terça-feira, 11 de abril de 2023

VASCO DA GAMA (RECIFE): A HISTÓRIA DO BAIRRO DO PADRE SEVERINO SANTIAGO

A Rua Vasco da Gama é a principal e primeira rua do bairro. Ponto de ligação entre Casa Amarela e os bairros de Nova Descoberta e Brejo de Beberibe. Fanpage: Meu Vasco da Gama/2021/Facebook.

Esta, com certeza, é a mais completa história sobre o bairro do Vasco da Gama que o leitor irá encontrar. Um trabalho feito com muita dedicação, paixão e muito estudo de pesquisa. Tenho certeza que o morador do Vasco da Gama vai se orgulhar em ler a verdadeira e mais completa obra sobre o seu bairro. Vai saber como tudo começou. A primeira rua; quem era os donos dessas terras; a luta pelo terreno e moradia; quando começou a ser pavimentada; quando chegou a energia elétrica, a água, o transporte, os postos de saúde, as creches, as escolas, as associações comunitárias, esportivas e religiosas. A história e trajetória do padre Severino Santiago e muito mais. Sabemos que nem tudo é possível contar, mas o que foi possível e encontrado nos jornais, revistas, livros e relatos de antigos moradores estão em cada linha deste trabalho. Tenha uma boa leitura.

O nome do bairro foi uma homenagem ao grande navegador português Vasco da Gama.

A ORIGEM DO NOME

Não sabemos o por quê, mas o nome do bairro foi uma homenagem ao grande navegador e explorador na era dos descobrimentos, o português Vasco da Gama. O curioso de tudo isso, é que logo após ao bairro do Vasco da Gama, vem o bairro de Nova Descoberta, justamente a missão do navegador na era das caravelas.

O bairro do Vasco da Gama fica ao noroeste da cidade do Recife, foi criado através do Decreto Municipal Nº 14.452 de 26 de outubro de 1988, sancionado pelo prefeito Jarbas Vasconcelos e ratificada pela Lei Municipal Nº 16.293, de 3 de fevereiro de 1997, sancionada pelo prefeito Roberto Magalhães. Faz parte da Região Político Administrativa - RPA-3, microrregião 3.2 e fica a 7,79 Km da capital. De acordo com o Censo de 2010, sua população é de 31.025 habitantes, sendo 14.501 do sexo masculino e 16.524 do sexo feminino. Sua densidade demográfica é de 193,38 habitantes por hectare. Faz divisa com os bairros de Casa Amarela, Morro da Conceição, Nova Descoberta, Alto José Bonifácio e Brejo do Beberibe.

Como bairro, ficou delineado da seguinte forma: Começa na Avenida Norte, na confluência desta com a Avenida Pedro Allain e Largo Dom Luiz, segue pela Avenida Norte até o encontro com a Rua Paraisópolis, onde deflete à direita em direção à Rua Arapiraca, onde deflete à esquerda para atingir a Rua Alto da Favela, onde prossegue até a Rua Alto Mundo Novo; deflete à esquerda prosseguindo para o Alto das Pedrinhas, prosseguindo para o Alto Treze de Maio até abraçar a Rua Vasco da Gama; deflete à esquerda até alcançar a Rua Bemposta, onde segue para o Alto do Eucalipto, daí deflete à direita e segue até encontrar a Rua Grijalva Costa, onde deflete à direita seguindo até a Rua vereador Otácílio Azevedo em direção à Rua Ary Peter, defletindo à direita se encaminhando para a Rua Nossa Senhora de Fátima, onde prossegue até a Rua do Bambu, deflete à esquerda e segue até a Rua Aratuba, por onde alcança a Rua Córrego do Ouro; deflete à direita seguindo em direção à Rua Dois de Fevereiro, onde deflete à esquerda e se encaminha até o Largo Dom Luiz, para defletir à direita atingindo  a Avenida Pedro Allain e Avenida Norte, ponto inicial.

Com a inauguração da Ferrovia Norte em outubro de 1881,  a população do Vasco da Gama começou a expandir-se rapidamente em direção as áreas planas e suas colinas. Foto: Ilustrativa/autor desconhecido. 

ANTES DO BAIRRO SURGIR                                                           

A Planta da Cidade do Recife e seus Arrabaldes, datada de 1855, organizada pela repartição de obras públicas, sancionada pelo Presidente da Província de Pernambuco, José Bento Figueiredo (Visconde de Bom Conselho), revela a existência de uma pequena rua e a sequência de um morro com uma vegetação extensa e pouco densa e sem nenhuma habitação. Já a Planta da Cidade de 1875, mostra um ambiente quase inalterado, caso não fosse a existência das primeiras casas da pequena rua, que no início do século XX, viria a ser a Rua Vasco da Gama.

Em 7 de março de 1881, a Câmara Municipal do Recife delimitou os 17 quarteirões que faziam parte da Freguesia do Poço da Panela, ficando a região onde hoje fica o bairro do Vasco da Gama, pertencendo ao 8º Quarteirão, denominado Arraial.

Em 24 de outubro de 1881, a empresa inglesa Great Western inaugurou o primeiro trecho da Ferrovia Norte, com extensão de 48,8 quilômetros, ligando o Recife a Paudalho. Com o trem passando na entrada do atual bairro do Vasco da Gama e com a Estação do Arraial (que ficava próximo a antiga garagem da CTU). Logo, a região começou a avançar em direção às terras não povoadas e aos morros que hoje formam o bairro. Outros fatores que contribuiram para o crescimento demográfico da região do Vasco da Gama, foi a busca por melhores oportunidades na capital pelo povo do interior do estado e estados vizinhos, fugindo da seca e da fome. A implantação da fábrica da Macaxeira em 1924, e a expropriação dos mocambos do centro do Recife feito pela Liga e depois, Serviço Social Contra o Mocambo entre 1939 a 1945 no governo de Agamenon Magalhães.

Durante as caçadas nas matas onde hoje fica localizado o Alto da Foice, no final do século XIX, era comum encontrar inúmeros caititus (porco-do-mato) naquela região. Foto: Museu Nacional (RJ).

Um antigo morador e caçador da região, sr. Ermelino Julião dos Santos, nascido em 1881, disse que por volta de 1896, ele era acostumado a caçar onde hoje fica o Alto da Foice. E adiantou:

“- Conheci aqueles morros quando ali se caçava dentre outras espécies de nossa fauna litorânea o caititus e o veado. Conheci isto aqui como Cabral conheceu o Brasil. Só não havia onça e índio, mas o resto...O pessoal de Casa Forte aos sábados e aos domingos vinham dar tiros no matagal que cobria estes morros todos. Quando voltavam da caça traziam os montes de quatis, preás, cotias e até mesmo caititus. (Seu Ermelino, era proprietário de uma barraca de bebidas no terminal de ônibus de Nova Descoberta. A entrevista foi concedida ao Diário de Pernambuco em 1953).

Em 8 de dezembro de 1904, era inaugurado o monumento da imagem de Nossa Senhora da Conceição no “Morro do Arraial”, também chamado de “Morro da Bela Vista”, que a partir desta data, passou a ficar conhecido como Morro da Conceição até os dias atuais.

Com a inauguração da santa, e da capela em 1906 no Morro da Conceição, logo começou a atrair mais moradores e suas encostas ficaram repletas de mocambos. No início do século XX, a pequena rua, já havia se expandido além dos limites da linha férrea e tomado rumo das colinas do Alto da Foice (atual Alto Nossa Senhora de Fátima). Já era possível subir o Morro da Conceição pela Rua da Lagoa (atual Rua Japaratuba), saindo da nova rua, denominada Vasco da Gama.

O governador Miguel Arraes entrega títulos de posse de terra a moradores do Vasco da Gama e Nova Descoberta. Foto: Diário Oficial do Estado (1998).

LATIFÚNDIO, LUTA E CONQUISTA NAS TERRAS DO VASCO DA GAMA

A região do Vasco da Gama, no início do século XX, era repleta de propriedades, chácaras, pequenos sítios, alguns mocambos e uma área de mata ainda muito densa e de médio porte. Boa parte das terras do Vasco da Gama pertenciam a Propriedade Marinho, dos herdeiros da família do coronel Marinho de Albuquerque Melo, tradicional família do período colonial, que depois vieram a criar a Imobiliária Pernambuco Ltda, pela Família Rosa Borges, fruto da união dessas duas tradicionais famílias.

Durante décadas, vários moradores do Vasco da Gama pagaram o chão a esta imobiliária e vários conflitos foram registrados pela posse definitiva da terra com o movimento social denominado “Terras de Ninguém”, obrigando o governo a distribuir inúmeros títulos de posse a população.

Este mapa de 1924, mostra um panorama geral desta área de Casa Amarela e onde atualmente fica o bairro do Vasco da Gama, ainda pouco habitado e alguns loteamentos. O (ponto vermelho) indica a junção da Rua Padre Lemos com a linha férrea (Avenida Norte) e a Rua Vasco da Gama (ponto azul). A Rua da Lagoa (ponto verde), atual Rua Japaratuba. Alto da Foice (ponto roxo), o Morro da Conceição (ponto branco) e a Estrada de Nova Descoberta (ponto amarelo). Crédito: Extraído do trabalho acadêmico do professor da UFPE, Ricardo Leite da Silva.

No dia 1º de dezembro de 1924, a Sr.ª Corina Marinho, herdeira, e que dirigia os negócios da família, contratou para administrar as terras do Arraial, pertencente a Propriedade Marinho, da qual as terras do Vasco da Gama estavam inseridas, o Sr. Luiz de Oliveira Lima.

Em 2 de janeiro de 1926, o administrador da Propriedade Marinho, Luiz de Oliveira Lima, através de nota em jornais, desautorizou, o Sr. Manoel Alfredo Marinho do Passo, outro herdeiro da família, que paralelamente vinha cobrando e recebendo foros ou aluguéis de casas e terrenos da Propriedade Marinho no Vasco da Gama, como em todo o Arraial.

Luiz, que foi contratado por Corina Marinho, detinha todos os contratos legais cumprindo determinação do Supremo Tribunal de Justiça de Pernambuco. Muitos moradores e foreiros do Vasco da Gama, pagaram duplamente seus débitos e tiveram sérios aborrecimentos e prejuízos em virtude deste conflito familiar.

Em 12 de julho de 1949, foi realizado na 11ª Vara Cível da Comarca do Recife, pelo juiz Thomaz de Aquino Cyrillo Wanderley, a partilha dos bens da Empresa Imobiliária de Pernambuco Limitada, pertencente a Família Albuquerque Marinho Melo, que inclui as terras de Casa Amarela, Apipucos e Monteiro.

Em 24 de dezembro de 1954, a Empresa Imobiliária de Pernambuco Ltda, expôs à venda, terrenos e loteamentos no Vasco da Gama.

Em 26 de agosto de 1955, os senhores, Eduardo Gurgel de Araújo, Edmundo Gurgel, José Deocleciano Dias e Emerson Alves Pinheiro, pôs à venda uma área de 64.008,49m², divididos em oito quadras e cento e noventa lotes, denominado Jardim Vasco da Gama, à oeste da Propriedade Marinho.

Através do Decreto Municipal Nº 1195, de 29 de novembro de 1955, sancionada pelo prefeito do Recife, Djair Brindeiro. Foi desapropriada por utilidade pública, a área de terreno medindo 22.658m², necessário para abertura de ruas, praças, etc. Desmembrada do terreno da Propriedade Marinho, no Vasco da Gama.

Através do Decreto Municipal Nº 1.672, de 30 de janeiro de 1957, promulgado pelo prefeito do Recife, Pelópidas Silveira. Foi desapropriado por utilidade pública os lotes 7 e 8 da quadra “J” do Loteamento Vasco da Gama.

Através da Lei Municipal Nº 5.342, de 13 de janeiro de 1959, promulgada e sancionada pelo presidente da Câmara, Rivaldo Allain Teixeira. Autorizou a Prefeitura do Recife, a desapropriar a casa de nº 1193, da Rua Vasco da Gama, para abertura de uma via de acesso no Alto Arthur Correia.

Através do Decreto Municipal Nº4028, de 22 de outubro de 1960, sancionado pelo prefeito Miguel Arraes de Alencar, foi desapropriado um terreno na Rua Vasco da Gama, medindo 95 metros de frente e de 48.892,70 m², de propriedade da Imobiliária Pernambuco Ltda. Terreno destinado para edificação de um Grupo Escolar.

Através do Decreto Municipal Nº4490, de 6 de dezembro de 1961, sancionado pelo prefeito Miguel Arraes de Alencar, autorizava a desapropriação do terreno onde funcionava o chafariz no Alto Mundo Novo, no Vasco da Gama, pertencente ao sr. Manoel Lourenço da Silva.

Em janeiro de 1962, a Prefeitura Municipal do Recife, desapropriou uma área  de 40.952,50 m², situados na margem esquerda da Rua Vasco da Gama e do Alto 13 de Maio, em Casa Amarela, pertencente a Imobiliária Pernambuco Ltda, da Família Rosa Borges.

No dia 16 de maio de 1974, o vereador do Recife, Marcus Cunha, publicou nos principais jornais da cidade, denúncia de que a Imobiliária Pernambuco Ltda da família Rosa Borges, estava explorando os seus signatários da Propriedade Marinho durante décadas, sem comprovar através de documentos legais, a legitimidade de suas terras. O vereador Marcus Cunha disse: Descendentes do sr. Francisco Marinho de Albuquerque Melo, que um século depois do descobrimento do Brasil foi tesoureiro da Irmandade de São Cosme e São Pantaleão do Monteiro, continuam a cobrar aluguéis, foro e até imposto de transmissão de casas e terrenos localizados nos domínios que pertenceram outrora àquela organização religiosa. Dizem-se os legítimos herdeiros da irmandade, embora jamais tenham feito prova dessa secular herança.

A propriedade dos Marinho abrange amplas e valorizadas áreas dos bairros de Casa Amarela, incluindo o Vasco da Gama, Alto José do Pinho, Poço da Panela, Alto do Pascoal, Monteiro e Água Fria.

A exploração de pessoas humildes continua, pois, a Empresa Imobiliária Pernambuco Ltda, cobra aluguel ou foro pelas terras que diz serem suas. Esses aluguéis são aumentados a arbítrio da firma. Os moradores quando não suportam o aumento e reclamam, são ameaçados de despejo. Ultimamente a imobiliária pretende obrigar muitos dos ocupantes a comprar os terrenos em que construíram as casas. Inúmeras dessas pessoas moram na Propriedade Marinho há longos anos, algumas delas tendo herdados os imóveis de seus antepassados. (Finalizou).

No dia seguinte, o empresário Roberto Rosa Borges, representando a Família Rosa Borges, contestou todas as denúncias feita pelo vereador Marcus Cunha e afirmou que as denuncias tinha cunho político. Que toda história passada da Família Marinho estava relatada em publicações do século XIX, como por exemplo: Anais Pernambucano, de Francisco Pereira da Costa. Que foi feito um inventário das terras da família em 1916, por iniciativa de Alfredo Bartolomeu da Rosa Borges, casado com Josepha Marinho Sarmento Borges, uma das herdeiras, mas que por descaso da família, que nunca teve quem contestasse a propriedade das terras, só foi registrado em cartório em 1938.

A Família Rosa Borges, criou a Imobiliária Pernambuco Ltda, que na ocasião (1974) administrava trinta e três condomínios e havia em suas terras, dez mil famílias. A Propriedade Marinho era dividida em três glebas: A primeira pertencia a Empresa Imobiliária de Pernambuco Ltda; a segunda, a herdeiros de Manoel Alfredo Marinho dos Passos; e a terceira, a Othon Bezerra de Melo.

Em junho de 1976, foi designado o advogado Clávio Valença, que defendeu os interesses dos moradores de Casa Amarela, Nova Descoberta, Vasco da Gama, Guabiraba, Brejo dos Macacos, Alto do Pascoal, Alto das Pedrinhas, Alto da Foice, do Monteiro à Macaxeira. Sua missão foi viajar até Portugal para investigar na Torre do Tombo, onde são guardados os documentos referentes às famílias portuguesas emigradas para o Brasil, a real situação das terras da Irmandade de São Cosme e São Pantaleão do Monteiro, compostas por emigrantes portugueses no período colonial e que no período republicano passou a pertencer a Imobiliária Pernambuco Ltda, da Família Rosa Borges, que administrava a Propriedade Marinho.

No dia 16 de julho de 1976, é fundado por líderes comunitários de Casa Amarela, o movimento denominado “Terras de Ninguém”.

O Diário de Pernambuco, em 7 de março de 1978, publicou uma nota afirmando que o padre Severino Santiago, evitou a expulsão de várias famílias de um loteamento no Vasco da Gama pelo latifundiário sr. Luís Cavalcanti, que foi denunciado na Câmara Municipal do Recife. A nota dizia o seguinte:

Padre evita expulsão de moradores - dizia o título - O vereador Otacílio Azevedo, presidente da Câmara Municipal, denunciou ontem, a tentativa de ocupação armada de terrenos no Vasco da Gama, sob o comando do sr. Luís Cavalcanti, que se diz parente do governador Moura Cavalcanti. Acrescentou que a ação foi obstada pelo padre Severino Santiago, páraco daquele bairro, e do próprio chefe do Executivo, que, dando crédito aos argumentos do religioso, prendeu os agressores e garantiu, com força policial, a permanência no local dos moradores ameaçados.

O presidente da Câmara levou à tribuna as provas de que os citados terrenos, cerca de 400 lotes, foram legalmente vendidos às pessoas que nele edificaram suas casas. Inclusive exibiu uma procuração da antiga propriedade dos lotes, na qual autoriza  o sr. Pedro de Oliveira a proceder a venda desses bens. O documento foi expedido em 1959 e registrado no cartório João Roma. Também apresentou xerox de algumas escrituras de compra e venda, atestando que, de fato, grande parte desses proprietários estão acobertados perante a lei.

Disse o vereador Otacílio Azevedo que o governador Moura Cavalcanti não tomou conhecimento do discutível parentesco com o invasor das terras, autorizando, de pronto, a intervenção da polícia que prendeu o arbitrário Luís Cavalcanti e seus capangas. A medida resultou de bem fundada queixa do padre Severino Santiago ao secretário de segurança. Este, imediatamente, comunicou a ocorrência ao governador, daí, resultando as providências que evitaram a consumação do delito.

Quatro dias depois, o sr. Luís Cavalcanti, emitiu uma nota negando todas as acusações e que jamais disse que era parente do governador. Afirmou que, os lotes era de sua propriedade, registrado no 4º Tabelionato da Capital e que os posseiros e o padre Severino haviam sido notificados. Disse ainda, que se tratando de ano eleitoral, os aproveitadores proliferam, na busca de tirar proveitos de incautos, afirmando direitos inexistentes em favor de uma maioria enganada e permanentemente ludibriada por salvadores do tipo do padre Severino Santiago, saudosista de um regime expurgado e do tipo do candidato derrotado a vereador, o indivíduo conhecido por Tune Silva, o "Peixe Frito", além do indivíduo "Nelson da Cachorra", responsáveis pela invasão de minhas terras. (Finalizou).

Em 5 de maio de 1978, o agora deputado estadual, Marcus Cunha, recebeu na Assembleia Legislativa, moradores do Vasco da Gama e demais localidades de Casa Amarela, que tinham em mãos um abaixo-assinado para ser entregue ao Presidente da República, João Batista Figueiredo, que reivindicavam a solução da questão da moradia e contra os abusos praticados pela Imobiliária Pernambuco Ltda. O teor do documento dizia o seguinte:

Nós, moradores dos Altos e Córregos dos morros de Casa Amarela, nesta cidade do Recife, queremos chegar ao conhecimento de Vossa Excelência a nossa situação, acreditando que essa atitude ajude a colocar um fim na exploração que há tanto anos estamos enfrentando.

Somos mais ou menos dez mil famílias de trabalhadores que moram nas terras conhecidas como “Propriedade Marinho” administradas pela Empresa Imobiliária de Pernambuco Ltda, do dr. Roberto Rosa Borges. Esta empresa, que se diz legitima proprietária dessas terras, sem que isso jamais tenha sido comprovado através de canais competentes, vem exercendo sobre nós, moradores, diversas formas de exploração, como as que relatamos a seguir:

Em primeiro lugar, a empresa cobra, de cerca de cinco mil famílias, uma taxa mensal conhecida como “foro”, ou “aluguel de chão”, num valor que varia de Cr$ 8,00 cruzeiros a Cr$ 30,00 cruzeiros, para cada família moradora. De tempos em tempos, os aluguéis são aumentados, conforme a vontade da empresa. Os moradores que atrasam o pagamento sofrem pressão, seja através de cartas ou recebendo intimações e ameaças de despejo.

Em segundo lugar, a empresa convida, intimida e até força moradores a comprarem o terreno, que ocupam há tantos anos, pagando aluguel de chão. Mais de duas mil posses já foram vendidas, com preços que variam de Cr$ 7 mil cruzeiros a Cr$ 40 mil cruzeiros. O pagamento é parcelado em prestações que aumentam de valor a cada ano. Quando o morador atrasa o pagamento e não pode pagar os juros (que são altos), a empresa então desfaz o contrato e o morador perde tudo o que pagou, e se não quiser voltar à situação foro, tem que assinar um novo contrato muito mais caro que o primeiro. Há moradores que chegaram a comprar três vezes o mesmo terreno.

Os que compraram o terreno, conseguindo pagar todas as prestações recebem um documento particular de posse passado no escritório da empresa. Se o morador quiser um documento público deve pagar uma taxa de Cr$ 400 cruzeiros a Cr$ 600 cruzeiros. São bem poucos os que conseguiram registrar sua posse no cartório de imóveis, e muitos que tentaram não conseguiram. O abaixo-assinado foi encaminhado ao gabinete da Presidência da República. (Finalizou).

O Diário de Pernambuco, em 15 de agosto de 1979, divulgou uma nota confirmando através de um histórico do período colonial entre a família Marinho e a união com a família Rosa Borges, além do inventário de partilha familiar elaborado em 1º de fevereiro de 1916 e registrado anos depois, em 6 de outubro de 1938, no Cartório de Imóveis do 1º Ofício, Livro: 3AA, fls. 53v, número de ordem: 9549/38.

O Diário de Pernambuco, em 17 de agosto de 1979, divulgou um manifesto de protesto e repúdio contra a Secretária de Habitação de Pernambuco, que baixou uma portaria em que o governo estadual propôs a não desapropriar as terras da Propriedade Marinho, mas ser apenas intermediário nas negociações entre moradores e a empresa, pertencente a Família Rosa Borges.

No dia 16 de novembro de 1979, o movimento “Terras de Ninguém” decidiu em assembleia com mais de 600 pessoas, que ninguém comprasse, nem pagasse mais nada. Nem aluguel, nem prestação de terreno à Empresa Imobiliária de Pernambuco.

O Diário de Pernambuco, em 17 de novembro de 1979, publicou a seguinte nota:

O Governo do Estado, Marco Maciel, através da Secretária de Habitação, comprometeu-se, em reunião realizada na Associação dos Moradores de Casa Amarela, a declarar de utilidade pública para efeito de desapropriação a área denominada “Propriedade Marinho” (“Terras de Ninguém”), naquele bairro, pertencente a Empresa Imobiliária de Pernambuco Ltda.

O secretário José Jorge de Vasconcelos está convocando os representantes comunitários do Outeiro, Boa Vivenda, Brejo da Guabiraba, Nova Descoberta, Córrego da Areia e Vasco da Gama, em comissão, a comparecerem segunda-feira às 9 horas, a sede da Secretária, na Avenida Agamenon Magalhães, para discutirem o valor a ser oferecido ao expropriado.

Em reunião movimentada e que contou com a presença de muitos moradores da chamada Propriedade Marinho, os técnicos: engenheiro João Batista Braga (diretor de Programas Especiais), economista Romero Jucá (chefe de gabinete), advogada Rita Carvalho Soares e engenheiro Luiz Alexandre de Almeida membros da comissão que estuda as soluções para o problema dos altos de Casa Amarela apresentaram a proposta  da Secretária de Habitação, que propunha a desapropriação das terras. O engenheiro João Braga destacou a importância da Associação de Moradores de Casa Amarela na luta em defesa de toda a comunidade.

A comissão formada por técnicos da secretaria ficará em constante contato com os moradores da Propriedade Marinho para resolver todos os problemas que surjam a partir da desapropriação e o secretário José Jorge se comprometeu para após acertados os valores da indenização publicar imediatamente no D.O.E o decreto de declaração de utilidade pública daquela área. Depois de resolvida a questão de posse de terra, será colocada pela secretaria a disposição dos moradores todas as linha de financiamento para construção, reforma ou ampliação das casas. O local será urbanizado procurando-se dotar aquela população de melhores condições de vida, frisou José Jorge.

Muita luta – Há 30 anos que os moradores das “Terras de Ninguém” lutam para que o Governo desaproprie aquela área. Eles consideraram depois de muitos estudos a desapropriação como única forma de se resolver a difícil situação que atravessam a muitos anos. Um abaixo assinado contendo cerca de 3 mil assinaturas foi enviado ao Presidente da República narrando todo o drama dos moradores dos morros de Casa Amarela e pedindo solução rápida para o problema o que vão conseguir agora com a intervenção da Secretária de Habitação.

Cerca de 10 mil famílias e 50 mil pessoas habitam aquela área na sua maioria pagando aos proprietários uma taxa mensal conhecida como foro ou aluguel de chão que é majorada anualmente. Eles acusam a empresa proprietária de nunca ter realizado em 30 anos uma única benfeitoria no local. Em comissão, os moradores procuraram o governador Marco Maciel no início de sua administração solicitando ajuda necessária para solução ao problema. O governador prometeu que daria prioridade aquela área, e agora cumpre o prometido através da Secretária de Habitação, em pouco mais de cinco meses resolveu-se um problema que se arrastava ao longo de mais de 30 anos. (Finalizou).

O Decreto Municipal Nº 12.275, de 3 de março de 1982, sancionado pelo prefeito Gustavo Krause, desapropriou os lotes: 8, 9 e 10 da quadra “E”, situados à Rua Senador Milton Campos, Loteamento Novo Mundo, no Vasco da Gama, sendo os lotes declarados de utilidade pública.

No dia 6 de julho de 1995, o governador Miguel Arraes entregou no Largo Dona Regina, 1.128 títulos de terra em Casa Amarela, incluindo o Vasco da Gama, Alto do Eucalipto e Alto do Visgueiro, nas áreas conhecida como “Terras de Ninguém I.

O Diário Oficial do Estado, em 7 de julho de 1998, publicou a seguinte nota:

Moradores de Terras de Ninguém conquistam posse definitiva da Terra – Dizia o título – 281 famílias de Nova Descoberta e mais 87 do Vasco da Gama, na noite da última quinta-feira, 2/7, a posse definitiva dos lotes em que moram, numa ação do Governo Estadual, que através da Cohab, regularizou a situação das famílias residentes na área conhecida como “Terras de Ninguém”, que foi adquirida pelo Governo à Empresa Imobiliária de Pernambuco.

O governador Miguel Arraes fez questão de entregar os títulos, no Largo Dona Regina, em Nova Descoberta. Arraes disse que o povo de Casa Amarela tinha uma tradição de luta, que desde 1970, briga pela posse da terra. Casa Amarela simbolizou durante muito tempo as lutas populares do nosso Estado. Defendemos a política da maioria.

O Governo de Pernambuco até essa data já havia entregue mais de 8 mil títulos de posse de terras definitiva na zona norte do Recife. Na semana anterior, havia entregado 1.232 títulos nas localidades de Casa Amarela. (Finalizou).

O Conjunto Habitacional Aderbal Galvão, foi entregue aos moradores em 2000. Foto: Jânio Odon/VZN/15.7.2023.

CONJUNTO HABITACIONAL ADERBAL GALVÃO

No dia 9 de julho de 1999, numa sexta-feira, no Palácio do Governo, o prefeito Roberto Magalhães, participou da assinatura do primeiro contrato do Programa de Arrendamento Residencial (PAR). O programa beneficiou cerca de 10 mil famílias de baixa renda no Recife e em catorze municípios. Na ocasião da assinatura do contrato, o prefeito disse que nos próximos dias estaria iniciando a construção do Conjunto Habitacional Aderbal Galvão, 353, na Rua Vasco da Gama. Adiantou ainda, que o projeto previa a construção de 64 unidades habitacionais, com sala, dois quartos, cozinha e banheiro e que cada unidade custaria R$ 19.300,00 reais, financiado em 15 anos e com prestações em média de R$ 135,00 reais.

A solenidade no Palácio do Governo contou com a presença do vice-presidente da República, Marco Maciel, do governador, Jarbas Vasconcelos, do presidente da Caixa Econômica, Emílio Carrazai e outras autoridades.

No dia 22 de junho de 2000, a Prefeitura do Recife, anunciou que o Conjunto Habitacional Aderbal Galvão havia sido concluído.

No dia 23 de junho de 2000, foram feitos os sorteios das 64 chaves na sede do escritório de negócios da Caixa Econômica Federal, no bairro da Boa Vista. (Finalizou).              

A RUA DA LAGOA                                                              

Depois da rua Vasco da Gama, a rua mais antiga do bairro, a Rua da Lagoa (atual rua Japaratuba) é considerada a segunda rua mais antiga do bairro. É uma importante artéria que liga o Vasco da Gama ao Morro da Conceição, passando pelo Largo Dom Luiz.

O Jornal Pequeno em 26 de setembro de 1914, publicou a primeira ocorrência registrada na antiga localidade do Arraial, chamado Vasco da Gama. O jornal publicou o seguinte: “Casas Incendiadas” – dizia a nota – Às 12 horas do dia de ontem, à rua da Lagoa, no Arraial, incendiaram-se duas casas de palha. A primeira, foi da residência do sr. João Costa Faria, funcionário da Great Western e motivado pelo seguinte:

A esposa deste, dona Maria dos Reis Faria, após mandar fazer ligeira limpeza no terreiro da casa, lançou, ela própria, fogo a umas folhas secas de bananeiras, cuja fogueira, crescendo, atirou fagulhas ao teto da casa, destruindo-a completamente e logo comunicando-se a outra vizinha, onde morava dona Maria Alexandrina.

Os moveis foram salvos por populares e pela polícia local, que desenvolveu atividade no sentido de extinguir o sinistro. As casas incendiadas são de propriedade de dona Maria Cabral. Finalizou.

O Jornal “A Província” de 4 de outubro de 1929, publicou uma nota, onde os moradores da Rua da Lagoa, pediam providências ao prefeito solicitando a limpeza e a mudança do nome da rua. A nota dizia o seguinte: Os moradores da rua da Lagoa, no Arraial, Freguesia do Poço, pedem ao prefeito da capital (referindo-se ao prefeito Francisco da Costa Maia), que lance as suas vistas para aquela artéria, mandando fazer uma limpeza geral na estrada, desde a entrada da mesma rua até o fim da Rua Vasco da Gama.

Os arvoredos precisam ser podados e a estrada acha-se muito suja de lixo e capim. Pedem ainda um novo nome para dita artéria. Finalizou.

O CRIME DA RUA DO CANGAÇO

Ermelino Julião dos Santos, se diz ser um dos primeiros moradores do Alto da Foice. No início da ocupação, os moradores não se preocuparam em dá nomes as vielas improvisadas, apenas levantaram os seus mocambos e asseguraram um lugar para morar. No entanto, após a consolidação do espaço é que surgiram os primeiros nomes das vielas. Seu Ermelino explica:

“A estrada nunca teve nome, nem depois que surgiram essas casas. Somente no início deste século é que, não sei como, apareceu, de uma hora para outra, o nome de Rua do Cangaço. Antes disso, porém, conhecia-se a estrada do Cangaço, depois promovida a rua. Em 1917, houve um barulho aqui tão danado que muita gente se mudou das vizinhanças para Santo Amaro. Num só dia apareceram quatro pessoas mortas.

Diziam que aqui viviam cangaceiros. Depois do Beco da Facada não existia, no Recife uma região onde se matasse mais gente que nessa estrada”.

Ermelino conta, que um crime bárbaro chocou os moradores do Alto da Foice, ocorrido também, na Rua do Cangaço. Um crime que ele nunca esqueceu.  Conta ele: “O crime ocorreu por volta de 1917, por causa de uma melancia. Naquele tempo se comprava melancia a mil réis o cento em São Lourenço. Bem, por causa de uma melancia houve uma matança aqui horrorosa.

Um mulato paraibano, por necessidade ou por vício deu na roça de um tal Marcolino Azeite Doce. Marcolino vendia azeite que comprava de contrabando no cais do porto. O mulato cujo nome não me lembro, roubou a tal melancia, chupou e não escondeu as cascas. No dia seguinte, Marcolino soube da história e disse que ia esfregar as cascas na cara do mulato, e esfregou no duro. Depois de dar uma surra, deixou o mulato de cama por mais de dez dias.

Marcolino Azeite Doce, tinha parte com a polícia e gozava de prestígio. Todo mundo dizia que o mulato paraibano, tão logo convalescesse da pisa, se mudasse daqui, mas que nada. Manhoso, o paraibano ficou de cama o tempo inteiro, até que um dia fez o serviço.

Foi uma cena bárbara. O mulato, de noite, matou Marcolino, a esposa e os dois filhos e ainda cortou a facão, as pernas do cachorro. E só não fez mais porque uma pessoa que naquela hora, passava perto da casa de Marcolino, ouviu os gritos e chamou a polícia para acudir a infeliz gente”. Finalizou. (Ermelino, nasceu em 1881 e foi entrevistado pelo Diário de Pernambuco em 1953, aos 72 anos).

A RUA DA PESTE

No início do século XX, os humildes e sofridos moradores do Alto da Foice (atual Nossa Senhora de Fátima) batizavam suas vielas, baseados em suas próprias tragédias, caracterizadas pela violência e pandemias. Num ambiente, ainda esquecido pelos poderes públicos, sem a menor infraestrutura e sem perspectivas por dias melhores, a Rua do Cangaço representou a violência. A Rua da Peste, representou uma das maiores pandemias que o mundo já teve, a gripe espanhola (1918 a 1920), que dizimou milhares de pessoas em todo o mundo.

O Diário de Pernambuco, em 2 de outubro de 1953 publicou: ...A Rua da Peste, pelo fato de ser mais conhecida entre os moradores daqueles morros, facilmente se pode situar as causas do aparecimento do seu nome. Ao que podemos colher entre várias pessoas, a rua tornou-se célebre na época da espanhola. A gripe despovoou completamente aquela modesta artéria do Alto da Foice.

Daí porque lhe deram o oportuno não obstante esquisito, nome de Rua da Peste. Finalizou.

Ônibus do Vasco da Gama da Empresa Borborema. Foto: Diário de Pernambuco/1962.

O TRANSPORTE PÚBLICO

O primeiro transporte público utilizado pelos moradores do Vasco da Gama, foi o trem. Após a empresa inglesa The Great Western of Brazil Railway Company Limited haver inaugurado a primeira etapa da Linha Férrea Norte em 24 de outubro de 1881, que ligava o Recife a Paudalho. Os primeiros moradores do Vasco da Gama utilizavam os trens que passavam na atual Avenida Norte até 1952, quando eles deixaram de circular. Também utilizavam os trens que circulavam na estrada do Arraial em Casa Amarela.

Em 1947, o transporte coletivo no Recife, contava com 70 bondes e quase 300 ônibus, entre registrados e clandestinos, conhecidos como jardineiras, beliscadas e sopas. A Pernambuco Tramways detentora da exploração de bondes no Recife, exigiu do governo que fossem retirados de circulação todos os ônibus que circulavam em Beberibe, Caxangá-Várzea, Tejipió e Casa Amarela. Diante dos protestos da população, o governo não acatou o pedido da Companhia, que alegava ter muitos prejuízos. O fato é que, com a negativa do governo do Estado, a Pernambuco Tramways perdeu o interesse pelos bondes, o que causou sua extinção.

Através da Lei Estadual Nº41, de 11 de dezembro de 1947 e do Decreto Municipal Nº 74 de 14 de maio de 1948, o serviço de ônibus à diesel foi regulamentado. Com isso, a Empresa Borborema passou a servir a população do Vasco da Gama. Nos anos de 1950, já era possível ver circulando pelo Vasco da Gama algumas linhas de ônibus, umas regulamentadas, outras clandestinas, que permitiam que pessoas andassem descalças, conduzissem animais e mercadorias de feira. Já os ônibus regulamentados como o da Borborema, era proibido até embarcar utilizando chinelo. Circulavam ônibus da Auto Viação Brasileira, Auto Viação Nordestina, Auto Viação Porto Rico, Auto Viação Gomes, Auto Viação Canadense, Auto Viação Guanabara, Expresso Iracema, Rodoviária Nossa Senhora das Neves, Auto Viação Gomes & Dalmay e Empresa Nossa Senhora da Conceição. Muitas dessas empresas de ônibus funcionavam  precariamente, muitas delas possuíam apenas um ou dois ônibus e deixaram de funcionar antes de terminar a década. Evidente, que as estradas ainda de terra e esburacadas não facilitava e os ônibus quebravam com frequência, deixando o passageiro na mão.

O Diário Oficial do Estado de 28 de agosto de 1950, publicou que a linha do Vasco da Gama era servida por sete ônibus da Borborema, classificada como de 2ª classe e que a passagem custava CR$1,00 (Um cruzeiro), e saía com intervalos de 45 minutos. Além dos ônibus do Vasco da Gama, a população local contava com ônibus da Macaxeira, Av. Norte e Nova Descoberta que trafegavam pela Avenida Norte.

O Jornal Pequeno do dia 17 de setembro de 1953, publicou uma nota sobre a nova linha de ônibus do Brejo de Beberibe, localidade também conhecida à época por “Brejão”, onde o trajeto passava pela rua Vasco da Gama e servia a comunidade. A nota dizia o seguinte:

Meio sutil de enganar o povo: Passagem de Cr$ 1,90 – (dizia a manchete) – No dia 13 do corrente, com festejos e um churrasco, foi inaugurada a linha de ônibus para o Brejão, localidade situada um pouco além do Vasco da Gama, no subúrbio de Casa Amarela.

A Prefeitura, atendendo aos reclamos dos moradores do Brejão, mandou terraplenar a estrada, a partir do Vasco da Gama e autorizou as empresas Borborema e Suburbana a fazerem a linha.

Passando os festejos, veio o desengano, pois aquelas empresas estão cobrando Cr$ 1,90 (Um cruzeiro e noventa centavos) pela passagem, o que não se justifica de forma alguma. Camaragibe fica muito mais distante e a passagem custa Cr$ 1,50. Dois Unidos, que fica também mais longe do que o Brejão, é servido por ônibus cuja, a passagem custa apenas Cr$ 1,30.

Não sabemos se as empresas acima, por sua alta recreação, estabeleceram aquele preço absurdo de Cr$ 1,90 – que lhes dá a possibilidade de na maioria dos casos cobrar Cr$ 2,00 porque não há de estar sobrando moedas de dez centavos lá para aquelas bandas, ou se tiveram a necessária autorização da Diretoria de Fiscalização dos Serviços Públicos Municipais. O fato é que a passagem dos ônibus do Brejão custa mais cinquenta centavos do que as passagens mais elevadas das linhas de subúrbio e o serviço de ônibus está na obrigação de intervir para acabar aquele abuso. Finalizou.

Em 1957, A Rodoviária Borborema instalou sua sede na rua Rosália Cisneiros, 170, Vasco da Gama. Já o Diário de Pernambuco em 2 de outubro de 1975, publicou um anúncio onde cita a sede social da Borborema Imperial Transporte S.A, do empresário Arthur Bruno Schwambach, localizada à rua Luiz Cesário de Melo, 65, Vasco da Gama.

Em junho de 1960, a recém-criada Companhia de Transportes Urbanos (CTU) pertencente a Prefeitura do Recife, resolveu criar e explorar linhas de ônibus elétricos na região de Casa Amarela, isto gerou um grande descontentamento por parte das empresas de ônibus particulares que exploravam diversas localidades deste populoso bairro. A Empresa Borborema, por exemplo, que era uma grande empresa, pertencente ao empresário Arthur Bruno Schwambach, e que explorava o transporte coletivo na região desde 1946 e dominava o perímetro da avenida Norte, foi deslocado pela CTU para a linha do Vasco da Gama. Sentindo-se prejudicada, protestou.

No dia 14 de maio de 1963, aconteceu um grande boicote das empresas de ônibus particulares em retaliação a CTU, que segundo seu diretor-presidente Geraldo Porto de Mendonça, cento e oito ônibus particulares deixaram de circular no Recife. O que representou um déficit de mais de cento e trinta mil lugares a menos, obrigando a CTU a fazer um grande remanejamento em diversas linhas. No entanto, era insuficiente e causou grande descontentamento e revolta da população.

O representante das empresas particulares, Arthur Schwambach, declarou através de nota, que a CTU agiu de forma arbitrária e abusiva, não respeitando os contratos de funcionamento, outrora assinados, ao invadir as localidades servidas pelas empresas particulares, especialmente a Borborema, que dominava o transporte público em Casa Amarela, entre elas: Nova Descoberta, Alto José do Pinho, Brejo, Vasco da Gama e outras mais.

Depois de muitas reuniões e debates, as empresas de ônibus particulares e a CTU, chegaram a um acordo, onde a Prefeitura abriu algumas concessões o que flexibilizou a volta da normalidade no transporte público na cidade. A Empresa Borborema, voltou a servir a comunidade do Vasco da Gama.

A CTU inaugurou em 1966, a linha Vasco da Gama com seis  monoblocos à diesel, além dos ônibus elétricos, que tinha seu terminal localizado na Rua Vasco da Gama, num largo, próximo a entrada da Rua Assunção . Foto: Facebook/autor desconhecido.

No dia 23 de novembro de 1966, A Companhia de Transportes Urbanos (CTU) inaugurou a linha de ônibus do Vasco da Gama. O Diário de Pernambuco, dois dias depois, publicou a seguinte nota:

Linha Inaugurada – (dizia o título) - Com a presença do prefeito Augusto Lucena, general Viriato Medeiros (Presidente da CTU), engenheiro José Mário Freire (Secretário de Viação e Obras), sr. Eduardo Barbosa (Secretário de Finanças), auxiliares municipais e mais de duas mil pessoas. Foi inaugurada a pavimentação da estrada do Vasco da Gama. Na mesma oportunidade, foi inaugurada a linha da CTU, naquele populoso subúrbio, que faz parte do plano de atendimento do circuito rodoviário da avenida Norte.

A nova linha de ônibus do Vasco da Gama será atendida por oito ônibus elétricos, que farão o percurso via Macaxeira e avenida Norte, e seis monoblocos, que passarão pela avenida Rui Barbosa. Finalizou.

O Diário de Pernambuco em 25 de novembro de 1966, publicou uma nota, onde o prefeito Augusto Lucena declarou aos jornalistas que em 1967, a CTU iria monopolizar todo o sistema de transporte coletivo do Recife. Que a Prefeitura era detentora de 99,9% das ações da CTU, portanto, era uma estatal de fato.

Adiantou que o Presidente da República, general Castelo Branco, prometeu isentar a CTU de uma dívida alfandegária no valor superior a 500 milhões de cruzeiros. Augusto Lucena garantiu que após a conclusão da rede elétrica, das quatro estações retificadoras, necessárias para o funcionamento dos elétricos e aquisição de 45 ônibus elétricos à Prefeitura de Belo Horizonte, todo sistema de transporte coletivo seria monopolizado no ano seguinte. O que realmente veio a acontecer.

Depois de uma batalha judicial intensa da Rodoviária Borborema contra a CTU para manter a linha do Vasco da Gama, a Rodoviária Borborema acabou perdendo na justiça, onde o juiz da 14ª Vara Cível, Antônio Dantas, no dia 27 de março do corrente, deu ganho de causa a CTU. Mesmo assim, resistiu, obrigando a CTU a recorrer ao Departamento de Concessões e Permissões que determinou a pronta retirada dos dezoito ônibus da linha do Vasco da Gama, que aconteceu em 10 de abril de 1967.

Em nota, a CTU justificou que a Rodoviária Borborema só cobria 700 metros da rua Vasco da Gama até a avenida Norte e que a CTU já vinha operando em toda extensão da citada avenida até a Cruz Cabugá com 24 ônibus.

A rixa entre a CTU e a Rodoviária Borborema agravou-se dias depois, quando ônibus da Borborema insistiu em conduzir passageiros mesmo sem ter mais a concessão para o Vasco da Gama. Fiscais e guardas municipais da Prefeitura do Recife apreenderam ônibus da Borborema.

O Diário de Pernambuco em 3 de março de 1967, publicou uma nota, informando que a Prefeitura havia iniciado a pavimentação da Rua Dois de Fevereiro, e assegurou que após a sua conclusão, a CTU implantaria uma nova linha de ônibus que passaria pelo local e num futuro próximo, os ônibus seguiria além do terminal do Vasco da Gama até o Córrego da Areia, em Nova Descoberta.

No dia 15 de abril de 1967, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco, Elson Pinto Souto, emitiu uma nota de protesto que dizia o seguinte:

O Sindicato...vem, de público, protestar veementemente contra a arbitrária e ilegal apreensão, por parte da CTU, com auxílio de guardas e fiscais da Prefeitura Municipal do Recife, dos ônibus da Empresa Rodoviária Borborema, pertencente ao nosso associado Arthur Bruno Schwambach. Tal arbitrariedade foi praticado quando os ônibus transportavam passageiros entre o centro da cidade e o subúrbio do Vasco da Gama, com o flagrante desrespeito às normas da Lei Nº 5.108 de 21 de setembro de 1966, cujo artigo nº 99 no inciso 1º, dispõe: “A apreensão de veículos não se dará enquanto estiver transportando passageiros, carga perecível ou que possa vir a causar danos à segurança pública, salvo se puder danificar a via terrestre ou a sinalização de trânsito”.

Não justifica essa atitude inqualificável, tanto mais quanto à Rodoviária Borborema serve a população do Recife há quase vinte anos, a contento de todos, sendo o Departamento de Concessões e Permissões do município o primeiro a reconhecer esses valiosos serviços,...principalmente ressaltando o grande auxílio público prestado por ocasião do colapso da Pernambuco Autoviária Limitada. Esquecendo tudo isso, fica o aludido Departamento a apoiar os desmandos da CTU, sociedade organizada com base em lei inconstitucional, porque contraria os princípios que asseguram os direitos adquiridos e de propriedade, o livre exercício de profissão e a liberdade de iniciativa. O certo seria a CTU colocar os ônibus elétricos usados e os diesel novos recentemente adquiridos no sul do país, nas linhas exploradas deficientemente pela mesma companhia.

A par disso, a CTU julga-se com direito de negociar as linhas que não lhe convém explorar, a fim de aumentar a sua renda e, com isto, poder defender demagogicamente a manutenção da atual tarifa.

Afinal, o repelente monopólio que a CTU pretende exercer contraria os legítimos interesses da população recifense, sempre aumentar, cada dia mais, como também vem ferir os direitos das empresas que tão bem tem servido ao Recife, com longa experiência que possuem no ramo do transporte. Finalizou.

No dia 17 de abril de 1967, foi realizada uma reunião na Prefeitura Municipal do Recife com as presenças dos senhores vereadores Aristófanes de Andrade e Wandenkolk Wanderley; dr. Latache (Procurador da Prefeitura); Coronel Cavalcanti (Chefe do Departamento de Concessões e Permissões); General Machado (Presidente do Sindicato das Empresas de Transporte); General Viriato de Medeiros, dr. Penha Brasil, Bruno Schwambach e outros empresários.

Foi sugerido pela Prefeitura, a absorção do pessoal da Rodoviária Borborema pela CTU e aquisição de seus dezoito ônibus, sendo oferecida a linha da Vila do Ipsep.

No dia 7 de janeiro de 1975, a CTU, solicitou a transferência do terminal de ônibus, no bairro do Recife, para o Cais do Porto, alegando que grande parte dos trabalhadores do Vasco da Gama exerciam suas atividades lá.

O Diário Oficial do Estado, em 19 de junho de 1976, publicou que a CTU adquiriu 118 ônibus da Mercedes Benz. Com essas aquisições a frota ficou com 388 coletivos, sendo 105 elétricos, 245 convencionais e 38 opcionais. Adiantou que, desses, 132 reforçariam as linhas do Córrego do Jenipapo, Córrego do Euclides, Vasco da Gama e Casa Amarela.

O Diário de Pernambuco, em 12 de outubro de 1978, publicou uma nota onde o padre Severino Santiago se queixa da CTU: Segundo o vigário Severino Santiago, os moradores reclamam da CTU, que atende o bairro de maneira bastante inferior ao da empresa de ônibus Borborema, que já serviu o Vasco da Gama. "A diferença é imensa entre as duas empresas e toda a população preferia a Borborema que atendia muito bem e tinha um método de serviço organizado. Finalizou.

No dia 4 de agosto de 1980, o prefeito Gustavo Krause, regulamentou o funcionamento dos chamados “Taxis-Lotação” o embrião do transporte complementar no Recife. A princípio foram criadas oitos linhas: San Martin, Engenho do Meio, Ibura – UR-2 e UR-11, Peixinhos, Água Fria, Ipsep e Vasco da Gama, onde a passagem custava Cr$ 30,00 (trinta cruzeiros).

No dia 19 de dezembro de 1980, foi inaugurada a linha 546-Vasco da Gama/Cruz Cabugá, sendo operada por sete ônibus da Rodoviária Pedrosa e a passagem custando Cr$ 10,00 (dez cruzeiros). O terminal no Visgueiro e o ponto de retorno no Cais da Alfandega, no bairro do Recife.

Através da Portaria Nº 99 de 16 de janeiro de 1981, a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), cria a linha 108-Vasco da Gama/Derby, operada pela Rodoviária Pedrosa.

O Diário Oficial do Estado em 4 de setembro de 1982, publicou o aumento das passagens dos ônibus do Grande Recife. Os ônibus que faziam a linha do Vasco da Gama eram servidos pela Rodoviária Pedrosa: 645- Vasco da Gama (João de Barros), 646- Vasco da Gama (Cruz Cabugá) estes, a passagem passou a custar Cr$ 38,00 (trinta e oito cruzeiros); 306-Vasco da Gama (Derby) Cr$ 50,00; e 202- Boa Viagem (Vasco da Gama) que depois passou a ser servida pela Empresa Borborema, a passagem passou a custar Cr$ 57,00 (cinquenta e sete cruzeiros). A Rodoviária Pedrosa, ainda mantinha a linha 612- Brejo (Vasco da Gama), com a passagem à Cr$ 38,00 (trinta e oito cruzeiros).

Através da Resolução Nº 022 de 5 de novembro de 1991, o Conselho Metropolitano de Transportes Urbanos (CMTU) criou a linha 660- Vasco da Gama/Fereiro, que tinha como destino a feira de Casa Amarela.  

No dia 1º de agosto de 1993, os ônibus da linha Alto do Refúgio, vindo de Nova Descoberta, passaram a trafegar pela rua Vasco da Gama, sendo uma nova opção de transporte para a comunidade, com uma vantagem, os ônibus iam até a Prefeitura do Recife, uma velha reivindicação dos moradores do Vasco da Gama.

Lúcia Recena, chefe do Departamento de Programação do Sistema da EMTU, ressaltou: - Com a mudança, será possível atender as duas comunidades ao mesmo tempo. Na inclusão da rua Vasco da Gama, solucionamos a questão de levar os passageiros do bairro até a Prefeitura sem criar uma outra linha, que aumentaria o custo do sistema. Finalizou.

A criação dos ônibus complementares em 2003, facilitou em muito aos moradores do Vasco da Gama que circulam por todos os locais de difícil acesso com seus micro-ônibus. Foto: Anderson Miguel.

Em abril de 2003, foi aprovada a lei municipal Nº 16.856, regulamentando o Sistema de Transporte Complementar de Passageiros (STCP), já que o transporte alternativo vinha sendo feito por meios de kombis, vans e toyotas de maneira desordenada, causando grandes transtornos nos bairros periféricos e no centro do Recife. No dia 12 de julho deste ano, todos os veículos que faziam o transporte alternativos, foram impedidos de entrar nas vias de acesso ao centro do Recife. A partir do dia 15 de julho, os veículos que descumpriram a lei, foram apreendidos pela CTTU e removidos ao depósito, sendo aplicadas multas no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais).

Com a criação do transporte complementar, 152 novos ônibus, entraram em circulação no Recife. No Vasco da Gama, foram criadas as linhas: 106- Alto Nossa Senhora de Fátima/Vasco da Gama/via Academia da Cidade, e 109- Alto Esperança/Alto da Favela/Vasco da Gama. Estes ônibus transportam passageiros dentro do próprio bairro, através de micro-ônibus em locais estreitos e de difícil acesso.

Atualmente, o bairro do Vasco da Gama, conta com duas importantes vias: a rua Vasco da Gama, sua principal via, pois liga a Avenida Norte à Nova Descoberta. E a extensa rua Dois de Fevereiro, que liga alguns morros locais e ao Córrego do Euclides. Os moradores do Vasco da Gama são servidos pelos ônibus das empresas: Transportadora Globo e a Rodoviária Pedrosa, sendo beneficiados pelas linhas: 630- Vasco da Gama/Derby, com terminal no Córrego da Bica, em Nova Descoberta; 680- Vasco da Gama/Afogados; 621- Alto Treze de Maio; 622- Vasco da Gama/via Cruz Cabugá; 623- Vasco da Gama/via João de Barros; 624- Brejo/via Conde da Boa Vista; Linha Complementar 106- Alto Nossa Senhora de Fátima/Vasco da Gama/via Academia da Cidade; Linha Complementar 109- Alto Esperança/Vasco da Gama/via Alto da Favela. (Finalizou).

A VIRADA DO BONDE

O Jornal Pequeno, em 12 novembro de 1927, publicou a notícia de um acidente com um bonde da Pernambuco Tramways que puxava dois reboques na entrada do Vasco da Gama. O jornal publicou: Um bonde que vira ficando um passageiro contundido – dizia a manchete – Pouco mais ou menos pelas 7 horas da manhã de hoje, quando fazia curva fechada, da rua Vasco da Gama, em Casa Amarela, o bonde Nº4 no qual servia um motorneiro o chapa 738, aconteceu virar o veículo que puxava dois reboques indo ao solo, sem que por cúmulo de felicidade se verificasse graves consequências, apenas o passageiro de nome Euclides Luiz de França, branco, solteiro, de 17 anos de idade, suineiro, residente em Casa Amarela, o qual recebeu várias contusões pelo corpo, sendo socorrido pela Assistência Pública.

Incontestavelmente o acidente que oras registramos é desses que estão a reclamar uma punição enérgica para o motorneiro que guiava o carro acidentado, visto como só um excesso de velocidade, uma imprudência criminosa desta natureza poderia determinar esse desastre que se passou sem graves consequências, o qual poderia ter todavia acarretado a morte de muitos passageiros.

Ao posto da Assistência compareceu poucas horas após o acidente o Dr. Gomes Porto, advogado da Pernambuco Tramways, que fez transportar a vítima do desastre para sua residência em seu próprio automóvel, tomando várias providências para que fosse o seu tratamento feito por conta da Companhia. Finalizou.

Obs: Os bondes nunca circularam pela Avenida Norte na condução de passageiros, no entanto, alguns eram utilizados pela Pernambuco Tramways para serviços de manutenção e para reboque de vagões. A empresa mantinha uma oficina na entrada da rua Vasco da Gama.

O animado carnaval de rua do Vasco da Gama, teve os primeiros registros na década de 1930. Gravura: Ilustrativa/ Fantasia de pierrot/ Diário da Manhã/1933.

NOTAS DOS ANTIGOS CARNAVAIS DO VASCO DA GAMA

O Diário de Pernambuco em 25 de fevereiro de 1933, publicou a primeira nota sobre o carnaval no Vasco da Gama. A nota dizia o seguinte:

Baile a fantasia na rua Vasco da Gama - dizia o título – Na residência do sr. Manuel Câmara, sita à rua Vasco da Gama, terá lugar hoje, um baile a fantasia, que pelos seus preparativos promete revestir-se do maior brilhantismo. Antes de iniciar-se o referido baile, travar-se-á uma animada batalha de confetes e serpentinas. Finalizou.

O Diário de Pernambuco em 5 de fevereiro de 1941, publicou: A Troça Carnavalesca Mista “Carregadores em Folia” realizará, hoje, o último ensaio para acerto de marchas, na residência do associado Manoel Júlio, na rua Vasco da Gama. Sua orquestra, composta de vinte e cinco figuras, executará uma série de marchas, destacando-se as seguintes: Sorriso de Alzira; Vanise; Brinca quem pode; Caroá; Cara de urso; Este ano tu não sai; Marcha regresso; e Eu choro de saudades. Finalizou.

O PRIMEIRO PONTO COMERCIAL

 O Diário Oficial do Estado, em 7 de maio de 1936, publicou nota sobre o primeiro ponto comercial do Vasco da Gama, registrado na Fazenda do Estado, foi uma quitanda montada na rua Vasco da Gama, nº79, pertencente ao sr. Miguel Barbosa.

Anúncio de 1953, da antiga companhia pernambucana de eletricidade, Pernambuco Tramways, responsável pelas primeiras ligações da iluminação pública no Vasco da Gama. Fonte: Jornal Pequeno/Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

ILUMINAÇÃO PÚBLICA

A iluminação pública na comunidade do Vasco da Gama começou a ser instalada em 1937, através da companhia de eletricidade, Pernambuco Tramways. A rua Vasco da Gama foi a primeira a receber energia elétrica, de forma lenta, gradativa, precária e com baixa voltagem. Isso, acarretava danos aos eletrodomésticos e lâmpadas, que não suportavam as constantes quedas de energia e queimavam com facilidade.

No dia 14 de setembro de 1937, os moradores do Vasco da Gama, diante desta situação, se uniram aos moradores das ruas Padre Lemos, Nova Descoberta, Avenida Norte e Beco do Quiabo, para protestar, pois, passavam pelos mesmos problemas, e encaminharam à Pernambuco Tramways, o Ofício Nº 994 para as devidas providências.

Através do Ofício Nº 1623 de 3 de outubro de 1944, a Prefeitura do Recife, autoriza a Pernambuco Tramways a instalar iluminação pública na última travessa da rua Vasco da Gama.

No dia 17 de fevereiro de 1949, o vereador Heitor Pereira, apresentou na Câmara Municipal do Recife, o projeto de lei Nº 40, solicitando a iluminação pública da Rua Dois de Fevereiro, no Vasco da Gama. O projeto foi aprovado no dia 22 de outubro deste mesmo ano.

O Requerimento Nº 153, de 17 de maio de 1951, de autoria do vereador Miguel Mendonça, solicitou que todo arrabalde do Vasco da Gama, fosse beneficiado com a instalação da iluminação pública.

A Lei Municipal Nº 126, de 22 de junho de 1951, determinou que a iluminação pública da rua Aviador Rego Barros, fosse lançado no Programa de Obras Novas no exercício de 1952. A sessão foi presidida pelo presidente da Câmara, Wandenkolk Wanderley.

A Lei Municipal Nº 1590, de 11 de dezembro de 1951, determinou que a iluminação pública da rua Esperança, transversal a rua Vasco da Gama, fosse lançado no Programa de Obras Novas do exercício de 1952. A sessão foi presidida pelo presidente da Câmara, Wandenkolk Warderley.

Através do Ofício Nº 1813, de 15 de julho de 1952, a Câmara Municipal do Recife, autoriza o prefeito Antônio Pereira, a instalação de iluminação pública na sequência da rua Vasco da Gama.

O Requerimento Nº 153, de 19 de junho de 1953, de autoria do vereador Sérgio Godói e Vasconcelos, solicitando ao prefeito José do Rego Maciel a instalação de seis postes de iluminação pública em continuação da Rua Vasco da Gama até o Córrego do Visgueiro, em Casa Amarela.

A Lei Municipal Nº 2879, de 15 de junho de 1954, autorizou o prefeito José do Rego Maciel a instalar iluminação pública no Alto da Foice (atual Alto Nossa Senhora de Fátima). A sessão na Câmara Municipal foi presidida por Antônio Moury Fernandes.

No dia 2 de setembro de 1958, a Prefeitura Municipal do Recife efetuou o pagamento a Pernambuco Tramways pela instalação de iluminação pública da Rua Frederico Ozanan, no Vasco da Gama.

No dia 23 de julho de 1964, o governador Paulo Guerra, solicitou ao secretário de viação e obras para estudar a possibilidade de ser efetuado o serviço de iluminação pública para o Alto Nossa Senhora de Fátima.

Depois de muitos anos de estudos, finalmente o Alto Nossa Senhora de Fátima foi beneficiado com a instalação da iluminação pública que ocorreu entre os dias 19 e 24 de outubro de 1966, na gestão do governador Paulo Guerra, e custou CR$ 150.511,00 (Cento e cinquenta mil, quinhentos e onze cruzeiros).

Em janeiro de 1967, a Prefeitura Municipal do Recife, na gestão do prefeito Augusto Lucena, troca toda iluminação da Rua Vasco da Gama, por lâmpadas a vapor de mercúrio. Em agosto de 1982, a prefeitura começou a trocar as lâmpadas a vapor de mercúrio pelas de vapor de sódio do tipo “unalux”. Este sistema contribuiu para aumentar em quase o dobro, a capacidade de iluminação.

O Diário de Pernambuco em 7 de agosto de 1968, publicou uma nota, onde o prefeito Augusto Lucena durante os preparativos para a inauguração da pavimentação da rua Dois de Fevereiro, no Vasco da Gama, solicitou que a Celpe fizesse toda a mudança da rede elétrica da referida rua. A nota dizia o seguinte:

A Prefeitura do Recife está aguardando apenas que a Companhia de Eletricidade de Pernambuco (Celpe) retire os postes que estão fora de alinhamento para proceder a inauguração da pavimentação da rua Dois de Fevereiro, no Vasco da Gama. A Celpe por sua vez, já iniciou a solicitação da Prefeitura, a mudança de toda rede elétrica que servirá aquela artéria, numa extensão de um quilômetro por sete metros de largura. Finalizou.

No dia 18 de setembro de 1970, o prefeito Geraldo Magalhães Melo, inaugurou a nova iluminação a vapor de mercúrio do Alto do Eucalipto, no Vasco da Gama.

No dia 15 de outubro de 1970, o prefeito Geraldo Magalhães Melo, inaugurou a iluminação pública do Alto Novo Mundo.

Equipe do Treze do Vasco de 1994 (Esq. para dir.) em pé, Major Roque (vice-presidente) de boné escuro, Vado (diretor de futebol) de boné branco, agachados: Beto (7),  Berg (15), Lula (3), os demais, sem identificação. Foto: arquivo pessoal de Carlinhos do Urso.

AGREMIAÇÕES ESPORTIVAS

Geralmente, todos os bairros do Recife, tem suas agremiações amadoras de futebol, o chamado futebol de várzea. No bairro do Vasco da Gama, não foi diferente, o futebol de várzea sempre foi a principal diversão dos bairros periféricos, é uma atividade esportiva que não requer muito investimento, basta apenas uma bola e um campo de terra ou de grama, isto já é o bastante para iniciar a peleja.

Em 1940, foi fundado o primeiro clube de várzea do Vasco da Gama, o Onze da Vila Esporte Clube. Este clube foi o mais badalado da década. No ano seguinte, o Onze da Vila conquistou a taça de campeão amador infantil da cidade do Recife.

No dia 29 de novembro de 1941, o Onze da Vila, inaugurou sua praça de esportes na Rua Vasco da Gama. Num dia festivo, foram realizados três jogos inaugural: Na preliminar, jogaram o juvenil do Santa Cruz contra a Seleção do Maranhão, e em seguida, jogaram o Onze da Vila e o Paulicéa, tendo o time da casa vencido os dois jogos. O segundo quadro venceu por 2 a 1 e a equipe principal venceu por 2 a 0, gols de Diomedes e Aristides. O árbitro foi o sr. Américo Lins.

O Diário de Pernambuco em 27 de novembro de 1947, publicou uma triste nota para os desportistas e moradores do Vasco da Gama. Um dos grandes destaques da equipe juvenil do Onze da Vila, campeão da cidade do Recife, o ponta esquerda, Tutu, morreu afogado no açude de Apipucos. A nota dizia o seguinte:

Morreu um jogador do Onze da Vila – dizia o título – Quando se banhava, ontem, às 14 horas, no açude de Apipucos, pereceu afogado o jovem Nelson Antônio de Souza (Tutu), ponteiro-esquerdo do quadro juvenil do Onze da Vila.

A dolorosa notícia, logo que foi divulgada, causou geral consternação, dado o grau de estima em que era tido o moço desportista. Afável, esforçado, e de exemplar conduta. Nelson constava com a amizade e a verdadeira admiração, não só de seus companheiros e diretores, como também de inúmeros fãs, apreciadores do seu jogo de classe.

Inscrito no quadro do Itamaracá, disputaria o campeonato interno de futebol deste ano, do campeão infanto-juvenil da cidade, onde era figura de destaque, como excelente jogador, ele tinha 17 anos.

O enterramento realizou-se ontem às 16 horas, no cemitério de Casa Amarela, saindo o féretro da residência de seus pais, à rua Vasco da Gama, nº55. Antes de baixar o corpo à sepultura, falou o capitão Américo Lins e Silva, presidente do Onze da Vila, que teve oportunidade de exprimir a saudade que o jovem Tutu deixava no seio dos seus amigos e companheiros de clube.

O Onze da Vila resolveu suspender imediatamente todas as suas atividades, decretando luto oficial por oito dias em sinal de pesar. Finalizou.

Diretoria do Treze do Vasco nos anos de 1990, reunida em sua sede, que recentemente foi demolida. Infelizmente, a agremiação foi extinta. Foto: arquivo pessoal de Carlinhos do Urso.

Em 1º de novembro de 1949, era fundado o Treze do Vasco Futebol Clube, na Rua Vasco da Gama, nº 360. Há quem diga, que: “quem não conhece o Treze, não conhece o Vasco da Gama”. O clube no início de suas atividades afiliou-se a Federação Pernambucana de Desportos e participava da Liga Amadora de Futebol, uma especíe de 2ª divisão. Entre 1978 e 1980, foi o representante do bairro no maior torneio de futebol amador do país, a Copa Arizona, patrocinado pela fabricante de cigarros Souza Cruz e teve a cobertura do Diário de Pernambuco. Em 1984, montou uma forte equipe, que disputou a 3ª divisão do Campeonato Pernambucano de Futebol, da F.P.F até a primeira metade dos anos de 1990. Sua sede social viveu seu auge nos anos de 1970 a 1990, com suas noites calorosas da velha gafieira que acontecia nos finais de semana. Quem pode esquecer dos antigos bregas, guarachas, merengues, executados no Treze do Vasco. Grandes grupos musicais da região e cantores dos anos de 1970 e 1980, se apresentaram em seus inesquecíveis bailes, como: Conjunto Os Iguais, Conjunto The Birds, Conjunto The Super Star, Eletrobanda, Grupo Raça, Grupo Corrente de Força e os cantores Carlos Alexandre, Paulo Tony, Cosmo Costa, Valéria Vanda e muitos outros.  Quem não gostava desses gêneros musicais, apreciavam os sons das discotecas lá no salão de festas da igreja de São Sebastião, denominado "Conselho", organizado pelo padre Severino Santiago. 

O Diário de Pernambuco, em 12 de outubro de 1978, publicou uma nota onde o padre Severino Santiago fez uma reclamação em desfavor ao Treze do Vasco, a nota dizia o seguinte:

O padre Severino Santiago, falou sobre a barulheira e a molecagem que incomoda os moradores da Rua Vasco da Gama, nas imediações do Clube 13. "Sempre que há festa naquele local, ninguém dorme pois seus frequentadores falam e gritam alto e sempre há briga e saem bêbados. As queixas são muitas e é necessário que haja policiamento à noite. Finalizou.

A sede do Treze do Vasco em 2011, quando ainda estava em funcionamento. Foto: Google/2011.

Foi a partir de maio de 2005 a setembro de 2020, que o Treze do Vasco começou a enfrentar sérios problemas com a vizinhança. O que era tolerado nas décadas anteriores, como o barulho, a vizinhança atual já não consentia mais. O clube já sofreu várias interdições por descumprimento de ordem judicial como: falta de alvará de funcionamento, alto nível de pressão sonora e incômodo a vizinhança. Em 18 de março de 2014, a Secretaria Executiva de Controle Urbano da Prefeitura da Cidade do Recife, interditou pela segunda vez, em três meses, o Treze do Vasco, que foi notificado e interditado por não cumprir as normas de segurança requisitadas pela Prefeitura e pelo Corpo de Bombeiros e reabrir sem autorização. A multa foi de R$ 3 mil reais. Com todos esses problemas a agremiação fechou suas portas. (Finalizou).

Em 26 de julho de 1962, era fundada a Sociedade Esportiva Vasco da Gama, que em 25 de maio de 1979, criou seu novo estatuto com nova denominação: Associação Esportiva Vasco da Gama.

Outros clubes amadores do Vasco da Gama na década de 1960: ABC Esporte Clube (Visgueiro), Agremiação Desportiva Visgueiro, ABC Futebol Clube (Vasco da Gama), Jovelino Selva Futebol Clube (Vasco da Gama).

Em 25 de julho de 1978, o sr. Cláudio Cordeiro de Araújo, fundou o Águia Futebol Clube, com sede na Rua da Raposa, 38, Vasco da Gama.

Em 8 de dezembro de 1978, os senhores Luiz Octávio da Silva Ramos (presidente) e Geraldo Lourenço da Silva (vice-presidente) fundaram o Cosmos Esporte Clube, sua sede funcionava na Rua Major Isidóro, 50, Vasco da Gama. O Cosmo, representou o bairro, na 1ª Copa de Campeões Interclubes da Cidade do Recife, em dezembro de 1983.

Em 25 de janeiro de 1981, os senhores Severino Faustino da Silva (presidente) e José Edilson Guerra Ferreira, fundaram o Real Madrid Futebol Clube, com sede no Alto do Eucalipto, 1011, Vasco da Gama.

Em 7 de setembro de 1981, o sr. Ricardo Lira do Nascimento (presidente) fundou o Recife Tênis Clube, com sede na Rua Cassatuba, 44, Vasco da Gama. O clube promovia festividades esportivas, sociais e culturais.

Em 10 de janeiro de 1982, os senhores Severino Faustino da Silva (presidente) e José Maria Fabrício de Araújo (vice), fundaram o América Futebol Clube, situado na Rua Alto do Eucalipto, 760, Vasco da Gama.

Em 7 de fevereiro de 1982, era fundado a Portuguesa Esporte Clube, situado na Rua Vasco da Gama, nº 1415.

Em 2 de setembro de 1982, os senhores José Messias de Almeida (presidente) e José Rogério Agripino (vice), fundaram o Udinese Futebol Clube, situado no Alto do Eucalipto, 930, no Vasco da Gama.

Em 27 de abril de 1983, era fundada a Associação dos Clubes Esportivos Amadores de Casa Amarela, localizada na rua Douradinha, S/Nº, Vasco da Gama.

Em 22 de abril de 1985, os senhores Guilherme Ferreira da Silva Neto (presidente) e Eraldo José da Silva (vice) fundaram o Mundial Atlético Clube, situado na Rua Miguel Carneiro, 77-D, no Vasco da Gama.

Em 12 de julho de 1986, os senhores Laercio Cavalcanti de Oliveira (presidente) e Paulo Eugênio Lopes da Silva (vice), fundaram o Doze de Julho Futebol Clube, situado em sede provisória na Rua 12 de julho, s/nº, no Vasco da Gama.

Em 1º de maio de 1991, os senhores José Cordeiro de Lima (presidente) e Severino Lima de Araújo (vice), fundaram Fronteira Futebol Clube, situado em sede provisória no Alto 13 de Maio, 2920, no Vasco da Gama.


Guarany do Alto do Eucalipto, representou o bairro do Vasco da Gama no Peladão Recife 2000, que teve início em agosto de 1999, organizado pela Prefeitura da Cidade do Recife.

A Ronqueira

EXPLOSÃO DA RONQUEIRA

O Diário de Pernambuco em 30 de junho de 1945, publicou uma nota sobre a explosão de um artefato muito usado nas festas juninas do passado e que acarretou ferimentos graves a dois jovens no Vasco da Gama. A nota dizia o seguinte:

Vítimas os operários na explosão da ronqueira – dizia o título – Ontem, à noite, à rua Vasco da Gama, em Casa Amarela, os operários J. A.S, 18 anos, solteiro, e M.N.F, solteiro, 19 anos, residentes, respectivamente, nos números 164 e 163 daquela rua, procuraram fazer com que uma ronqueira explodisse.

De fato, deu-se a explosão, mas com antecedência e disso resultou saírem ambos bastante feridos nas mãos. Os acidentados compareceram, momentos depois, ao Posto da Assistência, a fim de lhes aplicarem os curativos de urgência. Verificou o médico de serviço, Dr. Rui Batista, que J.A.S sofreu amputação traumática das extremidades dos dedos da mão esquerda, além de ferida contusa na região palmar do mesmo, e M.N.F, recebeu contusões nos dedos da mão esquerda, com esmagamento parcial das 1ª e 2ª falanges.

Depois dos medicamentos a que se submeteram os acidentados retiraram-se para seus domicílios, tendo o comissário de Casa Amarela recebido comunicação do caso. Finalizou.

A ronqueira é um pequeno artefato feito de um cilindro oco de ferro em que se coloca pólvora no fundo e que com um prego inserido na sua extremidade oca era percutido como com um arremesso do cilindro (que era segurado com um arame) contra a quina do meio-fio, produzindo uma pequena explosão. A ronqueira era muito usada no período do Brasil Colonial em Minas Gerais, em festas religiosas como fogos de artifícios, e que depois migrou para o nordeste brasileiro, onde até o final da década de 1970, era muito usada em Pernambuco e na Paraíba.


Acima, o Sesi em sua inauguração em 1948. Abaixo, o Sesi em 2023. Foto: Jânio Odon/VZN/15.7.2023.

O SESI DO VASCO DA GAMA

Em 3 de julho de 1948, era inaugurado o Sesi do Vasco da Gama. No início de suas de atividades era conhecido como “Sesi de Casa Amarela” ou “Núcleo Presidente Dutra”. No dia anterior, chegava ao Recife, o Presidente da República, marechal Eurico Gaspar Dutra, sendo recebido pelo governador de Pernambuco, Alexandre Barbosa Lima Sobrinho. O Presidente, foi bastante ovacionado pelo povo recifense e bastante homenageado pelas autoridades locais. No dia da inauguração do Sesi do Vasco da Gama, o marechal Dutra, percorreu uma extensa agenda de inaugurações em diversos pontos do Recife e Olinda, que começou às 7 horas e se prolongou até às 12:30 horas. Nos momentos que antecederam a inauguração do Sesi do Vasco da Gama, o Presidente Dutra, fez uma rápida visita a escola do Frei Tadeu, no bairro de Salgadinho em Olinda. Logo após, seguiu até o bairro do Arruda, onde visitou a tradicional Cantina Santinha Dutra, e dando prosseguimento, inaugurou o calçamento em paralelepípedo da Avenida Beberibe. Por volta do meio-dia, chegou ao Sesi do Vasco da Gama para a solenidade de inauguração. Depois, seguiu para almoçar no Clube Internacional do Recife com o governador do Estado.

Atualmente, o Sesi do Vasco da Gama é conhecido como Centro de Atividade Presidente Dutra, funcionando no mesmo endereço: Rua Vasco da Gama, 145.

O Serviço Social da Indústria- SESI, foi criado em 1º de julho de 1946, para atender indústrias e trabalhadores em gestão de segurança e saúde no trabalho (SST) e na promoção da saúde e educação dos trabalhadores, seus dependentes e comunidade.

ZONA SUBURBANA

O Decreto Nº 85, de 8 de janeiro de 1949, sancionado pelo prefeito do Recife, Manoel César de Moraes Rego, dividiu o Recife em quatro zonas: Central, urbana, suburbana e rural. O Vasco da Gama, conforme este decreto, era considerado um povoado pertencente ao bairro de Casa Amarela, enquadrado na zona suburbana.

A Rua Vasco da Gama começou a ser pavimentada em 1963 e só foi concluída em 1968, pelo prefeito Augusto Lucena. Foto: Diário de Pernambuco/1968.

PAVIMENTAÇÃO E URBANIZAÇÃO

No dia 29 de agosto de 1949, a Câmara Municipal do Recife fez um apelo ao prefeito Manuel César de Morais Rego para que fosse feito a terraplanagem da rua Dois de Fevereiro, no Vasco da Gama.

No dia 11 de novembro de 1949, o vereador Antônio Luiz Filho, apresentou um requerimento na Câmara Municipal do Recife, solicitando a terraplanagem do Alto da Foice (atual Alto Nossa Senhora de Fátima).

A Lei Municipal Nº 1294, de 30 de junho de 1951, aprovado na Câmara Municipal, autorizou o prefeito Antônio Alves Pereira, a construir um pontilhão ligando à Rua Dois de Fevereiro à Rua Vasco da Gama, em Casa Amarela.

A Lei Municipal Nº 1865, de 6 de setembro de 1952, sancionada pelo prefeito Antônio Alves Pereira, determinou que fosse feito a canalização das águas e a pavimentação da rua Vasco da Gama, em Casa Amarela.

A Lei Municipal Nº 2116, de 12 de março de 1953, sancionada pelo prefeito José do Rego Maciel, determinou que fosse construído um parque infantil na rua Vasco da Gama, em Casa Amarela.

A Lei Municipal Nº 2.255, de 26 de junho de 1953, aprovada na sessão da Câmara presidida pelo vereador Hilo Lins e Silva, autorizando o prefeito José do Rego Maciel, pavimentar a rua Dois de Fevereiro a da estrada do córrego do Botijão, bem como, o pontilhão ligando a Rua Vasco da Gama com a estrada do Córrego do Botijão.

Requerimento Nº 50, de 4 de julho de 1953, de autoria do vereador Sérgio Godói e Vasconcelos, solicitando ao prefeito José do Rego Maciel, seja feito o serviço de galeria e meio fio e a pavimentação da Rua Vasco da Gama, em Casa Amarela.

A Lei Municipal Nº 2.327, de 18 de julho de 1953, aprovada na sessão da Câmara, presidida pelo 1º secretário da Câmara, Antônio Batista de Souza, autorizando o prefeito José do Rego Maciel, a fazer a pavimentação da Rua Frederico Ozanan.

A Lei Municipal Nº 3.542, de 5 de julho de 1955, aprovada pela Câmara Municipal, autorizou o prefeito Pélopidas da Silveira, a pavimentar a subida e as ruas do Alto Nossa Senhora de Fátima, no Vasco da Gama.  

No dia 23 de maio de 1960, o vereador Miguel Batista criou um projeto de lei, propondo a pavimentação da rua Dois de Fevereiro, no Vasco da Gama.

O Requerimento Nº 1855, de 20 de junho de 1960 de autoria do vereador Luiz de França, solicitou ao prefeito Miguel Arraes para que fosse feito a pavimentação da rua Vasco da Gama, em Casa Amarela.

No dia 13 de julho de 1960, o prefeito Miguel Arraes, através do ofício Nº 807, informou a Assembleia Legislativa que havia iniciado a concorrência pública para o início da pavimentação e a construção do canal da rua Vasco da Gama, em Casa Amarela.

No dia 1º de novembro de 1960, o vereador Mário Monteiro apresentou na Câmara Municipal, requerimento que autorizava o prefeito Miguel Arraes a fazer o calçamento da ladeira que dar acesso ao Alto Novo Mundo e a construção de um parque infantil no Alto Nossa Senhora de Fátima.

O canal do Vasco da Gama começou a ser construído em 1960. trecho do canal no cruzamento da Avenida Norte com a Rua Padre Lemos. Foto: Jânio Odon/VZN/15.7.2023.

O Diário de Pernambuco em 18 de novembro de 1960, publicou uma nota sobre o início da construção do canal do Vasco da Gama, que cruza a Avenida Norte à Rua Padre Lemos e a promessa da pavimentação da Rua Vasco da Gama. A nota dizia o seguinte:

Canal e bacia de decantação fazem-se no Vasco da Gama – (dizia o título) – O canal Vasco da Gama, que a Prefeitura está construindo e deverá concluir no próximo ano, irá resolver o velho problema das águas pluviais que descem dos morros, (particularmente do Visgueiro) e inundam, durante o inverno, toda a artéria do mesmo nome. Em determinadas ocasiões, o regime de enxurrada faz com que as águas se elevem até meio metro de altura, tornando impraticável toda espécie de transporte.

A informação foi prestada, ontem, à imprensa, pelo engenheiro Antônio Cassundé, diretor da Divisão de Viação do Departamento de Obras. Acrescentou:

O prefeito Miguel Arraes de Alencar tem todo o interesse em atacar o problema, definitivamente. O trecho do canal que está sendo construído mede cerca de 300 metros, cortando a Avenida Norte, onde construiremos uma ponte de concreto armado. Nesse mesmo local, está sendo construída uma enorme bacia de decantação, de 284 metros quadrados de área que receberá os detritos, para que as águas corram livremente até desembocarem noutro canal, Vasco da Gama – Peixinhos, iniciado durante a administração do sr. Pelópidas Silveira.

Falando sobre a importância social do canal do Vasco da Gama, disse o sr. Antônio Cassundé que a sua conclusão permitirá que o prefeito Miguel Arraes inicie, imediatamente, as obras de pavimentação da rua de mesmo nome, que serve de acesso a um sem números de distritos de Casa Amarela, inclusive o próprio Vasco da Gama. Por outro lado, a drenagem do canal natural permitirá que toda aquela área fique definitivamente saneada, resolvendo-se assim, um problema de saúde pública. Finalizou.

Através do Decreto Municipal Nº 6.314, de 5 de setembro de 1963, o prefeito Pelópidas da Silveira adquiriu recursos na ordem de CR$ 40 milhões de cruzeiros, para prosseguir a pavimentação de vinte e três logradouros públicos, entre eles, a Rua Vasco da Gama.

Na sessão da Assembleia Legislativa do dia 2 de setembro de 1964, o deputado Pedro Duere apresentou requerimento para que fosse retomada as obras de pavimentação no subúrbio do Vasco da Gama, que estava paralisado há alguns meses.

Escadaria que dar acesso ao antigo Alto da Foice, concluída em 1966. Foto: Diário de Pernambuco/1974.

O Diário de Pernambuco em 19 de novembro de 1966, publicou um pronunciamento do secretário de Viação e Obras da Prefeitura Municipal do Recife, José Mário Freire, fazendo um balanço das obras entregues no período de 19 e 24 de outubro deste ano: as escadarias que dão acesso ao Alto da Foice, custaram CR$ 2.833.330,00 (dois milhões, oitocentos e trinta e três mil, trezentos e trinta cruzeiros); e a do Alto Artur Corrêa custou 6.330.082,00 (seis milhões, trezentos e trinta mil e oitenta e dois cruzeiros).

A Rua Dois de Fevereiro foi pavimentada em 1968. Foto: Google/2023.

O Diário de Pernambuco em 3 de março de 1967, publicou uma nota sobre o início das obras de pavimentação da Rua Dois de Fevereiro, no Vasco da Gama. A nota dizia o seguinte:

Pavimentação – Os trabalhos de pavimentação da Rua Dois de Fevereiro, que liga o Largo Dom Luiz ao Vasco da Gama, na altura do antigo terminal dos ônibus, foram iniciados na manhã de hoje, em regime de urgência. Informação é do secretário José Mário Freire, de Viação e Obras da Prefeitura Municipal do Recife, que adiantou tratar-se de obra de grande valia para o tráfego que demanda no sentido cidade-subúrbio, em direção ao Vasco da Gama. Finalizou.

O Diário de Pernambuco em 7 de agosto de 1968, publicou uma nota onde o prefeito Augusto Lucena, anunciou a inauguração da Rua Dois de Fevereiro, no Vasco da Gama. A nota diz o seguinte:

A Prefeitura do Recife está aguardando apenas que a Companhia de Eletricidade de Pernambuco (Celpe) retire os postes que estão fora de alinhamento para proceder a inauguração da pavimentação da Rua Dois de Fevereiro, no Vasco da Gama. A Celpe, por sua vez, já iniciou a solicitação da Prefeitura.

O prefeito Augusto Lucena deseja o quanto antes fazer a entrega dessa avenida a cidade, em face da sua grande significação ao sistema viário da zona norte, beneficiando diretamente os populosos bairros do Vasco da Gama* e Casa Amarela. O prefeito esteve no local vistoriando os trabalhos da pavimentação e das galerias. Finalizou. (OBS: Nesta época, o Vasco da Gama ainda não era um bairro, e sim, uma localidade de Casa Amarela).

Alto Novo Mundo foi pavimentado em 1968. Foto: Diário de Pernambuco/1974.

O Diário de Pernambuco em 10 de novembro de 1968, publica o balanço da administração do prefeito Augusto Lucena, onde informa que as obras de pavimentação da Rua Dois de Fevereiro e do Alto Novo Mundo, no Vasco da Gama, estão quase concluídas.

Através da Lei Municipal Nº 10.177 de 3 de novembro de 1969, sancionada pelo prefeito Geraldo de Magalhães Melo. A praça existente no Loteamento Jardim Novo Mundo, no Vasco da Gama, passou a denomina-se Josefina Marinho Sarmento Borges.

No dia 18 de setembro de 1970, numa sexta-feira à noite, o prefeito Geraldo de Magalhães Melo, inaugurou o calçamento do Alto do Eucalipto. As festividades de inauguração, estendeu-se até às 23 horas.

No dia 15 de outubro de 1970, numa quinta-feira, às 19:30 horas, o prefeito Geraldo Magalhães Melo, inaugurou o calçamento do Alto Novo Mundo, no Vasco da Gama.

Escadaria do Alto da Carola inaugurada em outubro de 1974. Foto: Diário de Pernambuco/1974.

No dia 17 de outubro de 1974, numa quinta-feira, às 20 horas, o prefeito Augusto Lucena, inaugurou as escadarias da Rua do CarolaAlto do Botijão; da 7ª subida do Alto Nossa Senhora de Fátima; e da subida do Alto Novo Mundo, todas no Vasco da Gama. A solenidade de inauguração aconteceu num palanque armado na Rua Frederico Ozanan.

No dia 7 de janeiro de 1975, na sessão na Câmara Municipal do Recife, o vereador Josué Pinto, solicitou ao prefeito Augusto Lucena a construção de uma escadaria na Rua das Flores, transversal da Rua Dois de Fevereiro, no Vasco da Gama, e a pavimentação da Estrada do Visgueiro, que liga o Vasco da Gama a Nova Descoberta.

No dia 6 de março de 1975, numa quinta-feira à noite, o prefeito Augusto Lucena se reuniu com autoridades, políticos e líderes comunitários, num palanque armado na Rua Oscar de Barros, na Praça do Trabalho, para inaugurar diversas obras de pavimentação no bairro de Casa Amarela, entre elas: 7ª travessa da Rua Dois de Fevereiro, no Vasco da Gama.

O Diário Oficial do Estado, em 27 de agosto de 1976, publicou a seguinte nota:

A Secretária de Viação e Obras da Prefeitura Municipal do Recife acaba de entregar ao tráfego um pontilhão em concreto armado construído sobre o canal do Vasco da Gama, destinado a resolver a resolver o problema de acesso ao sistema de abastecimento da Compesa, naquela localidade de Casa Amarela. A pequena ponte servirá também para dar passagem aos veículos de pequeno e médio portes dos proprietários residentes nas imediações, que antes era feito com dificuldades e riscos de danos aos veículos e seus condutores. Finalizou.

O Diário de Pernambuco em 18 de setembro de 1977, publicou uma nota através do secretário da Secretaria de Viação e Obras (SVO), Gabriel Costa Bacelar, que o prefeito Antônio Farias aplicou nesse ano, 1,5 milhão e meio de cruzeiros em obras de escadarias. Adiantou que as escadarias da Rua Manoel Carroceiro, no Visgueiro e da Rua Girassol, estão em andamento. Enquanto, o da 2ª subida do Alto Novo Mundo já está concluída. Finalizou.

No dia 10 de outubro de 1977, a Prefeitura do Recife, informa a imprensa que começaram as obras de construção da escadaria da Rua Girassol e o calçamento da Rua Japaratuba.

No dia 18 de dezembro de 1977, o prefeito Antônio Farias, fez um pronunciamento à imprensa informando da conclusão da pavimentação do Córrego do Ouro, ligando o Córrego do Euclides a Rua Dois de Fevereiro, no Vasco da Gama.

A Rua Japaratuba (antiga Rua da Lagoa) foi pavimentada em 1978. Foto: Google/2023

O Diário de Pernambuco em 10 de fevereiro de 1978, publicou uma nota da Prefeitura do Recife informando sobre a pavimentação da Rua Dois de Fevereiro, que dizia o seguinte:

“A Rua Dois de Fevereiro, no Vasco da Gama, terá uma faixa de rolamento de 6 metros de largura, calçadas com 2 metros e moderno sistema de drenagem em canaletas retangulares”. Finalizou.

O Diário Oficial do Estado, em 15 de março de 1978, publicou: A Prefeitura, através da Secretaria de Viação e Obras, está construindo os canais da Rua Frederico Ozanan e do Córrego do Botijão, no Vasco da Gama. Finalizou.

O Diário de Pernambuco em 4 de maio de 1978, publicou: O prefeito Antônio Farias anunciou o término das obras de pavimentação, redes de galerias, iluminação pública e arborização em importantes vias da Zona Norte da cidade, abrangendo os bairros de Casa Amarela, Vasco da Gama... Informou que breve serão iniciados os serviços de construção de trechos complementares dos canais do Córrego do Botijão e da Rua Frederico Ozanan, no Vasco da Gama. As obras possibilitarão a melhoria do sistema de drenagem numa área de 160.000m² em Casa Amarela, permitindo também, o acesso de veículo numa extensão de 650m nas margens sobre faixa pavimentada. A complementação dos canais representa mais segurança para as casas situadas nas proximidades, sujeitas ao risco de desabamento provocado por deslizamentos de barreiras. O prefeito, disse ainda, que pavimentou diversas ruas em Casa Amarela, entre elas, a Rua Japaratuba e o Jardim Novo Mundo, no Vasco da Gama. Finalizou.

O prefeito Gustavo Krause no Alto da Favela, observando a situação das barreiras com os moradores. Foto: Diário da Manhã/1979.

No dia 26 de abril de 1980, num sábado, o prefeito Gustavo Krause, inaugurou obras de melhoramentos em catorze ruas no Alto da Boa Esperança, no Vasco da Gama. Foram pavimentadas as ruas: Vinte de Fevereiro, Monte Belo, Caxambú, Vinte de Agosto, Nordeste e Natividade. Foram feitas as escadarias das ruas: Pedra Bonita, Doze de Janeiro, Vinte e Dois de Abril, Dezoito de Março, Campo Formoso, do Capricho, Travessa Vasco da Gama e do pontilhão da Rua do Girassol. O prefeito Gustavo Krause chegou ao Vasco da Gama por volta das 20 horas, acompanhado de sua esposa, Cléa e secretários municipais. Seguiu até a Paróquia local de São Sebastião, onde foi celebrada uma missa de agradecimento, pelo pároco Severino Santiago. Após a missa, o prefeito, comitiva e moradores, seguiram para o Alto da Boa Esperança, onde Gustavo Krause foi bastante aplaudido. Em seu discurso, bastante emocionado, falou:

“Quem pode encontrar o caminho da redenção de vocês, são vocês próprios...as populações carentes precisam estar unidas através de suas associações de bairros, através de suas paróquias, para lutar por tudo aquilo que pode melhorar a vida da comunidade”, concluiu. A Orquestra Popular do Recife, animou a festividade.

A Prefeitura havia instalado um barracão da URB no Alto, denominado Núcleo de Ação Comunitária, onde os moradores determinavam as obras prioritárias, com a verba destinadas para serem investidas no Alto da Boa Esperança. Boa parte da mão-de-obra, foram executadas pelos próprios moradores da localidade.

No dia 26 de setembro de 1980, o prefeito Gustavo Krause inaugurou o calçamento da Rua Supia, com 40 metros de extensão. A obra custou CR$ 26 mil cruzeiros, foi a primeira rua pavimentada no Vasco da Gama pelo “Projeto Um por Todos”.

No dia 15 de novembro de 1980, o prefeito Gustavo Krause inaugurou as pavimentações das ruas Fonseca Galvão e Costa Ribeiro, duas transversais da Avenida Norte. Pavimentadas pelo “Projeto Pavimento”, a rua Fonseca Galvão foi pavimentada em asfalto, enquanto a rua Costa Ribeiro recebeu “blokert” – pedras octogonais de concretos, as mesmas usadas nas ruas de lazer.

No dia 22 de março de 1981, num domingo, a comunidade do Loteamento Jardim Vasco da Gama, acordou cedo para participar das festividades programadas como torneio de futebol, culto de ação de graça, show com o palhaço Pimpão e orquestra de frevo para a garotada. Toda essa animação foram as prévias para a grande inauguração às 20 horas, que contou com as presenças do governador Marco Maciel e do prefeito Gustavo Krause, que depois participaram de um churrasco concedido pela comunidade, encerrando com a apresentação da escola de samba “Galeria do Ritmo” campeã do carnaval, Capiba 81. Foram inauguradas as pavimentações das ruas: Canapi, com 320 metros de extensão; Alameda das Acácias com 260 metros; Cassatuba com 320 metros; Assunção com 220 metros; e Itaboara com 480 metros. Além disso, foram construídas cinco escadarias, um pontilhão sobre o canal do Vasco da Gama e uma quadra de esportes com refletores e 900 metros cúbicos de muros de arrimo.

No dia 24 de abril de 1981, numa sexta-feira, o prefeito Gustavo Krause inaugurou a pavimentação da Rua Aviador Rego Barros, no Vasco da Gama.

Vista do Alto da Favela, que foi pavimentada em 1982. Foto: Facebook/Autor desconhecido.

No dia 1º de maio de 1982, num sábado, o prefeito Gustavo Krause inaugurou as obras de urbanização do Alto da Favela, no Vasco da Gama. As obras haviam iniciadas em julho de 1981.

No dia 23 de outubro de 1982, o prefeito Jorge Cavalcante inaugurou as pavimentações da Rua do Chafariz e do Alto do Eucalipto, que tem 1.500 metros de extensão, e liga a estrada do Vasco da Gama à do Brejo de Beberibe. A obra fez parte do Projeto Um por Todos. A inauguração contou com a participação da Orquestra Popular do Recife, que executou inúmeras marchas de frevo.

No dia 12 de novembro de 1982, numa sexta-feira, o prefeito Jorge Cavalcante, inaugurou a pavimentação do Córrego do Botijão e da Rua Frederico Ozanan, no Vasco da Gama pelo Projeto Um por Todos, o prefeito disse que a prefeitura economiza em média 60 a 70 por cento no custo de cada obra e com isso, consegue pavimentar mais ruas e empregar gente da própria comunidade já que o projeto tem como característica ceder o material da obra e a comunidade entrar com a mão-de-obra.

O Diário Oficial do Estado em 6 de outubro de 1983, a Prefeitura da Cidade do Recife, informou que as escadarias das ruas Durval I e II, no Alto Nossa Senhora de Fátima, foram concluídas. No dia 19 de outubro deste ano, o prefeito Joaquim Francisco inaugurou as duas escadarias acima citadas. Aproximadamente, duas mil pessoas estiveram presentes e em seu discurso aos moradores do Alto Nossa Senhora de Fátima, o prefeito declarou:

- O que falta neste país é enfrentar os problemas com seriedade. E nós, que administramos esta cidade, nos recusamos que a pobreza se eternize. O país vai mudar, porque seu povo assim o quer. Sei que é impossível governar sozinho em época de escassez, mas me comprometo a caminhar junto com vocês na luta por dias melhores. Finalizou.

No dia 26 de março de 1984, numa segunda-feira, o prefeito Joaquim Francisco, acompanhado de sua esposa Silvia Couceiro Cavalcanti; secretários municipais; vereador Augusto Costa; presidente da URB, Ricardo Couceiro; e técnicos da Prefeitura, inauguraram no Alto Nossa Senhora de Fátima, no Vasco da Gama, a pavimentação da rua e travessa Nossa Senhora de Fátima e da Rua Vanglória, além de escadarias de acesso para a rua e travessa Frederico Ozanan e rua Durval II. Blocos e troças carnavalescas animaram o evento.

Durante o 5º Festival de Inverno do Vasco da Gama (1985), os moradores mostraram faixas cobrando as obras de pavimentação prometida pelo prefeito Joaquim Francisco. Foto: Arquivo Pessoal de Euclides Bezerra (Tido).

A Lei Municipal Nº 15.617, de 15 de abril de 1992, sancionada e promulgada pelo prefeito do Recife, Gilberto Marques Paulo, denomina Fabriciano Lins de Carvalho, a quadra de esportes existente na localidade de Jardim Vasco da Gama.

No dia 15 de outubro de 1993, o prefeito Jarbas Vasconcelos inaugurou a pavimentação da Rua Tapiranga, no Vasco da Gama. Trata-se de uma rua extensa que liga a Rua Dois de Fevereiro à Rua Planalto.

No dia 28 de dezembro de 1995, numa quinta-feira, o prefeito Jarbas Vasconcelos, inaugurou a pavimentação da Rua Japeri e da 1ª travessa do Alto do Eucalipto.

No dia 11 de maio de 1996, o prefeito Jarbas Vasconcelos, informou a imprensa que a Prefeitura havia investido R$ 300 mil reais em obras de contenção de encostas e drenagem no Alto da Favela e no Alto Mundo Novo.

No dia 23 de março de 2000, o prefeito Roberto Magalhães, veio ao Vasco da Gama, sendo muito aplaudido pelos moradores. O prefeito subiu escadarias e inaugurou a pavimentação da rua Iraí de Minas, ele estava acompanhado por vários líderes comunitários e dos deputados Gilberto Marques Paulo e Bruno Rodrigues e dos vereadores: Dilson Peixoto, José Neves, Elias Francisco, Roberto Andrade, Luiz Vidal, José Antônio e Silvio Costa, além do empresário Armando Monteiro Filho e outras autoridades.

Com a pavimentação dos morros e córregos do Vasco da Gama em grande parte de suas vias, o crescimento demográfico do bairro, além da mudança do modelo econômico do país desde a implantação da nova moeda, o real, em 1994. As facilidades de adquirir bens duráveis, principalmente automóveis, pelas camadas mais pobres da sociedade, além da acessibilidade de cartões de créditos, que facilitou em muito, em especial, materiais de construção, que fizeram que os velhos mocambos se transformassem em casas de alvenaria ou prédios de até três pavimentos.  Foram fatores que afetou diretamente no cotidiano da comunidade no que tange a questão da mobilidade urbana, não só no Vasco da Gama como em toda periferia. A falta de fiscalização dos orgãos governamentais e descaso, fez com que os bairros periféricos crescessem de forma desordenada e que ocasionasse situações de caos.

O Jornal do Commercio, do Recife, em 19 de março de 2012, através do jornalista Vinícius Sobreira, publicou uma matéria sobre a triste realidade dos moradores do bairro do Vasco da Gama à respeito das dificuldades de locomoção pelas vias do bairro. Veja trechos desta interessante matéria:

No Vasco da Gama, ruas não têm calçadas e pedestres sofrem (dizia o título). Os problemas de mobilidade que atingem o Recife ganham peculiaridades nos subúrbios. No Vasco da Gama, Zona Norte da cidade, os moradores têm o costume de andar nas ruas. Este hábito é proviniente tanto da ocupação irregular das calçadas quanto da inexistência delas. As ruas Dois de Fevereiro e Alto do Eucalipto são exemplos de locais onde sequer existem calçadas. Ao abrirem as portas de suas casas, moradores se deparam com veículos em alta velocidade. Na Rua Alto do Eucalipto, uma moradora contou que já escapou várias vezes de ser atropelada e reclama do desrespeito ao pedestre. Afirmou que as casas precisam ser recuadas. Criticou a falta de atitude do poder público.

Na entrada do Córrego do Botijão, uma feira fixa ocupa a via de pedestre. Do outro lado, um bar divide a calçada com um canal aberto, obrigando os transeuntes a caminharem nas ruas. As consequências desta caminhada perigosa podem ser as piores possíveis. O risco é maior para os idosos, quando já não tem o mesmo reflexo e agilidade da juventude. Há relatos de atropelamentos com gravidade. Um idoso, reclama a falta de faixas de pedestre, sinais de trânsito e placas indicando velocidade máxima permitida... (conclusão).

Escadaria colorida no Vasco da Gama fez parte do programa "Mais Vida nos Morros" Foto: Andréa Rego Barros/PCR.

No dia 10 de maio de 2019, a Prefeitura da Cidade do Recife concluiu mais uma etapa do projeto de transformação urbanística nos morros do Recife, denominado "Mais Vida nos Morros" desta feita, no Vasco da  Gama, que foi a 10ª área beneficiada pelo projeto onde casas, becos, escadarias, encostas dos morros recebem pinturas multicoloridas, com desenhos de talentosos artistas e trabalhos de reciclagem de consciência ambiental, dando um destaque muito especial as comunidades beneficiadas.

O projeto teve início desde 2016, o programa "Mais Vida nos Morros", segundo a Prefeitura, tem como objetivo, despertar sentimento de comunidade nos moradores, preocupação com o coletivo, autoestima e identidade, buscando o orgulho do morador com o seu território. Tudo isso é feito a partir de oficinas, diálogo e integração dos moradores com as pinturas feitas nas áreas, melhorando a relação do cidadão com o seu entorno e sua cidade. O programa "Mais Vida nos Morros" foi reconhecido pela ONU, como referência nacional para inovação em políticas públicas.

O programa também traz várias ações voltadas para o lixo, cuidados, práticas sustentáveis, compostagem do lixo orgânico, plástico transformado em banquinhos ou lixeiros. Durante três meses, os moradores participaram de encontros, para pensar como como poderiam melhorar o lugar em que moram, e receberam oficinas que o ajudaram a pensar em alternativas para o descarte do lixo, comportagem e ainda culinária sustentável e artesanato.

Na Escola Municipal Chico Science, uma horta foi construída pelos jovens do bairro. A Rua Pedra Bonita, a Rua Assunção na parte das escadarias estão multicoloridas. A Coral consumiu mais de 6.590 litros de tintas nas cores escolhidas por cerca de 350 famílias do Vasco da Gama. No evento que concluiu os trabalhos no Vasco da Gama, houve feirinha de culinária, brincadeiras para as crianças e apresentação no Teatro Lobatinho. À noite, contou com as presenças do prefeito Geraldo Júlio e do secretário executivo de inovação urbana da Prefeitura do Recife, Túlio Ponzi, houve apresentações  musicais da Escola de Samba Galeria do Ritmo e das cantoras Nena Queiroga e Bia Villachan.

O Campo do Alto do Eucalipto, foi o primeiro a receber iluminação em LED no Recife. Foto: Prefeitura da Cidade do Recife.

Em 26 de julho de 2021, o prefeito do Recife, João Campos, lançou o programa "Campo no brilho". Sendo o campo do Alto do Eucalipto, o primeiro campo de varzéa do Recife a receber a iluminação em Led (Light-Emiting Diode = Diodo emissor de luz) em seus 24 refletores. O prefeito João Campos informou que 100 campos do Grande Recife serão contemplados.

Em 15 de outubro de 2021, a Prefeitura da Cidade do Recife, anunciou um investimento de 5 milhões de reais só em escadarias e corrimãos e manutenção das mesmas, além de iluminação em LED. A Rua Nicolino Miranda, as obras foram concluídas no dia 5/10 deste ano. Foi feita a recuperação da escadaria e a implantação de 57,5 metros de corrimão, além da implantação da nova iluminação em LED em quatro pontos. A obra custou R$ 2.872,90.

Na Rua José Rebouças, foi feito o serviço de recuperação da escadaria, pintura do corrimão já existente e implantação da iluminação em LED em dois pontos, que foram concluídos em 29/10 deste ano, onde foram investidos R$ 1.436,45.

A POLÊMICA TAXA DE BOMBEIROS

Durante o ano de 1951, os moradores da Rua Vasco da Gama, começaram a receber a cobrança da taxa de bombeiros do Departamento de Saneamento do Estado (DSE). Isto, causou grande revolta, protestos e indignação aos moradores, pelo simples fato, o DSE ainda não havia colocado água naquela artéria. O fato foi que as cobranças continuaram vindo e os protestos continuaram, sem que o órgão tomasse qualquer providência.

A cobrança da taxa de bombeiros só deixou de ser cobrada após a Resolução Nº 17, de 4 de novembro de 1952, da Secretaria de Serviço de Contribuintes do Estado, que proibiu em definitivo a tal cobrança.

RUA FREDERICO OZANAN

A Lei Municipal Nº 1314, de 3 de julho de 1951, sancionada pelo presidente da Câmara, Wandenkolk Wanderley, decreta que a 7ª transversal à direita da rua Vasco da Gama passa a ser denominada Rua Frederico Ozanan (termina na junção da rua Úna).

O SURTO DE SARAMPO E VARÍOLA NO ALTO DA FOICE

O Jornal Pequeno, em 29 de março de 1952, publicou uma matéria sobre um surto de sarampo e varíola no bairro de Casa Amarela, nas localidades do Alto da Foice e do Morro da Conceição. E que se espalhou-se pelo Alto José do Pinho e proximidades do Mercado de Casa Amarela. Veja alguns trechos assim publicado:

Estranha epidemia em Casa Amarela – dizia o título – Toma vulto a epidemia de sarampo e varíola que vem grassando no distrito de Casa Amarela. Como que isolada do resto do mundo, uma quantidade considerável de doentes se encontra sem nenhuma assistência, no Alto da Foice. Naquele subúrbio.

Mais de vinte lares já se encontram infestados do sarampo e varicela (catapora), enquanto até o presente momento, não foi tomada nenhuma medida pelos poderes competentes, no sentido de barrar a ação da epidemia ou assistir os mais fortemente atacados pelas aludidas enfermidades.

Ao que fomos informados, pelos moradores da região assolada, já houve casos fatais nesses últimos dias, e entre os doentes se encontram, também adultos.

Dentre outras vítimas do surto epidêmico, encontramos um menino, componente do rol dos que se encontram em estado gravíssimo. Em face dessa atroz não identificada epidemia, essa criança se acha em estado de lástima e completa falta de assistência. Com dois anos de idade, a sua tíbia compleição física atesta, na balança, apenas quatro quilos, o que significa, em termos mais claros, redução categórica a pelo e ossos. Casos dessa gravidade não são raros na atual epidemia, que está vitimando as populações dos morros da Foice e da Conceição.

Aonde a profilaxia não chegou – Conclui-se, diante dessa contextura de fatos, que o Serviço de Assistência Social desconhece as condições de vida em que se acham os moradores daquelas povoações. De fato, é o que acontece no terreno da profilaxia, que deve ser elaborada por aquele departamento assistencial.

A moradora M.F.B. declarou: - “Essas doenças quando aparece por aqui, pega em todo mundo, e param somente quando acontece de aparecer outras. E aqui não há isolamento não”.

E adiantou: - “Nos hospitais não querem saber da gente, não. Os doutores sempre dizem que os hospitais estão cheios. Não faz muito tempo que aqui apareceu “bixiga” (varíola) e quase levou o morro todo. E o senhor pensa que veio doutor aqui? Qual! Só era caixão que descia, e os enterros eram todos os dias, um, dois e até três. E com essa agora não sei o que vai ser. Não é nem “bixiga” nem sarampo. Eu só sei que os doentes aparecem a toda hora”.

A reportagem do Jornal Pequeno afirmou que esteve até a região do mercado de Casa Amarela e que a epidemia já havia chegado até lá, pois constatou diversos casos, e que estava seguindo em direção à cidade. Finalizou.

Em 1952, foi implantado o subcomissariado no Vasco da Gama. Em 1985, o prefeito Joaquim Francisco inaugurou esta delegacia. Foto: Jânio Odon/VZN/15.7.2023.

DO SUBCOMISSARIADO À DELEGACIA DO VASCO DA GAMA

Através da Portaria Nº 157, de 9 de junho de 1952, a Secretária de Segurança Pública de Pernambuco criou o Subcomissariado do Vasco da Gama, situada à rua de mesmo nome, sob jurisdição da 2ª Delegacia Distrital.

Através da Portaria Nº 491, de 11 de agosto de 1961, a Secretária de Segurança Pública de Pernambuco, extinguiu o subcomissariado e criou o Comissariado do Vasco da Gama. Fazendo parte agora, da jurisdição do 3º Distrito da Capital, com a seguinte área de atuação: Ao norte, com os distritos policiais de Beberibe, Dois Unidos e Brejo dos Macacos, pelas proximidades da Estrada do Brejo (entrada da Linha do Tiro) subida do Alto do Eucalipto, córrego começando da Estrada do Visgueiro; ao sul, com o distrito policial de Casa Amarela, pela Avenida Norte, começando da rua Desembargador Fonseca Galvão até a rua da Macaíba, incluindo as estradas à direita; a leste, com distrito policial do Morro da Conceição pela rua Desembargador Fonseca Galvão, subida a rua central do Alto da Esperança, saindo na rua Dois de Fevereiro e seguindo a rua principal do Alto Nossa Senhora de Fátima (antigo Alto da Foice) até encontrar o distrito policial de Beberibe; a oeste, com os distritos policiais de Dois Irmãos e Brejo dos Macacos (atual Brejo da Guabiraba), pela rua da Macaíba e rua Cesário de Melo, Altos da Favela e Treze de Maio, até a Estrada do Visgueiro, conforme publicação.

O Diário de Pernambuco em 23 de março de 1980, publicou uma nota sobre o Posto Policial do Vasco da Gama. A nota dizia o seguinte:

SSP não aceita oferta – dizia o título – A Secretaria de Segurança Pública recursou oferta do sr. Carlos Fraga Barbosa e esposa, em ceder a casa nº 51-A, da Rua Frederico Ozanan, no Vasco da Gama, para que sem ônus, instalasse o posto policial que atualmente funciona num quartinho sobre uma farmácia.

Há cerca de um ano o posto foi despejado, por falta de pagamento (Cr$ 50,00 mensais) do antigo prédio onde funcionava, na Rua Vasco da Gama, e ficou funcionando precariamente no local onde se encontra hoje. A SSP alugou uma casa no Alto Nossa Senhora de Fátima, mas o imóvel não oferece condições de habitação.

No intuito de colaborar com o Governo e sendo proprietário de diversas casas no subúrbio, o casal colocou à disposição da SSP um prédio, mas as autoridades recusaram alegando que haviam encontrado um local para alugar.

A casa onde ficará a dependência policial está deteriorada, fica em local de difícil acesso e não oferece meios para um trabalho correto porque não há condições, ao menos de ser instalado telefone, a não ser que o Estado empregue muito dinheiro para fazer reformas imprescindíveis.

Depois de receber a declaração com os termos de responsabilidade assinado pelo sr. Carlos Fraga Barbosa, o secretário Sérgio Higino encaminhou o documento ao delegado Abel David, da Diretoria Executiva de Polícia da Capital, que mandou chamar o ofertante e lhe explicou o motivo da recusa. Finalizou.

No dia 25 de outubro de 1984, quinta-feira, o prefeito Joaquim Francisco, assinou convênio para a construção da Delegacia do Vasco da Gama.

No dia 2 de outubro de 1985, o prefeito Joaquim Francisco, inaugurou o novo prédio da Delegacia do Vasco da Gama, na Rua Vila Um Por Todos.

RUA EVERALDO VASCONCELOS

O Decreto Nº 1637, de 27 de novembro de 1956, promulgado e sancionado prefeito do Recife, Pelópidas Silveira. Fica denominada Rua Everaldo Vasconcelos, à rua transversal à Estrada do Visgueiro (prolongamento da Rua Vasco da Gama, situada no flanco da casa de nº1230. Atualmente podemos dizer que esta rua liga à Rua Vasco da Gama à Rua Tacaicó.

Cartaz do filme produzido em 1948, por John Huston. Um dos filmes clássicos exibidos durante reportagem do Diário ao Cinema Vasco da Gama em 1954. Foto: Divulgação Warner Bros.

CINE VASCO DA GAMA

No início da década de 1950, era inaugurado um cinema no Vasco da Gama, que era uma localidade do bairro de Casa Amarela, tradicionalmente um bairro que acolheu importantes cinemas desde 1913, quando inaugurou sua primeira sala cinematográfica, o Cine High Life, na Rua Padre Lemos, depois vieram o Cine Casa Amarela (1933), o Cine Rivoli (1946), o Cine Coliseu (1956) e o Cine Albatroz (1959).

A primeira referência do Cine Vasco da Gama nos jornais do Recife é de 1953, era um cinema pequeno que não tinha a importância dos grandes cinemas de Casa Amarela, todavia de grande importância para os moradores do Vasco da Gama, que por sinal exibia grandes sucessos do cinema, tanto é verdade, que o Diário de Pernambuco em 31 de dezembro de 1954, publicou uma nota à respeito, que dizia o seguinte:

Graças ao desenvolvimento em 16mm, tornou-se possível a instalação de modestos cinemas nos arrabaldes, pequenas salas desconfortáveis, mas de programação nem sempre desprezível.

Naturalmente a projeção de uma película em tamanho reduzido desfavorece uma apreciação completa da obra focada, seja pelo estado de conservação do filme, geralmente precário, ou pelas deficiências ainda não superadas que apresenta.

As dimensões menores da tela, luminosidade insuficiente, pouca nitidez das imagens e a inferioridade da parte sonora confundem, por vezes, o espectador levando-o a atribuir à realização defeitos, mormente fotográficos, resultantes da projeção.

Uma grande vantagem, porém, desses cinemas é a de proporcionar ao frequentador uma oportunidade rara de ver ou rever velhos filmes com poucas possibilidades de reprise em cinema de classe, muitas vezes obras de valor indiscutível e lugar assegurado  na história da sétima arte.

Cine Vasco da Gama, situado em Casa Amarela, enquadra-se neste caso, apesar do desconforto de suas cadeiras arrumadas em uma sala diminuta. Nele revimos aquele notável filme de guerra americano “Um punhado de bravos”, considerado clássico e incluído entre os três melhores filmes do gênero: conhecemos ao filme de John Huston, “Paixões em fúria” e ainda assistimos a esse “Fugitivos do inferno”, filme de guerra produzido pela Warner. Finalizou.

Em novembro de 1958, as tubulações de ferro fundido começaram a ser colocadas no Alto do Eucalipto. Foto: Diário de Pernambuco/1958.

OS CHAFARIZES E O ABASTECIMENTO D’ÁGUA

O abastecimento de água no Vasco da Gama começou a ser executado em 1953 pelo Departamento de Saneamento do Estado (DSE) com a implantação de chafarizes. Em 1957, o governador Cordeiro de Farias, lançou o maior programa de abastecimento de água do Nordeste, ligando os morros de Beberibe a Casa Amarela, no entanto, a demanda sempre superou a oferta e até os dias atuais, a população dos morros, córregos e alagados sofrem com o problema de escassez d’água nos morros da zona norte. Acompanhe as primeiras reivindicações, conquistas e os problemas enfrentado pela população do Vasco da Gama na luta pelo saneamento básico e o abastecimento d’água no bairro.

No dia 26 de fevereiro de 1953, o sr. José Barbosa de Souza, solicitou autorização a Prefeitura para instalar uma bomba d’água na residência nº 6, na subida do Alto do Eucalipto, em Casa Amarela.

No dia 12 de maio de 1953, o sr. Manoel Lourenço da Silva, solicitou a Prefeitura, autorização para o funcionamento de um chafariz na Rua Vasco da Gama, defronte ao nº 844, em Casa Amarela.

Através da Lei Municipal Nº 2.327, de 18 de julho de 1953, na sessão presidida pelo 1º Secretário da Câmara Municipal do Recife, Antônio Batista de Souza. Foi autorizado a Prefeitura (na gestão do prefeito José do Rego Maciel) a fazer a canalização das águas na Rua Frederico Ozanan e a instalação de um chafariz público no Córrego do Botijão.

Através da Lei Municipal Nº 4.365, de 29 de agosto de 1956, o prefeito Pelópidas Silveira decretou e sancionou a lei autorizando a construção do chafariz do Alto da Foice.

Em 1958, o governador Cordeiro de Farias, inaugurou o maior sistema de abastecimento de água do Nordeste, interligando os morros de Beberibe e Casa Amarela através das adutoras do Alto do Céu e do Alto Novo Mundo, no Vasco da Gama. Foto: Google/2023.

O Diário de Pernambuco, em 11 de setembro de 1957, quinta-feira, publicou uma matéria sobre o programa de abastecimento nos morros da zona norte do Recife e aprovação do governador Cordeiro de Farias, com a construção da estação de abastecimento d’água do Alto do Céu, em Beberibe até a estação do Alto Mundo Novo, no Vasco da Gama. A matéria dizia o seguinte:

Na tarde de ontem, o governador Cordeiro de Farias reuniu em seu gabinete os jornalistas credenciados no Serviço de Imprensa do Palácio, a fim de informar sobre o início dos trabalhos de abastecimento d’água dos morros do Recife, de acordo com relatório apresentado pelo Departamento de Saneamento do Estado (DSE) à Secretaria de Viação e Obras Públicas.

Esteve presente o secretário Arnaldo Barbalho, que inicialmente fez uma explanação completa, mostrando os gráficos da obra. Depois, o general Cordeiro de Farias afirmou: “É com satisfação que eu desejo mostrar à imprensa os gráficos e dados a cerca desta realização da Secretaria de Viação e Obras Públicas, de acordo com o relatório que acaba de me ser apresentado, cujo teor teve a minha inteira aprovação. Desde o início do nosso governo, a situação miserável da população recifense que reside nos morros da capital nos impressionou consideravelmente. Sendo um problema muito complexo, era impossível da nossa parte qualquer providência quanto ao abastecimento d’água, no atual plano de reserva existente na cidade. Somente com a concretização dos trabalhos do reservatório de Monjope se tornará possível atacar de frente este angustioso problema, que vem obrigando milhares de recifenses a comprar latas d’água e transportá-las, em grandes distâncias, para o abastecimento vital dos seus lares. Algumas medidas paliativas foram tomadas, com a construção de chafarizes e banheiros públicos, porém a obra principal será iniciada este mês, para abastecimento dos morros: Alto do Céu, Alto dos Coqueiros, Alto do Deodato, Alto do Pascoal, Alto Santa Terezinha, Alto da Serrinha, Alto José Bonifácio e Alto da Foice.”

Trabalho de grande envergadura – Por sua vez, o engenheiro Arnaldo Barbalho, secretário de Viação e Obras Públicas, disse que se espera a conclusão dos trabalhos antes do término da administração Cordeiro de Farias. Será construída uma estação de recalque, a partir do atual reservatório do Alto do Céu até o Alto Novo Mundo, onde está localizado um reservatório semienterrado com capacidade de 2.000 mil metros cúbico que vai até o Alto da Favela, onde se bifurcará. Daí um ramal abastecerá o Alto do Outeiro, em Casa Amarela, e o outro, os morros da Esperança e da Conceição, além dos altos José do Pinho e Munguba. Para o primeiro ramal estão previstos 15 chafarizes e para o Alto do Outeiro (referindo-se ao Alto Santa Izabel), distribuição domiciliar em uma área de 60 hectares, com cota, “per capita” de 300 litros por dia, a fim de melhorar as condições de abastecimento d’água de Casa Amarela. Finalizou.

No dia 11 de julho de 1958, o governador de Pernambuco, Cordeiro de Farias, inaugurou o primeiro grande sistema de distribuição de água dos morros da zona norte do Recife. A adutora partiu do Alto do Céu em Beberibe, através de um tubo de ferro fundido, cruzando os morros de Água Fria e Casa Amarela até o Alto Mundo Novo, depois trocado para “Novo Mundo”, no Vasco da Gama. Neste percurso, o sistema abasteceu 35 chafarizes.

No Alto Mundo Novo, foi construído, como havia dito, um reservatório com capacidade para 2 milhões de litros d’água, onde uma encanação abastecia o Alto da Favela, em Nova Descoberta, ali, foi feito uma bifurcação da rede, seguindo um lado para o Alto do Outeiro do Arraial (atual Alto Santa Izabel), onde abastecia em toda sua extensão 15 chafarizes.

A outra tubulação, abastecia o Alto da Esperança (Vasco da Gama), Alto do Eucalipto, Morro da Conceição, Alto José do Pinho e sua outra parte, chamada à época, de Alto do Munguba. O abastecimento d’água a partir do reservatório do Alto Mundo Novo, que estava previsto para ficar pronto dentro de quatro meses, passou um ano para ser concluído, tanto que o Diário de Pernambuco de 14 de junho de 1960, o secretário de Viação e Obras do Estado, Lael Sampaio e o diretor do Departamento de Saneamento do Estado (DSE), Aldo Salgado, ainda estivesse dando explicações a população dos morros a respeito da deficiência da distribuição de água.

No dia 24 de agosto de 1961, o prefeito Miguel Arraes de Alencar, anunciou a imprensa que, dos 40 chafarizes que estavam sendo construídos, 33 estavam prontos, incluindo o do Alto da Foice, dependendo apenas da ligação da água pelo Departamento de Saneamento do Estado (DSE). O prefeito adiantou que na semana seguinte estaria dando início a construção de mais 45 chafarizes, com verba do chamado “Acordo do Trigo” e que a aprovação do projeto foi assinada pela SUDENE. Ele adiantou que desejava atacar de maneira objetiva o abastecimento d’água das zonas pobres da cidade, de forma a que, no fim de sua gestão, o problema estivesse solucionado, pelo menos na parte essencial. Durante a construção dos chafarizes, a Prefeitura do Recife enfrentou o desabastecimento com caminhões-tanques, construídos nas próprias oficinas da Prefeitura, que abasteciam escolas e comunidades afastadas e de difícil acesso, onde uma lata d’água era vendida pela absurda importância de dez cruzeiros. Já que em média uma lata de água custava um cruzeiro. Finalizou.

O Diário de Pernambuco em 29 de maio de 1962, publicou que, com a interveniência da Sudene e o Banco do Nordeste, no mês seguinte, seria assinado um contrato entre o Departamento de Saneamento do Estado (DSE) e o Banco Internacional de Desenvolvimento Econômico (BID) um empréstimo no valor de Cr$ 1.423.511,10 (Um milhão, quatrocentos e vinte e três mil, quinhentos e onze cruzeiros e dez centavos) para ser investido na ampliação e melhoramentos na rede de água e esgotos do Recife. O jornal adiantou que, no domingo, 27 do corrente, o engenheiro João Geraldo Silva, da Secretaria de Viação e Obras viajou para Washington, levando estudos complementares do projeto solicitado pelo BID, uma vez que a parte substancial do plano do DSE, para as aquelas ampliações, já havia sido aprovada recentemente quando da visita do Presidente da República do Brasil, João Goulart, ao Estados Unidos.

O acordo desse empréstimo, determinou que o governo de Pernambuco pagasse em 30 anos, com juros de 3,5% ao ano. Na ocasião, o engenheiro Osvaldo Antônio de Barros, diretor do DSE, informou que o investimento seria feito nas regiões mal abastecidas ou onde não havia água, nem saneamento. Adiantou, que o DSE contava com 155 mil m³ de água provenientes de cinco mananciais para 66 mil residências, cabendo para cada habitante abastecido, 380 litros/dia, abrangendo um total de 400 mil habitantes. Disse que, a área urbana do Recife é de 91,3 Km² e que a rede de abastecimento só cobria uma área de apenas 31,2 Km² e com o investimento concretizado, a rede de abastecimento cobriria uma área de 24,97 Km² da cidade, excluindo-se as melhorias nas zonas já abastecidas. Adiantou ainda, que seria investidos 70 milhões de cruzeiros,  no abastecimento da zona norte do Recife, no sistema que liga a adutora do Alto do Céu em Beberibe a adutora do Alto Novo Mundo em Casa Amarela.   

O Jornal Última Hora em 11 de julho de 1962, publicou uma nota, onde o engenheiro Marcos Bottler, coordenador do plano de assistência da Prefeitura Municipal do Recife, anunciou que o chafariz do Alto do Eucalipto já estava pronto e que estava aguardando apenas a ligação de água pelo Departamento de Saneamento do Estado para entrar em funcionamento. Informou ainda, que foi negada a ligação de água para o chafariz do Alto Mundo Novo. Finalizou.

No dia 29 de agosto de 1962, a Assembleia Legislativa de Pernambuco aprovou o pedido do Requerimento nº755, de autoria do deputado Augusto Lucena, um apelo para que, em caráter de urgência, o secretário de Viação e Obras através do DSE para que fosse feita a instalação de água nas ruas do Jardim Novo Mundo, no Vasco da Gama.

No dia 30 de setembro de 1962, o secretário de Viação e Obras, Lael Sampaio, inaugurou pela manhã, os chafarizes do Alto Nossa Senhora de Fátima, no Vasco da Gama e do Alto do Visgueiro, em Nova Descoberta.

No dia 24 de novembro de 1964, O Departamento de Saneamento do Estado (DSE), publicou uma nota nos principais jornais do Recife, sobre o racionamento de água nos chafarizes e lavandarias dos morros da zona norte. A nota dizia o seguinte:

O DSE avisa a todos os consumidores residentes nas zonas servidas pelo sistema dos morros, isto é, abastecidas pelo Reservatório do Mundo Novo, incluindo os Altos do Céu (Beberibe), dos Coqueiros, Deodato, Serrinha, Foice, Favela, Esperança, Conceição, José do Pinho, Munguba e Outeiro (atual Alto Santa Izabel) que, a partir do dia 25 do corrente, todos os chafarizes e lavandarias, na área citada, passarão a funcionar no horário das 6 às 12 horas, para permitir o abastecimento de todas as áreas servidas, inclusive das áreas mais altas como o Morro da Conceição, Alto José do Pinho e adjacências. Finalizou.

No dia 17 de janeiro de 1965, o novo diretor do DSE, João Geraldo Braule, divulgou através da imprensa uma nota que dizia o seguinte:  

O DSE tem sido alvo de inúmeras críticas, mormente pelas emissoras de rádio, pelo estabelecimento de um horário para o funcionamento dos chafarizes da zona dos morros do Recife, entre Beberibe e Casa Amarela. Assim vem o DSE, pela segunda vez, apresentar de público as razões que levaram a adotar a medida ora em vigor.

O sistema de abastecimento de água nos morros foi projetado em 1958 para atender a uma rede de 45 chafarizes públicos a serem construídos nos diversos altos e córregos da zona em referência, consistindo em uma estação elevatória, construída junto ao Reservatório do Alto do Céu, uma linha de recalque até o Reservatório do Alto Mundo Novo, acumula 2.000m³ e linhas de distribuição para o Alto José do Pinho, Morro da Conceição e adjacências.

Após a construção do sistema, como projetado, surgiram inúmeros pedidos de novos chafarizes e lavandarias bem como de derivações domiciliares, não previsto no plano inicial, pedidos estes que foram atendidos, pelos mais diversos motivos fazendo com que o sistema abasteça no momento, 73 chafarizes e lavandarias e cerca de 200 derivações domiciliares.

Assim sendo, neste verão se verificou que toda a água bombeada era utilizada na zona abastecida das linhas de recalque causando absoluta falta de água na zona abastecida das linhas de distribuição, ou seja, no Morro da Conceição, Alto José do Pinho e adjacências. Evidentemente, a população prejudicada reclamou contra tal situação, quer pela imprensa, quer pelo rádio, quer na Assembleia Legislativa, quer diretamente ao DSE.

Não nos restava outra alternativa senão estabelecer um horário de funcionamento para os chafarizes, permitindo que se acumule água no Reservatório do Mundo Novo e que a zona citada possa ser abastecida nas mesmas condições que a zona do recalque. O DSE já tem em andamento estudos no sentido de aproveitar a água do subsolo para o reforço do abastecimento de água da zona norte, permitindo uma solução ampla para o problema. Finalizou.

Obs:  Na época, usava-se a palavra “lavandaria” ao invés da palavra “lavanderia”.

Em 4 de abril de 1966, o governador Paulo Guerra, inaugurou o primeiro poço profundo, dos quinze prometidos, aproveitando as águas do subsolo em Dois Unidos.

O processo de aproveitamento da água do subsolo seguiu muito lento, tanto que, em maio de 1975, só seis poços profundos haviam sido concluídos e quatro estavam em andamento. À época, o governador Moura Cavalcanti anunciou ter investido 17 milhões de cruzeiros nesta obra.

No dia 29 de agosto de 1968, o vereador José Gomes da Silva anunciou ter conseguido junto ao DSE levar a rede de abastecimento d’água para o Alto do Eucalipto, no Vasco da Gama.

No dia 21 de setembro de 1968, a Divisão de Águas da DSE informou que o abastecimento de água na zona norte do Recife estava sendo ampliada e que havia canalizado 8 Km de linhas de distribuição nos morros dos bairros de Beberibe e Casa Amarela com um orçamento de 150 mil cruzeiros novos. Entre as localidades beneficiadas consta o Alto do Eucalipto no Vasco da Gama.

O Diário de Pernambuco em 23 de julho de 1970, publicou uma nota de protesto contra o fechamento do chafariz do Alto do Eucalipto no Vasco da Gama, pelo Saner (Saneamento do Recife). A nota dizia o seguinte (trechos):

A água era obtida por dos chafarizes. Não era dada aos habitantes dos morros, dos altos e dos córregos, mas vendida. Água muita ou escassa, em conta ou sem ela, havia. Pois, agora, a acreditar no vereador Augusto Lins e Silva, nem isso.

O Saner retirou de um Alto, o do Eucalipto, o chafariz. Este chafariz servia a contento, ao Vasco da Gama, que se configura geograficamente como morro, alto e córrego; Vasco da Gama é, no aglomerado residencial do Recife, uma localidade com todas as suas características de qualificação.

De acordo com a resenha dos trabalhos da Câmara Municipal, o vereador Augusto Lins e Silva promete levar a frente do Palácio dos Despachos cerca de vinte mil habitantes daquela zona. Esses habitantes lavrariam o protesto da zona contra o ato da Saner; diriam ao governador que a água do chafariz, eles a compravam a bom preço: bem ou mal, servia a população; agora ruim com ele, pior sem ele.

Está, portanto, a população do Alto do Eucalipto, sem água para beber, sem água para lavar a roupa, sem água para cozinhar os alimentos. Apenas, rendidos à fatalidade, com as águas das chuvas, já que a da enchente não alcança os córregos, os morros e os altos.

O Saner tem a função precípua de dar água aos recifenses: boa água; água clorada; água isenta de impurezas; água que sirva ao anseio corporal, as necessidades caseiras, à sede. O protesto, acompanhado de ameaça do vereador Augusto Lins e Silva de concentração reivindicatória em frente ao Palácio dos Despachos dos prejudicados, salvo engano da intenção, levará a chefia do executivo vinte mil pessoas indignadas, iguais no gesto às antigas e sempre mal interpretadas passeatas da fome de saudosa memória. A menos que o Saner, em tempo, torne sem efeito o absurdo dispositivo. Finalizou.

O Diário de Pernambuco em 25 de fevereiro de 1972, publicou uma matéria sobre os melhoramentos no abastecimento de água na zona norte do Recife, beneficiando comunidades dos morros do Vasco da Gama. A matéria dizia o seguinte:

Os habitantes dos morros da Zona Norte da cidade – 240 mil pessoas – serão beneficiadas a partir de setembro, com a conclusão, pelo Saner (que antecedeu a Compesa), da primeira etapa do sistema de abastecimento d’água daquela área. Segundo as determinações do programa do governador Eraldo Gueiros Leite, o abastecimento d’água dos morros será feito através de quatro reservatórios, sendo que três já estão concluídos: os de Dois Unidos, Alto do Jenipapo e do Alto do Novo Mundo, faltando apenas terminar o do Alto do Deodato.

O sistema de abastecimento, cujo custo global será de sete milhões de cruzeiros, será financiado pelo Banco Nacional de Habitação (BNH) e pelo Saner. ...o sistema foi dividido em quatro áreas de ação. A área 3 beneficiou: Morro da Conceição, Alto da Esperança (Vasco da Gama), Alto José do Pinho, Alto Nossa Senhora de FátimaAlto do Eucalipto, Alto José Bonifácio e o Alto Mundo Novo.

No projeto de financiamento da parte final do sistema de abastecimento dos morros, que será encaminhado ao BNH, pelo secretário Armando Cairutas, consta solicitação de recursos, visando a colocação de uma pena d’água em cada residência popular.

Com a conclusão dos trabalhos, inclusive a rede distribuidora, que faz parte da segunda etapa, a mortalidade infantil por consequências hídricas, será diminuída de 36 para 1, entre mil crianças nascidas. Impressionado com as estatísticas do SESP, o governador Eraldo Gueiros Leite deu prioridade à conclusão do sistema de abastecimento dos morros do Recife, pois cerca de 1.750 crianças serão salvas mensalmente. Finalizou.

O Diário Oficial do Estado, em 27 de outubro de 1978, publicou: A Compesa desativa os chafarizes nº 5, no Alto da Foice e o de nº 92, na Rua Cesário de Melo, no Vasco da Gama, devido a implantação da rede de distribuição de água na região. Finalizou.

Na sessão do dia 31 de outubro de 1979, na Assembleia Legislativa, o deputado Eduardo Pandolfi faz um pronunciamento sobre a falta d’água e saneamento em Casa Amarela, Vasco da Gama e Nova Descoberta.

O Diário de Pernambuco em 16 de maio de 1983, publicou uma nota sobre os problemas de abastecimento d’água no Alto Nossa Senhora de Fátima e o apelo do vereador Carlos Eduardo e de toda a comunidade. A Nota dizia o seguinte:

Comunidade de Alto em Casa Amarela há muitos dias sem água – dizia o título – O vereador Carlos Eduardo, requereu que seja encaminhado à Compesa pedido de providências urgentes no sentido de regularizar o abastecimento de água do Alto de Nossa Senhora de Fátima, no Vasco da Gama. Paralelamente, solicitou à Prefeitura que suste o início de qualquer obra de urbanização naquele bairro, até que a Compesa regularize os serviços de abastecimento de água, pois, se os serviços iniciados agora, terão que ser destruídos na época em que a Compesa decidir solucionar o problema da água. A proposta originou-se em abaixo-assinado com mais de 900 signatários, através do qual a comunidade da área apresentou reivindicações agora encaminhadas à mesa da Câmara.

“De fato é com pesar que registramos as infindáveis contas duplas, cobradas acintosamente pela Compesa, assim como inúmeras áreas onde a Compesa passa por perto e não se instala, ou aquelas onde a Compesa se instala e não funciona. Isso, sem falar nos critérios arbitrários para a definição das tarifas ou na imoral e arbitrária multa de 10% imposta a quem atrasar o dia de seu pagamento”, disse o vereador.

Diante das dificuldades com a falta d'água, os moradores do Alto do Eucalipto buscam água nos canos da rua. Foto: Jornal do Commercio/Recife/1983.

Referindo-se especificamente ao Alto de Nossa Senhora de Fátima, explicou que “ali a Compesa se instalou, através de dois canos-troncos, um deles se estendendo até o Alto do Eucalipto. Apesar disso, só existe água durante o curto período compreendido entre três e quatro horas da madrugada. A água é pouca, e chega num horário quase inútil, mas a conta é a mesma.

Quando se instala numa área de baixa renda, a Compesa o faz sem a respectiva instalação dos hidrômetros residenciais. Alega para isso a velha e surrada desculpa da falta de recursos. E o que é que daí resulta? Resulta a definição arbitrária de uma tarifa, estipulada por metro quadrado de área construída. Além do inconveniente de nivelar consumidores de poder aquisitivo diferente. Este mecanismo impossibilita conhecer o consumo real de água, por unidade residencial”.

Quanto à necessidade de urbanização da área, afirmou que “ali não existe transporte coletivo, não existe entrega de gás em domicílio, as ruas são esburacadas, as barreiras sem escoras, as estradas sem iluminação e as casas sem água.

Foi, talvez, por reconhecer esse criminoso abandono que a Prefeitura mandou instalar um barracão na área e anunciou que a edilidade pretende iniciar alguns trabalhos de urbanização no local, particularmente o calçamento de ruas. Acontece que tais problemas se sobrepõe o problema crônico do abastecimento de água. Preterir este último, em razão dos primeiros, é se condenar a realizar hoje o que será inevitavelmente desmantelado amanhã. Não se nega a importância das obras de urbanização previstas. Nega-se o irracionalismo do seu encaminhamento, sem antes resolver o seríssimo problema da água. Ao prefeito compete, então, entrar em urgentes entendimentos com a diretoria da Compesa, e só a partir daí acionar a máquina administrativa no sentido da urbanização”.

No dia 27 de maio de 1983, uma comissão de moradores do Alto Nossa Senhora de Fátima, foram até a Prefeitura, acompanhado do vereador Carlos Eduardo, e cobraram do prefeito Joaquim Francisco, o pleito acima citado.

No dia 7 de novembro de 1985, a Prefeitura do Recife e a Compesa através de convênio, passou para a Associação de Moradores do Alto Nossa Senhora de Fátima, os direitos de explorar os serviços do chafariz da comunidade, cabendo aos moradores, o pagamento de uma pequena taxa para limpeza e manutenção do chafariz. Já que o chafariz era na ocasião, uma das poucas fontes de água potável naquela localidade.

No dia 11 de setembro de 1990, o deputado José Amorim, fez um apelo à direção da Compesa na bancada da Assembleia Legislativa, para que fosse adotadas providências para regularização no serviço de abastecimento d’água da Rua Frederico Ozanan, especialmente na 2ª subida da entrada do Córrego do Botijão, no Vasco da Gama.

O deputado José Amorim disse: “Que há três meses, não tem água nas torneiras. Os moradores se abastecem de um poço que fica a cerca de duzentos metros. A dificuldade é muito grande para abastecer as casas, principalmente nos dias de chuva”, concluiu.

Padre Severino Santiago passou 36 anos à frente da Paróquia de São Sebastião (1954 a 1991). Foto: Diário de Pernambuco/1960 .

PADRE SEVERINO SANTIAGO E A IGREJA DE SÃO SEBASTIÃO

O padre Severino Gomes Santiago, foi um personagem marcante, carismático e ao mesmo tempo, controverso. Ele, que foi um lutador ferrenho pelas construções da igreja, da casa paroquial e da escola, todas com a mesma denominação, São Sebastião. Defensor da comunidade em busca de soluções dos problemas sociais, econômicos, culturais e religiosos da fé católica no Vasco da Gama e em Casa Amarela. O padre Severino, entre 1954 e 1962, conseguiu subvenções diversificadas e um montante significativo de Cr$ 1.000.000,00 (Um milhão de cruzeiros) para a construção da igreja e da escola, junto à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).

Em 1960, prestou queixa à polícia contra dois, segundo ele, ex-padres, que estavam pedindo donativos e fazendo, segundo ele, pregações subversivas na comunidade.

Em 1979, durante a visita de frei Damião ao Vasco da Gama, uma moradora em estado de histeria diante do frei capuchinho, acabou levando um beliscão do padre Severino, para voltar a normalidade.

Durante os anos de 1980, transformou uma área no âmbito da igreja, em baile dançante, denominado “Conselho”, onde o forte era o som das discotecas, o pop e as músicas lentas internacionais, sob o olhar atento do pároco, que não admitia muita intimidade entre os casais que dançavam. O chamado “sarro”, era proibido e o casal era chamado a atenção. Fatos que veremos mais adiante, e que demonstra a personalidade forte deste padre que fez parte da história do Vasco da Gama.

O padre Severino Gomes Santiago, nasceu em 25 de novembro de 1929, no município de Vitória de Santo Antão – PE. Sua preparação sacerdotal aconteceu no Seminário de Olinda e foi ordenado sacerdote, das mãos do arcebispo Dom Antônio de Almeida Moraes Júnior, em 28 de novembro de 1954. Serviu durante 36 anos à Paróquia do Vasco da Gama. Faleceu em 23 de abril de 1991. Depois de seu falecimento, já estiveram à frente da paróquia, os párocos: Dom Beda, padre Paulo Sérgio Vieira Leite, padre Ediberto Alves, padre Reinaldo Jacinto e desde 5 de outubro de 2003, o padre Amarílio Machado de Sousa, conhecido como o padre do “Correio da Amizade”.

A igreja de São Sebastião em forma de galpão, no Vasco da Gama, erguida em 1956. Foto: Arquivo da Paróquia São Sebastião.

A pedra fundamental da Paróquia de São Sebastião, no Vasco da Gama, foi implantada em 18 de dezembro de 1955. A igreja de São Sebastião, tornou-se paróquia em 9 de janeiro de 1956, sendo desmembrada da Paróquia Bom Jesus do Arraial, conhecida como “Igreja da Harmonia”, em Casa Amarela.

Em 2 de maio de 1957, o padre Severino Santiago, cria a entidade religiosa “Obras Sociais da Paróquia do Vasco da Gama” e no dia 23 de maio, registra o seu estatuto, que consta que tem como finalidade, prestar assistência religiosa, educativa e social à população do Vasco da Gama e adjacências.

A antiga Escola Vasco da Gama inaugurada em 1957, recebeu em 2008, nova denominação,   Professora Almerinda Umbelino de Barros. Foto: Jânio Odon/VZN/15.7.2023.

ESCOLAS

Através da Lei Municipal Nº 3.755 de 22 de setembro de 1955, sancionada e promulgada pelo Presidente da Câmara, Rui Rufino Alves, concedeu crédito especial de Cr$ 50.000,00 (cinquenta mil cruzeiros), para auxiliar à construção da Capela Escola do Alto da Favela, no Vasco da Gama.

No dia 1º de fevereiro de 1957, o governador Cordeiro de Farias inaugurou a Escola Mínima do Vasco da Gama.

Diário Oficial do Estado em 2 de agosto de 1960, publicou o decreto, sancionado pela Assembleia Legislativa, abertura de um crédito especial até a quantia de 3 milhões de cruzeiros, destinado a aquisição de um terreno e construção de um Grupo Escolar no Alto da Favela, no Vasco da Gama. Financiamento com verba do Fundo de Desenvolvimento Econômico.

O deputado Luiz de França Costa Lima, subiu à tribuna anteriormente, em 20 de junho daquele ano, para justificar a liberação do crédito e da construção da escola:

“O Alto da Favela é um dos morros de Casa Amarela com maior densidade de população. Para os morros corre a população pobre, a massa operária do Recife, onde os preços dos terrenos ainda são a eles inacessíveis. O arrabalde de Casa Amarela tem uma população de 180 mil habitantes e possui apenas quatro grupos escolares do Estado...Constitui um problema seríssimo conseguir uma matrícula em qualquer desses grupos escolares ficando a gente pobre sem ter para quem concorrer desde que todos hoje em dia já demonstram real interesse em educar os filhos, única esperança de melhores dias para os desajustados pela fortuna.

Não sei de crime maior do que o Estado deixar de dar a devida assistência escolar a juventude necessitada, uma vez que as classes mais favorecidas podem colocar os filhos nos colégios particulares e, deste modo, suprir a falha o que já não se pode processar com a massa operária. No Morro da Favela, no Vasco da Gama, residem milhares de famílias, tanto que a Prefeitura em boa hora, pavimentou a íngreme ladeira que dá acesso aquele morro, tendo o Saneamento do Estado iniciado durante o governo do general Cordeiro de Farias o serviço de abastecimento d’água com a construção do reservatório do Mundo Novo em boa hora prosseguindo pela atual administração. Ali existem mais de mil crianças em idade escolar sem que haja uma única escola estadual.

A construção do Grupo Escolar, ora pleiteada é de uma oportunidade indiscutível. É alfabetizando a criançada que as nações progridem. E felizes os governantes que podem com ufania afirmar que abriram as luzes do saber a centenas de criancinhas pobres para quais tal prêmio era de todo impossível consegui-lo sem ajuda do poder público. Todos sabem que o Recife conta com atualmente com perto de 100 mil crianças sem escolas e esse estado de coisas não deve perdurar. Entendo assim que o projeto em apreço será com entusiasmo aprovado por este plenário e de certo contará com a decisiva colaboração do Exmo. Sr. Secretário de Educação realmente interessado na solução dos mais graves problemas da Secretaria entre os quais avulta o do ensino nos morros da capital”. Finalizou.  

No dia 28 de dezembro de 1960, foi fundada a Escola de Corte e Costura no Alto da Favela, no Vasco da Gama, pela srª Maria José Rodrigues da Silva.

O Diário de Pernambuco em 12 de março de 1961, publicou uma nota onde o governador de Pernambuco, Cid Sampaio, inaugurou 38 escolas primárias na zona norte do Recife, sendo seis no Vasco da Gama. A nota dizia o seguinte:

O governador Cid Sampaio, acompanhado pelo seu secretariado, e pelo presidente do Serviço Contra o Mocambo, sr. Paulo do Rangel Moreira, vai inaugurar, hoje pela manhã e à tarde, 38 novas escolas instaladas em tempo recorde, pelo Grupo de Trabalho da Promoção Social (GTPS) nas zonas de Casa Amarela, Nova Descoberta e Vasco da Gama.

As escolas foram equipadas com mobiliário apropriado e de acordo com as modernas técnicas pedagógicas. O seu professorado foi selecionado em testes dirigidos pelo assessor técnico do GTPS, professor José Rafael de Menezes.

As novas escolas estão localizadas nas seguintes zonas: Duas no Alto do Eucalipto e outras quatro, no Alto Nossa Senhora de Fátima, Alto Mundo Novo, Alto da Esperança e Alto da Favela... (Finalizou). 

O Diário Oficial do Estado, em 27 de julho de 1965, publicou: Extrato dos estatutos da Escola Nossa Senhora de Fátima, situada na rua Jardim Novo Mundo, nº202, Vasco da Gama, Casa Amarela. A escola de ensino jardim da infância, primário e admissão para as crianças pobres de ambos os sexos, além do curso de corte e costura para senhoras e senhoritas pobres. Diretora: Clemilda Correia de Lima, residente no mesmo endereço da escola. O Estatuto havia entrado em vigor em 20 de outubro de 1964.

O Diário Oficial do Estado em 26 de agosto de 1965, publicou uma nota sobre a avaliação do SENEC- Instituto de Pesquisas Pedagógicas, sobre a situação das escolas públicas do Recife no ano letivo de 1964. As escolas da zona do Vasco da Gama tiveram a seguinte avaliação:

Escola Reunida do Alto da Favela havia duas salas de aula, dois professores e 75 alunos, 01desistente, sendo aprovados 62 alunos.

Escola Reunida Hercílio Celso, localizada no Jardim Vasco da Gama, havia quatro salas de aula, quatro professores e 163 alunos, 24 desistentes, sendo aprovados 105 alunos.

Escola Reunida Nossa Senhora de Fátima, havia doze salas de aula, doze professores e 450 alunos, 42 desistentes, sendo aprovados 286 alunos.

Escola Reunida Santa Maria Goretti, havia duas salas de aula, dois professores e 77 alunos, 07 desistentes, sendo aprovados 50 alunos.

Escola Reunida São Sebastião, havia sete salas de aula, sete professores, 314 alunos, 19 desistentes, sendo aprovados 213 alunos.

Escola Reunida Vasco da Gama, havia duas salas de aula, dois professores, 82 alunos, 20 desistentes, sendo aprovados 51 alunos.

O Decreto Municipal Nº 10.699 de 8 de março de 1976, sancionado pelo prefeito do Recife, Antônio Farias. Criou 99 unidades da Fundação Guararapes, entre elas: Escola Vasco da Gama, na Estrada do Visgueiro; Escola Reunida São Sebastião, na Rua Vasco da Gama, 555; Escola Mínima Santo Antônio, no Alto da Favela, s/nº; Escola Mínima Círculo dos Trabalhadores Cristãos, Rua Congonhas, s/nº.

Encontramos ainda duas referências no ano de 1979, da existência de mais duas escolas no Vasco da Gama, são elas: Escola Mínima Dom Antônio de Almeida Morais Júnior, localizada no Alto Nossa Senhora de Fátima s/nº. E a Escola Gratuita de Crianças Pobres de Pernambuco, localizada na rua Vasco da Gama, nº 588.

No dia 23 de abril de 1982, terça-feira à noite, o prefeito Gustavo Krause inaugurou a Escola do Alto da Esperança, no Vasco da Gama.

No dia 8 maio de 1982, num sábado, o prefeito Gustavo Krause inaugurou mais uma escola municipal no Vasco da Gama. Foi a Escola Nossa Senhora de Fátima, no Alto de mesmo nome.

No dia 15 de dezembro de 1983, o secretário de Educação e Cultura do Recife, professor Humberto Vasconcelos entregou no Teatro do Parque, localizado na rua do Hospício,  à cerca de 5 mil alunos de 36 escolas da Fundação Guararapes, das localidades da Várzea, Torrões, Santo Amaro e Vasco da Gama, os certificados de conclusão dos cursos de Qualificação Profissional: datilografia, manicure, corte e costura, crochê, desenho, pintura, cerâmica, bordado a mão e a máquina, cabeleireiro, culinária, confeitaria, além dos cursos industriais.

O secretário Humberto Vasconcelos, explicou que o órgão mantem centros de qualificação industrial dotados de modernos equipamentos e em condições de atender a grandes encomendas e produzir em escala industrial.

Na ocasião, foi instalada uma exposição no hall do Teatro do Parque, com trabalhos confeccionados pelos alunos concluintes da Fundação Guararapes, onde permaneceu durante toda semana. Um desfile de roupas esportivas confeccionadas pelos concluintes encerrou as festividades.

No dia 3 de agosto de 1984, foi lançado na Escola Vasco da Gama, em primeira mão, o Projeto Escola-Produção com um investimento de 25 milhões de cruzeiros em equipamentos destinados às atividades de marcenaria, solda e mecânica geral. O projeto foi patrocinado através de convênio entre Ministério da Educação e a Organização dos Estados Americanos (OEA).

O Projeto Escola Produção consistia em agregar a atividade regular da escola num processo de aprendizagem profissional do qual resultaria em ações lucrativas em favor do jovem estudante no sentido de evitar a evasão nas escolas pelos alunos que necessitavam trabalhar, e assegurar à comunidade mais pobre o acesso a modalidade de preparação profissional.

A presidente da Fundação Guararapes, professora Aureci Bione, informou naquela ocasião, que, no início os alunos realizariam o trabalho a nível de aprendizagem, conforme orientações do prefeito Joaquim Francisco. Numa segunda etapa, os alunos produziriam material para vender, podendo assim, contribuir para o aumento da renda familiar, através da comercialização de bens ou serviços por eles produzidos.

Cento e vinte alunos da Escola Vasco da Gama da 7ª e 8ª série na faixa etária de 15 a 18 anos, iniciaram as aulas de marcenaria, solda e mecânica geral. Finalizou.

No dia 3 de novembro de 1986, o prefeito Jarbas Vasconcelos, inaugurou a Escola Municipal Professor Aderbal Jurema na Rua Vasco da Gama, 588, em Casa Amarela. A escola fazia parte da Fundação Guararapes e funcionou em três turnos e atendeu a mais de 150 alunos, com curso profissionalizante – cabeleireiro, manicure, culinária e arte decorativa.

Em 1995, a Escola Boa Esperança, no Alto de mesmo nome, foi a primeira escola municipal no Vasco da Gama a matricular alunos com deficiência física, visual e auditiva.

O Diário Oficial do Estado em 7 de março de 1997, informou que a Escola São Sebastião no Vasco da Gama, sofreu um incêndio e teve móveis e equipamentos destruídos.

Escola Municipal Professor Aderbal Galvão. Foto: Jânio Odon/VZN/15.7.2023.

O Diário Oficial do Estado em 21 de março de 1998, publicou que todas as escolas municipais do Recife seriam interligadas à internet através de linha telefônica, entre elas as escolas: Aderbal Galvão, Octávio Meira Lins e Vasco da Gama. A nota dizia o seguinte:

Todas as escolas da rede municipal estarão interligadas à internet até o final do ano. Ontem, pela manhã, a Secretaria de Educação do Recife recebeu da Telpe a relação de novas linhas eletrônicas que ligarão as unidades de ensino de primeiro grau (que oferecem ensino da 5ª a 8ª séries) com o mundo.

A internet nas escolas mantidas pela Prefeitura do Recife faz parte da segunda parte do Programa Nacional de Informática na Educação, ações desenvolvidas pelo MEC – Ministério de Educação e Cultura, em algumas cidades onde foram implantados a Telemática e os Núcleos de Tecnologia.

As escolas municipais contempladas com novas linhas no bairro do Vasco da Gama são: Aderbal Galvão (4418666), Octávio Meira Lins (4419535) e Vasco da Gama (4419694). Finalizou.

Através da Lei Municipal Nº 16.735, de 28 de fevereiro de 2001, sancionada pelo prefeito João Paulo de Lima e Silva, denomina Escola Municipal Santa Maria Goretti, situada na rua de mesmo nome, 271, Vasco da Gama.

O Decreto Municipal Nº 19.018, de 14 de novembro de 2001, sancionado pelo prefeito João Paulo de Lima e Silva, formalizando a criação e o funcionamento de escolas da rede municipal de ensino, escolas oriundas da rede estadual, sendo elas: Escola Aderbal Galvão, rua Vasco da Gama, 399, funciona desde 04/02/1984; Escola Boa Esperança, rua Pedra Bonita, S/Nº, Vasco da Gama, funciona desde junho de 1982; Escola Dom Lamartine Soares, Alto do Eucalipto, S/Nº, Vasco da Gama, funciona desde outubro de 1985, (atualmente, funciona no Brejo de Beberibe); Escola Octávio de Meira Lins, rua José de Rebouças,141, Vasco da Gama, funciona desde maio de 1982; e Escola Santa Maria Goretti, no Córrego do Botijão, 271, Vasco da Gama.

O Decreto Municipal Nº 19.875, de 11 de junho de 2003, assinado e sancionado pelo prefeito João Paulo de Lima e Silva, criou as escolas profissionalizantes da rede municipal. Escola Profissional Professor Aderbal Jurema, rua Vasco da Gama, 588, funcionava desde 3 de outubro de 1986; e Escola Profissional Professor Moacir de Melo Rêgo, rua Vasco da Gama, S/Nº, funcionava desde 1961. Atualmente estas duas escolas profissionalizantes estão desativadas.

Professora Almerinda Umbelino de Barros, desde os treze anos, sempre quis ser professora e lecionou por mais de 65 anos, maior tempo em atividade do Recife. Fanpage: Cineclube Vasco/facebook.

A Lei Municipal Nº 17.519, de 29 de dezembro de 2008, assinado e sancionado pelo prefeito João da Costa Bezerra Filho, substituiu o nome da Escola Vasco da Gama para Escola Municipal Professora Almerinda Umbelino de Barros. Projeto de lei nº 97/2008, de autoria do vereador José Antônio.

O Decreto Municipal Nº 24.615, de 22 de junho de 2009, assinado e sancionado pelo prefeito João da Costa Bezerra Filho, criou a Escola Municipal Chico Science, na rua Santa Maria Goretti, 271, Vasco da Gama. Atualmente esta escola funciona na Rua Catigua, 5449, Vasco da Gama.  

Santuário de Nossa Senhora de Fátima, situado no Alto de mesmo nome (antigo Alto da Foice). Foto: Google/2023.

ALTO DA FOICE MUDA DE NOME

Foi em 1955 que o Alto da Foice passou a denominar-se Alto Nossa Senhora de Fátima.

DESORDEM NA RUA DOIS DE FEVEREIRO

O Jornal Pequeno, em 17 de dezembro de 1955, publicou uma nota onde relatava que um grupo de pessoas estavam praticando desordem na Rua Dois de Fevereiro no Vasco da Gama. A nota dizia o seguinte:

Despudor, jogo de azar e agressões na Rua 2 de Fevereiro – dizia o título – Como toda grande cidade, Recife possui inúmeros problemas dentre os quais a falta de policiamento que há em determinados pontos. Veja-se o que acontece à Rua 2 de Fevereiro, no Vasco da Gama. Segundo informações, em frente da Padaria nº 516, de propriedade de Amaro Galdino, agrupa-se um bom número de desocupados e menores delinquentes, que falta com o respeito devido às famílias, proferindo toda sorte de pornografias, atentando, inclusive, o pudor de senhorinhas e promovendo constantes brigas. As desordens e agressões se sucedem, sendo de salientar ainda que campeia também ali o jogo de azar, tudo por culpa do descaso das autoridades policiais. Em nome das famílias residentes à Rua 2 de Fevereiro apelamos para quem de direito a fim de que cesse esse lamentável estado de coisas. Finalizou.

ORGANIZAÇÕES COMUNITÁRIAS

Os movimentos sociais comunitários no Vasco da Gama, surgiram na década de 1950 e se tornaram mais intensos nas décadas de 1960 e 1980. O primeiro movimento comunitário que surgiu no Vasco da Gama, veio através dos comerciantes da localidade denominado Patronato Sagrado Coração, no final da década de 1950, movimento de união e organização do comercio local. Havia ainda, a Associação de Bairro do Vasco da Gama, cujo o presidente era o sr. João Gomes de Melo.

Entre 1954 e 1955, A Secretária de Segurança Pública de Pernambuco, cria uma lista de associações comunitárias da Região Metropolitana do Recife e que ficam sob investigação no combate ao comunismo, as consideradas células comunistas. As associações do Vasco da Gama inseridas nesta lista, estão: Associação Feminina em Defesa do Lar, do Alto do Eucalipto; Associação do Córrego do Botijão; Associação do Alto do Eucalipto e Associação de Bairro do Vasco da Gama.

No início dos anos de 1960, surgiu uma grande associação comunitária denominada Associação Pró-Engrandecimento do Vasco da Gama, com o propósito de conquistar melhorias estruturais para o Vasco da Gama, como: melhoria na coleta de lixo, construção de chafarizes públicos, melhoria no fornecimento de energia elétrica e água, melhoria no transporte e calçamento das ruas, etc. Ainda nesta década, surgiram o Centro Social Jardim Vasco da Gama e o Círculo Operário do Vasco da Gama.

No dia 15 de abril de 1962, foi criado o Círculo Operário do Vasco da Gama, com o objetivo de coordenar a ação dos sócios, a fim de promover a elevação da classe operária e prestar assistência.

Relatório do DOPS, consta a criação do Conselho de Moradores, com o apoio de dom Helder Câmara. Fonte: SSP/DOPS/APEJE. Extraído do trabalho acadêmico da pesquisadora do Departamento de Sociologia da Fundaj, Maria do Céu Cézar.

Em 1971, a Associação de Bairro do Vasco da Gama, durante a ditadura militar, sofreu forte pressão do regime por ser considerada uma associação de comunistas, para fugir da perseguição, resolveu dissolvê-la e a transformá-la num Conselho de Moradores. Todavia, a Delegacia da Ordem Política e Social (DOPS), não deu trégua e continuou a espioná-la, principalmente porque tinha o apoio do arcebispo de Olinda e Recife, dom Helder Câmara, o religioso mais perseguido pelo regime, considerado subversivo e comunista.

No dia 10 de outubro de 1978, a Assembleia Legislativa de Pernambuco, doou Cr$ 2.000,00 (dois mil cruzeiros) para a Associação de Assistência e Amparo dos Menores do Alto da Favela, no Vasco da Gama.

No dia 2 de janeiro de 1979, as senhoras, Doralice Brasil da Silva (presidente) e Marineide Alves da Silva (vice), fundaram o Grupo de Mães “Mãe Dora” com sede provisória à Rua Cassatuba, 78, no Vasco da Gama.

No dia 15 de novembro de 1980, o senhor José Belarmino Gomes de Araújo (presidente), fundou o Conselho Comunitário do Vasco da Gama, com sede à Rua Vasco da Gama, 555, Casa Amarela.

No dia 1º de janeiro de 1982, o senhor Manoel Paixão de Lira (presidente), fundou a Associação Comunitária do Jardim Vasco da Gama, com sede provisória à Rua das Acácias, 57, no Vasco da Gama.

No dia 2 de janeiro de 1982, o senhor Sebastião Antônio da Silva (presidente), fundou a Associação de Moradores do Vasco da Gama, com sede provisória à Rua Itaporá, 121, Casa Amarela.

No dia 15 de junho de 1983, os senhores, Severino Sebastião da Silva (presidente) e José Gomes da Silva (vice), fundaram a União dos Moradores do Alto do Eucalipto, com sede no mesmo Alto, 786, Vasco da Gama.

No dia 20 de agosto de 1983, os senhores, Severino dos Santos (presidente) e Lucivaldo Lourenço da Silva, fundaram o Grupo de Trabalho de Assistência Popular (GTAP), com sede à Rua Doze de Julho, 131, Vasco da Gama. Sociedade civil, direito privado de caráter filantrópico.

No dia 1º de janeiro de 1985, as senhoras, Maria Auxiliadora da Silva (presdente) e Maria do Carmo de Oliveira (vice), fundaram a "União de Mulheres e Jovens “Nossa Senhora do Carmo”, com sede provisória à Rua Everaldo Vasconcelos, 63, Vasco da Gama.

Associação de Moradores do Visgueiro, fundado em 1985. Foto: Jânio Odon/VZN/15.7.2023.

No dia 25 de janeiro de 1985, os senhores, Sebastião Antônio de Araújo (presidente) e José Tadú da Silva (vice), fundaram a Associação de Moradores do Visgueiro, com sede à Rua Vasco da Gama, 1576, Casa Amarela.

No dia 2 de fevereiro de 1986, as senhoras, Maria José Barbosa de Souza (presidente) e Mirian Batista do Nascimento (vice), fundaram a União de Senhoras e de Jovens do Bairro do Vasco da Gama, com sede à Rua Frederico Ozanan, 489, Vasco da Gama.

No dia 15 de março de 1986, as senhoras, Albertina da Conceição Araújo (presidente) e Gilda Marques da Silva, fundaram a Sociedade Clube das Onze, com sede na Vila Um por Todos, quadra 7, lote 70, Vasco da Gama.

No dia 16 de janeiro de 1987, era fundada a Associação dos Moradores das Ruas Frederico Ozanan, Carola e Santa Maria Goretti, com sede provisória à rua Frederico Ozanan, 11, Vasco da Gama.

No dia 23 de abril de 1987, as senhoras, Maria de Lurdes da Silva (presidente) e Zegita Ferreira da Silva (vice), fundaram "Grupo de Mães “Mulheres em Ação”, com sede à Rua Alto Treze de Maio, S/Nº, Vasco da Gama. O grupo desenvolvia assistência educacional e ocupacional na comunidade.

No dia 9 de dezembro de 1987, as senhoras, Josefa Maria da Silva (presidente) e Maria do Socorro da Silva (vice), fundaram a Associação de Mulheres do Alto Treze de Maio, com sede à Rua Alto Treze de Maio, 5640, Vasco da Gama.

No dia 21 de março de 1988, o sra. Maria da Conceição de Amorim (presidente) e o sr. Severino Adelino Cândido (vice) fundaram o Conselho de Moradores do Alto da Esperança, com sede provisória à Rua Nordeste, 125, Vasco da Gama.

No dia 11 de maio de 1988, os senhores, Nilton João Gomes de Lima (presidente) e Augusto Silva (vice), fundaram a União de Moradores do Alto da Esperança, com sede provisória à Rua Girassol, 104, Vasco da Gama.

No dia 16 de fevereiro de 1993, o sr. José Antônio da Silva (presidente) e a sra. Íris Maria da Silva, fundaram o Centro Social Maria Joana da Silva, com sede à Rua Vasco da Gama, 586, Casa Amarela.

No dia 14 de junho de 1993, os senhores, Elieze José da Silva (presidente) e Eliabe Ferreira da Silva (vice), fundaram o Centro de Apoio Comunitário Vasco da Gama- Casa Amarela, com sede provisória no Armazém Bonzão, 572, Vasco da Gama.

O POSTO SHELL

Em 4 de agosto de 1958, a Shell solicitou a Prefeitura do Recife, autorização para construir um box para lavagem e lubrificação de automóveis no terreno situado na Avenida Norte, esquina com a Rua Vasco da Gama. Publicado no Diário Oficial do Estado em 8 de outubro do corrente ano. O box se transformou-se no tradicional posto de combustíveis da Shell. Ponto de referência para as pessoas que iam conhecer o bairro. Depois da pandemia da covid-19, a empresa desativou o posto após 62 anos de funcionamento.

Coletores de lixo da DBEP que faziam a remoção do lixo no Vasco da Gama. Foto: Diário de Pernambuco/1959.

EM 1959, MORADORES DA RUA DOIS DE FEVEREIRO PROTESTARAM CONTRA A FALTA DA COLETA DE LIXO.

O Diário de Pernambuco em 30 de agosto de 1959, publicou uma nota sobre a precária coleta do lixo feito pelo Departamento do Bem- Estar Público – DBEP, criado pela Lei Municipal Nº 2.198, em 19/5/1953, e o uso indevido do recém-construído Canal do Vasco da Gama, para o escoamento do lixo praticado pelos moradores da Rua Dois de Fevereiro, no Vasco da Gama. A nota dizia o seguinte:

Caminhão do lixo nunca aparece; quando aparece é na carreira – dizia o título - Faz mais de uma semana que o caminhão do DBEP não passa pela Rua Dois de Fevereiro, no arrabalde do Vasco da Gama (e tal irregularidade vem se dando de vez em quando e até por mais de uma semana). Em consequência disso, os moradores, muitos deles, jogam o lixo acumulado dentro do canal ali construído para conter as águas que descem dos “altos” e morros circundantes.

As autoridades não providenciam a coleta regular do lixo e muito menos mandam tirar do canal, que se apresenta em vários trechos entupido, com as águas das chuvas subindo e ameaçando de novo invadir a estrada não pavimentada tornando-a intransitável como outrora, durante a quadra invernosa.

Moradores dali, informaram, que a semana finda e nenhum caminhão do DBEP passara pela 2 de Fevereiro, mas, a bem da verdade, bem que um deles foi visto correndo em disparada; não dando nem tempo que algum morador gritasse por socorro ou protestasse contra o descaso.

Talvez o motivo da louca corrida depois de tantos dias de ausência fosse devido a algum receio do motorista e seus ajudantes de que alguém lhes acertasse uma barrica cheia de lixo...

Contudo, os que reclamam tem razão, porquanto o veículo passou, mas foi mesmo que não passar, já que não executou o trabalho de coleta.

Prefeitura deve zelar pelo canal – É claro que existe o problema do lixo ainda não resolvido (acabaram com os fornos de incineração). Mas, para a população dos “altos” e dos córregos, o mal maior era, e é, em alguns lugares ainda, as águas que descem dos morros e que não encontram escoadouro.

A Prefeitura na atual administração (referindo-se ao prefeito Pelópidas Silveira) cuidou desse problema, como é sabido. Inclusive na rua 2 de Fevereiro. Pois bem, a obra que veio resolver o problema do escoamento das águas está agora ameaçada de perder a sua finalidade diante de tanto lixo acumulado. Inadvertidamente, os moradores, não tendo onde botar o lixo, ou o queimam ou escolhem o caminho mais fácil, depositando-o no canal.

Em vários pontos do Vasco da Gama dá-se a mesma coisa: a coleta do lixo é feita irregularmente. Na antiga rua da Lagoa (atual rua Japaratuba), por exemplo. E noutras transversais. Enfim, toda a zona está abandonada pelos responsáveis do bem-estar da população.

Se a coisa continuar como vai, o caminhão do lixo passando e operando por ali só uma vez durante o mês, o canal vai ficar obstruído e fechado. Isso porque muita gente já se acostumou a jogar lixo ali dentro. E são todos os habitantes dos morros que descem muitas vezes para deixar o lixo na estrada. E quando o caminhão do DBEP se digna a passar e recolher o lixo, só o faz com aquele que está facilmente colocado e arrumadinho à beira da estrada, não se detendo, é claro, para escavacar o canal retirando dele umas porções de lixo.

Espera-se que a Prefeitura tome uma providência não permitindo mais que se deposite lixo no canal. E a melhor maneira para isso é mandar fazer a coleta regular do lixo, a cargo do DBEP, evitando-se, assim, o entupimento do canal. Finalizou.

RUA LUIZ CESÁRIO DE MELO

A Lei Municipal Nº 05359, de 23 de março de 1959, sancionada pelo prefeito do Recife, Pelópidas Silveira, que a transversal à rua Vasco da Gama, situada entre o edifício do Sesi e a travessa da Macaíba, passa a ser denominada Rua Luiz Cesário de Melo. Atualmente, podemos dizer que, a rua Luiz Cesário de Melo começa no cruzamento da Rua Japaratuba com a Rua Vasco da Gama e termina no Largo Dona Regina, em Nova Descoberta.

AS PRIMEIRAS IGREJAS EVANGÉLICAS

Em 18 de março de 1960, era inaugurada a primeira igreja evangélica do Vasco da Gama, Igreja Tabernáculo de Jesus Cristo, conforme o DOE, consta que a igreja era localizada na 1ª Travessa do lado esquerdo da rua Vasco da Gama, atualmente denominada rua Rui da Silveira Castro.

A segunda igreja evangélica mais antiga do Vasco da Gama foi inaugurada em 5 de julho de 1965, denominada Igreja Evangélica União Pentecostal, localizada no Córrego do Botijão, nº 25, conforme publicação do DOE.

PADRE SEVERINO SANTIAGO DENUNCIA FALSOS PADRES

O Diário de Pernambuco em 11 de novembro de 1960, publicou uma nota, onde o padre Severino Santiago faz uma denúncia e uma queixa em desfavor de dois supostos padres que estariam invadindo sua área para angariar donativos e realizar missas. A nota dizia o seguinte:

Falsos sacerdotes exploram a boa-fé da população – dizia o título – Pode divulgar que pelos menos dois homens conhecidos por Geraldo e Vieira, este já expulso, por motivo de ordem moral, do clero da chamada Igreja Brasileira, estando ambos atualmente vinculados ao da Ortodoxa, de que é prior o ex-padre  Hosana de Siqueira e Silva, estão explorando a boa fé do povo e sobretudo a generosidade da população católica dos bairros de Casa Amarela, Vasco da Gama e Nova Descoberta, pedindo auxilio para instituições da Igreja Católica. Declarou ontem o padre Severino Santiago.

E prosseguiu: Em sua peregrinação pelos lares e estabelecimentos comerciais daqueles subúrbios, os referidos elementos se apresentam como sacerdotes católicos, de cuja batina se vestem, a fim de melhor iludir e lograr êxito nas suas solicitações de donativos para entidades assistenciais imaginárias a que, geralmente, dão um nome religioso.

Celebram missas – Quando em contato com os fiéis, afirmam que estão legalmente autorizados pelos vigários do Arraial, Vasco da Gama e Nova Descoberta para cuidar das almas sob orientação espiritual e assistência eclesiástica dos curas dessas três circunscrições. Por isso, também cometem a ousadia de celebrar o santo sacrifício, a missa. Impondo aos fiéis incautos, porém a obrigação de que todos devem rezar a “Ave Maria” em voz alta, durante o ofício sagrado. Esta medida tende evidentemente a evitar que seja percebido o falso latim que pronunciam, pois a língua lhes é incompreensível.

Ao arcebispo e a polícia – Em face da gravidade, para a igreja, de uma chantagem desta natureza, os vigários das três paróquias, padres Teobaldo Rocha, Inácio Vieira e eu (Severino Santiago) fomos anteontem, comunicar o fato ao exmo. sr. Arcebispo dom Carlos Coelho, que nos aconselhou visitar o exmo. sr. Secretário de Segurança Pública e lhe narrar toda a ocorrência, com a exibição das provas de que dispomos. E o que vamos providenciar nas próximas horas. Concluiu o padre Severino Santiago.

Igreja Matriz de São Sebastião do Vasco da Gama, após a reforma de 1962. Foto: Arquivo da Paróquia de São Sebastião.

UM MILHÃO PARA A CONTRUÇÃO DA IGREJA DE SÃO SEBASTIÃO

O Diário Oficial do Estado em 15 de julho de 1962, publicou que durante a sessão na Assembleia Legislativa de Pernambuco, no dia 26 de março deste ano, presidida pelo deputado José Mixto de Oliveira, foi liberada através de decreto, a quantia de Cr$ 1 milhão de cruzeiros, para auxiliar na construção da Igreja de São Sebastião. O parlamentar subiu à tribuna e justificou da seguinte forma:

O vigário (referindo-se ao padre Severino Santiago) e a família católica do Vasco da Gama nesta capital, estão vivamente empenhados na construção da sua igreja matriz. Trata-se de um bairro dos mais populosos, também dos mais pobres da cidade do Recife.

Grande parte do operariado desta capital, reside no Vasco da Gama e daí a necessidade de uma maior assistência religiosa. O seu dinâmico e empreendedor vigário tudo tem feito, no sentido de proporcionar uma assistência a altura das necessidades da população daquele bairro.

A Igreja Matriz do Vasco da Gama vem sendo construída com trabalho, coragem e fé. A construção se eleva a milhões de cruzeiros e ao Estado cabe auxiliar a referida construção, não só porque tem procedido desta forma em numerosos casos semelhantes e sobretudo, porque a população católica do Vasco da Gama e o seu prezado vigário esperam colaboração como esta, que além de justa atenderá a aspiração da população do Vasco da Gama. Finalizou.

Multidão lotaram a Paróquia e a Rua Vasco da Gama durante a Cruzada do Rosário em Família em 1962. Foto: Diário de Pernambuco/1962.

O Diário de Pernambuco em 22 de agosto de 1962, deu grande destaque ao evento religioso organizado pelo padre Severino Santiago, denominado "Cruzada do Rosário em Família" realizada na Paróquia de São Sebastião, no Vasco da Gama. Durante uma semana, todas às noites, multidões lotaram a Rua Vasco da Gama, onde foi exibido o filme dos mistérios do Rosário. O Diário acentuou: "Pode-se fazer um cálculo aproximado do número de famílias, bem como da impressão que o filme causa naqueles seres mais humildes dos subúrbios da nossa cidade".

No Diário de Pernambuco, em 2 de outubro de 1962, o Frei Romeu Peréa, da Ordem dos Carmelitas e porta-voz da Arquidiocese, em sua coluna reservada à religião, teceu grande elogio ao vigário Severino Santiago, durante as festividades da Cruzada do Rosário em Família, realizado no Vasco da Gama. A Nota dizia o seguinte: 

O padre Severino Santiago. Este modesto vigário de um de nossos subúrbios, impressiona logo ao primeiro contato pela seriedade que coloca em tudo, e pela responsabilidade que com que executa aquilo que lhe confia. Modesto, mas enérgico, sem despojar-se, por isso, da sua simplicidade que coloca em todos os seus atos, tem uma intuição em relação a pessoas e fatos que rara vez falha. Uma prova destas qualidades, assim sumaria e rapidamente expostas, está na sua paróquia, verdadeiro modelo de organização como, surpreendidos, declararam os sacerdotes da Cruzada do Rosário que recentemente nos visitaram. Isto prova que para aproveitar aquilo que a natureza deu, e a graça conservou, não é necessário ir fazer curso em Roma ou Paris, em Londres ou Nova York. A este líder, a quem apresento meus parabéns. Finalizou.

A antropóloga Katarina Real, apaixonada pelo carnaval e a cultura pernambucana, ela subiu o Alto Nossa Senhora de Fátima em busca de mais conhecimento. Foto: Ilustrativa/ Katarina Real/ Fundaj.

UMA GRINGA NO ALTO DA FOICE

A antropóloga norte-americana Katharine Royal Knight, ficou conhecida no Recife, como Katarina Real, tudo por conta de sua paixão pelo carnaval e pela cultura pernambucana. Ela esteve com o pai no Recife em 1930 e 1940, sem saber uma palavra em português, no entanto, ficou encantada pelos ritmos pernambucano. No final dos anos de 1950, casou-se aqui no Recife com o agrônomo, também norte-americano, Robert Cate. Em 1961, recebeu uma bolsa de estudos pela Organização dos Estados Americanos e retornou ao Recife, já falando o português, onde permaneceu por oito anos. Neste período, visitou a periferia pobre do Recife. Subiu morros, caminhou pelos córregos, pisou nos alagados, viajou pelo interior em busca das origens carnavalescas de Pernambuco. Foi através deste atrevimento e ousadia, que Katarina Real, encarou sem medo a periferia e locais longínquos em busca de informações e reações populares em sua essência.

Em 1967, publicou o mais importante livro da cultura e do carnaval pernambucano até então, denominado “O folclore no carnaval do Recife”. Numa dessas visitas à periferia, Katarina Real revelou numa entrevista a repórter do Diário de Pernambuco, Lêda Rivas, anos mais tarde, como era tratada pelo povo na periferia. Rindo, ela respondeu, citando um fato acontecido naquela década, no Alto Nossa Senhora de Fátima (antigo Alto da Foice):

“Oh, maravilhosamente! Isto foi a coisa mais estranha que me aconteceu aqui. Digo no meu livro que foi das coisas mais divertidas. Quando eu andava lá pelo Alto Nossa Senhora de Fátima, no Vasco da Gama, parece que as pessoas nunca tinham visto uma criatura como eu. Todo o mundo se aglomerava em torno de mim, principalmente os meninos, e eu ouvi alguém dizer (sem saber que eu estava escutando), que eu era “a senhora galega da fala estranha”. Eu achei isso uma beleza. O povo me aceitou maravilhosamente. E isso achei até milagroso. Você veja, uma mulher estrangeira aparecer na porta de um barraco, segurando um caderno, fazendo uma porção de perguntas – algumas até indiscretas – e o povo receber tão bem. Não sei explicar, o povo sempre me tratou com a maior gentileza e sempre lhe serei gratíssima por isso. Para mim uma das maiores experiências da minha vida foi esse contato, esse entrosamento, esse amor do povo maravilhoso dos subúrbios recifenses”. Finalizou.

O prefeito Augusto Lucena inaugurou o chamado Dispensário Clementino Fraga em 1966, para tratamento de pessoas portadoras de tuberculose. Em 2000, o prefeito Roberto Magalhães reabriu, após o posto passar 30 meses desativado, com nova denominação Centro de Saúde Clementino Fraga. Foto: Jânio Odon/VZN/15.7.2023.

POSTOS DE SAÚDE

Diário de Pernambuco em 11 de dezembro de 1964, publicou: O governador de Pernambuco, Paulo Guerra, inaugurou na última terça-feira (8), no Vasco da Gama, um amplo ambulatório médico destinado ao atendimento de gestantes, crianças e doentes mentais. A nova unidade servirá a  a uma população quase desassistida, no que tange à saúde, representando, assim, iniciativa do mais alto sentido social.

Durante a solenidade inaugural, discursaram o governador Paulo Guerra, o secretário da saúde, professor Alvaro Vieira de Melo. Após a benção das instalações, o padre Severino Santiago proferiu breves palavras de agradecimento, ressaltando a importância do ambulatòrio para a gente pobre do Vasco da Gama, que via agora concretizada, sem demagogia nem pretenções eleitoreiras, antiga aspiração. Concluiu.

O governador Paulo Guerra através do Decreto Estadual Nº 1051, de 22 de fevereiro de 1965, criou o Posto de Puericultura do Vasco da Gama e outros quinze no Recife e dois em Olinda. A puericultura é a ciência que reúne todas as noções (fisiologia, higiene e sociologia) suscetíveis de favorecer o desenvolvimento físico e psíquico das crianças, desde o período da gestação até a puberdade.

Em 23 de agosto de 1965, o Governo do Estado abriu concorrência pública para as construtoras interessadas na construção do Dispensário de Casa Amarela, localizado no Vasco da Gama.

O Diário Oficial do Estado, em 7 de dezembro de 1965, publicou uma nota sobre a construção do Dispensário de Combate à Tuberculose no Vasco da Gama. A nota dizia o seguinte:

O governo do Estado, através da Divisão de Tuberculose da Secretaria da Saúde, já iniciou a construção do Dispensário de Casa Amarela (Clementino Fraga), cujo projeto está orçado em 120 milhões de cruzeiros.

O Dispensário contará com dois pavimentos onde serão instalados um gabinete de cadastro tuberculínico, cadastro torácico, quatro gabinetes médicos, uma sala de assistentes, uma de visitadoras e outra de enfermagem, além de laboratório, sala de raios-x e um auditório destinado a reuniões e aulas para o Núcleo de Treinamento, onde médicos, enfermeiros, assistentes sociais e acadêmicos receberão instrução sobre o trabalho que deverão exercer dentro da especialidade. Concluiu.

A princípio, o Dispensário estava previsto para ser construído entre as ruas Siqueira Campos e Aviador Pinto Ribeiro, todavia, as negociações para a compra do terreno com o proprietário, não teve êxito, fazendo com que o Governo do Estado adquirisse outro terreno na Rua Japaratuba (antiga Rua da Lagoa). O Dispensário de Casa Amarela foi construído para desafogar o Dispensário da Encruzilhada, que na ocasião, estava sobrecarregado, já que boa parte dos pacientes eram moradores de Casa Amarela, que era o maior bairro da Zona Norte.

A escolha do local (Rua Japaratuba), segundo o diretor de Divisão de Tuberculose do DSP -Divisão de Saúde Pública, o médico Alcides Ferreira Lima, obedeceu a determinação do governador Paulo Guerra, e teve como motivo o alto índice de tuberculose registrado naquelas imediações (Casa Amarela, Vasco da Gama, Macaxeira, córregos e morros), em recente levantamento realizado por aquela Divisão. Advertiu.

Todo o equipamento do dispensário será fornecido pelo Governo do Estado, que já adquiriu um aparelho de raios-x, no valor de Cr$ 27 milhões, dos mais modernos, e cujo funcionamento automático evitará o contato do operador com o doente. Os demais instrumentos estão sendo adquiridos parceladamente, até que seja concluída a construção do prédio.

Os trabalhos de construção estão sofrendo certa demora devido ao problema criado pelo proprietário de um terreno junto das instalações e de um chafariz, que impedem a continuidade das obras, estando o secretário da saúde mantendo entendimento para a desapropriação dos mesmos. Finalizou.

Médico e escritor baiano Clementino da Rocha Fraga. Foto: Revista Bahia Ilustrada/1918.

Em 30 de abril de 1966, O diretor da Divisão de Saúde Pública do Estado, Dr. Alcides Ferreira Lima, divulgou à imprensa, que o Dispensário levaria o nome do médico e escritor baiano, Clementino da Rocha Fraga. Ele foi grande defensor das campanhas contra a tuberculose e chefiou a campanha de combate a febre amarela no Rio de Janeiro. Faleceu em 1971, aos 90 anos.

Em 20 de novembro de 1966, às 17 horas, o Presidente da República, general Humberto Castelo Branco, acompanhado do governador Paulo Guerra e do prefeito Augusto Lucena, inaugurou o Dispensário Clementino Fraga, no Vasco da Gama. A obra e os equipamentos custaram ao Estado, 300 milhões de cruzeiros. Atualmente é uma policlínica.

Em 15 de março de 2000, após estar fechada durante trinta meses, o prefeito Roberto Magalhães, entregou nesta data, o Centro de Saúde Clementino Fraga no Vasco da Gama. Na ocasião, a Secretaria de Saúde da Prefeitura da Cidade do Recife, informou que, o Centro de Saúde passaria a atender 1.200 pessoas mensalmente e cerca de 80 mil habitantes do Vasco da Gama, Córrego do Bonifácio, Morro da Conceição e Casa Amarela.

Para reformar o Centro de Saúde Clementino Fraga, a Prefeitura da Cidade do Recife através da Secretária de Saúde, investiu R$ 378 mil reais, sendo R$ 226.592,00 na reforma e ampliação e R$ 152 mil reais, na compra de equipamentos e mobílias. Os recursos foram adquiridos junto ao Sistema Único de Saúde- SUS. Esta foi a primeira grande reforma em seus trinta e três anos de existência desta unidade de saúde.

O Centro de Saúde Clementino Fraga, ganhou 14 consultórios de odontologia, psicologia, ginecologia e enfermaria. 34 salas foram destinadas à coleta sanguínea, curativos, nebulização e vacinação. O prefeito Roberto Magalhães, disse: “Este foi um dia abençoado. A população carente do Vasco da Gama pode dizer que, a partir de hoje, terá atendimento médico digno e, sobretudo, gratuito”. Finalizou.

Em 2 de maio de 1966, o govenador Paulo Guerra firmou convênio com Sesi, para funcionamento de serviços médico-dentários nos núcleos de assistência do Sesi na Capital e no Interior, assinado pelo secretário da saúde, Álvaro Vieira de Melo e pelo diretor regional do Sesi. O convênio favoreceu o Posto de Assistência Social do Vasco da Gama, além dos postos de Água Fria, Sítio Novo, Torre e Mangueira.

Através do Decreto Estadual Nº 3.936, de 11 de dezembro de 1976, denomina-se Iná Rosa Borges, o posto de saúde do Vasco da Gama, localizado na rua de mesmo nome, nº575, Casa Amarela.

No dia 11 de maio de 1981, o prefeito Gustavo Krause, inaugurou no Alto do Eucalipto, no Vasco da Gama, o Posto de Saúde Ednaldo Vasconcelos, na ocasião, o posto contava com salas para recepção, administração, clínicas médicas, pediátricas, odontológica, vacinação e enfermagem.

Além do prefeito, estiveram presentes na inauguração: o secretário de saúde do Estado, Djalma Oliveira, representando o governador Marco Maciel; o deputado Maviael Cavalcanti; os vereadores: Romildo Gomes e Mauro Godoy; os secretários municipais: Heraldo de Andrade Lima (saúde), Edson Neves (educação e cultura) e Pedro Dueire (obras); padre Severino Santiago e mais de dois mil moradores do Vasco da Gama.

No dia 27 de setembro de 1995, numa quarta-feira à noite, o prefeito Jarbas Vasconcelos, inaugurou as novas instalações do Centro de Saúde Iná Rosa Borges, no Vasco da Gama. A unidade, localizada em seu novo endereço, na Rua Senador Milton Campos, s/nº, junto à igreja católica, pertencia à UFPE e havia sido incorporada à administração municipal há cerca de um ano e meio. Na reforma, no prédio de dois andares e a melhora na infraestrutura, foram gastos R$ 50 mil reais.

O Centro de Saúde começou a funcionar das 07:00 às 17 horas, com nove clínicos gerais, seis odontólogos e duas enfermeiras, além de ginecologista, pediatra, cardiologista, psicóloga, nutricionista, assistente social e psiquiatra. Contava com salas de esterilização e de vacina, serviço de nebulização, prevenção de câncer cérvico-uterino, raio x odontológico, farmácia e almoxarifado.

Às 19 horas, foi celebrada na Matriz de São Sebastião, uma missa em ação de graças. Estiveram presentes a solenidade: o secretário da saúde do Recife, Guilherme Robalinho, além de diretores da UFPE e lideranças comunitárias do bairro. Após o descerramento da placa de inauguração, houve uma grande festa popular, com apresentações da Frevioca, Banda da Cidade do Recife e grupos locais de capoeira. (Finalizou).

No dia 2 de setembro de 1997, o Posto de Saúde Iná Rosa Borges, passou a atender pacientes com tuberculose pulmonar, através de um convênio  entre a Prefeitura da Cidade do Recife e a USP- Universidade de São Paulo, no programa de cooperação técnico, científica e pedagógica.

Em 1965, quem tinha uma TV no Vasco da Gama era considerado rico. Dona Lelé, tirou proveito disso. Foto: Ilustrativa/Getty Imagem.

A POLÊMICA TV DE DONA LELÉ

Diário de Pernambuco em 20 de agosto de 1965, em sua coluna “Coisas da Cidade” do jornalista Barroso Pontes, publicou uma nota sobre dona Lelé, moradora do Alto do Eucalipto, que cobrava dinheiro das crianças para que elas assistissem televisão em sua casa. Na década de 1960, pouquíssimas pessoas da periferia, possuíam televisão. E em cores, era mais difícil ainda. O fato é que dona Lelé, tirava proveito disso e cobrava dinheiro das crianças. Os pais não gostaram da atitude e denunciaram dona Lelé. A nota dizia o seguinte:

Televisão – Que o sujeito pague para assistir filmes no cinema, tá certo. Que pague para entrar em auditório de televisão, também tá certo.

Mas pagar para ver televisão na casa dos outros, isto é que não é possível. Mas dona Lelé cobra 50 cruzeiros.

Meninos do Alto do Eucalipto, que quiser ver programas de televisão, paga 50 pratas.

Tá certo, isso?

A vizinhança protesta e acusa dona Lelé. Falam que dona Lelé está comendo o dinheiro da garotada, que no final de contas vem do bolso do papai. Parece que o bolo vai parar na polícia. (finalizou).

RUA PROFESSOR RUY DA SILVEIRA CASTRO

Através da Lei Municipal Nº 9696, de 7 de novembro de 1966, promulgada e sancionada pelo prefeito do Recife, Augusto Lucena, a 1ª Travessa da Rua Rosália Cisneiros, no Vasco da Gama. Passou a se chamar Rua Professor Ruy da Silveira Castro.

DECLAROU NÃO SER COMUNISTA

O Diário de Pernambuco em 21 de março de 1967, publicou uma nota, onde um morador residente à Rua Dois de Fevereiro, no Vasco da Gama, procurou a redação do referido jornal, bastante preocupado por ter seu nome vinculado ao Partido Comunista. Nos dias atuais, parece algo muito natural as pessoas se filiarem aos partidos de esquerda, no entanto, neste período, ser vinculado ao partido de esquerda e principalmente ao Partido Comunista, o cidadão corria sério risco de ser preso, torturado, ou até sumir do mapa. Bastava apenas uma denúncia de qualquer pessoa, sem qualquer prova, para que o cidadão fosse preso como subversivo e agitador da ordem pública. O que demonstra a preocupação do cidadão em querer justificar o ocorrido. A nota dizia o seguinte:

Declarou não ser comunista – dizia o título – Esteve em nossa redação, ontem, o sr. Francisco de Lima, residente à Rua 2 de Fevereiro, nº 102, Casa Amarela (na ocasião o Vasco da Gama ainda pertencia ao bairro de Casa Amarela). Veio protestar de público contra a inclusão do seu nome em lista que pede a legalização do Partido Comunista. Afirmou o sr. Francisco que não é comunista e, a exemplo de outras pessoas, foi ludibriado na sua boa-fé ao firmar abaixo-assinado reivindicando melhoramentos para o bairro em que reside. Finalizou.

O padre Severino Santiago era um sacerdote exigente, rigoroso e marrento. A bandidagem não tinha vez com ele. Foto: Diário de Pernambuco/1974.

PADRE SEVERINO SANTIAGO, O INIMIGO NÚMERO UM DOS BANDIDOS

O padre Severino Santiago, da Paróquia do Vasco da Gama, sempre foi um sacerdote marrento, destemido e polêmico. Demonstrou durante mais de três décadas à frente da igreja local, de quem era a verdadeira autoridade do bairro. Nunca abriu mão de manter a ordem e a disciplina, não só com os fiéis, como também, com os deliquentes que o confrontava. O seu enfrentamento com a bandidagem mereceu destaque em duas reportagens e que nós reproduzimos para vocês.

Diário de Pernambuco, 3 de setembro de 1974, publicou: 

Padre Severino, o inimigo número um de ladrões - dizia o título -  O padre Severino Gomes Santiago, da Paróquia do Vasco da Gama, é o inimigo número um de ladrões, traficante de maconha e outros marginais. Já trocou tiros com bandidos, é favorável a que a polícia os espanque e acha que só há um meio de acabar com o crime: matar os marginais perigosos, mas sem torturá-los. 

O religioso citou os traficantes "Val Maconheiro" e "Abanal" como seus inimigos ferrenhos e disse que os combateu com mão-de-ferro: "Certa feita persegui Abanal e o prendi, depois de trocar tiros com ele", afirmou.

Banditismo - Desde 1955, poucos meses após ordenar-se, o padre Severino Gomes Santiago assumiu a Paróquia do Vasco da Gama e sentiu a necessidade de policiamento para combater o banditismo que imperava no bairro, onde à época, até os políticos corruptos contribuiam  para o aumento da criminalidade, oferencendo proteção aos marginais.

Padre Severino entrou em contato com as autoridades e conseguiu que fosse instalado um comissariado (hoje posto policial) que inicialmente contava apenas com cinco agentes, e passou a organizar rondas diárias.

- Eu tratava os malandros com dedicação, orientando para o caminho do bem, mas não via resultado. Aos poucos, entendi que eles só aprendem na "lei da chibata". Resolvi aplicá-la e em menos de dois meses o bairro transformou-se num paraíso.

O traficante "Manoel Camaço" foi um dos perseguidos pelo padre Severino. Ele foi preso várias vezes pelo religioso e em uma ocasião autuado em flagrante. Durante muito tempo o marginal cumpriu a pena na extinta Casa de Detenção do Recife, quando prometeu acabar com a fama do padre, que não se intimidou com a ameaça.

O religioso lembra uma passagem de sua vida, quando ainda dormia numa casa vizinha à igreja. "Eu estava deitado e ouvi pisadas sobre o telhado. Levantei-me e, na ponta dos pés, dirigi-me ao guarda-roupas, apanhei o revólver e esperei. Cinco minutos depois o ladrão estava na sala e quando me viu tentou correr. Não tive dúvida: atirei, atingindo-o na mão direita. Ele me pediu para que não o matasse e, como não tinha intenção de fazê-lo, conduzi-o para o comissariado e lhe apliquei uma surra. Depois, libertei-o".

Natalidade - Padre Severino é favorável ao controle da natalidade. Está convicto de que o aumento do índice de criminalidade é consequência da ausência do controle de nascimentos, que deveria ser melhor observado pelas autoridades. Explicou que "se uma família pobre não pode criar uma criança, o remédio é fazê-lo evitar filhos. Do contrário, teremos futuros marginais para criar problemas à sociedade. É claro, quem não pode criar um filho, não poderá criar doze".

Apelo - O sacerdote é favorável ao trucidamento de marginais e entende ser necessário que eles sejam surrados de vez em quando, "pois ladrão só lê na cartilha da chibata". Ele aconselha que as pessoas de bem todos andem armados, não para provocar arruaças. Reajam a tiros quando forem atacados e ajudem a polícia no combate ao crime".

Diário de Pernambuco, 27 de março de 1979, publicou:

Sacerdote não teme ameaça e prende perigoso ladrão - dizia a manchete - O marginal J.A.T, vulgo "Joca Perigoso", autor de três homicídios, ameaçou assassinar o padre Severino Santiago, paróco do Vasco da Gama, mas o sacerdote demonstrou ter coragem: prendeu o bandido, tomou-lhe a peixeira, amarrou-o com cordas, colocou-o dentro do automóvel e conduziu-o à delegacia do 5º distrito, em Casa Amarela.

O incidente ocorreu na Granja Tamanrasset, de propriedade do vigário, situada em Camaragibe. "Joca Perigoso", que já cumpriu três anos de reclusão em Pernambuco, por homicídio, e sete na Paraíba, pelo mesmo delito, tentou invadir a granja para matar o padre e a um de seus empregados.

Assaltante - Bem humorado, o padre Severino Santiago, que se diz ferrenho inimigo de marginais, e que por causa disso já sofreu vários atentados, contou os detalhes do atentado que sofreu.

Disse que o malandro apareceu em uma vila existente perto de sua propriedade comendo e bebendo sem pagar, ameaçando os comerciantes com uma peixeira e atemorizando a população, tendo, certa feita, riscado de faca um velhinho e promovido uma porção de desordens, ao ponto de ter chegado no velório de uma criança, virado o ataúde, quebrando as cadeiras e agredindo pessoas.

- De outra vez, conta padre Severino, o "Joca Perigoso" estava com a peixeira para matar um cidadão e meus empregados interferiram, tomaram a arma e deram-lhe uns tapas. Daí, ele enrixou-se com um dos rapazes e ameaçou matá-lo. Sábado à noite foi cumprir a ameaça, mas não conseguiu porque encontrou reação. "A sorte de Sebastião, meu empregado, foi que sua esposa lembrou-se de mandá-lo abrir a porta do canil, onde crio quatro cães de fila que são verdadeiras feras. Com isso, "Joca Perigoso" amedrontou-se e fugiu, mas antes disse  que já havia assassinado três e ia completar os sete; meus três empregados e eu".

"Eu, porque quando soube do procedimento do marginal procurei seu tio e mandei avisá-lo que desaparecesse da localidade. Fui à polícia do distrito, prestei queixa, mas os agentes não o encontraram. No sábado ele reapareceu. Quando cheguei na granja no domingo pela manhã fui avisado do ocorrido". Sai a procura de "Joca Perigoso" e o encontrei bebendo em uma barraca. Sabendo que estava com a inseparável peixeira, atraquei-me com ele, prendi-o, amarrei e trouxe para entregá-lo à polícia". Finalizou.

VISGUEIRO

A Comunidade do Visgueiro surgiu em 1978, oriunda de uma invasão.

Nas décadas de 1970 e 1980, era muitos os terreiros de umbanda e candomblés no Vasco da Gama e em toda Zona Norte do Recife. Foto: Ilustrativa/ Revista O Cruzeiro.

TRADICIONAIS TERREIROS DE UMBANDA e CANDOMBLÉ

Como em toda Zona Norte do Recife, sempre foi tradição haver os terreiros de umbanda com suas batucadas noturnas que alegravam a muitos adeptos dos candomblés e xangôs, e incomodavam bastante aos demais moradores. O barulho era imenso, ensurdecedor, e sempre terminava ao amanhecer, mas era tradição. Muitos não gostavam e denunciavam à polícia, reclamando do barulho, algazarras e anarquias ao encerrar as batucadas. Muitos terreiros foram fechados. Essa tradição perdurou até o final da década de 1980, depois os terreiros foram acabando. Atualmente existem poucos e afastados dos aglomerados urbanos. No Vasco da Gama, os mais tradicionais foram: O Centro Espírita de Manoel Pescador, no Jardim Vasco da Gama, Nº78 (dados de 1971); o terreiro de Mãe Fumaça no Alto da Foice, que em junho de 1971, o prefeito do Recife, Augusto Lucena subiu o morro só para visitá-la; o Terreiro de Candomblé Elê Axé de Oiá, fundado em 3 de março de 1978, com sede na Rua Assunção, Nº35, dirigidos por Roberto Firmino da Silva e Joanita Soares da Silva; o Centro Espírita de Umbanda Pai Xangô, fundado em 6 de março de 1980, com sede na descida da cacimba, Nº85, no Alto 13 de Maio, no trecho do Vasco da Gama, dirigido por Irineu Januário Correia Borges Filho e Maria Helena da Silva; o Centro Espírita Caboclo Jurandir, fundado em 2 de janeiro de 1987, sede à Rua Lagoa da Canoa, Nº85, na Vila Um Por Todos. Dirigidos pelo médico Vicente Manoel Leite André Gomes e Jorge Soares. 

PADRE SEVERINO RECLAMA DA POLÍCIA, COCA-COLA, GOVERNO E DO POVO

O Diário de Pernambuco, em 12 de outubro de 1978, publicou uma nota onde o padre Severino Santiago, faz uma série de reclamações contra maus policiais, a Coca-Cola, o governo e a omissão do povo. A nota dizia o seguinte:

Padre acusa policiais de induzirem jovens ao crime - dizia o título -  Há policiais desonestos facilitando o bom comportamento de jovens que começaram a roubar no Vasco da Gama. Denunciou ontem o padre Severino Gomes Santiago, ao apontar um dos principais problemas que são enfrentados  pelo bairro, pelo qual é vigário.

Para ele, a Secretaria de Segurança "constitui a infelicidade deste Governo". Ele disse que ultimamente começaram a desaparecer eletrodomésticos e esses roubos eram praticados sempre às 15 horas. "Ninguém descobria quem era o autor. Depois é que se veio  a saber  que os autores do crime eram meninos de boas famílias". "Um dos garotos falou comigo e declarou que o líder estava acobertado por membros da polícia."

Coca-Cola - Os menores roubavam, segundo o vigário, para conseguir dinheiro e comprarem drogas. Alertando os pais para o problema dos psicotrópicos, padre Severino Santiago declara que "todos eles sempre começam pela Coca-Cola". "Será que os pais estão conscientes de que este refrigerante é a porta aberta para o crime?. "E adverte que desde o primeiro aniversário, a criança começa a tomar Coca-Cola. "A criança se habitua e depois começa a misturá-la com café, melhoral e outras drogas".

Educação - Lembrando que a segurança e a saúde estão diretamente ligadas à educação - "Não falo alfabetização, mas educação", explica o padre Severino, e destaca que outras dificuldades que existem no bairro são decorrentes da falta  de educação popular.

Admite ele que a coleta do lixo não está sendo feita eficientemente, mas o "povo complica ainda mais. Joga o lixo nos canais, entopem-no, provocando, com isso, doenças e a proliferação dos ratos. O problema é tão sério que ele trata estas coisas nos sermões e faz os fiéis pedirem perdão "pelas vezes que sujaram os canais e fizeram adoecer as crianças".

"O povo é muito bom, mas omisso, acomodado, deixa que os marginais o dominem. É um povo injustiçado e medroso, afirma, completando que "quando aparece um com coragem, normalmente deriva para os extremos". Finalizou. 

Frei Damião, onde chegava era reverenciado por adultos e crianças. Foto:Facebook/autor desconhecido.

A VISITA DE FREI DAMIÃO AO VASCO DA GAMA

O Diário de Pernambuco, durante cinco dias, cobriu toda a peregrinação do maior fenômeno religioso do nordeste brasileiro em sua visita ao bairro do Vasco da Gama. Pio Giannoti, italiano da cidade de Bozzano, conhecido como Frei Damião, foi consagrado frei capuchinho em seu país em 1925 e chegou ao Brasil em 1931, onde começou sua peregrinação por todo o Nordeste, onde foi venerado pelos fiéis por viver a maior parte de sua vida nessa região do Brasil, fazendo peregrinações incansavelmente pelas cidades, celebrando eucaristia, confessando, realizando casamentos e batismo. Por muitos nordestinos é considerado um santo milagreiro.

frei Damião de Bozzano, em todo lugar que chegava causava grande euforia da população, muitos queriam tocá-lo, beijar-lhe às mãos, tocar suas vestes, acariciar a sua cabeça, ou receber uma mensagem de fé. No Vasco da Gama, não foi diferente. O Diário cobriu a visita de frei Damião e descreveu da seguinte forma:

Diário de Pernambuco, 16 de maio de 1979 - Frei Damião fala para 20 mil - A população do Vasco da Gama viveu, ontem, um dia especial. Das 4 horas da manhã às 10 da noite, o missionário Frei Damião de Bozzano confessou, comungou, rezou, advertiu e pregou para 20 mil fiéis, na igreja de São Sebastião e pelas ruas do bairro. Hoje, às 9 horas, milhares de pessoas devem acompanhá-lo durante a procissão dos enfermos.

Frei Damião, o mais popular pregador do Nordeste, chegou anteontem à noite, ao Recife, e deve permanecer aqui até o próximo sábado, quando seguirá  para Belo Jardim. Ao chegar à Capital pernambucana, acompanhado do frade Fernando, que auxilia há anos, o famoso pregador ficou perdido pelas ruas do Recife durante quase uma hora. Somente com ajuda de policiais, os dois religiosos conseguiram localizar a Igreja São Sebastião no Vasco da Gama, onde foram recebidos pelo pároco Severino Santiago.

O dia de ontem foi intenso para Frei Damião. Apesar dos 81 anosde idade, o missionário acordou pontualmente às 4 horas da manhã, iniciando de imediato uma procissão pelas ruas do Vasco da Gama. Das 6 às 9, celebrou missa e confessou centenas de católicos. Ainda na parte matinal, fez diversas pregações.

Diante do confessionário, mulheres, homens e crianças esperavam a vez de contar os pecados, ou ouvir uns conselhos e beijar as mãos e a cabeça do religioso, em filas que se alongavam por toda extensão da igreja São Sebastião.

Às 16 horas, conduzido pelo padre Severino Santiago, que com muita dificuldade conseguiu colocá-lo dentro do automóvel, frei Damião seguiu para a Capela Nossa Senhora da Candelária, localizada no Alto 13 de Maio, para nova pregação.

Durante os cinco minutos de percurso, Frei Damião contou uma piada sobre uma pequena cidade italiana, perguntou ao padre Severino se o carro da marca "Fiat" (também italiana) estava tendo boa aceitação, indagou sobre que tipo de orientação espiritual o pároco do Vasco da Gama dava aos fiéis e disse ainda que gostava muito de dom Helder Câmara.

Ao saltar diante da capela do Alto 13 de Maio, 200 pessoas o aplaudiram demoradamente, sendo levado, com obstáculos, ao interior do templo. Diante de uma platéia silenciosa, Frei Damião com voz frágil e rouca, apoiado com os braços num altar, lembrou a necessidade de obidiência aos mandamentos, advertiu que é preciso "amar a Deus e a todos os homens, inclusive os inimigos" e pediu aos cristãos que orassem todos os dias, "principalmente os homens que são mais retraídos, para que possam alcançar a graça eterna". Após o sermão, o missionário foi cercado pela multidão, que tentava a todo custo beijar-lhe as mãos.

O padre Severino Santiago, que está hospedando Frei Damião, argumentou que depois de 25 anos de tentativas, conseguimos trazê-lo até o nosso bairro. O pároco disse ainda que o religioso, apesar da idade avançada, tem uma disposição física de um jovem. É impressionante a resistência orgânica dele. Lê sem óculos, alimenta-se bem, extremamente lúcido e bem informado sobre todos os assuntos, inclusive políticos. Quer atender a todo mundo, e diz repetidamente que ninguém pode ficar sem se confessar com ele. Á tarde, fez uma visita a comunidade do Alto do Eucalipto.

No dia seguinte, por sugestão do próprio frade o pároco Severino Santiago decidiu realizar às 9 horas a procissão dos enfermos, programada para ontem no mesmo horário. Frei Damião vem desenvolvendo no Vasco da Gama uma atividade intensa junto aos fiéis. Seu dia começa às 4 horas quando sai percorrendo as ruas próximas à igreja, entoando cânticos religiosos, seguido sempre por dezenas de pessoas. Retorna às 5 horas da tarde, oficia missa, ouve  centenas de confissões e dá a benção a retratos religiosos.

A vitalidade  do missionário, continua impressionando aos fiéis que vem do interior e dos bairros mais distantes para vê-lo. Não para um instante desde que se levanta, ainda de madrugada, e nem sua perna esquerda, bastante inchada devido à erisipela, o impede de atender aos fiéis.

para quem o conhece de longa data, com o padre Severino Santiago, Frei Damião mudou bastante em alguns hábitos e comportamentos. Já não dorme mais no chão como antigamente, preferindo a cama e chega a admitir que mulheres preparem os instrumentos sagrados para a missa que oficia no Vasco da Gama. Surpreende também que o missionário permite aos fiéis tocarem em sua cabeça grisalha.

Antigamente, ele reagia às pessoas que que vinham tocá-lo, dizendo ser apenas um pregador de Cristo. Em certas coisas, porém, frei Damião não mudou: continua reprovando as moças que vão até ele com os braços de fora e blusas decotadas. Também não admite que elas pousem a mão em sua perna durante a confissão. De acordo com o padre Severino, o missionário come muito pouco. Toma apenas um café com leite simples ao acordar, partindo biscoitos aos pedaços na xícara. No almoço come apenas carne, a qual corta em minúsculos pedaços. Aprecia também inhame e sempre se mantém nessa dieta rigorosa.

Diário de Pernambuco, 18 de maio de 1979, publicou sobre o último dia de Frei Damião no Vasco da Gama:

Transe de beata no Vasco da Gama é curado com beliscão (dizia o título) – Entre cegos, paralíticos, tísicos e feridos, à hora da comunhão, Célia sofreu mais um ataque histérico. Bastou um choque de um “beliscão” do vigário Severino Santiago para que aquele transe terminasse. No sermão, frei Damião foi enérgico ao puxar o microfone da mão de uma repórter, dando a entender que não aprovava o decote de seu vestido na igreja.

Pouco depois, dois ajudantes tentavam avisar ao vigário que a mesma pessoa tinha voltado  e dessa vez insistia em somente se retirar do seu local com seu comércio de fotografias e chaveiros do “frade milagroso”, com a ordem direta e pessoal do padre Severino.

Estes foram alguns dos fatos que aconteceram na manhã do último dia da missão de Frei Damião na igreja de São Sebastião, em Vasco da Gama. A procissão, que seria realizada pela manhã foi substituída pela missa dos enfermos, seguida da benção das plantas (uma alusão à Campanha da Fraternidade deste ano), das águas, dos enfermos e dos carros que trouxeram os enfermos.

Como sempre a afluência lotou a igreja e a rua ao lado. Muitos estavam lá desde às 4 horas da manhã e era normal a impaciência das crianças e o cansaço dos mais velhos. Mesmo assim, movidos pela fé, ninguém arredou o pé do recinto. O padre Severino pedia a todos que esperassem com seus quadros, imagens, garrafas de água e plantas do lado de fora, para a benção final, deixando os bancos vazios  para os doentes.

Valia tudo, de quadros com estampas de Cristo a imagem do padre Cícero, fotos dos fiéis, cédulas de identidade e carteira de trabalho. Tocar no hábito do Frei Damião era o desejo de todos, mas como se tornava difícil em meio a tanta gente, muitos mandavam bilhetes pelos ajudantes do vigário e filhas de Maria. E mesmo depois de terminada a benção, por volta das 11 horas, muitos ficaram sentados nos bancos, à espera que o religioso terminasse sua rápida refeição e voltasse para atendê-los pessoalmente.

Guiomar Martins dos Santos era uma dessas pessoas. Uma operação malfeita de varizes, há quinze anos, trouxe problemas de flebite e eczema a sua perna direita, e uma constante má circulação do sangue. Frei Damião é intermediário de Deus. Se ele quiser e se eu merecer, ficarei curada afirmava ela.

Um momento de descanso de Frei Damião ao lado do padre Severino Santiago (de óculos) durante sua visita em 1979. Foto: Arquivo da Paróquia de São Sebastião.

Na igreja, o vigário comentava a resistência daquele pequeno italiano de 81 anos: “Ele não dormiu mais que quatro horas em nenhuma dessas noites”. Indiferente a esses comentários, Frei Damião prosseguia no sermão, entrecortado por alguns toques dos fiéis  em sua cabeça branca. Às vezes, à rispidez com que pedia silêncio e calma alternava um sorriso de compreensão.

Durante esses quatro dias, Frei Damião, quatro horas da manhã já estava em plena atividade. Seguido por uma multidão, percorria as ruas do bairro, cantando e dirigindo preces à Virgem Maria.

Atendendo em confissão a mais de trezentas pessoas por dia, Frei Damião não conseguiu entretanto, satisfazer a todos que desejavam receber conselhos ou mesmo pedir-lhe uma benção. Enquanto grande número de mulheres e crianças insistiam em beijar-lhes as mãos, precipitando-se desordenadamente em sua direção, os mais sensatos ponderavam, que apesar do Frei Damião ser “um santo homem” em consideração à sua idade as pessoas deveriam ser mais conscientes, percebendo que o frei não é incansável.

Nos intervalos das confissões, Frei Damião não dava tréguas à sua missão. Rezando os ofícios, celebrando missas, ensinando catecismo às crianças ou empreendendo visitas aos morros mais próximos, o velho frade desempenhou sua pregação com disposição quase obsessiva.

Procissão – Impossibilitado pelas suas condições físicas de subir as tortuosas ladeiras dos morros, Frei Damião foi levado ontem de automóvel ao Alto Nossa Senhora de Fátima. A multidão, no entanto, seguiu a pé, levando ramos de palmeira. Segundo explicaram os participantes da procissão, os ramos não tinham nenhum significado especial, representavam apenas uma forma de homenagem e saudação ao padre.

- O caminho do céu é estreito. Estamos cheios de dívidas para com Deus, em decorrência dos pecados cometidos. O povo precisa se redimir e só conseguirá o perdão de seus erros, através da devoção à Maria. Quem não amar a Maria, pode se considerar morto, pois certamente vai para o inferno. Afirmava Frei Damião em seu discurso.

Sua pregação girou invariavelmente em torno de temas como: o pecado, a necessidade do matrimônio e a moral. Em face das palavras do padre, muitos ouvintes afirmavam que realmente as pessoas precisavam mais pensar nas coisas do espírito. (Finalizou).

No prédio em forma castelo, graças ao talento de seu José Dias, fica o Teatro Lobatinho. Foto: Google/2023.

TEATRO LOBATINHO

O Teatro Lobatinho, principal ponto cultural do bairro do Vasco da Gama, localizado na rua Canapi, 134, foi inaugurado em junho de 1979, pelo sr. José Dias de Melo, que faleceu em 2004, inspirado na bonequeira pernambucana Carmosina Araújo, que comandava a companhia de marionetes do teatro de bonecos Monteiro Lobato entre 1948 e 1964. Atualmente, o Teatro Lobatinho é mantido por parte das filhas de sr. José, e o marido de uma delas, que continuam à frente do teatro com o mesmo objetivo do pai: animar festas com espetáculos de várias temáticas  e espalhar alegria com os engraçados fantoches e os desengonçados bonecos gigantes.

As principais atividades do Teatro Lobatinho são confecções de bonecos para agências de publicidade, animações e decorações de festas e produção de peças teatrais. Suas criações estão presentes nas principais festividades da cidade como, Carnaval, São João e manifestações culturais.

O triste da história é que o Teatro Lobatinho nunca recebeu apoio externo, tudo foi fruto do talento e sacrifício de seus criadores. Em 2017, enfrentando dificuldades financeira, o teatro que fez alegria de tantas crianças e adultos, infelizmente, fechou às portas, mas a esperança dos moradores do Vasco da Gama é que ele volte a funcionar em breve.

Em outubro de 1979, a Telpe instalou os primeiros telefones públicos no Vasco da Gama. Crédito: Foto Ilustrativa/ Blog do João Alberto/DP.                                                                                 

OS PRIMEIROS TELEFONES PÚBLICOS

O Diário Oficial do Estado, em 13 de outubro de 1979, publicou uma nota sobre instalações de telefones públicos pela Telpe nas periferias do Recife, solicitadas pelo prefeito Gustavo Krause. Foram 45 orelhões instalados. No Vasco da Gama foram instalados dois. Uma na Rua Vasco da Gama e outro na Rua Japaratuba.

A nota justificava: “Os orelhões” (como são ainda chamados os telefones públicos, por seu formato semelhante a uma orelha) foram colocados em áreas consideradas prioritárias pela Prefeitura da Cidade do Recife, onde não havia nem mesmo telefones particulares. Com essa medida, as populações de baixa renda foram beneficiadas, pois agora contam com um meio de comunicação no próprio local onde vivem. Concluiu.

O desfile do bloco carnavalesco "O Urso do Teu Pai" em 1995. Foto: arquivo pessoal de Carlinhos do Urso.

AGREMIAÇÕES CARNAVALESCA DO VASCO DA GAMA

Em 8 de janeiro de 1980, era fundada a Sociedade Carnavalesca Esportiva e Cultural Kengas do Vasco da Gama, sede à Avenida Norte, nº 6292.

Fundado em 1992, A Turma do Piriquito anima o carnaval do bairro do Vasco da Gama. Sede: Rua Vasco da Gama, nº 419.

Em fevereiro de 1993 foi fundado o Bloco Infantil Cupim de Ferro., com sede situada na Rua Dois de Maio, nº84.

Em 5 de fevereiro de 1995, era fundado a Troça Carnavalesca Urso do Teu Pai, por Carlos Alberto Celestino de Assis, o Carlinhos do Urso. Sua sede fica no Córrego do Botijão, nº 23, Vasco da Gama.

Em 2000, surgiu o badalado Bloco da Ressaca, que sai às ruas do Vasco da Gama no primeiro domingo após o carnaval, com trios elétricos e cantores famosos locais e principalmente da Bahia.

FEIRINHA TÍPICA

Em setembro de 1980, o prefeito Gustavo Krause, criou a Feirinha Típica do Vasco da Gama. Nesta década, as feirinhas típicas, fizeram muito sucesso nos bairros do Recife e no Centro, como o do Parque Treze de Maio. Em outubro deste ano, a Prefeitura do Recife já havia implantado vinte feirinhas em diversos bairros.

As feirinhas Típicas eram realizadas pelas comunidades, com o apoio da Prefeitura do Recife, através da SAB- Secretaria de Abastecimento. As Feirinhas ofereciam lazer, mercado de trabalho, estimulava o convívio da comunidade e promoviam folguedos regionais. Em algumas, havia até show de grupos musicais locais.

Creche Municipal Mardônio Coelho. Foto: Josivaldo Silva

CRECHES

No dia 3 de setembro de 1980, o prefeito Gustavo Krause anuncia a construção de uma creche no Jardim Novo Mundo, nos lotes 8,9 e 10 da quadra E, no Alto da Favela, Vasco da Gama.

Em 7 de outubro de 1982, o prefeito Jorge Cavalcante assinou um contrato entre a URB e a Construtora Engeterra para a construção da primeira creche do Vasco da Gama, sito, na rua Milton Campos, no Alto da Favela. Durante a semana, teve início o serviço de nivelamento do terreno.

A Portaria Nº 162 de 2 de março de 1984, denomina Creche Mardônio Coelho, a creche localizada no Alto da Favela.

O Diário Oficial do Estado, de 9 de outubro de 1984, publicou a nota de inauguração da Creche Mardônio Coelho, no Alto da Favela, Vasco da Gama. A creche foi inaugurada para atender 150 crianças diariamente, com a faixa de idade de 0 a 6 anos.

A primeira-dama do Estado, Jane Magalhães, ficou muito emocionada pela homenagem feita pelo prefeito Joaquim Francisco, em colocar como patrono da creche o nome de seu pai, o advogado e jurista, Mardônio Coelho. Em seu discurso, falou:

“Aqui nesta creche se estará lutando contra o mal da miséria sob todas as formas: fome, desintegração familiar, violência. Aqui estará erguida a bandeira do respeito à dignidade humana, da defesa da justiça, da crença nos valores cristãos de amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

Estiveram presentes a inauguração da Creche Mardônio Coelho, além do Governador Roberto Magalhães e família, o prefeito Joaquim Francisco e sua esposa, Silvia Cavalcanti; o deputado Paulo Marques; os secretários municipais: Almeida Filho, Romildo Gomes e Miguel Doherty, além de inúmeros líderes comunitários.

Em 1995, na Escola Municipal Vasco da Gama, funcionou uma creche denominada Nossa Senhora das Dores.

Através do Decreto Nº 20.439, de 12 de maio de 2004, sancionado pelo prefeito João Paulo Lima e Silva. A Creche Mardônio Coelho depois de reestruturada, e localizada à Rua Senador Milton de Campos, Nº7, Vasco da Gama, volta a funcionar com a mesma denominação.

Os moradores do Vasco da Gama prestigiaram o Festival de Inverno em todas suas edições. O Grupo Alcano, da Avenida do Forte, fez grande apresentação e contagiou a moçada na edição de 1985. Foto: Arquivo pessoal de Euclides Bezerra (Tido).

FESTIVAL DE INVERNO DO VASCO DA GAMA

No dia 2 de agosto de 1981, deu-se início, o 1º Festival de Inverno do Vasco da Gama. O evento artístico e cultural organizado pela Conselho de Moradores do Jardim Vasco da Gama e com apoio da Prefeitura do Recife, teve dez edições, tornando-se o mais badalado festival da zona norte do Recife, perdendo em grandiosidade somente para o Festival da Inverno da Universidade Católica (Unicap) na Rua do Príncipe, no bairro da Boa Vista.

Durante uma década, o Festival de Inverno do Vasco da Gama (1981-1990), levou cultura e entretenimento a toda região de Casa Amarela, cenário ideal para projeção política de vários políticos, que viram no festival uma grande chance de conquistar muitos votos. Exemplo disso, aconteceu na 6ª edição em 1986, quando o candidato a governador de Pernambuco pelo PFL, José Múcio Monteiro Filho, patrocinou e bancou o festival daquele ano. No entanto, não foi suficiente para se eleger. A partir do ano seguinte, a Prefeitura do Recife voltou a patrocinar o evento até a última edição.

A primeira edição do Festival de Inverno do Vasco da Gama começou no dia 2 de agosto de 1981, com duração de nove dias. Com iniciativa do Conselho de Moradores do Jardim Vasco da Gama e o apoio da GRACO – Grupo de Ação Comunitária da Prefeitura do Recife. O festival teve atividades recreativas e culturais, cursos profissionalizantes: talhadores, pintores, músicos e atores palestras, exposições de arte, danças populares, serestas, passeio ciclístico, torneio de futebol de salão masculino, maratona, espetáculo musical e peça teatral.

A 2ª Edição do Festival (1982), teve todas as atividades culturais, recreativas, esportivas e profissionalizantes como o festival do ano anterior, além de feira típica, festival de música popular, maracatu, recital de poesias, xaxado, coco, capoeira, ciranda, quadrilha junina e torneio de voleibol. Teve também as apresentações das Escolas de Samba: “Vai Quem Quer” do Alto José do Pinho e “Unidos do Dendê” do Morro da Conceição.

A 3ª Edição do Festival de Inverno do Vasco da Gama (1983), foi bem melhor do que as edições anteriores, além das atrações de praxe, teve as apresentações da Banda Marcial do Ginásio Pernambucano, frevo do Nascimento do Passo, Orquestra Sinfônica Juvenil de Pernambuco, Gigante do Samba, Troça Carnavalesca Pás Dourada, Escola de Samba Galeria do Ritmo, Xangô de Mário Miranda, Zumbi Bahia e sua capoeira, jornalista e apresentador Jota Ferreira e o Conjunto Musical de Fernando Borges.

As feirinhas típicas nos Festivais de Inverno do Vasco da Gama, era o ponto forte dos eventos. Foto: Arquivo pessoal de Euclides Bezerra (1985).

A 4ª Edição do Festival de Inverno (1984), teve na abertura, o jornalista e apresentador Jota Ferreira como a grande atração, já que à época, fazia grande sucesso na televisão. O festival teve muito forró, frevo, danças afro-brasileira, festival de música com calouros.

No dia 21 de julho, mais de sete mil pessoas estiveram presentes no festival, onde o governador Roberto Magalhães marcou presença e foi bastante aplaudido pelo povo, que lhes prestaram homenagem pelo seu primeiro ano à frente do governo de Pernambuco. Já no palanque, armado na quadra de esportes do Jardim Vasco da Gama, onde era guardado pelo prefeito Joaquim Francisco, pelo deputado Paulo Marques e por diversos secretários da municipalidade.

Roberto Magalhães recebeu uma placa de prata da Federação Comunitária de Pernambuco, entregue pelo seu presidente, Manoel Pinheiro. Estiveram presentes representantes de diversas comunidades do Grande Recife, dentre eles o presidente da Femocohab, José Bernardo da Silva, mais conhecido por “Faca Cega” e da Vila da Cohab Monte Verde, Almir Barros. Num clima de alegria e com apresentações de diversos cantores populares os festejos se prolongaram até a madrugada. Roberto Magalhães não quis discursar para não interromper os festejos.

O radialista Ednaldo Santos, da Caravana da Rádio Tamandaré, ao lado dos líderes comunitário da ASCOM, Jessé Cavalcanti e Euclides Bezerra, organizadores do Festival de Inverno de 1985. Foto: Arquivo pessoal de Euclides Bezerra.

A 5ª Edição do Festival de Inverno (1985) foi organizado pela Associação Comunitária do Vasco da Gama (ASCOM) e pelo programa “Caminhos Comunitários” da Secretaria do Trabalho e Ação Social da Prefeitura do Recife.

O governador em exercício, Gustavo Krause, foi bastante aplaudido ao abrir o Festival de Inverno do Jardim Vasco da Gama por aproximadamente 5 mil pessoas, ele que quando prefeito, pavimentou o loteamento. Em curto discurso, Gustavo Krause disse: “Quando vim aqui pela primeira vez, encontrei não um lugar onde se morar, mas um lugar onde as pessoas se escondiam com certa vergonha. Isso aqui não era o Jardim Vasco da Gama, era um buraco sujo do Vasco da Gama.

Levo ao povo do Vasco da Gama, aos atletas, aos pais de família e a todos os participantes o abraço do governador Roberto Magalhães, o meu próprio abraço, o meu afeto e o meu carinho. Algumas recordações deste lugar me são muito gratas. Acompanhei as transformações  do Jardim Vasco da Gama, o esforço do povo, as crianças, as mulheres carregando pedras, areia e granito. Fazendo rifas e cotas  para poder ter um lugar digno para morar. Hoje eu entro no Jardim Vasco da Gama trazendo recordações de uma área construída que serviu de palco para comemoração do segundo ano do meu governo à frente da Prefeitura da Cidade do Recife. Se não bastassem as luzes do Jardim Vasco da Gama, a quadra coberta, os muros de arrimo, senão bastassem todos os melhoramentos que as pessoas veem, existe uma coisa muito maior do que o próprio Jardim Vasco da Gama e o povo que se organizou em função dessa obra  e nunca mais se desorganizou...” (conclui).

O Grupo Alcano, da vocalista Nádia Maia (centro), foi uma das grandes atrações do Festival de Inverno do Vasco da Gama em 1985. Foto: Arquivo pessoal de Euclides Bezerra (Tido).

Esteve presente, a caravana do radialista Ednaldo Santos da Rádio Tamandaré, teve ainda apresentação do festival de calouros e música popular brasileira, conjuntos musicais, como o Grupo Alcano, shows artísticos, feira típica, gincanas, corrida rústica, passeio ciclístico, concurso de forró, folclores, festival de frevo com a Orquestra Popular do Recife, sob o comando do maestro Ademir Araújo e o cantor Claudionor Germano.

A coordenação do festival foi comandada por Euclides Bezerra, presidente da associação e seus assessores: José Araújo Filho, Jessé Cavalcanti, Paulo Lopes, Marcílio Minervino, Rogério Paes de Lima, todos diretores da ASCOM.

As disputas esportivas na quadra esportiva do Jardim Vasco da Gama, eram bastante concorridas durante os torneios dos Festivais de Inverno. Foto: Arquivo pessoal de Euclides Bezerra (Tido) /1985.

O 6º Festival de Inverno do Jardim Vasco da Gama (1986), aconteceu entre os dias 2 e 10 de agosto de 1986. Foi o único festival que não foi organizado pela Prefeitura, e sim, pelo Comitê do candidato a governador pelo PFL, José Múcio Monteiro Filho. Na abertura do festival, cantaram para aproximadamente 20 mil pessoas, Leonardo Sullivan e o Quinteto Violado. O festival foi um sucesso, além das atrações esportivas, recreativas e musicais feitos pela comunidade, o festival teve outras atrações como: o animador e radialista Reinaldo BeloFabiana PimentinhaAlcimar Monteiro e os conjuntos musicais Som da Terra e Passaport.

Cosmo Costa (Palhaço Melodia), alegrou a criançada de seu bairro, no 8º Festival de Inverno do Vasco da Gama. Foto: Diário de Pernambuco/1988.

Sobre o 7º Festival de Inverno do Vasco da Gama (1987), não há nenhum registro feito pela imprensa sobre o evento.

O 8º Festival de Inverno do Vasco da Gama (1988), teve pouco apoio na liberação de verba por parte da Prefeitura da Cidade do Recife e o evento contou com a criatividade dos organizadores da Associação Comunitária do Jardim Vasco da Gama através de seu presidente Josemir Oliveira, e os coordenadores, José Araújo Filho, Severino Lima, Ivo Marinho Júnior e a brilhante participação de Cosmo Costa (Palhaço Melodia) e sua trupe: Luciene (Boneca Moranguinho), Arnaldo Barbosa (vocalista), Ismael Seabra (baterista), Fernando Lukon (surdista), Ivanildo Seabra e Elias Santos (percurssionistas). Ele comandou o concurso de calouros, de dublagens, de danças e nas distribuições de brindes. O evento ainda contou com a participação do cantor e apresentador Maurício Carlos e dançarinas. E o conjunto musical “Fruto Selvagem”.

Os moradores do Vasco da Gama tiveram a oportunidade de mostrar o seu talento no Show de Calouros do Festival de Inverno. Foto: Arquivo pessoal de Euclides Bezerra (1985).

Sobre o 9º Festival de Inverno do Vasco da Gama, (1989), não há nenhum registro feito pela imprensa sobre o evento.

O 10º Festival de Inverno do Vasco da Gama (1990), organizado pela Associação Comunitária do Jardim Vasco da Gama, em sua última edição contou com o apoio da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, durante os nove dias. O festival iniciou-se com a apresentação do cantor Cidinho e sua banda, além das apresentações culturais, esportivas e recreativas na comunidade, o evento teve várias atrações como: Nôzinho do Xaxado, Coruja e os seus Tangarás, Turma do Pinguim, cantores Nei Tropical, Ed Carlos, Pajeú, Xaveco da Paraíba, Rogério Resende, Corisco Melodia, Serginho de Olinda, Arlindo dos Oito Baixos, além das apresentações da Orquestra Juvenil do Recife, Bloco Carnavalesco Amante das Flores, Afoxé Alafim Oyó,  Bloco Carnavalesco Clube Abanadores do Arruda, Grupo de Danças Cleonice Veras, Orquestra Cabelo de Foto, Grupo Musical Fantástico. No dia 1º de setembro de 1990, foi encerrado o último festival com a apresentação do cantor Leonardo Sullivan.

CÓRREGO DO BOTIJÃO MUDA DE NOME

A Lei Municipal Nº 14.473, de 26 de outubro de 1982, sancionada pelo prefeito Jorge Cavalcante, mudou o nome do Córrego do Botijão, passando a ser denominado Rua Santa Maria Goretti.

SOCIEDADE DE DOMINÓ

Sociedade de Dominó Bons Amigos, fundada em 1º de janeiro de 1989, por Dário Ferreira Barbosa (Presidente) e Clóvis Pereira de Sousa (Vice). Localizada à Rua Vila Um Por Todos, Vasco da Gama.

O PROBLEMAS DOS MORROS COM AS CHUVAS

Um dos grandes problemas que afligem os moradores que moram nos morros, encostas e córregos são as chuvas. Sempre que se aproxima o inverno é motivo para muitas preocupações entre os moradores dos morros da Zona Norte do Recife, onde seus bairros estão situados nessa região de grandes relevos, onde até quem mora nas partes baixas, sofrem com as grandes enxurradas que descem dos morros, que quando não provocam alagamentos, destroem asfaltos e casas. Já para as pessoas que moram nos morros e em suas encostas a situação é muito mais crítica, os deslizamentos são constantes e catastróficos. Os deslizamentos de barreiras já causaram muitas mortes e destruições durante anos e anos, até os dias atuais. Ainda há muitos muros de arrimo, escadarias e canalização para serem feitos. Durante a nossa história, verificou-se que muito foi feito pelos governos de nosso Estado e do nosso município, mas  tem muita coisa a ser feito ainda.

No dia 7 de março de 1983, um grande temporal desabou sobre o Recife e Região Metropolitana na madrugada causando 20 desabamentos de morros e 11 mortes e dezenas de desabrigados. Sendo 3 vítimas no Córrego do Botijão, no Vasco da Gama. Onde a barreira deslizou e soterrou a casa, matando dois jovens de 12 e 17 anos respectivamente, e sua mãe.

O Diário de Pernambuco em 9 de março de 1983, publicou uma nota à respeito do trágico acidente do Córrego do Botijão da seguinte forma:

Sob forte clima emocional , os moradores da Rua Frederico Ozanan, no Córrego do Botijão, no Vasco da Gama, comentavam ontem o falecimento trágico dos garotos W.P.C, de 17 anos, R.P.C, de 12 anos e sua mãe, srª S.P.N de 40 anos, em decorrência do desabamento de uma barreira que soterrou a casa às 2 da manhã, quando chovia intensamente em toda a cidade.

Família querida no local, dos quatro que morava há muitos anos em uma modesta casa, restou apenas I.P.C de 18 anos, que estava internada no Hospital Agamenon Magalhães, para onde foi levada com várias fraturas na perna, após ter sido retirada dos escombros pelo amigo Gilbert Correia da Silva. Os corpos das vítimas foram sepultados no Cemitério de Santo Amaro.

Surpresa – O desabamento da casa de dona S... causou surpresa a todos os moradores da área, uma vez que, segundo comentou Rosemary Maria da Silva, “aqui tem casas rachadas, barreiras que a qualquer hora poderão cair, mas, infelizmente, aconteceu com a família de W..., o que veio aumentar o pânico da população, porque se chove do mesmo jeito de ontem (anteontem), outras pessoas serão vítimas da mesma forma. Lamentamos muito porque tratava-se de um pessoal bom e amigo. Mas a vida é isso aí”.

A situação no Córrego do Botijão não é das melhores. Conforme explicou Marluce Maria dos Santos, “Um engenheiro esteve aqui hoje (ontem) pela manhã e mandou que os proprietários de várias residências procurassem se alojar em outros locais, porque as casas estão com pequenas rachaduras e correm o risco de cair. Como uma parte da barreira poderá ruir com as chuvas, ele achou melhor prevenir. Além dessas, existem outros barracos no início da Rua Frederico Ozanan em vias de desabar. Não sabemos o que a Prefeitura fará para amenizar o problema, pois até agora (16 horas) não apareceu ninguém por aqui”. (Finalizou).

Após 39 anos, os mesmos problemas voltaram a acontecer durantes as chuvas, felizmente, ninguém morreu. O fato acorreu às 11 horas do dia 2 de agosto de 2022, na Rua Vinte e Dois de Abril, no Vasco da Gama. Uma barreira deslizou e derrubou parte de uma residência, por sorte, a proprietária não estava em casa.

Antes em abril de 2011, uma barreira havia desabado no bairro e atingido quatro casas, sem deixar vítimas. (Finalizado).

MISSA PARA GETÚLIO VARGAS

Em 24 de agosto de 1984, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), fundado por Getúlio Vargas, que quando era o Presidente do Brasil, cometeu suicídio, atirando com um revólver contra si. Durante as comemorações pelos 30 anos da morte do grande estadista, o padre Pierre, pároco da Igreja da Madre de Deus, no bairro do Recife, declarou disposto a celebrar uma missa, isso gerou uma grande polêmica, crítica e rejeição de alguns fiéis e padres, que negaram a celebrar missa a alguém que houvera cometido suicídio. Durante séculos, a igreja católica bania de quaisquer cerimonial religioso às pessoas que praticavam esse ato de atentar contra sua própria vida.

Em 1917, a legislação canônica, promulgada pelo papa Bento XV, proibia a missa exequial (missa de corpo presente) e a sepultura eclesiástica (cerimonial religioso). Em 1983, essa legislação foi revogada pelo novo código de direito canônico, pelo papa João Paulo II, que proibe a missa exequial, mas não, a missa de 7º dia, nem as demais que porventura venha  a ser solicitada. O novo código de direito canônico entrou em vigor em 27 de novembro de 1983.

O presidente regional do PTB, Ricardo Vieira Santos, que durante toda a semana havia recebido a negativa de vários clérigos da igreja, recorreu ao arcebispo de Olinda e Recife, dom Helder Câmara, que obedecendo o novo código canônico, autorizou a celebração, que foi realizada na data supracitada, pelo padre Pierre, na Matriz de São Pedro dos Clérigos, no Pátio de São Pedro, no bairro de Santo Antônio. No Vasco da Gama, o padre Severino Santiago, também informou que iria celebrar  uma missa em homenagem póstuma a Getúlio Vargas na Igreja de São Sebastião. Ele, inclusive, ao ser informado pela imprensa sobre a negativa de alguns sacerdotes em oficiarem missa para um homem que tinha cometido suicídio, disse, através da Rádio Clube de Pernambuco, que estava disposto a uma celebração, onde clamaria os fiéis a muitas orações por aquela alma. (Finalizou).

Vista aérea do grande buraco no Alto Nossa Senhora de Fátima, que foi a grande dor de cabeça do prefeito Joaquim Francisco. Foto: Diário de Pernambuco/1984.

O GIGANTESCO BURACO

No dia 17 de outubro de 1984, A Prefeitura da Cidade do Recife anunciava nos principais jornais da cidade, que haveria um plebiscito comunitário no Alto Nossa Senhora de Fátima, no Vasco da Gama, para definir quais as principais obras a serem realizadas naquela comunidade. Tudo porque, no meio do caminho havia um buraco, um grande buraco, um gigantesco buraco, uma cratera imensa. Nunca um buraco causou tanta dor de cabeça aos técnicos e engenheiros da Prefeitura. Um buraco que deixou o prefeito Joaquim Francisco, sem saber o que fazer, até surgir a ideia de um plebiscito.

O buraco em questão, segundo os moradores, vinha se desenvolvendo há três anos, era apenas uma brecha na rua, o que era pequeno, foi se alastrando durante os anos em decorrência das intensas chuvas de inverno. Aos poucos, a erosão transformou o pequeno buraco, num imenso precipício. Para se ter uma ideia da dimensão do problema, o buraco daria para abrigar um prédio de dez andares.

Diversos prefeitos passaram e ignoraram o problema, o prefeito Gustavo Krause, que foi um dos prefeitos que mais trabalharam no bairro, chegou a cogitar um plano para solucionar o problema, mas, alegando falta de recursos, acabou desistindo. No entanto, os constantes acidentes e prejuízos causados pelo buraco, provocou uma imensa insatisfação aos moradores do Alto Nossa Senhora de Fátima e principalmente, aos moradores da Rua José Rebouças, que foram as grandes vítimas, o caso ficou insustentável.  

As obras estruturais de melhorias nos morros do Vasco da Gama, fazia parte da 5ª etapa do Programa Emergencial elaborado pela Prefeitura da Cidade do Recife na gestão do prefeito Joaquim Francisco. O programa tinha uma verba orçada em CR$ 230 milhões de cruzeiros para essa etapa.  

O Diário de Pernambuco em 20 de outubro de 1984, deu grande destaque ao problema do buraco que afligia os moradores da rua José Rebouças. Segue um trecho da publicação:

Quando foram anunciadas as obras que seriam realizadas pela Urb, a comunidade ficou com dúvida. Os representantes do bairro resolveram ouvir a municipalidade que sugeriu uma eleição como o melhor caminho para destinação da verba; tapagem do buraco ou amarração das barreiras.

Ontem, segundo observação de alguns representantes, entre eles Rivaldo Francisco de Oliveira, há uma tendência da comunidade no sentido de tapar o buraco. Informou-se que nem mesmo algumas obras que foram recentemente realizadas pela prefeitura, como o calçamento de uma das ruas, criou tanta satisfação na comunidade com interesse de todos pela eleição pela tapagem do buraco.

É um buraco estranho, de proporções gigantescas e, que choca qualquer observador. Tudo foi proveniente da erosão. O terreno é de barro solto, sem argila (segundo alguns técnicos) sem sedimentos rochosos maciços e com uma topografia bastante acidentada pelas escavações da população que construiu a maioria das casas no alinhamento da extinta margem da rua.

A eleição para a tapagem do buraco ainda deixa os moradores desconfiados, pois nos últimos três anos, tanto o então prefeito Gustavo Krause, como o atual Joaquim Francisco e até o vereador Liberato, presidente da Câmara, nas eventuais substituições foram ao local (para faturar alguns votos) mas nenhuma solução chegou a ser tomada, como disse dona Aparecida Lima, adiantando que toda semana chega gente para olhar o local.

Conceição lamenta que as casas ali construídas, todas em alvenaria – uma textura diferente dos demais morros, tenham perdido o valor e as pessoas que residem nas proximidades procuram deixar o local, desde que o buraco começou a afundar sem as providências das autoridades.

Só resta agora confiar que a eleição mostre ao prefeito o interesse de todos por solução efetiva aos problemas de nossa comunidade, sentenciou o líder comunitário Rivaldo Oliveira, acreditando que pouca gente faltará à convocação para a eleição. Finalizou.

No dia 20 de outubro de 1984, num sábado, aconteceu o tão esperado plebiscito, 1.029 moradores foram votar, 992 optaram pelo fechamento do buraco com escoramento de barreiras e 37 moradores votaram a favor de construções de escadarias e pavimentações de ruas.

Após a votação, o secretário Extraordinário de Coordenação da Municipalidade, Romero Jucá, falou na ocasião, que existia uma verba para trinta barreiras que seria construídas pelo Projeto Emergencial e que para o Alto Nossa Senhora de Fátima, havia uma verba de CR$ 230 milhões de cruzeiros para serem investidos naquele morro.

A votação aconteceu no barracão da Urb instalado no local e na igreja católica de Nossa Senhora de Fátima em clima de festa, havia até cabos eleitorais. O vereador Carlos Eduardo acompanhou o pleito.

Depois de muito estudos de como seria feito o tal reparo no buraco gigante do Alto Nossa Senhora de Fátima pela Secretaria Extraordinária de Coordenação da Municipalidade. A Prefeitura resolveu mudar de planos, alegando que só a obra do buraco consumiria CR$ 170 milhões de cruzeiros do montante de CR$ 230 milhões, destinados as obras de infraestrutura naquele Alto.

A Prefeitura decidiu entre aterrar o buraco e realizar benfeitorias, visando conter deslizamentos de barreiras e agravamento da situação, optou-se pela construção de muros de arrimo, escadarias e canaletas para escoamento de águas pluviais. Opção que havia sido rejeitada no plebiscito. 

Quatro meses depois, a comunidade do Alto Nossa Senhora de Fátima estava em pé de guerra com a Prefeitura, porque ela havia mudado todo planejamento de execução da obra no buraco gigante da Rua José Rebouças e desconsiderando o pleito realizado na comunidade no ano anterior. No dia 19 de fevereiro de 1985, a Associação de Moradores do Alto Nossa Senhora de Fátima, distribuiu uma nota aos jornais com o seguinte comunicado:

“Num plebiscito realizado no Alto, com a participação de moradores e a Prefeitura do Recife, nós moradores opinamos que fossem realizados o reparo do buraco, escoramentos de barreiras e escadarias, obras que a Prefeitura se negou a fazer. Quando indicamos as obras, o sr. Romero Jucá trouxe uma planta de como seria feito o reparo, com escadaria em cima do buraco, tomando, mais uma vez, a decisão que teria de caber ao povo.

Nós queremos que seja feito o reparo, mas ao invés de escadaria, que seja feita pavimentação, porque só assim teremos ônibus no Alto Nossa Senhora de Fátima”, concluiu a nota.

No dia 25 de fevereiro de 1985, parlamentares oposicionistas do PMDB, liderados pelo deputado Sergio Guerra, a convite da Associação de Moradores, estiveram na comunidade para inspecionar a obra em questão. (Finalizou).

O delegado Zé Antônio, foi o delegado mais atuante no bairro do Vasco da Gama e na região de Casa Amarela. Sua fama, o fez levar a Câmara Municipal do Recife durante quatro mandatos. Imagem reproduzida do youtube.

O  XERIFE DO VASCO DA GAMA

José Antônio da Silva, nasceu em Nazaré da Mata-PE em 1940. Aos 17 anos, veio morar no Recife. Ele contou que já foi vendedor de bonbons, foi servente de pedreiro, vigia e depois com os estudos, chegou a ser o famoso delegado Zé Antônio, como ficou conhecido em Casa Amarela. No final dos anos de 1980, foi delegado do bairro do Vasco da Gama,sendo muito atuante no combate a criminalidade na comunidade e em toda região de Casa Amarela. 

Com todo prestígio adquirido como delegado, em 1993 ingressou na política sendo eleito quatro vezes vereador (1993 à 2008). Atualmente, é delegado especial aposentado e presidente do Centro Social Maria Joana da Silva, que foi criado por ele e que funciona desde 1993, na Rua Vasco da Gama, 951. O Centro presta orientação jurídica à comunidade. 

A RUA DO PADRE SEVERINO

Com a morte do padre Severino Santiago em abril de 1991, era um anseio da comunidade do Vasco da Gama, homenageá-lo com algo que perpetuasse o seu nome, já que o pároco permaneceu a frente da Paroquia de São Sebastião durante 36 anos. O povo pleiteou junto a Prefeitura, que fosse dado a uma rua do bairro, o nome do santo padre. O prefeito do Recife, Gilberto Marques Paulo, prometeu que atenderia ao pleito da comunidade e sancionou a Lei Nº 15.495 em 26 de outubro de 1991 com a seguinte descrição: “Denominar-se-á Padre Severino Santiago, um logradouro a ser inaugurado no bairro do Vasco da Gama”.

Acontece que se passaram oito anos e nenhuma rua foi aberta, nem teve o nome alterado. O pleito da comunidade só foi atendido durante a gestão do prefeito Roberto Magalhães que sancionou a Lei Nº 16.617, em 28 de dezembro de 2000, mudando o nome da rua do Carroceiro para a rua com o nome do padre, todavia, veio à tona uma questão. A rua não poderia ser denominada rua Padre Severino Santiago, apenas Rua Padre Severino, tudo porque, a comunidade da Macaxeira, já havia colocado o nome de uma de suas artérias de Rua Padre Severino Santiago, onde o padre também era bastante querido, pois ele era um pároco que trabalhava não só no Vasco da Gama, como em todas as comunidades de Casa Amarela. A comunidade do Vasco da Gama, teve que se contentar com a humilde rua do Padre Severino.

Maestro Carmelo Bartolomeu e uma aluna, com uniformes da Banda da Fundação Guararapes, composta por estudantes da Escola Vasco da Gama.

A TRISTE DESPEDIDA DO MAESTRO CARMELO BARTOLOMEU

Em novembro de 1998, os alunos e ex-alunos da Escola Municipal Vasco da Gama, receberam com grande tristeza a notícia da morte do professor e maestro Carmelo Bartolomeu da Silva, aos 50 anos de idade. O maestro, reagiu a um assalto e foi assassinado a tiros. A morte do maestro Carmelo Bartolomeu, comoveu toda a comunidade do Vasco da Gama, ele, que na década de 1980, desenvolveu um trabalho espetacular na Escola Municipal Vasco da Gama, integrante da Fundação Guararapes. Transformou a vida de dezenas de alunos que integravam a banda marcial da escola, onde muitos, tornaram-se músicos profissionais, graças ao empenho, dedicação e profissionalismo do grande mestre.

Tudo começou durante um desfile de 7 de setembro, no Centro do Recife, onde o recém presidente da Fundação Guararapes, João Francisco de Souza, durante o desfile estudantil que antecedia o desfile dos militares, ficou encantado com o desfile do Colégio Santa Maria, de Boa Viagem, pelas vestimentas luxuosas, harmonia e todo o glamour de uma verdadeira banda marcial estudantil, sob a regência do maestro Carmelo Bartolomeu.

Por outro lado, as escolas da rede municipal e estadual de ensino, apesar do grande entusiasmo de seus alunos, se apresentavam com calças jeans e os uniformes usuais, o que causava um certo constrangimento frente as escolas particulares.

Diante da situação, João Francisco, resolveu implantar um projeto de modernização da Banda Marcial da Fundação Guararapes. Foi contactado o professor e maestro Carmelo Bartolomeu para organizar e preparar os alunos na formação da banda. A Banda Marcial da Fundação Guararapes, foi formada por alunos das escolas municipais Maria Sampaio de Lucena, do Ibura e Vasco da Gama, de Casa Amarela. Esta última, que fazia parte da Fundação Guararapes desde sua criação em 1º de fevereiro de 1965.

No começo, não foi fácil. Com o apoio do presidente da fundação, Carmelo, mostrou às autoridades da Prefeitura do Recife, que as bandas marciais do município do Recife tinham potencial para desempenhar com dignidade suas funções sociais, educacionais e artísticas, não só no município, como em qualquer outro lugar do cenário nacional. O professor Carmelo Bartolomeu, montou uma estratégia pedagógica com seus alunos mais experientes para trabalhar a performance instrumental e artística daqueles alunos que estavam iniciando na execução das cornetas e instrumentos de percussão. Com um trabalho árduo para todos os envolvidos no processo de formação, os ensaios tanto da banda marcial Maria Sampaio como da banda marcial Vasco da Gama eram intensos. Havia semanalmente e nos finais de semana, mas com muita cautela para não prejudicar os estudos dos alunos no ensino regular.

Diante da continuidade dos trabalhos artísticos das bandas Maria Sampaio e Vasco da Gama, o professor Carmelo Bartolomeu junto aos alunos e todos os envolvidos conseguiu muitos benefícios para desempenho da banda, tais como: novos instrumentos, uniforme de destaque para a banda, que foi confeccionado em São Paulo pela estilista Lina Fernandes; estandarte, jogo de bandeiras para a escola, sala para guardar os instrumentos da banda, material de manutenção, pessoas para assessorar no trabalho de formação dos alunos contratados pela Fundação Guararapes (monitor).

uniforme da banda que veio de São Paulo, tinha muita pompa e chamou muito a atenção do público por ser um uniforme diferenciado para o que era de praxe naquela época no nordeste brasileiro, pois usavam uniformes chamados de “esquente ou moleton”. O uniforme, era uma novidade para os integrantes da banda que se sentiram lisonjeados e orgulhosos ao vivenciar um momento de transformação.

Durante a gerência do maestro Carmelo Bartolomeu, as bandas marciais Maria Sampaio de Lucena e Vasco da Gama trabalhavam em conjunto, ou seja, as solicitações que eram feitas para uma eram feitas para a outra também. O repertório executado era igual para ambas, porque em muitas ocasiões as duas bandas se transformavam em uma só, nos principais encontros e eventos de destaque do nosso Estado e fora dele.

As grandes apresentações da Banda Marcial da Fundação Guararapes, representadas por alunos das escolas Maria Sampaio Lucena e Vasco da Gama, aconteceram no Ginásio do Geraldão, na Imbiribeira, promovido pelo Comando Militar do Nordeste no Encontro de Bandas e Fanfarras, que acontecia todos os anos. Fora do Estado, a banda se apresentou no Encontro de Bandas e Fanfarras em São Paulo; em Camaçari, na Bahia; no Rio de Janeiro e em outras pequenas cidades.

No dia 22 de dezembro de 1988, a Banda Marcial da Fundação Guararapes, participou de um concerto natalino no Teatro Santa Izabel, algo que jamais havia acontecido, pois a administração do teatro alegava que o local não era adequado para uma banda marcial, pois seu som estridente poderia danificar os lustres do teatro. Resolvido o impasse, e sem causar nenhum dano aos lustres, a banda marcial fez uma apresentação impecável, sob a regência do maestro Carmelo Bartolomeu, que dividiu o palco com os regentes adjuntos Marcos Antônio Galdino e Carlos César Pereira. A banda executou sucessos de Bach, Mozart, além de La Bamba, dos Los Lobos e Asa Branca de Luiz Gonzaga entre outras.

Por todo esse trabalho executado e pela valorização dos alunos da escola Vasco da Gama, é que a morte do professor e maestro Carmelo Bartolomeu da Silva, causou tanta comoção na comunidade.

O assassinato do professor Carmelo Bartolomeu, causou grande comoção aos alunos da Escola Vasco da Gama.

No dia 17 de novembro de 1998, o deputado Gilberto Marques Paulo, subiu à tribuna na Assembleia Legislativa para se pronunciar sobre seu voto de pesar pelo falecimento do professor Carmelo Bartolomeu:

O professor Carmelo, como era artística e popularmente conhecido, deixa uma grande laguna na vida de seus familiares e da Cidade do Recife.

Dotado de um versátil e irrequieto talento musical, logo cedo, se revelou um grande mestre, preparando jovens e adolescentes em várias escolas, com destaque: Escola Maria Sampaio de Lucena, Escola Vasco da Gama, Escola Santa Maria e Colégio Boa Viagem.

 De espírito alegre e disponível, por vários anos, esteve à frente da Banda Marcial da Fundação Guararapes, emprestando-lhe harmonia e garbo nos grandes desfiles históricos.

Sempre que solicitado, esteve presente aos vários eventos realizados pela Prefeitura da Cidade do Recife, nas ruas do Recife antigo, ou onde se fizesse necessária à sua incansável participação: Carnaval, Dançando Recife e festas de fim de ano. Sua morte trágica e brutal é mais um pesadelo e um grito de revolta diante da insegurança e violência, com que se depara o indefeso cidadão no seu dia a dia sob a tutela de um Estado importante e desamparado para combatê-las.

Espero que esta Casa Legislativa acolha o presente requerimento como um voto de pesar e protesto por esta e outras degradantes cenas de homicídios que enlutam a vida de centenas de famílias em nosso Estado. Finalizou.

O PRIMEIRO CASO DE CORONAVÍRUS NO VASCO DA GAMA

No dia 31 de dezembro de 2019, cientistas chineses detectam a existência do vírus.

No dia 7 de janeiro de 2020, autoridades sanitárias chinesas identificam o agente etiológico dessa síndrome respiratória grave como sendo um coronavírus, doença denominada Covid-19. Após a divulgação das autoridades chinesas, o coronavírus se alastrou-se pelo mundo, causando pavor e medo. Dava-se início, a maior pandemia do século.

No dia 12 de março de 2020, foi diagnosticado o primeiro caso de covid-19 em Pernambuco. Um casal de idosos, moradores do bairro de Boa Viagem, que vieram de Roma.

No dia 20 de março de 2020, uma mulher moradora do bairro do Vasco da Gama, que teve seu nome e endereço não divulgado, foi atendida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), numa tarde de quinta-feira (20) com suspeitas de coronavírus, que depois veio a ser confirmado. A paciente sofreu desmaio e cianose (sinais de falta de oxigenação no sangue), apresentava ainda, febre, tosse e falta de ar. Ela foi encaminhada para uma policlínica no Recife e depois removida para o Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no bairro do Cordeiro.

Até o dia 27 de março de 2023, quando estávamos concluindo este trabalho, Pernambuco registrava 1.122.012 casos confirmados e 22.576 óbitos. No Brasil, 699.634 pessoas haviam falecido, vítima da covid-19.

Por: Jânio Odon/BLOG VOZES DA ZONA NORTE. (DIREITOS RESERVADOS)

Fonte: Diário de Pernambuco, Diário Oficial do Estado de PE, Jornal do Comércio/Recife, Jornal Pequeno, Jornal A Província, Jornal Última Hora, Folha de Pernambuco, Revista O Cruzeiro, Arquivo Público de Pernambuco, CEPE (Companhia Editora de Pernambuco), Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (bndigital.bn).

Agradecimentos as pessoas do bairro do Vasco da Gama, que muito contribuíram para que este trabalho se realizasse da melhor forma possível:

Euclides Bezerra de Almeida Filho (Tido) - Ex-presidente da Associação de Moradores do Jardim Vasco da Gama.

Carlos Alberto Celestino de Assis (Carlinhos do Urso) - Presidente do Bloco "O Urso do Teu Pai".

Conceição Correia dos Santos (Ceça)

VASCO DA GAMA EM FOCO

Sede do Troça Carnavalesca "Kengas do Vasco" em 2011. Foto: Google/2011.

Troça Carnavalesca "O Urso do Teu Pai" desfilando na Rua Vasco da Gama em 1995. Fotos: 1, 2, 3 e 4 (Arquivo pessoal de Carlinhos do Urso).

 


Escudo do Treze do Vasco

Votação da Associação de Moradores do Jardim Vasco da Gama na década de 1990. Foto: Euclides Bezerra (Tido).

Quadra do Jardim Vasco da Gama na década de 1990. Foto: Euclides Bezerra (Tido).

O governador Gustavo Krause discursando durante a abertura do 5º Festival de Inverno do Vasco da Gama em 1985. Foto: Diário de Pernambuco.

Igreja Nossa Senhora de Fátima, no Alto que leva o nome da santa, antigo Alto da Foice. Foto: Google/2023.

Igreja Santa Maria Goretti, outro Alto que leva o nome da santa, antigo Alto do Botijão. Foto: Google/2023.

Atual Paróquia de São Sebastião, na Rua Vasco da Gama. Fotos: 10, 11 e 12 - Jânio Odon/VZN/15.7.2023.

Entrada do Vasco da Gama, no cruzamento com a Rua Padre Lemos com a Avenida Norte.

Praça do Jardim Vasco da Gama, onde foram realizados os festivais de inverno.

Imagem aérea do Vasco da Gama. Crédito: Iggor Gomes/2021. 





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