila de Dois Unidos, para que fosse implantado o sistema de abastecimento d'água da Vila, utilizando a energia elétrica para funcionamento das bombas. Em 1953, iniciou-se a eletrificação pública em trecho da Estrada do Cumbe. Em 1960, iniciou-se a instalação da energia elétrica no antigo Alto da Bela Vista e em outro trecho da Estrada do Cumbe até atingir o Sítio Dois Unidos. A partir de 1967, toda distribuição de energia elétrica passou a ser operada pela recém criada Celpe- Companhia de Eletricidade de Pernambuco.

A Câmara Municipal do Recife, através  de seu presidente, Hilo Lins e Silva já havia aprovado a Lei Ordinária Nº 2581 de 19 de novembro de 1953, autorizando o prefeito José do Rego Maciel a instalar iluminação pública  no trecho compreendido entre a Rua Uriel de Holanda (Beberibe) e o Sitio Dois Unidos. 

A Lei Municipal Nº 5762, de 10 de dezembro de 1959, autorizou o prefeito Pelópidas da Silveira, a executar o serviço de iluminação pública no Alto da Bela Vista, Dois Unidos.

A Lei Municipal Nº 5957, de 4 de abril de 1960, autorizou o prefeito Miguel Arraes de Alencar, a instalar iluminação pública na Estrada do Cumbe até atingir a localidade da Vila de Dois Unidos.

No dia 28 de agosto de 1985, o governador Roberto Magalhães, inaugurou a eletrificação do Alto do Capitão, das ruas e residências, beneficiando os 1.300 moradores da comunidade.

O Diário Oficial de Pernambuco do dia 11 de setembro de 1986, publicou: O presidente da Celpe, Heraldo Borborema, disse que o Córrego do Curió, em Dois Unidos, foi beneficiado com a energia elétrica através do projeto “A luz nasceu para todos” para as comunidades carentes, no governo de Gustavo Krause.
Inauguração da Colônia Correicional de Dois Unidos pelo governador Cid Sampaio em fevereiro de 1962, onde hoje fica o canil da PM. Foto: Diário de Pernambuco/3/2/1962.

A COLÔNIA CORREICIONAL DE DOIS UNIDOS E O PRESÍDIO MOURÃO FILHO

No dia 2 de fevereiro de 1962, o governador Cid Sampaio, inaugurou a Colônia Correicional de Dois Unidos, também chamada de Colônia Educacional, foi um projeto criado desde 1960, na intenção de promover a reintegração dos detentos que foram presos na prática de delitos, através da profissionalização em oficinas, onde os detentos exerciam atividades artesanais e agrícolas. A Colônia tinha capacidade para 300 detentos.

Com o passar dos anos, a Colônia passou a receber inúmeros detentos oriundos da Casa de Detenção do Recife (atual Casa da Cultura) e de outras unidades prisionais do Estado, que se encontravam acima de sua capacidade operacional, isso provocou também, a superlotação da Colônia Correicional e fez com que ela começasse a perder a sua finalidade e tornar-se um grande problema para a administração, como também para os detentos que se amontoavam em suas celas e começavam a se rebelar. Durante os dez anos em que funcionou, a Colônia acumulou inúmeras ocorrências de fuga, homicídios, inclusive, de militar que fazia a segurança da Colônia, que executou seu próprio companheiro, proveniente ao alto grau de estresse.

Durante esses dez anos, aconteceram inúmeros episódios cômicos diante de um ambiente de sofrimento e hostilidades que os jornais da época publicaram com um certo tom irônico:


Detentos  da Colônia Correicional de Dois Unidos trabalhando na confecção de bolas de futebol em 1965. Foto: Diário de Pernambuco.

No dia 16 de maio de 1965, o Diário de Pernambuco publicou: “FUTEBOL- Os investigadores deram uma voltinha e pegaram de uma lingada tantos ladrões, que dava para fazer um time. Vejamos a escala: Cara de Onça; Grandão e Macaquinho, Fura Tripa, Banguelo e Matuto; Mané do Cavalo, Pitomba, Maneirinho, Pé de Quenga e Panelada. Eita que time bacana. Depois de ligeira concentração em Dois Unidos, o Mão Leve Futebol Clube vai entrar em rigoroso treinamento na Casa de Detenção”. Os detentos estavam sendo transferidos.

No dia 18 de maio de 1966, o Diário de Pernambuco publicou: CAVALO DE EXU- A.J.S, vulgo Cavalo de Exu, foi o último dos ladrões a deixar a Colônia de Dois Unidos. De calça meia coronha, e camisa que não é sua, o malandro mostrava-se triste. E que o gatuno desejava permanecer em Dois Unidos. Todavia, não teve o consentimento do encarregado do presídio. Justificando o seu pedido ao comissário, disse: “É triste a gente fica preso sozinho, mas, comer sem trabalhar, ainda é um ótimo negócio”. Cavalo de Exu, fez parte de um grupo de 351 detentos que foram postos em liberdade da Colônia de Dois Unidos pela justiça, e que causou grande indignação a sociedade e severas críticas pela imprensa do Recife. 

O Diário da Manhã do dia 15 de julho de 1972, publicou que a Colônia Correicional de Dois Unidos, deixou de ser subordinada a Secretaria de Segurança Pública e passou para o âmbito da Secretaria do Interior e Justiça por decreto do governador Eraldo Gueiros. A Colônia passou por uma reforma e sua capacidade reduziu para 200 detentos, denominado de “Presídio Ministro Mourão Filho”. Como ainda o governo fazia parte do Regime Militar de 1964, o nome do presídio foi uma homenagem ao Almirante Olímpio Mourão Filho, que havia falecido recentemente, no dia 28 de maio, ele que foi Comandante do IV Exército, no Recife e foi um dos líderes da Revolução de Março de 1964.

O jornal publicou o seguinte: “ Uma comissão de eméritos juristas foi quem opinou pela criação da Colônia Reducacional de Dois Unidos. A Colônia seria um exemplo de formação moral e dentro dos princípios da Carta Magna que rege os Direitos e Garantias Individuais. Corria o ano de 1962.

Dez anos depois um jurista também emérito, riscava do mapa a Colônia Reducacional de Dois Unidos, que criada com uma finalidade só serviu para forjar uma página negra na vida da justiça e da lei em Pernambuco. Coube ao governador Eraldo Gueiros, apagar esta mancha negra, integrando à Secretaria do Interior e Justiça a famigerada Colônia de Dois Unidos, que escreveu páginas de horror no noticiário policial do Estado, atravessando fronteiras, fatos hediondos.

METAS- Cabe agora ao governador Eraldo Gueiros, continuar seu trabalho de saneamento da justiça no Estado acabando com a Casa de Detenção do Recife, outro antro de marginalização da pessoa humana, onde se registra os casos mais fantástico  de atentado aos direitos e garantias individual. Ali na masmorra tipo medieval que poderia servir de atração turística, revelam-se fatos dos mais criminosos. Com a decisão histórica de acabar com a Reducacional de Dois Unidos, o governador Eraldo Gueiros entra nas páginas da história de Pernambuco como o homem que humanizou o Estado, dando ao detento a condição de ser humano que lhe vinham negando, com as torturas e miséria, praticadas contra a pessoa humana em Dois Unidos e na Casa de Detenção do Recife.

A Comissão formada pelo professor Nilzardo Carneiro Leão, desembargador Augusto Duque, advogado Edson Mouri Fernandes, foram os que participaram da Comissão que criou a Colônia Reducacional de Dois Unidos, mas esses homens não pesaram jamais que fosse desvirtuado seu trabalho e hoje apoiam a iniciativa do governador Eraldo Gueiros em exterminar a Colônia, autor de atentados aos direitos dos homens.

REPERCUSSÃO- A repercussão do feito do governador Eraldo Gueiros, foi sentida no sul do país, nos meios juristas, quando o noticiário da imprensa do sul anunciou a medida. Foi um impacto, pois todos sabiam das sevicias que ali se praticava quando homens presos sem culpa formada atirados a promiscuidade com cães saiam dali cheios de chagas e com doenças que jamais recuperariam a saúde. Houve os casos famosos, em que marginais matavam os próprios  colegas a fim de conseguirem sair dali. Era o passaporte para a Casa de Detenção do Recife, que pelo menos distribuíam três refeições diárias.

Uma vida humana era o preço da transferência para a Casa de Detenção e isso os marginais se tornavam criminosos facilmente. Era o atentado aos Direitos Humanos que o governador em boa hora conseguiu destruir”.    

No dia 12 de março de 1973, por determinação do governador Nilo Coelho, são transferidos 167 detentos da Casa de Detenção do Recife, distribuídos nos presídios Barreto Campelo, Mourão Filho (Dois Unidos) e Colônia Agrícola de Itamaracá.

O Diário da Manhã do dia 31 de maio de 1975, publicou que os detentos do presídio Mourão Filho compuseram “A Embolada dos Presidiários”:
“Você precisa conhecer os Dois Unidos
 Você precisa conhecer Damião
Você precisa carregar pedra pesada
Nessa cabeça pelada
Pra deixar de ser ladrão”.

No dia 20 de março de 1980, o governador Marco Maciel inaugurou o Presídio Professor Aníbal Bruno, no Sancho.

O Decreto Estadual Nº 6.685 do dia 3 de setembro de 1980, sancionado pelo governador Marco Maciel, extingue o Presídio Mourão Filho, de Dois Unidos. Em 1986, o antigo presídio se transformou na Escola Francisco Pessoa de Queiroz.

FEIRA POPULAR DE DOIS UNIDOS

No dia 22 de março de 1962, o vice-prefeito do Recife, Artur Lima Cavalcanti, inaugurou a Feira Popular de Dois Unidos, com 110 barracas. A feira foi uma solicitação pelo Centro Educativo Operário (CEO) e pela Frente Nacionalista, junto ao prefeito Miguel Arraes de Alencar.

O PRIMEIRO LIVRO SOBRE DOIS UNIDOS

No dia 29 de dezembro de 1962, o professor Levy Cruz lançou o primeiro livro falando sobre a comunidade da Vila de Dois Unidos, o livro “Dois Unidos, uma comunidade rurbana do Recife”, continha uma pesquisa da situação sócio- econômico da comunidade.


Os primeiros telefones públicos só foram instalados em Dois Unidos em 1963.

OS PRIMEIROS TELEFONES PÚBLICOS DE DOIS UNIDOS

Desde o ano de 1961, o deputado estadual Augusto Lucena, vinha subindo a tribuna e solicitando um velho apelo da comunidade de Dois Unidos, um telefone público para pedir socorro, isto mesmo, Dois Unidos, nesta época, vivia isolada, longe de tudo, um transporte precário, uma estrada terrível e uma iluminação obsoleta. Era preciso, muitas vezes, a necessidade de pedir ajuda para conduzir um doente, uma gestante, principalmente no inverno, onde a Estrada do Cumbe ficava totalmente intransitável, mas, faltava um telefone público, já que ter um telefone próprio naquela ocasião, era impossível para uma comunidade tão pobre, pois, o telefone era um objeto de luxo, só os ricos podiam ter. Todavia, anos depois, o extinto jornal recifense, Última Hora, do dia 17 de agosto de 1963, publicou a seguinte nota: A Prefeitura Municipal do Recife, instalou telefones públicos através da Central Telefônica da Tamarineira, em várias localidades da Zona Norte...em Dois Unidos foram instalados um telefone no Centro Educativo Operário, na Estrada do Cumbe, fone: 80002; Rua Bela Vista, Nº 188, fone: 81221; Rua Mamede Coelho, Nº 198, fone: 80072; e Rua Chagas Ferreira, Nº 23, fone: 80883. Nesta época, os telefones eram poucos, daí, os telefones terem apenas cinco algarismos.

O “COMPARE” DE DOIS UNIDOS

O prefeito Miguel Arraes de Alencar criou o Compare (Companhia de Abastecimento do Recife) em 1960, substituindo o Departamento de Agricultura, Mercados e Matadouros. O Compare era uma central de abastecimento de alimentos para as populações pobres do Recife com preços mais baratos subsidiado pela Prefeitura do Recife. O Compare do bairro de Dois Unidos foi criado em 1963 e funcionava por trás da igreja católica de São Vicente de Paulo.

VÍTIMAS DAS ENCHENTES RECEBEM LOTES

Em abril de 1967, o presidente do Serviço Social Contra o Mocambo, engenheiro Leônidas Estelita, entrega 300 lotes em Dois Unidos, as vítimas das enchentes dos rios Capibaribe e Beberibe.


Propaganda da Prefeitura do Recife em outubro de 1972, sobre a pavimentação em concreto da Avenida Hildebrando de Vasconcelos. A inauguração oficial só aconteceu treze meses depois. Foto: Diário da Manhã.

O FIM DA ESTRADA DO CUMBE E O INÍCIO DA AVENIDA HILDEBRANDO DE VASCONCELOS

Depois da pavimentação da Estrada do Cumbe com paralelepípedo em 1960, muita gente já chamava a via de “Estrada de Dois Unidos”. Apesar do empenho em melhorar as condições da estrada, mais uma vez, os rigorosos invernos que sucederam-se, com suas avalanches de água e lama descidas dos morros e córregos de Dois Unidos destruíram toda a pavimentação existente. Era preciso um trabalho sério, um projeto de engenharia que viesse a conter todo ímpeto das chuvas que destruía tudo. Em 1972, essa história começou a mudar, o prefeito Augusto Lucena, que anos atrás, quando era deputado, cansou de tecer críticas contra a má conservação da Estrada do Cumbe, agora era o protagonista da mais importante obra de toda história de Dois Unidos. Com um projeto sério e arrojado, a velha e destrutível Estrada do Cumbe depois de 128 anos de existência, seria transformada em uma sólida e moderna avenida.

Em fevereiro de 1972, começaram os serviços de alargamento da estrada em toda sua extensão.

Em março de 1972, os dois pontilhões são alargados e concluídos pelo Serviço de Viação e Obras (SVO), através do Departamento de Pontes e Canais. O terceiro pontilhão estava em andamento.

Em abril de 1972, a Construtora Sotécnica, ganha a licitação para execução da moderna pavimentação da Estrada de Dois Unidos.

O Diário da Manhã do de 24 de outubro de 1972, publica uma matéria informando que a Estrada de Dois Unidos ou Cumbe, já estava quase concluída com suas placas de concreto, iluminação com lâmpadas a vapor de mercúrio, uma novidade para a época; e todas as encostas protegidas por muros de arrimos para sustentação de casas construídas à beira da estrada, em fase de conclusão; construção de uma ponte com seis metros de vão e doze metros de largura, implantações de canaletas, rede de galerias, tubulações em concreto e demolições de alguns imóveis. Informava também, que em toda extensão da estrada residiam 10 mil pessoas.

A Lei Municipal Nº 10.842 de 24 de outubro de 1972, sancionada pelo prefeito, Augusto Lucena, denomina-se de Avenida Hildebrando de Vasconcelos, a atual Estrada do Cumbe, artéria que liga o bairro de Beberibe ao de Dois Unidos. Diz a lei.


O prefeito do Recife, Augusto Lucena (à direita) conversando com seus assessores. Foto: Revista "O Cruzeiro", 1971).

No dia 25 de novembro de 1973, era inaugurada a Avenida Hildebrando de Vasconcelos (antiga Estrada do Cumbe), também conhecida como Estrada de Dois Unidos. O Diário de Pernambuco do dia 27 de novembro, que cobriu o evento, publicou o seguinte: (trechos) “A Estrada de Dois Unidos em sua primeira etapa de 2,8 quilômetros pavimentada e iluminada por lâmpadas a vapor de mercúrio, foi inaugurada, domingo, à noite pelo engenheiro Luís Collier, secretário dos transportes do Estado, representando o governador, e o prefeito Augusto Lucena.

A solenidade começou às 20 horas, com a ligação da chave elétrica no acesso àquela estrada, nas proximidades de Beberibe, pelo sr. Luís Collier. A seguir, a comitiva percorreu o trecho construído  até o palanque oficial no pátio da Capela de São Vicente de Paulo. Estiveram também presentes, os secretários Rubem Gamboa e Reginaldo Guimarães.
Antes, às 19:30 horas, o Conjunto “Os Selvagens”, num palanque, começou a tocar músicas jovens. O povo, ao embalo das melodias, entregou-se a brincadeira, cantando e dançando no meio da nova estrada. Nos intervalos, o Conjunto “Os Nordestinos” executou  canções regionais. Apresentaram-se ainda, dois maracatus, três troças, um caboclinho e uma ciranda. As exibições encerraram-se às 20 horas, com a chegada do prefeito Augusto Lucena e sua comitiva.

O sr. Mário José de Souza, um dos primeiros moradores daquela Vila construída pelo Serviço Social Contra o Mocambo, e que domingo completava 24 anos ali, agradeceu o empenho do prefeito em dotar Dois Unidos de sua principal via de escoamento em condições de tráfego  para veículos e pedestres a qualquer época do ano. E disse ainda, que a obra representa um grande passo para o desenvolvimento de todo o bairro, porque agora estamos livres do lamaçal e da escuridão que aqui imperavam, principalmente da lama que impedia todo mundo de caminhar durante o inverno. Antes, não tínhamos a mínima condição de chegar ao trabalho na hora certa, porque, durante o inverno, havia o deslizamento de barreiras e a estrada tornava-se uma verdadeira via crúcis. A lama tomava conta do caminho; nem carros, nem gente passavam; as crianças não podiam ir ao colégio; as donas de casa, de fazer compras; os doentes, de receberem socorro de emergência. Antes, repito, não havia a estrada.

A farta iluminação de toda a via, vai reduzir em quase 100% o perigo de assaltos. Explica: a gente era obrigada a andar a pé até Beberibe. No percurso, muitos eram postos em confronto com os marginais. Alguns chegaram mesmo a perder a vida; outros a carteira; e um número muito grande, além de perder os pertences foram surrados impiedosamente. Não havia luz que afasta os inimigos da lei – ressaltou. Continuou: agora, a paisagem mudou completamente. São obras como esta, beneficiando grandes contingentes populacionais, que imortalizam uma administração. O povo de Dois Unidos, como de resto de Caixa D’Água, Beberibe e de outros bairros que se beneficiarão com esta obra, Dr. Lucena, dão-lhe o seu muito obrigado – finalizou.

O prefeito Augusto Lucena, disse que a Estrada de Dois Unidos, uma das maiores obras viárias do Recife, pertence ao governo Eraldo Gueiros Leite, porque em Pernambuco a administração é uma só, monolítica, indivisível. Aqui o povo pediu o serviço, que era necessário e imperioso, e o realizamos. Revelou ainda, que outras obras paralelas da municipalidade completarão o sistema local, introduzindo escadarias nas encostas laterais e de rede de iluminação nas ruas transversais, proporcionando assim, , segurança e deslocamento rápido a quem trabalha, estuda ou necessita de cuidados médicos, além de beneficiar a rede de abastecimento dos produtos básicos, como o gás de cozinha, cuja entrega é feita com dificuldades nos morros próximos à estrada. A obra de pavimentação da Estrada de Dois Unidos, custou Cr$ 1.600.000,00 (Um milhão e seiscentos mil cruzeiros).

Após a inauguração, o Maracatu Estrela Brilhante desfilou, sendo precedido pelo Maracatu Indiano. A Tribo Caboclinhos Tabajara foi a terceira entidade carnavalesca a se apresentar. Depois a Troça Arrasta Tudo, Coqueirinho de Beberibe e Estrela da Tarde fizeram suas evoluções, contagiando a grande multidão estimada em 10 mil pessoas, que se comprimia às margens da Estrada de Dois Unidos.

Às 21:30, começou a chover. A chuva, no entanto, não arrefeceu a animação popular e não tirou o brilho da festa. Os moradores de Dois Unidos estavam alegres vendo realizada  antiga reivindicação. Até a meia-noite, o povo brincou, cantou e pulou. Houve um mini carnaval em Dois Unidos.

Em fevereiro de 1975, o prefeito Augusto Lucena determina ao secretário de obras, o engenheiro Walter Luís do Rego Luna, que seja aberta a via de ligação entre Dois Unidos e a BR- 101- Norte.

COBAL

O Diário da Manhã do dia 27 de novembro de 1979, publicou a criação da Cobal, da rede Somar de abastecimento, que foi uma iniciativa do Ministério da Agricultura, com o objetivo de fornecer alimentos mais baratos para a população de baixa renda. A Cobal de Dois Unidos, ficava na Avenida Hildebrando de Vasconcelos, Nº 2786.

CONSELHO DE MORADORES DO ALTO DO MARACANÃ

No dia 20 de outubro de 1982, era fundado o Conselho de Moradores do Alto do Maracanã, na Rua Expedicionário Teodoro Sativa, Nº 398, Dois Unidos. Tinha como presidente o sr. Severino Irineu da Silva.

PAVIMENTAÇÃO DA RUA EXPEDICIONÁRIO JOÃO MARIA

No dia 14 de novembro de 1982, o prefeito Jorge Cavalcante inaugurou em Dois Unidos, a pavimentação da Rua Expedicionário João Maria, que liga a Rua Monsenhor Arruda Câmara à Rua Abelardo Rodrigues.

COMAR DE DOIS UNIDOS

Em agosto de 1983, foi inaugurada na Rua Belmiro de Barros, Nº 35, em Dois Unidos, o Comar – Cooperativa Mista Artesanal do Recife. A cooperativa agregava 450 artesãos, reunidos em 26 núcleos de produção espalhados por todo o Estado. Marceneiros, biscateiros, donas de casa, todos vizinhos e amigos de Dois Unidos tiveram ajuda do governo no sentido de qualificá-los profissionalmente, eles receberam aulas de português, matemática, história, geografia e de desenho, adquirindo assim, conhecimento para formação intelectual. O setor de educação era coordenado pelas técnicas Neli Alves Gomes e Norma Maria de Souza. O Departamento de Formação Profissional, recrutou 30 jovens de Dois Unidos, numa faixa etária de 12 a 18 anos, que aprenderam e confeccionaram móveis  de madeira de fino acabamento, que eram comercializados  na praça do Recife, diretamente com o consumidor. O Comar chegou a exportar seus produtos para a Europa, Estados Unidos e o Japão.

LOTES NO ALTO DO CAPITÃO

O Diário Oficial de Pernambuco do dia 26 de maio de 1984, publicou que o prefeito Joaquim Francisco destinou 250 lotes de terreno no Alto do Capitão, para serem ocupados pelas famílias vitimadas  por desabamentos de casas e barracos durante  as últimas chuvas registradas no Recife, foram danificadas 48 casas e destruídos 14 barracos, decorrentes dos deslizamentos de 29 barreiras e desabamentos de outras  119 no decorrer dos últimos dez dias.
Ricardo Couceiro, presidente da URB, alertou, em seguida, para a gravidade consequente das escavações de canaletas e depredação dos muros de arrimos pelos próprios moradores do bairro. Fato que vem sendo verificado pelos engenheiros da URB.

Rua Exp. Teodoro Sativa, Alto do Maracanã.
PAVIMENTAÇÃO NO ALTO DO MARACANÃ

O Diário da Manhã do dia 18 de março de 1985, durante a gestão do prefeito Joaquim Francisco, publicou o seguinte:

Dez mil moradores do Alto do Maracanã, serão beneficiados com a construção de sete escadarias, pavimentação de nove ruas, obras de drenagem e revestimento de 800 metros de canal e implantação de muros de arrimos. As obras são executadas pela prefeitura, através do programa “SOS MORROS”.

No Alto do Maracanã estão sendo pavimentadas as ruas Mamede Coelho, Góis Viana, Medalha Milagrosa, Alto da Lavagem, Marquês de Monte Belo, São Sebastião, Pedro Paulo de Souza, Alto Verde e Água Azul. Recebendo também a implantação de 1.400 metros de escadarias distribuídas em sete diferentes vias de acesso. O presidente da URB, Ricardo Couceiro enfatizou que o programa é financiado pelo BNH e executado pela URB/Recife.

CLUBE DE MÃES DO ALTO DO CAPITÃO

No dia 3 de julho de 1985, era fundado o Clube de Mães do Alto do Capitão, na Rua Divisópolis, 376, Dois Unidos. Seu estatuto foi publicado no Diário Oficial de Pernambuco do dia 12 de junho de 1986.
Reserva Ecológica Estadual Mata de Dois Unidos, vista do Alto do Capitão. Foto: Bobby Fabisak/Flickr/30/5/2012.

MATA DE DOIS UNIDOS

A Mata de Dois Unidos é fragmento da Mata Atlântica que dominava 15% do território nacional no período colonial e que ocupava o litoral brasileiro desde o Piauí até o Rio Grande do Sul. Atualmente, a Mata de Dois Unidos está situada na Bacia Hidrográfica do Rio Beberibe, com uma área de 52,14 hectares. Definida como Zona Especial de Proteção Ambiental (ZEPA). 37,72 hectares faz parte da Reserva Ecológica Estadual Mata Dois Unidos, não regulamentada e definida pela Lei Estadual Nº 9.989 de 13 de janeiro de 1987.

DOIS UNIDOS TORNA-SE UM BAIRRO

Desde que se transformou-se em Sitio Dois Unidos no século XIX até se transformar em Vila em 1949, Dois Unidos sempre foi uma localidade pertencente a Beberibe, mesmo quando cresceu, e era chamado de bairro de Dois Unidos pela população.
A Lei Municipal Nº 16.293 de 22 de janeiro de 1997, sancionada pelo prefeito Roberto Magalhães, cria as Regiões Político Administrativas (RPAs) do Município do Recife. Foi a partir desta lei que Dois Unidos transformou-se em um bairro independente, ele faz parte da Zona Norte do Recife e da Região Político Administrativa – 2. Tem uma área de 275,2 hectares. Uma população de 32.905 habitantes (CENSO 2010), sendo 17.243 do sexo feminino e 15.662 do sexo masculino. Sua densidade demográfica é de 119,56 habitantes por hectare.

Com a aprovação da Lei, o bairro de Dois Unidos ficou assim delineado: Começa na Avenida Hildebrando de Vasconcelos no pontilhão existente sobre o Rio Morno; sobe a este rio até encontrar a Rua Engenheiro Célio Carali, onde deflete à direita para encontro  com a Avenida Chagas Ferreira, por onde prossegue no sentido cidade/subúrbio, até encontrar a Rua Compositor Raul Valença; deflete à direita cruzando a Rua Agave e contornando uma praça ali existente até atingir a Rua Coronel Pilar; deflete à direita até atingir o Rio Beberibe, desce por este rio (limite Recife-Olinda) até encontrar a foz do Rio Morno, onde deflete à direita e segue em direção do pontilhão situado  na Avenida Hildebrando de Vasconcelos, ponto inicial.

SURGE UMA NOVA RUA

 A Lei Municipal Nº 14.968 de 29 de maio de 1987, sancionada pelo prefeito Jarbas Vasconcelos, cria a Rua Mário José de Souza, em Dois Unidos. Esta rua liga a Rua Bel. Severino Nascimento com a Rua Horácio França.

OBRAS DE CONTENÇÃO NO ALTO DO CAPITÃO E CÓRREGO DO MORCEGO

No dia 19 de março de 1988, o prefeito Jarbas Vasconcelos inaugurou obras de contenção dos morros, no Alto do Capitão e Córrego do Morcego (Rua da Bela Vista). As obras foram uma ação conjunta povo-prefeitura e durou 18 meses para ficar pronto.

POSTO DE SAÚDE PROFESSOR BIANOR TEODÓSIO

A Lei Municipal Nº 15.825 de 5 de dezembro de 1993, sancionada pelo prefeito Jarbas Vasconcelos, denomina-se Centro de Saúde Professor Bianor Teodósio, unidade Nº 40, situada na Avenida Hildebrando de Vasconcelos, S/Nº.

PROJETO CRESCER NO ALTO DO CAPITÃO

O Diário Oficial de Pernambuco do dia 26 de outubro de 1990, publicou que o governo Wilson Campos, através da Cruzada de Ação Social criou o Projeto Crescer, que com o apoio do Bandepe (Banco do Estado de Pernambuco), fornecia caixas de isopor e tabuleiros a crianças que se disponham  a vender picolés e bombons por conta própria. Foram beneficiadas diversas comunidades carentes, entre elas, o Alto do Capitão, em Dois Unidos.

TRAPEIROS DE EMAÚS

Em 1996, era fundado na Rua Mamede Coelho, Nº 53, em Dois Unidos, a Associação Trapeiros de Emaús. É um movimento criado na França em 1949, com o objetivo de ajudar as pessoas que sofreram grandes perdas com o advento da 2ª Guerra Mundial. A Associação de Dois Unidos, recicla utensílios descartados pela população para manter bazar destinado a família carente, e recebe desde móveis usados, livros e roupas.

Arlindo dos Oito Baixos, o famoso sanfoneiro de Dois Unidos. Foto: Guga Matos/JC Imagem.

ARLINDO DOS OITO BAIXOS

Em setembro de 2000, surgiu no bairro de Dois Unidos, o melhor salão de forró da Zona Norte do Recife, “O Forró do Arlindo”, criado pelo ilustre e famoso morador, Arlindo Ramos Pereira, conhecido popularmente por “Arlindo dos 8 baixos”, ele que era natural de Sirinhaém (PE), começou tocando a sanfona de oito baixos que pertencia ao seu pai, aos dez anos, depois veio ao Cabo de Santo Agostinho trabalhar numa barbearia com seu tio, mudou-se para o bairro de Água Fria, no Recife, ainda como barbeiro, mas, descobriu mesmo que seu talento mesmo era com a sanfona. Em Dois Unidos, Arlindo além de ser um excelente tocador de sanfona, também dominava a arte de afinar sanfonas, e a de 8 baixos, poucos, conseguem afinar como o mestre Arlindo, tanto era, que Luiz Gonzaga, Dominguinhos, entre outros mestres da sanfona eram seus clientes.

Arlindo dos 8 baixos, já como músico, compôs o grupo de forró Coruja e os seus Tangarás, acompanhou Luiz Gonzaga por 22 anos, tocando acordeon de 90 e 120 baixos, aconselhado por Luiz Gonzaga dedicou-se aos 8 baixos. Arlindo acompanhou também, os consagrados Waldick Soriano, Marinês, Dominguinhos e Hermeto Pascoal.

Arlindo era diabético, teve complicações da doença, ficando cego, e depois, tendo que amputar as duas pernas, também sofreu um AVC, o que complicou sua atuação. Ele perdeu a função renal e fazia hemodiálise no IMIP, onde veio a falecer no dia 23 de outubro de 2013, sendo sepultado no Cemitério de Santo Amaro.

PRAÇA CANAVIAL

A Lei Municipal Nº 17.075 de 5 de janeiro de 2005, sancionada pelo prefeito João Paulo, criou a Praça Durval Urbano, popularmente conhecida como Praça do Canavial, o logradouro público fica localizado na confluência das ruas Dr. Luiz Ramos Leal e Canavial.

PAVIMENTAÇÃO DOS MORROS DE DOIS UNIDOS

Em 2011, o prefeito João da Costa, pavimentou a Rua Vertente do Lério (Alto do Rosário); Rua Divisópolis (antigo Alto da Esperança); pavimentação, contenção e escadaria da Rua Engenheiro Cely de Carly (Sitio do Rosário); Rua Vila Flor (Alto do Maracanã); construção da USF- Alto do Capitão; construção do Conjunto Habitacional com 125 unidades no antigo Alto da Esperança.

MARIO BOCÃO E MARIA DAS CABRAS

A Troça Carnavalesca Boneco Mario Bocão e Maria das Cabras, do bairro de Dois Unidos, foi a campeã do carnaval do Recife em sua categoria, em 2012. A presidente da agremiação é a sra. Edineuza Alexandre Carvalho.

Parada da Diversidade de Dois Unidos, acontece desde 2015. Foto: Filipe Ribeiro/JC Imagem/2017.

PARADA DA DIVERSIDADE

Através da Lei Municipal Nº 18.149, de 29 de junho de 2015, foi incluído no calendário municipal do Recife de eventos, a Parada da Diversidade de Dois Unidos, de acordo com a lei, o evento acontecerá sempre no último domingo do mês de setembro. A Lei foi sancionada pelo prefeito do Recife, Geraldo Júlio de Mello Filho. A Parada da Diversidade de Dois Unidos surgiu através do Projeto de Lei Nº 196/2013, de autoria do vereador Osmar Ricardo.

Em 2016, o Alto do Maracanã foi o primeiro morro do Recife a ficar colorido pelo "Projeto Mais Vida nos Morros" Foto: G1- Pernambuco. 

O ALTO DO MARACANÃ COLORIDO
No dia 15 de abril de 2016, foi apresentado aos moradores de Dois Unidos, através do Programa “Mais Vida nos Morros” o Alto do Maracanã com cem casas e muros de arrimos coloridos de rosa, vermelho, verde, amarelo, azul e laranja, as cores dão um novo visual a comunidade, a ação é uma parceria entre a Prefeitura do Recife, na gestão de Geraldo Júlio, e um fabricante de tintas. O Alto do Maracanã foi o primeiro morro beneficiado. A prefeitura cedeu as tintas e os moradores pintaram. A região também ganhou cinco áreas de convivência e vinte hortas colaborativas.

Atualizado em 22/07/2022.
Por: Jânio Odon/Blog Vozes da Zona Norte- DIREITOS RESERVADOS.
Fonte: Diário de Pernambuco, Diário da Manhã, Jornal do Commercio/Recife, Jornal do Recife, Jornal “A Província”, Jornal Pequeno, Diário Oficial de Pernambuco. Revista "O Cruzeiro". Livro: E do dendê: história e memória urbanas da Nação Xambá no Recife (1950- 1992) de Valéria Costa Gomes, Editora: Annabrume/2009; Livro de mensagem da Assembleia Legislativa Provincial de Pernambuco de março de 1846. Agradecimentos: Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano; CEPE-  Companhia Editora de Pernambuco e Fundação Biblioteca Nacional, do Rio de Janeiro. (memoria.bn.br).

48 comentários:

  1. Jânio, seu trabalho é fantástico. Gostaria de conversar com você para uma pesquisa. Meu contato é 81-984220781.

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  2. Parabens pelo excelente trabalho de pesquisa. Fiquei sabendo tdo sobre onde cresci e tenho dentro de mim o meu lugar q me remete a “casa”. Amo meu Dois Unidos. Parabens mais uma vez

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  3. Querido, eu achei incrível seu trabalho, parabéns. Moro em Dois Unidos fazem 17 anos e amo esse bairro tão incrível. Senti falta apenas da história da Escola Dr. Francisco Pessoa de Queiroz, apelidada pelos moradores como "Presídio". Já que a mesma funciona até hoje e antigamente funcionava o Presídio Ministro Mourão Filho. Li procurando a história da escola e não achei, mas, de toda forma... Amei! Parabéns mais uma vez.

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    1. Cara Gisele, bom dia. A ideia do blog é mostrar o pioneirismo, o início de tudo. Sei que nem tudo é possível, mas, cada informação e comentário, como o seu, é valioso e serve como complemento da história do bairro. Muito obrigado, um abraço!

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Parabéns pelo conteúdo, o bairro de Passarinho também é muito antigo...tenho curiosidade em saber quantos anos tem a ponte que fica ao lado do campo do Passarinho FC, que liga os bairros de Passarinho a Dois Unidos, mais conhecida como "ponte de cimento".
    Meu e-mail: romildo@outlook.com

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  6. Bom dia Mido. Obrigado pela visitação ao blog. A ponte do cimento foi construída em 1950.

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  7. Parabens pra vc que fes essa historia e pra todos nos q fasemos parte dese dela

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  8. Jânio, boa tarde. Gostaria de saber se você tem mais fotos da Reserva de Dois Unidos. Estou fazendo um trabalho acadêmico e está sendo muito difícil achar imagens. Algumas dessas fotos que vc postou nesse seu artigo, como o campo de futebol e as primeiras casas coloridas, se encontram no limite da reserva?? Desde já, agradeço! Parabéns pelo belo trabalho!

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    1. Bom dia, Danielle. Infelizmente eu não tenho, mas é possível encontrar no site da Santa Clara, pois ela funciona dentro da reserva. Obrigado pela visitação e pelo comentário.

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  9. Cara, eu não li tudo pois não imaginava ser tão grande, mas que texto rico de informações, não sou morador do bairro, descobri por acaso. Moro no Vasco da Gama, se puder fazer uma reportagem sobre o mesmo, seria ótimo, parabéns pelo trabalho!

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  10. Lindo!
    Uma maravilha!
    Sou moradora da rua Expedicionário Teodoro Sativa, fiquei encantada!!
    Parabéns!

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  11. Muito bom o seu teabalho moro em caixa d agua gostaria muito de saber um pouco da historia de la mais e so uma sugestao mais seu trabalho e otimo parabens

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  12. meus parabéns e uma riqueza em informações eu sabia que dois úmidos tinha uma história tão maravilhosa até a coca cola fez parte da rica história de dois úmidos parabéns meu amigo gostei muito

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  13. Que trabalho espetacular, muita historia foi contada aqui, parabéns pelo seu ótimo trabalho, moro na rua monsenhor viana, desde 1990 e amo meu bairro, mais uma vez parabéns.

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  14. Parabens pelo trabalho. Sobre o futebol, o time no qual Lourival jogou era sim de Dois Unidos. Era o Leão do Norte que depois mudou o nome pra Industrial Futebol Clube. O "dono" do time era Seu Adalberto o meu amado pai. O mesmo tinha uma sede onde tinha "conjunto tocando todo final de semana e era fabricante de bolas de futebol( ele não era ex-presidiário) kkkkkk um abraço.

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    1. Boa noite, amigo. Sua informação é muito importante,serve para enriquecer ainda mais o trabalho. Obrigado pela participação. Um abraço.

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  15. Parabéns pela reportagem! excelente!
    Acho q todos nós q mora em dois Unidos, gostaria de saber sobre os cavaleiros q cobravam alugueis nas casas,e o dia dia de antigamente.

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    1. Boa noite, caro leitor. obrigado pela visitação ao blog. tudo que foi possível, está aí. Um abraço.

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  16. Essa pesquisa foi maravilhosa de se ler. A riqueza de detalhes é o que eu precisava para entender melhor a história de Dois Unidos. Desde pequeno fui ensinado que "dois irmãos morreram juntos afogados no Rio Beberibe." Agora sei a verdade.

    Sou morador do Alto do Capitão e fiquei curioso. O capitão teve sua origem nos anos 80? Ouço relatos de moradores de que toda essa área começou a ser habitada por invasores.

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  17. Toda história foi feita em cima de registros em publicações em livros e jornais antigos. No entanto, a ocupação do Alto do Capitão, foi bem antes, em mapa de 1952, mostra que já existia moradias aí. Havia lotes particulares de imobiliárias, mas boa parte foram invasões, sim. Obrigado pela visitação e o comentário. Um abraço.

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  18. FICO MUITO GRATO EM VER QUE O MEU QUERIDO BAIRRO TEM UM ESPAÇO EM SEU SITE , HOJE EU SEI O PORQUE Q MUITO MORADORES PREFEREM O PRESENTE MESMO COM TANTAS DISVANTAGENS EM RELAÇÃO A SEGURANÇA , SE HOJE TEMOS A VIOLENCIA ELES TINHÃO A POBREZA.

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  19. Boa noite, sou desse tempo. Era muita pobreza e muitas dificuldades. Um abraço.

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  20. Parabéns por nos mostrar toda essa historia, já li varias vezes, pesquisei sobre o corrego da picada, conversei com algunes moradores e descobri que a Rua Francisco Paulo dos Santos , a rua que tem o campo da barreira, é o antigo corrego da picada, demorei pra descobrir mas consegui.

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    1. Obrigado pela participação Guego. É muito importante sua informação. Um abraço!

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  21. Caramba parabéns excelente trabalho

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  22. Trabalho fantástico. Parabéns!

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    1. Boa noite, Alfredo. Obrigado pela visitação e comentário. Um abraço!

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  23. É incrível ler sobre nosso bairro, vim no intuito de achar algo relacionado as estátuas que existem nos rios do bairro de passarinho e acabei vendo esse trabalho incrível, parabéns!
    Ass: @guilhermefenty

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  24. Bom dia parabéns felicidades pela matéria sou morador de dois unidos muito bem Estou desde o início minha mãe se fosse viva ia adorar fiquei feliz por ela do jeito que ela contava kkkkkkkkk muito muito bem graças a Deus p

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    1. Obrigado pela sua participação e comentário. Tudo de bom para você.

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  25. Gostaria muito de encontra arquivos sobre os presos da casa de detenção em dois unidos pois procuro por uma pessoa que esteve preso nesse lugar seu nome e Nelson João de Meneses ele e o pai da minha mãe claudeci meu imail pra contato e tamiresgomes2710@gmail.com ou zap 81996949988

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  26. Mim chamo tamiris minha família foi tudo do bairro de dois unidos minha vo Márcia lavava as roupas dos presos da antiga casa de detenção em dois unidos e ela conheceu um preso chamado Nelson João de Meneses e teve um breve relacionamento e engravidou da minha mãe que se chama claudeci mas a minha vo partiu junto com minha mãe e não soube mais notícias do pai da minha mae queria muito encontra arquivos com fotos e notícias dos antigo presos da casa de detenção e mail tamiresgomes2710@gmail.com pra contato 81996949988

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  27. Parabéns pelas pesquisas e informações trazidas ao povo. 👏👏

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  28. Boa tarde,me chamo Ramiro,meu pai nasceu em 1928 aqui em Beberibe,e ele sempre falava que antigamente a concentração do Santa Cruz ficava no antiga casa de xangô de Sr Barreto e dona Amara, já pesquisei sobre isso,mas não encontrei nenhuma notícia a respeito,vcs podem esclarecer de esse fato era verdade?

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    1. Na verdade, havia um centro de treinamento do Santa Cruz, na Av. Hildebrando de Vasconcelos em Dois Unidos, que na época pertencia ao bairro de Beberibe.

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  29. Incrível trabalho,nunca tinha ouvido falar sobre meu bairro desse jeito,que bom que a história ainda se mantém viva,que mais pessoas passem por aqui e percebam do quanto evoluímos

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