sexta-feira, 23 de agosto de 2019

A História do Bairro do Alto Santa Terezinha (Recife) e suas localidades: Córrego do Tiro e Alto do Brasil

Subida do Alto Santa Terezinha em 1967, na época, conhecida como Rua 1º de Maio (atual Rua Tamboara) recém pavimentada. Foto: Revista "O Cruzeiro" de 10/6/1967.

Obs: foi feito uma correção, o Córrego José Grande que outrora fazia parte desta matéria, foi inserido na história do Alto José Bonifácio.
 

LOCALIZAÇÃO E OCUPAÇÃO

O Alto Santa Terezinha é um bairro da zona norte do Recife, que fica a 6,68 Km do Centro. Sua população de acordo com o censo de 2010 é de 7.703 habitantes, sendo 3.601 do sexo masculino e 4.102 do sexo feminino. Sua densidade demográfica é de 246 habitantes por hectare. Faz divisa com os bairros de Água Fria, Bomba do Hemetério, Linha do Tiro, Alto José do Pinho e Alto José Bonifácio.

Tornou-se bairro através do Decreto Municipal Nº 14.452 de 26 de outubro de 1988, sancionado pelo prefeito Jarbas Vasconcelos e ratificada pela Lei Municipal Nº 16.293 de 3 de fevereiro de 1997, sancionada pelo prefeito Roberto Magalhães, que criou as RPAs (Região Político-Administrativa). O Alto Santa Terezinha faz parte da Microrregião 2.2 da RPA-2. Com a criação do bairro, foram agregados as localidades do Alto do Brasil e Córrego José Grande, ligados anteriormente ao bairro de Casa Amarela e parte do Córrego do Tiro (atual Rua Professor José Amarino dos Reis), entre a Rua Serra Preta até a escadaria da Rua Sodrélia, que pertencia ao distrito de Beberibe.

O bairro do Alto Santa Terezinha está delineado da seguinte forma: Começa na confluência das ruas Córrego do Tiro e Serra Preta; segue por esta última até encontrar a Rua Arlindo Cisneiros (atual Rua Padre Oliveira), deflete à direita prosseguindo até encontrar um canal ali existente, segue por este até encontrar a Rua Córrego José Grande, deflete à direita atingindo a escadaria da Rua Hidrolândia, deflete à esquerda seguindo até a confluência da Rua Bismark de Freitas e Rua Alto da Serrinha; segue por esta até alcançar a Rua Umuarama, deflete à direita e alcança a Rua Córrego do Tiro, deflete à esquerda e segue até a escadaria da Rua Sodrélia; deflete à direita e alcança a Rua Sodrelândia, por esta atingindo a Rua Tamboara (antiga Rua 1º de Maio), até o encontro com a Rua Ampere, prosseguindo até o encontro da Rua Arabari, onde deflete ao encontro da escadaria da Rua Airi; deflete à esquerda pela Rua Córrego do Tiro e alcança a Rua Serra Preta, ponto inicial.
O Alto Santa Terezinha antes do calçamento em 1963. Foto: Katarina Real/ Fundaj.

A ocupação do Alto Santa Terezinha se intensificou a partir de 1947, com o esgotamento das ocupações dos morros e córregos vizinhos, como, Alto José do Pinho, Alto do Pascoal e Bomba do Hemetério. A ação das imobiliárias também contribuíram, já que exerciam forte pressão contra os invasores que se apossavam de suas supostas terras e que eram obrigados a pagar o chão.

No dia 16 de de fevereiro de 1945, através do Decreto- Lei Nº 1118, o governador de Pernambuco, Agamenon Magalhães, criou o Serviço Social Contra o Mocambo, substituindo a Liga. Foi neste período, que as ocupações dos morros tornaram-se mais frequentes, pois, já não era mais possível construir mocambos nas áreas centrais do Recife, além do mais, a questão da seca no sertão, o desemprego e as constantes enchentes dos rios Capibaribe e Beberibe, intensificaram ainda mais as ocupações.

A nova Capela de Santa Terezinha, situada na Rua Marilândia.

Por ser um morro estreito e cheios de abismos, foi um dos últimos a ser ocupado. Este morro foi denominado de Alto Santa Terezinha, em virtude dos primeiros moradores serem devotos de Santa Terezinha e construírem uma capela em homenagem a ela. A capela foi erguida na Rua 1º de maio (atual Rua Tamboara), subordinada à Paróquia de Santo Antônio, em Água Fria. Atualmente, a capela fica na Rua Marilândia, onde foi reconstruída.

Em 7 de janeiro de 1949, o prefeito do Recife, Manoel César de Moraes Rêgo, através do Decreto Nº 85, dividiu o Recife em quatro zonas: Central, urbana, suburbana e rural. Com esse decreto, o Alto Santa Terezinha ficou inserido na zona suburbana pertencente ainda ao distrito de Beberibe. Todavia, por ser um lugar ainda de pouca moradia e pouco conhecido, era muito comum os fatos acontecidos nesta localidade publicados ou relatados pela imprensa, geralmente ocorrências policiais, serem classificadas como uma localidade pertencente a Água Fria, Arruda ou até mesmo, à Casa Amarela.

O Alto do Brasil que atualmente tem 900 metros de extensão, foi ocupado em 1945, ali chegaram, os primeiros moradores.

O Córrego do Tiro, atualmente denominado de Rua Professor José Amarino dos Reis desde 1991, tem 2,2 quilômentros de extensão, deste, 850 metros pertence ao bairro do Alto Santa Terezinha. É a localidade mais antiga do bairro. No início dos anos 20 do século XX, foi aberta uma estrada a partir da atual rua Auréa, indo de encontro ao Córrego do Tiro até a atual Rua Uriel de Holanda, na Linha do Tiro. Depois de aberta, esta estrada ficou sendo chamada de Estrada do Acampamento até 1936, isto porque, o Ministério da Guerra mantinha desde 1889, um campo de tiro num lugar próximo a entrada do Brejo, denominado de Polígono do Tiro, que consta num mapa de 1875 a sua existência. Neste período, era muito comum os militares transitarem por esta estrada e levantarem acampamentos nas proximidades do polígono.

Subida da Rua Tamboara, Alto Santa Terezinha. Foto: Jânio Odon/2019.

AS PRIMEIRAS NOTÍCIAS  

Surgem, as primeiras notícias das principais localidades que constituem o atual bairro do Alto Santa Terezinha nos principais jornais do Estado, a partir de 1945, quase sempre, notícias sobre violência, tragédias e até agradecimentos por uma graça alcançada, justamente ela, que foi a primeira notícia publicada em um jornal da cidade, aconteceu no Córrego do Tiro, publicado pelo Diário de Pernambuco em 24 de outubro de 1945. A nota dizia o seguinte: “Uma graça alcançada”- Eu sofri da cabeça há nove anos. Recorri a todos os meios e nada serviu. Graças a casa da caridade da Rua Visconde de Goiana, Nº 305, no bairro da Boa Vista, estou completamente curada. A madame Jael minha gratidão. Minha residência: Córrego do Tiro, Nº 5, Casa Amarela. Joaquina da Conceição. Concluiu.

Já a primeira notícia que ocorreu referindo-se ao Alto Santa Terezinha publicada por jornais, aconteceu em 29 de julho de 1947, publicada pelo Diário de Pernambuco, onde um homem agrediu a esposa grávida à pontapés na residência de número 29. A mulher foi hospitalizada com hemorragia, e o homem foi detido no local e encaminhado à presença do delegado Paulo Malta, que ouviu o imputado e o colocou no xadrez. Destacou.

O Diário de Pernambuco do dia 4 de novembro de 1956, noticiou a primeira notícia fazendo referência ao Alto do Brasil, tratava-se de um homem morador daquela localidade, armado com uma faca peixeira, praticando desordem no Alto José do Pinho, sendo preso pela Guarda Civil. Finalizou.

OS PRIMEIROS PONTOS COMERCIAIS

Os primeiros pontos comerciais do futuro bairro e registrados na prefeitura, surgiram em julho de 1948, sendo eles, na localidade de Córrego do Tiro, concedidos aos senhores Alves Barbosa que abriu uma barraca de cereais, num estabelecimento, sem número; e João Felício Gomes, também, uma barraca de cereais, no estabelecimento de Nº 457.

No Alto Santa Terezinha,  em julho de 1950, o sr. Oscar da Cunha Borba, abriu na rua C, Nº118, um depósito de secos; em abril de 1951, o sr. Antônio Luiz de França, abriu uma barraca de cereais, na rua 1º de maio (atual rua Tamboara), Nº 628. Em maio do mesmo ano, o sr. Pedro Antônio do Nascimento, abriu uma barraca de frutas, na rua 1º de maio, Nº116.  

A ILUMINAÇÃO PÚBLICA

Após a abertura da Estrada do Acampamento (Córrego do Tiro) no início do século XX, cortando o morro e separando o Alto José Bonifácio do Alto Santa Terezinha, esta região que hoje compõe este bairro, ficou esquecida pelos órgãos governamentais durante muitos anos. A pavimentação ainda não existia, era estrada de terra. No entanto, em sessão na Câmara Municipal do Recife, presidida pelo vereador Claudino Lourenço de Albuquerque, foi aprovada a Lei Municipal Nº 324, de 16 de abril de 1949, autorizando o prefeito do Recife, Manuel Cézar de Moraes Rego, a completar no prazo de 60 dias, a iluminação pública do Córrego do Tiro, implantando no local, mais 13 postes, começando da Linha do Tiro.

No dia 27 de setembro de 1957, o Serviço de Iluminação de Luz e Força de Beberibe (SILFB) instalou mais nove postes de iluminação pública no Córrego do Tiro, entretanto, parte desta localidade ainda encontrava-se às escuras.

O Diário Oficial de Pernambuco, de 28 de dezembro de 1957, divulgou o orçamento da Prefeitura do Recife para o exercício de 1958, onde consta a execução da iluminação pública do Córrego do Tiro e do Alto do Brasil.

Entre agosto de 1959 a abril de 1960, o vereador José Raimundo e o deputado Augusto Lucena fizeram vários apelos na Câmara municipal e na Assembleia Legislativa respectivamente, para que o prefeito do Recife, Pelópidas da Silveira, fizesse o prolongamento da iluminação pública do Córrego do Tiro até o Córrego do Bartolomeu.

Em discurso do dia 22 de novembro de 1959, o deputado Augusto Lucena subiu à tribuna, reforçando o pedido de prolongamento da iluminação elétrica do Córrego do Tiro, informou ele, que o secretário Lael Sampaio, através de ofício encaminhado a Assembleia Legislativa, declarou que parte do Córrego do Tiro recebia energia da Pernambuco Tramways, ficando o restante no escuro. E que estava estudando a possibilidade  de instalar um transformador e projetar uma área de distribuição em baixa tensão na tentativa de atender aqueles consumidores. Adiantou que estava enfrentando alguma dificuldade, principalmente pela falta de planta naquela região e também tinha sido grandes os serviços  de reformas nas diversas áreas já ligadas em Beberibe.

No dia 20 de novembro de 1966, o Diário de Pernambuco publicava sobre a conclusão da iluminação pública de toda extensão do Córrego do Tiro após sete anos de espera. O curioso, é que a conclusão do serviço foi executado pelo já  prefeito, Augusto Lucena, que durante todo seu mandato de deputado, sempre cobrou do prefeito Pelópidas da Silveira, seu antecessor, a execução deste serviço.

O Alto Santa Terezinha nos primeiros anos de existência vivia a luz de vela e do candeeiro à querosene. O povo começava a cobrar das autoridades governamentais melhorias para a comunidade, e esta mobilização fez com que a Câmara Municipal do Recife, tomasse as primeiras medidas para que o progresso chegasse aquele morro. E numa sessão realizada no dia 14 de setembro de 1953, presidida pelo vereador Hilo Lins e Silva, foi decretada e promulgada a Lei Municipal Nº 2403, que autorizava o prefeito José do Rego Maciel, a fazer a instalação de iluminação pública no Alto Santa Terezinha.

Lei Municipal Nº 3285, de 30 de março de 1955, autorizou o prefeito do Recife, Djair Brindeiro, a efetuar a iluminação pública da rua São Jerônimo, no Córrego José Grande. A sessão foi presidida pelo vereador Sergio de Godoy e Vasconcelos.

No dia 23 de maio de 1962, na Câmara Municipal do Recife, o vereador Expedito Corrêa, fez um requerimento solicitando a instalação da iluminação pública para o Alto do Brasil.

No dia 2 de junho de 1962, o prefeito Miguel Arraes de Alencar, inaugurou a nova iluminação do Alto Santa Terezinha
Anúncio feito em um jornal por um morador do Córrego do Tiro preocupado em não ser preso como um comunista subversivo durante a Ditadura Militar.

O ANTICOMUNISMO

Em 1935, em Pernambuco, aconteceu uma tentativa de tomada de poder pelos comunistas, liderados por Gregório Bezerra. A luta armada aconteceu também no Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte. O movimento armado foi sufocado e seus líderes presos. A partir daí, os ideais comunistas tornaram-se um grande problema para os governantes, tanto que o Presidente Getúlio Vargas no dia 23 de dezembro deste mesmo ano, criou o DOPS (Delegacia de Ordem Política e Social), com a finalidade de combater a desordem pública, em crimes comuns ou políticos.

O problema era tão grave que em 1937, o Presidente Getúlio Vargas criou o Serviço de Repressão ao Comunismo, ligado ao DOPS. O anticomunismo, não só atingiu a classe política e os intelectuais, como também, o povo simples dos córregos, morros e alagados. Ser taxado de comunista era a mesma coisa de ser um terrorista. O cidadão poderia ser preso como subversivo, ser torturado e até sumir do mapa. Tinha gente que nem sabia o que era ser comunista, mas, tinha o maior medo de ser taxado como tal, tanto, que emitiam notas em jornais se justificando que não era comunista, nem contribuía financeiramente, nem participava de manifestações ligadas a entidade. O medo era muito grande e só amenizou a partir de 1979, quando da anistia política e a sua abertura em 1985 promovida pelo Presidente João Batista Figueiredo. Era o fim da ditadura militar de 64.

Os grandes jornais da cidade deixavam sua imparcialidade de lado e eram contundentes em suas crônicas anticomunistas, como esta feita pelo Diário de Pernambuco e publicada em 21 de abril de 1953 da seguinte forma:

A manchete dizia: “Em Altos e Corgos” – Primeiro s. s. (referindo ao governador Etelvino Lins) tome o seu automóvel oficial  e se debruce  do parapeito  dos morros do Recife, ou como aqui se chamam, dos altos: Alto do Pascoal, Alto José do Pinho, Morro da Conceição, Alto do Deodato, Alto da Estrada do Boi (atual Alto José Bonifácio), Alto Santa Terezinha e Alto do Céu.

Há ainda muitos outros “altos”. E além dos “altos”, há os córregos, ou como diz o povo, os “corgos”. Em altos e “corgos” é que a propaganda comunista monta as suas células. Satan faz mais uma vez a obra do tentador; e indicando ao povo a cidade, que lhe fica aos pés, repete as palavras que outrora dissera ao Cristo: “Tudo isso será teu, se me prestares vassalagem”.
Nos “altos” foram montados os Centros de Estudos e Defesa do Petróleo (ação comunista); os Centros Pró-Paz (ação comunista); os Centros Contra Acordo Militar Brasil- Estados Unidos (ação comunista). Lá o comunismo faz o seu trabalho lento. Mostra ao povo dos mocambos os palacetes da Casa Amarela e diz: “tudo isso será teu”.

De tal modo a ação comunista tem sido intensa nesses morros, que quando o Rotary Club tratou de montar uma escola no Morro da Conceição, os promotores da ideia foram recebidos a pedradas. Em “altos e “corgos” vive uma população sofredora, que mal tem o que comer; que marcha quilômetros e quilômetros para apanhar uma lata d’água; que não tem condução de espécie alguma; que não tem luz, que não tem calçamento, que não tem arborização, que não tem nada. Só se veem as antenas dos pequenos rádios de cristal de galena, que os curiosos montam nos mocambos. Esse é seu único divertimento. Chega a parecer uma floresta de postes, subindo aqui, descendo acolá.
Se houvesse uma estação clandestina comunista trabalhando dia e noite, os ouvidos desse povo, ele faria uma revolução, desceria os morros e invadiria a cidade, como outrora o povo de Paris invadiu o Palácio de Versailles. Ninguém se iluda: esta cidade está cercada de células vermelhas, prontas para o primeiro sinal. Finalizou.


Em 1952, a água tratada chega ao Alto Santa Terezinha através dos chafarizes. Foto: Ilustrativa/Jornal Opção.

ÁGUA ENCANADA

Durante muitos anos, os moradores das localidades que fazem parte do Alto Santa Terezinha, viveram sem saneamento básico e sem água encanada. Os moradores, utilizavam água dos cacimbões e pequenos riachos espalhados pelos morros e córregos da localidade, até que na segunda metade de 1952, surgem os primeiros chafarizes, como veremos a seguir.

O Diário de Pernambuco do dia 26 de julho de 1952, publicou que o presidente do Serviço Social Contra o Mocambo (SSCM), engenheiro Antônio de Figueiredo, anunciou a inauguração de três chafarizes públicos no Alto do Deodato, Alto do Céu e no Alto Santa Terezinha.

No dia 11 de julho de 1956, o deputado Antônio Luiz Filho, através do Projeto Nº 226, solicitou a instalação de um chafariz no Alto Santa Terezinha.

No dia 11 de julho de 1958, o governador de Pernambuco, Cordeiro de Farias, inaugurou o primeiro grande sistema de distribuição de água da zona norte do Recife. A adutora partiu do Alto do Céu, em Beberibe, atravessando através de tubos de ferro fundido, quase todos os morros e córregos de Água Fria e de Casa Amarela. Neste percurso até o Alto Novo Mundo, no Vasco da Gama. Este sistema abastecia 35 chafarizes espalhados nesta região, obra orçada em Cr$ 18 milhões de cruzeiros. Entre os morros beneficiados estava o Alto Santa Terezinha.

O Diário de Pernambuco de 5 de setembro de 1962, publicou um manifesto do vereador Liberato Costa Júnior, que teceu críticas à Secretária de Viação e Obras por não providenciar a ligação d’água em chafarizes inaugurados pela prefeitura no Alto Santa Terezinha, Córrego José Grande e outros mais. Liberato disse: Muitos desses chafarizes já foram inaugurados há mais de seis meses, mas até o momento não funcionaram por falta da ligação d’água, finalizou.

No dia 30 de setembro de 1962, o secretário de Viação e Obras Públicas, Lael Sampaio, inaugurou um chafariz no Córrego do Tiro.

No dia 24 de maio de 1963, o vereador Expedito Corrêa, solicitou ao secretário  de Viação e Obras Públicas a construção de um chafariz no Alto do Brasil.

O apelo do vereador Liberato Costa Júnior feito em setembro de 1962, parece não ter surtido efeito, e anos depois, o Diário de Pernambuco de 23 de fevereiro de 1965, publicou uma nota de protesto de moradores contra a falta de água no Alto Santa Terezinha e morros vizinhos. A nota dizia o seguinte:

Nós moradores do morros do Recife, habitantes do Alto do Deodato, Alto do Pascoal, Alto do Pereirinha, Alto Santa Terezinha e Avenida Aníbal Benévolo vimos apelar para as autoridades.
Pedimos ao governador do Estado (Paulo Guerra), ao prefeito da capital (Augusto Lucena), que tenham pelo menos piedade de nós. Nós moradores dos morros do Recife, estamos sendo proibidos de consumir água. Ninguém tem mais direito a água.

Pela portaria do Diretor do Saneamento, chafarizes e lavandarias somente funcionam em dois turnos: das 5 às 9 e das 15 às 18 horas. Durante as outras horas do dia, ficamos a depender da exploração dos vendedores ambulantes, que cobram 50 cruzeiros por duas latas d’água. E às vezes até mais.
Antes se concedeu a ligação de pena d’água a quem residisse nas proximidades do chafariz. Agora nem isso. Já imaginou para uma dona de casa, mãe de oito ou dez filhos? Será que também não somos brasileiros? Finalizou.

O Diário de Pernambuco de 15 de outubro de 1966, anunciava que o governador Paulo Guerra estava investindo mais de Cr$ 1 bilhão de cruzeiros para tentar resolver a questão da falta d’água nos morros e córregos de Beberibe e Casa Amarela. Este sistema que começou a ser implantando em 1958, pelo então governador Cordeiro de Farias, que não conseguiu atingir a meta de abastecer com eficiência todas as localidades que estavam no projeto. Um dos motivos, foi a instalações de outros chafarizes que utilizaram a água do reservatório do Alto do Céu, em Beberibe, e que o sistema de bombeamento e a captação de água era insuficiente para suprir a demanda, já que o reservatório tinha a capacidade de distribuição d’água de apenas 5 mil metros cúbicos diários.

O Diário de Pernambuco de 25 de fevereiro de 1972, publicou uma matéria sobre a melhoria do abastecimento d’água nos morros da Zona Norte do Recife que dizia o seguinte:
Os habitantes dos morros da Zona Norte da cidade, 240 mil pessoas, serão beneficiadas a partir de setembro, com a conclusão, pela Saner (Saneamento do Recife, que funcionou até 1974), da primeira etapa do abastecimento d’água daquela área. Segundo as determinações do governador Eraldo Gueiros Leite, o abastecimento d’água dos morros será feito através de quatro reservatórios, sendo que três já estão concluídos: os de Dois Unidos, Alto do Jenipapo e Alto Mundo Novo, faltando apenas terminar o do Alto do Céu. 

O sistema de abastecimento, cujo o custo global será de Cr$ 7 milhões de cruzeiros, será financiado pelo BNH (Banco Nacional de Habitação) e pelo Saner. Ontem, às 16 horas, em reunião da diretoria, o engenheiro Enitônio Pereira fez entrega ao presidente da empresa, engenheiro Sebastião Barreto Campelo, do relatório final do projeto.
...a quarta etapa beneficiará o Alto do Deodato, Alto do Pascoal, Alto Santa Terezinha e Alto do Céu. No projeto de financiamento da parte final do sistema de abastecimento dos morros, que será encaminhado ao BNH, pelo secretário Armando Cairutas, consta solicitação de recursos, visando colocação de uma pena d’água em cada residência popular.

Com a conclusão dos trabalhos, inclusive a rede distribuidora, que faz parte da segunda etapa, mortalidade infantil por consequências hídricas, será diminuída de 36 para 1, entre mil crianças nascidas. Impressionado com as estatísticas do SESP, o governador Eraldo Gueiros deu prioridade à conclusão do sistema de abastecimento dos morros do Recife, pois cerca de 1.750 crianças serão salvas mensalmente. Concluiu.

No dia 19 de fevereiro de 1973, era inaugurado a Estação de Tratamento de Água da Compesa do Alto do Céu, responsável pelo abastecimento d’água no Alto Santa Terezinha.

Após a inauguração da Estação de Tratamento de Água da Compesa do Alto do Céu, os moradores
do Alto Santa Terezinha, notaram que o abastecimento d’água melhorou bastante. Em 17 de setembro de 1974, o Diário de Pernambuco publicou uma pesquisa nos Altos: Santa Terezinha, Pascoal, do Deodato e do Céu, sobre a situação de abastecimento d’água nestas localidades. O resultado foi que de cada 30 pessoas entrevistadas, 22 estavam satisfeitas com a distribuição d’água em suas residências. O jornal adiantou ainda, que a direção da Compesa, nesta data, havia feito um convênio com a empresa ENA- Engenharia e Construção Ltda, no valor de Cr$ 534 mil cruzeiros, para instalação de 50 mil novas penas d’água nos morros da Zona Norte do Recife.

A Compesa assinou também, um convênio para a perfuração de mais três poços profundos nos morros. Na ocasião, já existiam seis em funcionamento e um reservatório acumulando um milhão de litros d’água que atendia a 255 mil moradores do morros da Zona Norte. O governador Eraldo Gueiros Leite, informou que já havia investidos mais de Cr$ 7 milhões de cruzeiros na instalação da bateria de seis poços profundos em Dois Unidos e que o Reservatório do Alto do Céu, já era considerado o maior da região Norte-Nordeste do país, e que seu governo já havia instalados 7.800 mil penas d’água nestas localidades.

Em 1974, era visível, a decadência dos antigos chafarizes públicos que aos poucos foram sendo instintos, e que no auge, a lata d’água era vendida por 0,50 centavos, na ocasião, estava sendo comercializada por 0,05 centavos.

Em sessão do dia 17 de maio de 1982, no plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco, através da Indicação Nº 2596, de autoria do deputado Almeida Filho. O mesmo fez um apelo ao Ministro do Interior, coronel Mário Andreazza; ao Governador do Estado, José Muniz Ramos; ao Prefeito do Recife, Jorge Cavalcante; ao secretário do saneamento e obras, Dr. Artur Lopes de Araújo e a direção da Compesa, para que fosse feito a elaboração de um estudo em conjunto para implantação de um sistema de esgoto e saneamento básico na Zona Norte do Recife.

O deputado Almeida Filho fez o seguinte depoimento: Sr. Presidente, senhores deputados. A reivindicação que ora pleiteamos, representa uma velha aspiração de todos quantos moram na Zona Norte da Cidade do Recife. São os habitantes dos seguintes bairros: Alto Santa Terezinha...e outros bairros localizados na Zona Norte.

São decorridos 60 anos e a Zona Norte, que agasalha a camada mais carente da população da Capital, enfrenta sérias dificuldades, à falta de saneamento básico, observamos a proliferação de doenças infecto contagiosas, a multiplicação de insetos, importunando as refeições e o sono de todos quanto habitam a região, impondo-se, urgentemente, uma medida que venha a minorar essa situação.

Em 1981, pela indicação Nº 2177, apelamos a Compesa para a solução do crucial problema e obtivemos uma resposta, que anexamos a presente, fazendo ver as autoridades a necessidade imperiosa de sanar o referido problema, para melhorar a condição de vida da população, reduzindo a mortalidade infantil e assegurando a todos melhores condições de saúde.
 
Portanto, esperamos contar com o apoio unânime desta Casa nesta pretensão, que temos certeza sensibilizará as autoridades constituídas do Estado e Governo Federal, que com recursos do BNH (Banco Nacional de Habitação) concretizarão essa tarefa difícil, pois esses moradores tem o mesmo direito a uma habitação com as mínimas condições para sobrevivência, uma vez que são trabalhadores do mesmo jeito, com seus FGTS depositados em bancos à disposição do SFH (Sistema Financeiro da Habitação). Finalizou.

Atualmente, a Compesa abastece o bairro do Alto Santa Terezinha com as águas captadas dos rios Utinga e Pitanga, em Igarassu; Paratibe, em Paulista e Beberibe, em Recife. Em 2000, recebeu reforço do reservatório de Cruz de Rebouças. O Reservatório do Alto do Céu, contém dois reservatórios: um com capacidade de 5.000m³ e outro com capacidade de 20.000m³ e uma vazão de 1.000 litros d’água por segundo.

O Alto Santa Terezinha foi pavimentado em 1966. Foto: Jânio Odon/2019.

O INÍCIO DA PAVIMENTAÇÃO

A primeira movimentação para as primeiras pavimentações do futuro bairro do Alto Santa Terezinha só aconteceu em 1953, quando a Câmara Municipal do Recife, promulgou a Lei Municipal Nº 2344, em 13 de julho, numa sessão presidida pelo vice-presidente da Câmara, Luiz Gonzaga Porto. A Lei, autorizava o prefeito José do Rego Maciel a pavimentar a estrada do Córrego do Tiro.

No dia 9 de dezembro de 1955, a Câmara Municipal do Recife decretou e promulgou a Lei Municipal Nº 4157 que determina o início da urbanização dos morros das vias de acesso do Alto do Pascoal, Alto do Céu, Alto dos Coqueiros, Alto do Deodato e do Alto Santa Terezinha. A sessão foi presidida pelo vereador Rui Rufino Alves.

No dia 7 de novembro de 1960, a Câmara Municipal do Recife decretou e promulgou a Lei Municipal Nº 6492, que autorizou a execução da pavimentação da subida do Alto Santa Terezinha (antiga Rua 1º de Maio e atual Rua Tamboara). A sessão foi presidida pelo vereador Carlos José Duarte.

No dia 14 de novembro de 1961, a Câmara Municipal do Recife decretou e promulgou a Lei Municipal Nº 7593, autorizando o prefeito Miguel Arraes de Alencar, a construir a estrada que liga o Córrego do Tiro à Rua Uriel de Holanda, na Linha do Tiro. A sessão foi presidida pelo vice-presidente da Câmara, Edson de Oliveira.

No dia 24 de maio de 1962, o Diário de Pernambuco, publicou que o vereador Expedito Corrêa havia feito um requerimento para Câmara Municipal do Recife, solicitando a execução da terraplanagem do Alto do Brasil e outras localidades de Casa Amarela.

No dia 4 de novembro de 1964, o prefeito do Recife, Augusto Lucena anuncia o início do calçamento em paralelepípedos do Alto Santa Terezinha, Córrego do Bartolomeu e da Bomba do Hemetério, após inspeção feita pelo engenheiro Sebastião Barreto Campelo, do Serviço de Viação e Obras da Prefeitura.

No dia 3 de janeiro de 1965, o prefeito Augusto Lucena anunciou que havia incluído a pavimentação do Alto Santa Terezinha no Plano Trimestral das Obras Públicas.

No dia 4 de abril de 1965, o prefeito Augusto Lucena, inaugurou a escadaria que liga a 2ª travessa do Córrego São Jerônimo ao Alto do Brasil. A escadaria tem 186 degraus, antes no inverno, ninguém conseguia descer, tendo de andar quase 3 quilômetros para chegar na Ladeira do Boi, único acesso existente, disse uma moradora.

No dia 11 de abril de 1965, o prefeito Augusto Lucena informou que estava sendo feito, pavimentação em paralelepípedos sobre macadame hidráulico no Córrego do Bartolomeu e no Alto Santa Terezinha. Macadame é o processo de revestimento de ruas e estradas que consiste numa mistura de pedras britadas com areia, submetida à forte pressão.

No dia 11 de dezembro de 1965, a Prefeitura do Recife informou que gastou Cr$ 14.310.831,00, na pavimentação em paralelepípedos da Estrada de Nova Descoberta ( atual Rua Jacob, na Bomba do Hemetério), Avenida Aníbal Benévolo, Ladeira de Pedra do Alto do Pascoal e Alto Santa Terezinha.

O Diário da Manhã de 4 de abril de 1966, publicou uma matéria sobre a conclusão da pavimentação do Alto Santa Terezinha da seguinte forma: Todo Pavimentado o Alto Santa Terezinha – Querendo demonstrar que a sua administração não está somente cuidando do centro da cidade, o prefeito Augusto Lucena mandou pavimentar todo o Alto Santa Terezinha, situado em Casa Amarela.

Trata-se de local de difícil acesso, que agora tem a sua vida mais facilitada, pelo menos para seus habitantes, que, outrora, diariamente, sob os efeitos do calor ou da invernada, teriam de subir ladeiras íngremes para alcançar o local de suas residências o que agora não mais se verifica. Por outro lado, as ambulâncias do Pronto Socorro não visitavam o local, sendo deprimente o quadro sempre que se tinha necessidade de uma assistência médica de emergência. O doente era trazido do Alto até o local plano, onde a ambulância tinha acesso. O sacrifício era grande.

Com a pavimentação do Alto Santa Terezinha, lucraram os habitantes, os comerciantes e até todos os recifenses que, por isso ou por aquilo, teriam de ir até o local, o trato de qualquer problema. Finalizou. 

No dia 17 de setembro de 1977, o prefeito do Recife, Antônio Farias, anunciou a conclusão de 29 escadarias nos morros do Recife, entre elas, a da Rua Monte Santo, no Alto do Brasil; e a 2ª Subida do Córrego José Grande.

No dia 21 de maio de 1979, começou a construção da escadaria da Rua Serra Negra. A escadaria tem 101 metros e liga o Córrego do Tiro a Rua Tamboara, no Alto Santa Terezinha. A obra foi orçada em Cr$ 400 mil cruzeiros.

O Alto do Brasil todo pavimentado em 1981. Fotos: Diário de Pernambuco.

O Diário de Pernambuco de 2 de agosto de 1981, publicou uma extensa matéria sobre a inauguração do calçamento do Alto do Brasil, que na época, pertencia ao bairro de Casa Amarela. Aqui segue trechos desta matéria. O título dizia: O Recife sobe ao Alto do Brasil: lá chegou também a pavimentação - ...A Rua Alto do Brasil, em Casa Amarela, é a mais nova obra a ser entregue hoje, às 20 horas, pelo prefeito Gustavo Krause nos morros da Zona Norte. Ela se constitui numa via alimentadora do novo sistema viário da cidade, que está sendo implantado pela atual administração. O ato será presidido pelo governador Marco Maciel.

Os moradores estão satisfeitos com as novas condições do “seu Alto”, até então esquecido. Uma nova era surge, agora, com o calçamento, a urbanização chega aos mocambos, que se transformam aos poucos em residências mais confortáveis. A buraqueira e a lama foram substituídas pelo o granito e o cimento, e o morro deixou de ser uma sucursal do inferno na terra.

Uma testemunha de toda essa transformação é dona Severina Francisca Alves, de 55 anos. Ela foi a primeira habitante a chegar no Alto do Brasil, há 35 anos. “Fui a fundadeira  desse Alto do Brasil. Isso aqui era mato só. Depois se encheu de casa, uma por cima da outra. Mas nunca ficou bonito assim, com calçamento novo”. Diz ela, que mora na casa Nº 9.

Ao lado de sua casa existem as ruínas de um antigo chafariz, de onde tirava o sustento. “Eu trabalhava aqui, era o meu ganho. Agora todo mundo tem água encanada e quem não tem pede aos vizinhos. As minhas filhas me sustentam. Disse dona Severina Francisca.


D. Severina Francisca, uma pioneira.
Os 600 metros de pavimentação da Rua Alto do Brasil representaram uma despesa de Cr$ 6 milhões de cruzeiros para a Prefeitura da Cidade do Recife. Foram evitadas as desapropriações de casas que pudessem ser poupadas, justamente porque, além de significar maiores custos, as desapropriações são traumatizantes e deixam famílias pobres desabrigadas. Assim, o percurso não é de uma rua comum: sinuoso, acompanha o trajeto consagrado pelo uso antes do advento no Alto, do automóvel.

As 5 mil pessoas moradoras no Alto estão exultantes. Seu Raul Acelino Santana, de 62 anos, aposentado. Disse: A vida aqui está melhorando. Cheguei em 1945, fui um dos primeiros. E sempre foi a mesma coisa, buracos e lama o ano inteiro. Agora já temos água encanada, calçamento, vem aí os ônibus. Vai ser ótimo para quem trabalha.


O Alto do Brasil visto de outro ângulo, um dia antes da inauguração do calçamento. Foto: Diário de Pernambuco/1981.

A festa de inauguração aconteceu nesta data, às 20 horas, no Alto José Bonifácio, que também, foi todo pavimentado, ligando o Alto do Brasil ao Alto da Serrinha, a Ladeira do Boi e ao Córrego do Euclides. Estavam presentes na solenidade o prefeito Gustavo Krause, o governador Marco Maciel, o secretário de Cultura, Turismo e Esportes, Francisco Bandeira de Melo, vereadores, secretários municipais, representantes de bairros e a Escola Gigante do Samba. Atualmente, a extensão do Alto do Brasil é de 900 metros. (Finalizou a matéria).

No dia 17 de outubro de 1982, o prefeito Jorge Cavalcante, inaugurou a pavimentação (calçamento) das ruas Arabary, Marilândia e Olindina, todas no Alto Santa Terezinha.

Uma curiosidade. Essas três ruas, apesar de ficarem situadas no Alto Santa Terezinha, com a promulgação da Lei Municipal Nº 16.293, de 3/2/1997, passou a pertencer ao bairro da Bomba do Hemetério, com exceção do trecho da Rua Arabary entre as escadarias das ruas: Ampére e Airi. 
No dia 29 de março de 1984, o prefeito Joaquim Francisco, inaugurou a pavimentação de seis ruas e cinco escadarias no Córrego José Grande.


Escadaria da Rua Alto do Calçado, que liga a Rua São Jerônimo com o Alto do Brasil. Foto: Jânio Odon/2019.

No dia 19 de setembro de 1996, o prefeito Jarbas Vasconcelos inaugurou as escadarias das ruas Acuper e Brejo da Areia no Córrego José Grande que beneficiou 4 mil pessoas. A escadaria da Rua Acuper com 85 metros de extensão, liga a Rua Córrego Antônio Leão com a Rua Paverana e custou R$ 36 mil reais. A escadaria da Rua Brejo da Areia com 105 metros de extensão, liga a Rua Alto Calçado com a Rua Esplanada. Com as obras de drenagem, custou R$ 44 mil reais.

O NATAL DE 1955

O Diário de Pernambuco de 24 de dezembro de 1955, publicou uma nota sobre a organização da festa de natal no Alto Santa Terezinha que dizia o seguinte: A comissão organizadora da festa de natal, no Alto Santa Terezinha, composta pela srª Henriqueta Magalhães, deputado Carlos Daniel de Magalhães, padre Jaime e o sr. Wharton Borges fará distribuir este ano, presentes de crianças pobres daquela localidade, como parte das festividades. Será celebrada uma missa campal, hoje pelo padre Jaime, pároco de Água Fria.

Escola Antônio Tibùrcio, no Alto Santa Terezinha. Foto: Jânio Odon/2019.

AS PRIMEIRAS ESCOLAS

O Diário Oficial de Pernambuco de 18 de fevereiro de 1960, informa que uma escola primária, mantida pelo Flamengo Futebol Clube, do Alto Santa Terezinha, recebe da Prefeitura do Recife uma subvenção no valor de Cr$ 24 mil cruzeiros. Neste local também funcionou o Clube dos Jovens e atualmente funciona a Escola Antônio Tibúrcio.

No dia 12 de março de 1961, o governador Cid Sampaio inaugurou 38 escolas de 1º grau  na área de Casa Amarela, instaladas pelo Grupo de Trabalho da Promoção Social, do Serviço Social Contra o Mocambo (SSCM) que era presidida pelo sr. Paulo Rangel Moreira. Uma dessas escolas foram instaladas no Alto Santa Terezinha e outra no Córrego José Grande.

SUBCOMISSARIADO

No dia 26 de junho de 1962, foi criado o subcomissariado do Alto da Saudade, no Alto José Bonifácio, na jurisdição do 3º Distrito que servia as comunidades do Alto do Brasil e do Córrego do Tiro. 
 
 O INVERNO E AS BARREIRAS

No dia 11 de junho de 1965, chuvas fortes provocaram diversos deslizamentos de barreiras nas áreas de morros do Recife. Uma criança de 7 anos foi soterrada no Córrego José Grande e dezenas de casebres ruíram nas localidades do Córrego São Domingos Sávio, Córrego do Tiro e Alto do Brasil

No dia 11 de agosto de 1970, aconteceu no Estado de Pernambuco, uma das maiores enchentes já registrada, matando 84 pessoas mortas por afogamentos, queda de barreiras, choque elétrico e outras situações. O Diário de Pernambuco do dia seguinte noticiou: Eleva-se para 84 o número de mortos no Recife, Olinda e Paulista, em consequência da cheia que assola vários municípios do Estado, destruindo residências e deixando ao desabrigo milhares de pessoas que estão sendo socorridas pelas autoridades da “Operação Alívio”, Governo do Estado, Sudene, Prefeitura do Recife e clubes de serviço... A tromba d’água que desabou sobre o Recife nas últimas 24 horas, fez desmoronar morros, barreiras, pontes, deixando ao desabrigo quase 5 mil pessoas.

Até o momento, não foram identificados 49 mortos, quase todos desaparecidos. Os próprios familiares, amigos e parentes das vítimas que acorreram  ao necrotério de Santo Amaro, ontem, não puderam reconhecer seus mortos face a deformação de muitos deles, em decorrência da violência dos acidentes. Até às 17:30 horas de ontem, os bombeiros resgataram 84 corpos que se encontravam soterrados ou em encostas nos morros, boiando em alagados e rios.

A maior incidência  de deslizamentos de morros e desabamentos de barracos verificou-se em Beberibe e Casa Amarela, onde os bombeiros  concentram mais da metade de seu efetivo para remoção de escombros. No Córrego do Tiro, treze pessoas ainda estão soterradas e no Córrego José Grande os bombeiros retiraram oito mortos de uma casa que desabou. (trechos da matéria).

O bairro do Alto Santa Terezinha é repleto de morros, e muitos sem muros de arrimos, moradias construídas nas encostas das barreiras, ou sobre elas sem proteção alguma. Atualmente já foram feitos muitos muros de arrimos, mas muitas barreiras continuam sem proteção. Geralmente, próximo ao inverno muitas barreiras são revestidas com lonas plásticas pela Defesa Civil, mas é insuficiente para cobrir a todas elas.


A primeira linha de ônibus do Alto Santa Terezinha foi da CTU em 1966. Foto: Ilustração.

O TRANSPORTE PÚBLICO

Em abril de 1966 quando foi inaugurada a pavimentação do Alto Santa Terezinha, o prefeito Augusto Lucena, adiantou aos moradores, que já estava sendo elaborado um plano para implantação de transporte coletivo na localidade. Quatro meses depois, a promessa se cumpria.

O Diário de Pernambuco de 22 de agosto de1966, publicou uma nota sobre a grande conquista dos moradores do Alto Santa Terezinha. A primeira linha de ônibus do Alto. A nota dizia o seguinte:
Inaugurada nova linha de ônibus diesel da CTU – Acompanhado do general Viriato de Medeiros, presidente da Companhia de Transportes Urbanos (CTU) e demais auxiliares, o prefeito Augusto Lucena compareceu às 20 horas de domingo (21/8), no Alto Santa Terezinha, a fim de inaugurar a nova linha de ônibus a óleo da CTU, que ligará os Altos, do Coqueiros, do Pascoal e Santa Terezinha, via Bomba do Hemetério.

Para a nova linha foram designados oito ônibus, para atender às populações residentes naqueles altos, que até no domingo tinham de procurar a planície, a fim de apanhar condução. Finalizou.

No dia 11 de maio de 1969, num domingo, por volta das 17 horas, um grave acidente abalou a população da Bomba do Hemetério, quando um ônibus da CTU, desgovernado, que fazia a linha do Alto Santa Terezinha, avançou sobre uma multidão que comemoravam o dia das mães. Três pessoas morreram e quatro ficaram feridas, sendo socorridos por populares ao Hospital Pedro II. Entre os mortos, um rapaz de 20 anos de idade, uma senhora e uma criança.

O Diário da Manhã do dia seguinte, informou que o motorista havia evadido-se. No entanto, o Diário de Pernambuco do dia 13/5, publicou uma nota da CTU lamentando o episódio. A nota dizia o seguinte: Nota Oficial – A Companhia de Transportes Urbanos (CTU), tem a lamentar a grave ocorrência que vem de se verificar no Alto Santa Terezinha. Três mecânicos retiraram da garagem um ônibus diesel e se dirigiram para aquele subúrbio, onde atropelaram e mataram várias pessoas. Um dos participantes já foi identificado, possibilitando o conhecimento dos demais.
Dada a sua condição de mecânico da Companhia, foi-lhe fácil sair com o ônibus, a título de experiência. A CTU atingida pela irresponsabilidade desses três vândalos sobre os quais pesará a justiça dos homens, partilha da justa  indignação que a todos se transmite, ante tão grave atentado. Finalizou.


O primeiro modelo de ônibus da Empresa São Paulo que serviu a comunidade do Alto Santa Terezinha em 1978. Em 2014, a Empresa Caxangá comprou parte da Empresa São Paulo. Gravura: busdovanderbilt.wordpress.com

O Diário de Pernambuco de 15 de julho de 1978, publicou uma matéria sobre as reclamações dos usuários que utilizavam os ônibus da linha do Alto Santa Terezinha e sobre a mudança da empresa prestadora do serviço de transporte na localidade. Pois, recentemente, a Empresa São Paulo, havia substituído a CTU (Companhia de Transportes Urbanos) que pertencia a Prefeitura do Recife.
A publicação dizia o seguinte: Usuários de ônibus censuram motoristas – Grande parte dos motoristas de ônibus da Empresa São Paulo, linha Alto Santa Terezinha, vem tomando atitudes que estão desagradando os moradores daquela área. Passageiros se queixam das manobras mal feitas e em locais inconvenientes, que provocam batidas, e outros falam  do péssimo comportamento de alguns dos choferes com mulheres no coletivos.

No entanto, são unânimes ao afirmar que a nova linha lhes trouxe vantagens, pois, quando a CTU cobria o local, sofriam muito com o deficiente serviço prestado e diariamente muitos tinham de andar durante cerca de 20 minutos para apanhar transporte. Lembram que nessa época apenas quatro ônibus serviam o bairro, número insuficiente para servi-los.

A pequena comerciante...dona de uma barraca na Avenida Aníbal Benévolo, afirma que constantemente ouve reclamações dos moradores quanto à morosidade dos profissionais, que ficam a “bater papo” e forçando o povo a esperá-los por muito tempo.

Disse que, enquanto na cidade a dificuldade de conseguir ônibus da Linha, no período da manhã, é enorme, demorando no mínimo uma hora, no Alto Santa Terezinha eles fazem fila. Outra moradora, disse que constantemente vem do Alto dos Coqueiros a pé, por falta de coletivo.

Um casal, donos de uma vendinha na esquina da Rua Conselheiro Barros Barreto, tiveram em dois anos o estabelecimento abalroado nove vezes por ônibus da “São Paulo”. Numa das ocasiões o veículo “derrubou tudo o que nós construímos com muito sacrifício”, disse o negociante. Finalizando.

A Linha de ônibus do Alto Santa Terezinha foi operada pela Empresa São Paulo de 1978 a 2014, quando passou a ser operada pela Rodoviária Caxangá, que opera também as linhas José Amarino dos Reis e Bomba do Hemetério que tem seu terminal no Córrego José Grande.


Ônibus da Empresa São Paulo faltou freio na descida da Rua Tamboara e chocou-se contra a parede do canal no Largo da Bomba do Hemetério, matando uma pessoa e ferindo 27. Foto: Diário de Pernambuco/1980.

No dia 17 de julho de 1980, outro grande desastre automobilístico com um ônibus da linha do Alto Santa Terezinha causou grande comoção aos moradores do Alto e da Bomba do Hemetério. Na época, os ônibus não eram tão seguros como os de hoje, não existiam veículos com direção hidráulica, eram todos com direção mecânica, mais duras e exigiam maior esforço do motorista, eram constantes os acidentes por falta de freios. Foi o que aconteceu nesta data com o ônibus da Empresa São Paulo que descia o Alto Santa Terezinha e perdeu o controle vindo a colidir com a parede do canal da Bomba do Hemetério, no Largo da Bomba ou Praça Castro Alves, nome oficial. 

O Diário de Pernambuco do dia seguinte, publicou o triste episódio da seguinte forma:
Ônibus mata um e deixa 27 feridos – Um morto e vinte e sete feridos, foi o saldo do acidente ocorrido às 13 horas de ontem, na localidade da Bomba do Hemetério, quando um ônibus que faz a linha do Alto Santa Terezinha, dirigido pelo motorista A.A.N, ao descer desgovernadamente, , uma ladeira caiu no canal.

Até às 18 horas de ontem, a polícia ainda não havia identificado  a única vítima  que foi uma mulher, aparentando 25 anos de idade, trajando blusa preta e calça comprida azul. Outra vítima, que se encontra em estado grave, é o motorista do coletivo, que se encontra internado no Hospital da Restauração. As demais vítimas chegaram ao Hospital da Restauração, conduzidas por carros particulares. Entre as vítimas, estavam quatro policiais militares, que foram transferidos, após medicados, para o Hospital da PMPE.

São desconhecidos os motivos do acidente, vez que algumas pessoas afirmam que o ônibus trafegava normalmente pela ladeira do Alto Santa Terezinha, com destino ao Recife, quando faltou freios, precipitando-se no canal. Outras pessoas afirmam que o motorista desenvolvia velocidade além do normal, no local já conhecido face a incidência de desastres, quando vários veículos desgovernaram-se indo, em muitos casos, de encontro a residências nas proximidades da pista. Finalizou.

O Diário de Pernambuco de 28 de outubro de 1982, na seção “Cartas à Redação”, publicou uma reclamação de uma leitora, sobre a questão do troco nos coletivos, que por muitas vezes, geravam muitas discussões e até agressões envolvendo cobradores e passageiros. Época em que ainda não existia o cartão eletrônico, que outrora, substituiu os passes estudantis e do trabalhador. A carta, também revela o crônico e antigo problema relacionado as pessoas portadoras de deficiência física, que até os dias atuais sofrem com a falta da sensibilidade de algumas pessoas que não respeitam os direitos dessas pessoas. O fato da reclamação ocorreu no ônibus que fazia a linha do Alto Santa Terezinha. Dizia o seguinte:

Deficientes no coletivos – Um dia desses encontrei uma conhecida que esperava um ônibus  da linha do Alto Santa Terezinha. Toma dois deles diariamente para chegar no trabalho e voltar pra casa. Perguntei se tinha o clássico problema dos que costumam viajar em transporte coletivos, referindo-me a questão do troco da passagem. Respondeu que vez por outra via-se privada de minguados mas mesmo assim , preciosos cruzeirinhos. Afinal, é empregada doméstica e fora a própria manutenção, ainda é responsável pelo sustento de duas filhas menores que estudam.

Seu maior sonho é vê-las ocupando um trabalho que dê mais futuro que o seu. Essa questão do troco de passagem é velha como a Sé de Olinda. O impasse jamais será resolvido. O cobrador acha que o passageiro deve entra no coletivo com o dinheiro trocado. O passageiro é de opinião que o cobrador deve dispor de moedas divisionárias suficientes para lidar com o público.

Os ônibus do Alto Santa Terezinha possuem um banco especialmente destinado ao deficiente físico – medida que merece os maiores aplausos. Acontece que está ocorrendo uma irregularidade que merece registro e correção.

Frequentemente o banco destinado ao deficiente está ocupado por sadios e folgados passageiros que fingem ignorar o claro aviso escrito em bom português sobre a finalidade do lugar. Como se não bastasse, motorista e cobrador não ligam a mínima para tal irregularidade. Um dia desses um rapaz, apoiando-se penosamente em duas muletas encontrando o lugar que era seu de direito, ocupado, viajou aos trancos e barrancos um bom trecho, até que uma passageira notou o problema e abriu o bocão reclamando. Só então o lugar foi cedido, de má vontade.

Já que entre os passageiros dos coletivos parece imperar uma total falta de solidariedade humana, imperando a lei do cão, creio que os funcionários que dispõem de lugar especial para deficiente deviam ficar a tentos a fatos como o citado. Se não querem perder na hora do troco ( pelo contrário, frequentemente saem ganhando) que deem pelo a César o que é de César. Não o troco, mas o banco. Se o lugar foi criado para o deficiente, por este deve ser usado. Parece-me uma medida das mais justas. Duvido que alguém discorde. Finalizou a autora da carta.


Centro da Juventude Afrânio Godoy inaugurado em 1969. Foto: Revista "O Cruzeiro".


O Centro da Juventude agora é o Compaz Eduardo Campos, inaugurado em 2016. Foto: Andréa Rego Barros.

DO CENTRO DA JUVENTUDE AO COMPAZ

No dia 4 de dezembro de 1969, sábado, o governador de Pernambuco, Nilo Coelho e o prefeito do Recife, Geraldo Magalhães Melo inauguraram o Centro da Juventude Afrânio Godoy e o Grupo Escolar Rosa Magalhães Melo. No ato estiveram presente o Secretário de Educação e Cultura, Roberto Magalhães; o Presidente do Conselho Nacional de Desportos, Geraldo Elói Menezes; o Presidente da Confederação Brasileira de Desportos (atual CBF), João Havelanche e outras autoridades.

Em 1977, o prefeito do Recife, Antônio Farias, transformou o Centro da Juventude em Centro Social Urbano (CSU), que era um centro de educação física e desportos.

No dia 12 de março de 2016, o prefeito do Recife, Geraldo Júlio e o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, inauguraram o primeiro Centro Comunitário da Paz (COMPAZ) no terreno onde funcionou o Centro Social Urbano Afrânio Godoy. A obra custou R$ 14 milhões de reais, desses, R$ 6 milhões foram da Prefeitura e outros R$ 8 milhões  do Governo do Estado. No local, são realizadas atividades esportivas e culturais, além de prestações de serviços, a exemplo do Procon, mediação de conflitos, atendimento especializado as mulheres vítimas de violência e sala do empreendedor. Tem salas de aulas de inglês e espanhol, tudo gratuito. Durante a inauguração houve protestos de artistas locais cobrando mais apoio a cultura e que fosse concluídas as obras do Teatro do Parque. Houve também manifestações de professores da rede municipal de ensino, solicitando aumento salarial e melhores condições de trabalho.

Uma curiosidade, apesar de ser chamado de Compaz do Alto Santa Terezinha por ter ligação direta com o referido Alto, o Compaz na verdade, está localizado no bairro de Linha do Tiro, na divisa com o Alto do Deodato, localidade pertencente ao bairro de Água Fria.

CLUBE DOS JOVENS

No dia 27 de fevereiro de 1972 era fundado o Clube dos Jovens, na Rua Tamboara, Nº 356, Alto Santa Terezinha. O clube funcionava como escola municipal, salão de dança com bar.

SOCIEDADE ESPORTIVA DE DOMINÓ BOLA DE OURO

No dia 15 de março de 1973, era fundada a Sociedade Esportiva de Dominó Bola de Ouro, do Alto Santa Terezinha. Seu estatuto foi registrado em cartório em 20/08/1983.


Igreja da Assembleia de Deus do Alto Santa Terezinha inaugurada em 1974. Foto: Jânio Odon/24.8.2019.
A Assembleia de Deus do Alto Santa Terezinha que fica na Rua Tamboara, foi inaugurada no dia 29 de dezembro de 1974, pelo pastor presidente da AD em Pernambuco, José Amaro da Silva. Ficando a frente dos trabalhos, o presbítero Antônio Manoel.

CASOS DE VIOLÊNCIA

Os bairros da periferia sempre enfrentaram grandes dificuldades com problemas de infraestrutura como saneamento básico, pavimentação, habitação, área de lazer, educação, saúde e segurança, principalmente durante suas formações onde a precariedade era total. Nos dias atuais, muitas coisas melhoraram, mas ainda há muito a fazer. Um dos grandes problemas da periferia sempre foi a questão da segurança pública, seja no passado ou no presente.

O Alto Santa Terezinha por sua vez, já foi alvo do alto grau de criminalidade concentrada na vizinha localidade do Alto do Pascoal, onde seus habitantes sofreram por décadas pela ação dos marginais. Eram muitos homicídios, assaltos e arrombamentos aos pontos comerciais, assaltos a transeuntes e o forte tráfico de drogas. Hoje o índice de violência diminuiu bastante comparado há anos passados.

Entre as localidades que compõem o bairro do Alto Santa Terezinha, o Córrego do Tiro foi a que mais sofreu com a ação dos bandidos. Reservei duas situações de desespero dos moradores clamando para as autoridades policiais e até mesmo uma ação das forças armadas no combate contra as ações da bandidagem e da falta de atitude e conivência das autoridades policiais locais.

O Diário de Pernambuco do dia 17 de outubro de 1977, publicou: Moradores dos morros da Zona Norte pedem medidas de combate a assaltantes – A população do Alto do Deodato, do local conhecido com “Vale da Morte”, do Córrego do Tiro, Linha do Tiro e Beberibe, não acreditando mais na ação da polícia, diz que vai apelar para o governador do Estado (Moura Cavalcanti) no sentido de requisitar a Polícia Federal e o Exército para dar combate aos assaltantes que infestam aqueles locais, atacando transeuntes e casas comerciais sem sofrerem qualquer represália.

A situação está cada vez pior. Uma quadrilha está agindo naquele setor usando revólveres e espingardas. Além dos roubos praticados a qualquer hora e local, os bandidos atacam senhoras e moças, obrigando-as a saciar seus instintos bestiais sob ameaça de morte.
Os mais temidos do já chamado “Império do Crime”, são assaltantes conhecidos como Boizinho, Rato, Marreco, Raminho, Giva, Chaparral e Sujeira. Estes marginais exibem revólveres no meio da rua e os comerciantes e o povo em geral, que os conhecem, não tem coragem de denunciá-los com medo da vingança que virá depois.

Todas as pessoas residentes nos locais acima estão entregues à própria sorte e nem a polícia  do 4º Distrito, nem a Delegacia de Roubos e Furtos e nem o Departamento  de Operações fazem nada em favor das famílias prejudicadas. Os moradores já não andam mais sozinhos, durante o dia ou à noite. Só andam de grupos, para evitar os assaltos que sempre são seguidos de ferimentos à bala, ou “peixeira”. Finalizou.

O Diário de Pernambuco de 20 de dezembro de 1982, publicou: Bandidos não respeitam os policiais do 4º Distrito – Beneficiados pela inoperância policial, os marginais que na circunscrição do 4º Distrito da Capital diariamente praticam os mais audaciosos assaltos, arrombamentos e crimes sexuais, além de se matarem uns aos outros, quando se desentendem por qualquer coisa, por mais insignificante que seja.

Um comerciante da localidade, disse que já foi assaltado 16 vezes, em menos de dois meses, disse que quem quiser confirmar a denúncia, fique espreitando no Alto do Pascoal, em Beberibe, Córrego do Tiro e imediações, para ver os marginais andando armados com dois revólveres e exibindo acintosamente.

Comentou uma doméstica, sempre revoltada com o descaso das autoridades policiais, que maconha e revólver vivem nas mãos dos bandidos, e muitos desses elementos, vez por outra, são encontrados conversando em tom amigável com alguns policiais, como se fossem pessoas de bem, o que dá a entender que são protegidos.
“Esperamos que o delegado Wilson Nogueira, do 4º Distrito da Capital, receba apoio do Secretário de Segurança Pública, bacharel Sérgio Higino, e reative as rondas repressivas contra os bandidos que vivem nos atormentando e, na maioria das vezes, tirando a vida de chefes de famílias, para roubar-lhes os minguados salários”. Concluiu a doméstica.


Membros do conhecido e tradicional xangô de Alcides (de pé, com uma touca de cor verde e vermelha, à direita) em reverência a Ogum em 1979. Foto: Arquivo pessoal de Alcides

CENTRO ESPÍRITA AFRO-BRASILEIRO TENDA DO CABOCLO JURANDY

No dia 19 de agosto de 1978, era fundado o Centro Espírita Afro-Brasileiro Tenda do Caboclo Jurandy, do popular Alcides Inácio da Silva. Localizado na Rua Tamboara, Nº 276, Alto Santa Terezinha. É um dos poucos Centros Afro existentes no bairro. Alcides mora no Alto Santa Terezinha desde 1958. Ele conta que quando chegou para morar no Alto, só havia oito casas próximo a residência dele.

A praga dos ratos em 1981, deu origem a Operação Arrastão.

CAÇA AOS RATOS

No primeiro semestre de 1981, o prefeito Gustavo Krause, iniciou a “Operação Arrastão” no combate a leptospirose. A Zona Norte do Recife estava empestada de ratos, provocando grande risco de epidemia de doenças provenientes da urina do rato. Houve registros de ataques dos roedores à pessoas. Trinta e nove agentes sanitários vasculharam locais próximos a rios, marés e terrenos baldios e visitavam prédios e residências, onde colocavam as iscas e numa segunda visita, faziam as coleta dos roedores. Em agosto, a Operação Arrastão chegou ao Alto Santa Terezinha. No final deste semestre, a operação já havia exterminado mais de 200 mil ratos.


As lideranças da Associação Comunitária do Alto do Brasil reunida com outras lideranças em busca de melhoria para sua comunidade. à direita, vê-se Dona Cleonice, Seu Paulo e Seu Antônio (de boné) atentos às palavras do secretário de educação, Danilo Cabral em evento na Escola Mardônio Coelho em 2004. Foto: Arquivo da escola.

ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DO ALTO DO BRASIL

No dia 13 de maio de 1982, era fundada a Associação de Moradores do Alto do Brasil, depois com o tempo, chegou a fechar e foi reaberta em 2 de janeiro de 1986, no imóvel de Nº 82. Novamente, chegou a fechar, sendo reaberta na Rua Nova, Nº 138 em 3 de março de 1993.

CENTRO COMUNITÁRIO DO ALTO SANTA TEREZINHA

No dia 25 de agosto de 1985, era criado e aprovado, o estatuto do Centro Comunitário do Alto Santa Terezinha que tinha como presidente o sr. Antônio Felix da Silva; secretário: sr. José Francisco Alves e tesoureira: Maria das Dores Alves.

GRUPO DE MÃES
No dia 3 de março de 1986, foi fundado o Grupo de Mães do Alto do Brasil.

CLUBE DE MÃES

No dia 1º de abril de 1986, era fundado o Clube de Mães do Alto Santa Terezinha, na Rua Olindina, Nº 130.

Apresentação da Troça Carnavalesca "Tô Chegando Agora" no polo da Bomba do Hemetério em 2012.

TROÇA CARNAVALESCA TÔ CHEGANDO AGORA

No dia 27 de dezembro de 1987, era fundada a Troça Carnavalesca Mista Tô Chegando Agora. A tradicional troça do Alto Santa Terezinha surgiu da dissidência da quadrilha junina “Terezinha na Roça”, segundo conta uma das fundadoras, Joceli Silva. Disse que durante as reuniões da quadrilha, um integrante sempre chegava atrasado e ligava dizendo que estava chegando e nada. Daí, a ideia de criar uma troça carnavalesca chamada Tô Chegando Agora.


Rua Professor José Amarino dos Reis, antigo Córrego do Tiro. Foto: Jânio Odon/2019.

RUA PROFESSOR JOSÉ AMARINO DOS REIS

A Lei Municipal Nº 15.530, de 25 de outubro de 1991, denomina de Rua Professor José Amarino dos Reis, o antigo Córrego do Tiro. A referida rua, começa na junção das ruas Chã de Alegria com a  Padre Oliveira, na Bomba do Hemetério e termina na Rua Uriel de Holanda, na Linha do Tiro. O projeto de lei nº 93, de autoria do vereador Aristófanes de Andrade. A lei foi sancionada pelo prefeito Gilberto Marques Paulo.

GRANDES PERSONAGENS DO ALTO


Seu Odon, líder comunitário
Odon Gomes de Alencar, piauiense de Pio IX, é considerado um dos maiores líderes comunitários que o Alto Santa Terezinha e Bomba do Hemetério já tiveram.. Conhecido pela sua liderança, garra e  obstinação pela causa comunitária e por confrontasse destemidamente diante das autoridades governamentais,  não aceitando imposições contrárias aos interesses da comunidade.

Seu Odon, como é chamado por todos, começou sua luta comunitária como Conselheiro Fiscal do Conselho de Moradores do Alto do Pascoal e Bomba do Hemetério em 1980. Se reuniam no Lar Brasileiro no Córrego Antônio Rodrigues. Lá conheceu grandes líderes comunitários como: o casal  Francisco e Aurora, além de  Manoel Severino, Zé Luiz, Dona Mãezinha, Dona Dorinha, Dona Lia de Seu Inocêncio, Seu Praça, Celestina, Manoel Camilo, João Joca e Manoel Gomes.

Em 1982, Seu Cipriano, outro grande líder comunitário da Bomba do Hemetério, convidou Odon para apoiá-lo na luta por uma escola e um posto médico na localidade. Antes de assumir o Centro Comunitário do Alto Santa Terezinha, lutou pela aquisição do terreno, que antes era uma vacaria e pertencia ao Sr. Otávio Dias. No terreno foram construídos a escola Mardônio Coelho e o posto de saúde Dr. Luiz Wilson.

Em 1989, a convite de sr. João Lopes, outra grande liderança comunitária, convida sr. Odon para assumir o Centro Comunitário do Alto Santa Terezinha no lugar do Sr. Nilo, que entregou o cargo.

Durante o período que Odon e João Lopes estiveram à frente do Centro Comunitário do Alto Santa Terezinha, conseguiram muitas melhorias para a comunidade, que sempre estiveram presentes nas convocações das comissões que dirigiam-se a prefeitura  como também, as reuniões do Conselho. Entre as muitas conquistas estão os 350 metros de muros de arrimos levantados na Rua Arapixuna e Rua Tamboara, melhorias de casas, escadarias, asfalto sobre o calçamento do Alto Santa Terezinha. Depois mais muros de arrimos para cem residências no Alto e 120 lotes no bairro de Passarinho, para moradores do Alto Santa Terezinha que viviam de favores ou aluguel. Odon permaneceu à frente do trabalho comunitário até 2006, parando definitivamente por apresentar problemas de saúde.


José Rinaldo, exemplo de competência e eficiência. Foto: Jânio Odon/27.09.2019.

Falar da história do Alto Santa Terezinha sem citar o nome de José Rinaldo, ou simplesmente Zé Rinaldo, como todos da comunidade o conhecem e o chamam, seria uma falta de bom censo  e um tremendo equívoco, pois Zé Rinaldo representa para a maioria de pais e alunos da Escola Professor Mardônio Coelho na Bomba do Hemetério, onde é gestor há mais de 17 anos, um exemplo de competência e eficiência. Demonstra que é através da educação que se conquista os objetivos. A sua determinação, persistência e seu carisma incontestável, faz de Zé Rinaldo um personagem de peso na comunidade e prova que morador do morro também é capaz de chegar a universidade e alcançar o sucesso profissional.

José Rinaldo da Silva, 53 anos, casado, filho de Rinaldo Silva e Leni Maria dos Santos Silva. Nasceu na Bomba do Hemetério, mas desde os sete anos  morou e viveu boa parte de sua juventude na Rua Tamboara, no Alto Santa Terezinha. Fez o ensino fundamental na Escola Rotary do Alto do Pascoal, deu sequência, estudando no Rosa Magalhães no Alto do Deodado;  fez o curso de mecânica na Escola Técnica Agamenon Magalhães na Encruzilhada, e terminou o ensino médio na Escola Almirante Soares Dutra, onde fez o curso de contabilidade.

Em 1988, ingressou na universidade onde fez bacharelado em direito e licenciamento em história pela Unicap (Universidade Católica de Pernambuco). Fez o curso de ciências criminais na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Em 1993, passou no concurso público para professor da rede estadual de ensino. Foi professor de história  da Escola Eurico Gaspar Dutra no UR-11 Ibura (1993 a 1995), chegou a ser Diretor Adjunto em 1994. De 1995 a 2000, ensinou na Escola Mota e Albuquerque, na Vila dos Comerciários.


Em 2004, durante a implantação da tele-aula na escola. O então secretário de educação do Estado, Danilo Cabral conversando com Zé Rinaldo, Seu Odon, Cleonice (encoberta), Paulo, Antônio (boné) e João Lopes ( de costa). Foto: Arquivo da Escola Mardônio Coelho. 

No dia 2 de janeiro de 2002, assumiu a gestão da Escola Professor Mardônio Coelho através de eleição direta onde permanece até o presente. Em sua gestão a escola foi ampliada e conseguiu verba para ter sua quadra poliesportiva coberta em 2005. 


O desenhista Gercino, grande colecionador da obra do cantor Elvis Plesley. Foto: Jornal do Comercio, do Recife/1993.

No dia 15 de maio de 1993, o Jornal do Commercio do Recife, publicou uma matéria sobre o desenhista Gercino Castro Alves, que na época tinha 29 anos, morador da Rua Arabary no Alto Santa Terezinha e bastante conhecido na comunidade. Gercino era o segundo maior colecionador da Região Metropolitana do Recife, da obra do “Rei do Rock”, Elvis Plesley. Sua coleção só perdia para outro colecionador do bairro do Janga em Olinda. Eram revistas especializadas, discos de vinil, souvernis e outros objetos que ele começou a colecionar desde 1977, aos 13 anos.

Na comunidade muitos o consideravam excêntrico demais, costumava andar com a camisa com a gola levantada, calça justa, e cabelo estilo “Rei do Rock”. Mas na verdade, Gercino era apenas diferente, não tinha vergonha de demonstrar o que realmente gostava. Enquanto a comunidade do Alto Santa Terezinha curtiam merengues, guarachas e cúmbias, que eram ritmos cubanos e colombianos muitos executados nas gafieiras da região, e os bregas estilo Reginaldo Rossi e Fernando Mendes. Gercino curtia o rock de Elvis Plesley, a música romântica de Júlio Iglesias, além de curtir artes marciais de Kung Fu. Era grande fã de Bruce Lee, onde tinha grande acervo da obra do ídolo. Gercino chegou a viajar pelo interior de São Paulo para aprender o Kung Fu, onde adquiriu grande conhecimento em artes marciais. De retorno ao Alto Santa Terezinha, ele fazia demonstrações em via pública dos golpes do Kung Fu, todos o consideravam um louco, mas Gercino não se importava, o que ele queria mesmo era mostrar o que havia aprendido para as pessoas. Gercino tornou-se um personagem conhecido na comunidade e até hoje é lembrado nas conversas de esquina. Dono de um preparo físico invejável capaz de descer e subir a ladeira do Alto correndo, sempre acompanhado pela garotada que via nele uma referência. Gercino disse ao jornal que foi coreógrafo de Denny Michel, o mais conhecido dublê de Elvis Plesley no Recife.

Gercino adiantou ainda, “Eu até poderia ganhar dinheiro ensinando os modos  que Elvis dançava e algumas coisas mais, só que sou um pouco egoísta nesse sentido. Prefiro saber sozinho. No máximo gosto de conversar sobre a história dele”. Segundo seus familiares, que residem na mesma rua, Gercino casou-se e atualmente reside em Fortaleza. Finalizou.

Richardson, o garoto pobre do Alto Santa Terezinha que virou celebridade da música na pele do Mc Bruninho. Foto: Instagram.

Em maio de 2018, um garoto de apenas 11 anos de idade, nascido no Alto Santa Terezinha, torna-se um fenômeno na internet após postar no You Tube a música “Jogo do amor”. Trata-se de Richardson Cardoso, mais conhecido como Mc Bruninho, estudante cursando o 6º ano na escola Gabriela Mistral no Alto do Pascoal. A música do Mc Bruninho ficou em terceiro lugar entre as 50 mais tocadas no virais do mundo Spotify. Em uma semana no You Tube atingiu a marca de mais de 2 milhões de visualizações. O Mc Bruninho se tornou ainda mais conhecido quando estrelas do esporte nacional e internacional como Gabriel Medina, campeão mundial de surf postou vídeo na internet, cantando “Jogo do Amor”. Completando a lista, Neymar e Gabriel Jesus postaram no Instagram um vídeo na concentração da seleção brasileira na Rússia cantando a música do Bruninho.


Mc Bruninho entre o craque Neymar e o Mc Livinho, num encontro no Rio de Janeiro em 2018. Foto: Instagram.

O garoto pobre do Alto, filho de um porteiro de uma escola pública e uma dona de casa que vive do Bolsa Família. Os dois tem uma renda mensal de R$ 1.500 reais. Com o sucesso, o Mc Bruninho rendeu um contrato com a empresa paulista GR6 Eventos, que vai cuidar de sua carreira musical. Ao lado da agenda que não para de crescer, o trabalho do Mc Bruninho já rendeu um apartamento à beira mar, no bairro olindense do Janga e ainda, a oportunidade de morar em São Paulo.

A música “Jogo do Amor” foi composta pelo Mc Bruninho e o amigo Leandro Felipe (Léo do Jegga) e a produção musical de Guilherme Silva (o DJ. Batidão Stronda). A música de letra inocente é um brega funk é apelidado de batidão romântico. “Não deu muito trabalho, não, porque ele já chegou virado danado. Nem mexi na voz dele, só fiz criar o arranjo e a batida, masterizamos e lançamos. Quando saiu, estourou tudo”. Disse o Dj. Stronda. Finalizou.


Robeyoncé Lima, a jovem pobre do Alto Santa Terezinha  que superou a discriminação e o preconceito, tornando-se a primeira advogada e deputada trans de Pernambuco.. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJá/2018.

A advogada Robeyoncé Lima, nasceu e cresceu no Alto Santa Terezinha e é também uma referência de sucesso na comunidade. Formada em direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Robeyoncé, é a primeira advogada transexual de Pernambuco. Ela também é técnica administrativa concursada. Trabalhou no gabinete do vereador Ivan Moraes, do PSOL, na Câmara Municipal do Recife. Militante da causa LGBT, advogada em defesa dos direitos da população trans e integra a Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero e a Comissão de Direito da Família da OAB-PE.

Nas eleições de outubro de 2018, formou uma chapa única com mais quatro mulheres, denominada de JUNTAS (PSOL)  e concorreram a uma vaga na Assembleia Legislativa de Pernambuco, sendo eleitas com 39.175 votos. Fato inédito no cenário político pernambucano. As outras componentes da chapa eram: Kátia Cunha, professora da rede estadual de ensino; Jô Cavalcanti, trabalhadora informal integrante do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST); Carol Vergolino, jornalista e produtora audiovisual e Joelma Carla, presidente do Conselho Municipal da Juventude de Surubim.

NA ONDA DO PASSINHO

O Passinho surgiu por volta de 2013 na periferia do Rio de Janeiro. É uma dança frenética  de muito gingado e molejo. É a mistura do funk carioca com o Kuduro angolano. Este ritmo foi ganhando espaço na mídia brasileira e daí, o surgimento de novas versões do “Passinho”. Na periferia do Recife, surge o “Brega Funk”, estilo musical eletrônico com mixagens e batidas que atraem a moçada suburbana. Este estilo musical com suas batidas se adaptou aos movimentos do passinho carioca e as poucos foram contagiando os morros e córregos do Recife, e com a ajuda das redes sociais e a criatividade da molecada, surgiu o “Passinho do Maloka”, que vem da gíria do chamado maloqueiro.


O grupo "Lokos do Passinho" do Alto Santa Terezinha. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJá.

A música ritmada com suas batidas esfuziantes, provocam movimentos frenéticos, molejos estonteantes e deslumbre nas redes sociais e no you tube. O “Passinho do Maloka” ganhou espaço e notoriedade, tanto que garotos pobres do Alto Santa Terezinha de uma hora para outra se tornaram conhecidos e se viraram celebridades da periferia. São os casos dos jovens, Nalberthy Pereira, 15 anos; Sandro Batista, 18 anos; Gabriel da Silva, 16 anos e Igor Inaldo, 17 anos. Eles formam o grupo “Os Lokos do Passinho”. A outra turma são: Rafael Smith, 18 anos; Wydson Pereira, 17 anos; Doguinha, 17 anos e Athison de Oliveira, 15 anos, que formam o grupo “Os molekes do Pasinho”.

Em uma entrevista à jornalista Eduarda Esteves, do site LeiaJá, publicado em 25 de janeiro de 2019, eles contam suas histórias. Nalberthy Pereira, que criou o grupo “Os Lokos do Passinho”(2018), disse que eles costumavam brincar de dançar swingueira  todas as noites  na casa do Gabriel. Quando o brega funk começou a estourar, a gente decidiu mandar o passinho e gravamos um vídeo dançando a música “Gera Bactéria”. Foram muitos compartilhamentos e ninguém imaginava o que estava acontecendo porque todo mundo comentava o vídeo. Eu não imaginava que  a dança fosse agradar tantas pessoas porque era uma brincadeira improvisada, não achei que teria tanta repercussão. Mas, após 200 mil visualizações e milhares de comentários no vídeo, os autores da música, os MCs Shevechenko e Elloco, convidaram nós para gravar o clipe oficial do som. A gente mal tinha um grupo formado e nesse momento, decidimos nos organizar com camisas padronizadas, mais ensaios. E até arrumamos patrocinadores de comida, roupa e óculos. Finalizou.


O outro grupo de destaque do Alto Santa Terezinha é "Os Molekes do Passinho. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJá em 25/1/2019.

Também em 2018, os rapazes do grupo “Os Molekes do Passinho”, moradores do Alto Santa Terezinha, disseram que haviam gravado um vídeo da música “Sonho Louco” do MC Reino e logo depois viralizou e obteve milhares de visualizações e reconhecimento da galera, aí decidiram montar o grupo. Eles costumam ensaiar os novos passos para postar mais vídeos na rede no Compaz do Alto Santa Terezinha, que fica próximo onde eles moram. Concluiu.

GALERIA DE FOTOS


O terreiro de umbanda de Alcides, reverência a Ogum em 1979, na Rua Tamboara, Alto Santa Terezinha. Foto: Arquivo pessoal de Alcides.

Escola Municipal Manoel Antônio de Freitas, na Rua São Jerônimo.


Alto do Brasil pertence ao bairro do Alto Santa Terezinha desde 1988. Fotos: Jânio Odon/2019.


A nova congregação da Assembleia de Deus do Alto do Brasil, fundada em 30/7/2006.

Atualizado em 11/12/2020.

Por: Jânio Odon/BLOG VOZES DA ZONA NORTE (DIREITOS RESERVADOS)
Fonte: Diário de Pernambuco; Jornal do Commercio; Diário Oficial de Pernambuco; Diário da Manhã/Cepe; Revista “O Cruzeiro”; Leia Já; Marcozero.org; memoria.bn.br; UFPE; Arquivo Público de Pernambuco.

15 comentários:

  1. no bairro do alto santa terezinha e pascoal tambem existe uma banda chamada GERAÇÃO MANGUE, 20 anos de resistecia cultural na comunidade.
    instagran: @bandageracaomangueoficial
    faceboock: @condicaopsicodelica

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  2. MIM LEMBRO DA SÃO PAULO NOS ALTOS SANTA TEREZINHA E PASCOAL

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  3. Gostaria de ver as imagens de 1958 do bairro Mustardinha, Rua José Moreira Reis, Recife Pernambuco e os moradores também e família de Joana D´ arc e Lourdes a costureira.

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    1. Boa noite, Amanda. O blog é destinado aos bairros da zona norte, mas está dado o recado. Talvez no futuro, eu venha pesquisar o seu bairro. Um abraço!

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  4. Gostaria de ver 1967 quando morava minha avó Antônia Pereira e minha tia liliosa( losinha) TD família
    da minha mãe moravam nesse bairro

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  5. Muito bom Relembrar eu que tenho Resindencia fixa ha 68 anos aqui no na rua Tambuara alt santa terezinha.Agora eu queria ver o alto antes do calçamento na altura do número 765 no tempo queem que agente brincava de Garrafão Bola de Meia e e outras brincadeiras. Muito bom . gostei de Relembrar.

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  6. Boa noite! Gostaria de pegar algumas das suas informações para fazer um trabalho sobre a área do Alto santa terezinha. Você Pode me da a autorização?
    Contato via Instagram: V_rodrrigo

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    1. Pode sim, amigo. desde que informe a fonte. Obrigado pela visitação.

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  7. Só sei do acidente do ônibus da são Paulo da ctu não e a empresa são Paulo não rodou aqui no Terezinha até 2014 não pq antes da canxaga era a metropolitana qui fazia a linha

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  8. Boas notícias sobre a história do alto santa Terezinha. Gostaria que falasse mais sobre o alto do pascoal. A carvoaria de Dona Olímpia.

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  9. Bom dia. A história contada é feita em pesquisas feita em jornais, livros e revistas.

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  10. Bom dia
    Gostaria de saber sobre a história do Córrego do Euclides, como surgiu, quem foi Euclides e se existe família dele por lá hj

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  11. Euclides deve ter sido um dos primeiros moradores da localidade, todavia, não encontramos nada a seu respeito. Obrigado, pela visitação. Um abraço!

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    1. A história do Córrego do Euclides está na história do bairro do Alto José Bonifácio.

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