No dia 15 de novembro de 1953, o prefeito do Recife, José do Rego Maciel, inaugurou as primeiras linhas de ônibus da Bomba do Hemetério das Empresas Norte Aparecida e São Marcos. Só havia um problema, a Estrada da Bomba do Hemetério era de terra batida, bastante esburacada e que havia mais dois grandes empecilhos que dificultavam o tráfego dos ônibus na localidade, que eram os dois riachos que cruzavam a estrada. O primeiro, era o riacho entre as ruas Baixa José Ribeiro e São Sebastião. E o segundo, era o riacho que vinha do Córrego João Francisco e cruzava a estrada até a rua São Gabriel. Fato esse, que fez com que esses ônibus prestasse um péssimo serviço a comunidade.
Durante muito tempo, foram tomadas medidas paliativas sobre o riacho da rua Baixa José Ribeiro, como: aterros e uso de manilhas e ponte improvisada. Em relação ao riacho do Córrego João Francisco, o terreno era muito acidentado, o que impossibilitava a passagem de veículos. Os primeiros ônibus, retornavam antes da sede do clube carnavalesco Tribo Canindé. E muitos nem chegavam a entrar e retornavam da Estrada Velha de Água Fria.
Com o avanço das obras de pavimentação que vinha desde à Avenida Norte, seguindo pelo Córrego do Bartolomeu em direção ao Córrego de Euclides, Alto José Bonifácio e Bomba do Hemetério, criou-se boas perspectivas para a exploração do transporte público nesta região. A Expresso 18 de Setembro se antecipou e criou as linhas do Alto José Bonifácio e da Bomba do Hemetério.
Em janeiro de 1960, era
inaugurada a linha Bomba do Hemetério pertencente a Expresso 18 de Setembro,
com apenas quatro ônibus, que não ultrapassavam o riacho que vinha do Córrego
João Francisco, porque não havia uma ponte.
O Diário de Pernambuco, em 24 de
janeiro de 1960, publicou uma nota a respeito do assunto e a implantação dos
ônibus elétricos na capital pela CTU. A nota dizia o seguinte: Depende apenas
de uma pequena ponte a criação de uma linha de ônibus para a Bomba do Hemetério
– (Dizia o título) – Os moradores do Alto Santa Terezinha (em Água Fria e Casa
Amarela) estão apelando para as autoridades municipais: que o empreiteiro
contratado apresse e conclua dentro do mais breve possível o serviço da pequena
ponte sobre o riacho que recebe às águas que descem do Córrego João Francisco.
A medida é de grande importância porque significa garantia de transportes
beneficiando todo um aglomerado de núcleos populares.
Uma linha de ônibus inaugurou-se há
duas semanas (referindo-se a Expresso 18 de Setembro), ali, cobrindo todo o
percurso da Bomba do Hemetério, mas apareceu o entrave da pequena ponte
impedindo a cobertura de maior percurso e a implantação de maior número de
veículos. Agora os moradores querem que a pequena ponte fique pronta logo, a
fim de que a nova linha vá até a padaria Cruz de Malta* e até mais além no
Largo do Alto Santa Terezinha (referindo-se à praça da Bomba do Hemetério). E dúvidas
nenhumas não existem: proprietários de ônibus estão interessados na exploração
da nova linha.
Hoje, estão trafegando quatro carros;
quando a pequena ponte estiver pronta este número poderá ser dobrado.
Ônibus tendem a sair do asfalto –
O problema dos transportes no Recife pode sofrer uma mudança para melhor. Os
habitantes dos morros, dos córregos e dos núcleos mais afastados sempre tiveram
razão em reivindicar que as linhas de ônibus penetrassem mais, se estendessem,
se adentrassem. Os moradores desses lugares, a maior parte da população
citadina, não poderiam e não podem continuar enfrentando caminhadas longas para
apanhar ônibus no asfalto já superlotados.
No entanto, a coisa tende a
mudar. São os próprios empresários que compreendem que indo ao encontro das
populações é que poderão sobreviver como tais. Uma expansão para os seus
negócios já que terão de enfrentar a Companhia de Transportes Urbanos – CTU com
os seus ônibus elétricos.
E se a CTU vingar e se conseguir
botar em circulação grande número de veículos (que são mais de asfalto),
estar-se-á uma concorrência benéfica para os recifenses com minoração do
problema do transporte. Muitas empresas estão procurando novas linhas. Subindo o
mais possível os morros; penetrando os córregos; indo a novos terminais
localizados nos mais distantes núcleos.
Prefeitura deve continuar
preparando terreno – Para que isso se dê a Prefeitura deverá ir continuando a
preparar condições favoráveis. Não só nas grandes obras de ligações inter-suburbanas
(como a de Beberibe-Casa Amarela), mas também na realização das chamadas
pequenas obras. Na conservação e na substituição do que existe de imprestável.
O exemplo a que acima nos referimos
mostra que uma pequena ponte pode atrapalhar todos os planos. A sua
substituição era uma necessidade; mas esses trabalhos estão emperrados. Os
moradores mais otimistas acham que o serviço poderá ser entregue dentro de oito
dias; outros estão alarmados e acham que a coisa poderá demorar até cinco meses
mais. Houve dia nenhum trabalhador do empreiteiro, que tem contrato com a
Prefeitura, apareceu. Não existe nenhum sinal até agora de vergalhão de ferro
para o assentamento das pranchas de cimento.
Urge que a Edilidade faça ver ao
empreiteiro a necessidade do melhoramento ser entregue logo à população. O que
quer dizer: linha garantida de oito ônibus (para começar) com a placa “Bomba do
Hemetério” e com o terminal no Largo do Alto Santa Terezinha (referindo-se ao
Largo da Bomba). Beneficiados pela nova linha serão os moradores não somente da
Bomba do Hemetério e do Alto Santa Terezinha, mas, igualmente, os do Córrego do
Bartolomeu, Alto da Alegria, Córrego João Francisco, do Cotó e outras
localidades. (Finalizou).
*Padaria Cruz de Malta – Essa padaria
ficava na curva para chegar na Praça da Bomba, do lado esquerdo, onde atualmente,
funcionam diversos pequenos comércios pertencentes aos herdeiros de Seu João do
açougue, antigo comerciante da Bomba. A padaria pertencia ao português Albino Nogueira
da Silva, que depois construiu a nova padaria do lado direito com nova
denominação “Padaria Areosa”. Atualmente no local, funciona uma movelaria.
* A pequena ponte – Foi construída na então, Estrada da Bomba do
Hemetério, sobre o riacho que vinha do Córrego João Francisco no cruzamento com
a Rua São Gabriel, pela firma Souza Lima em 1961.
* Expresso 18 de Setembro – Serviu
a linha da Bomba do Hemetério de janeiro de 1960 a 1980, quando foi vendida a
Empresa São Paulo.
* Em 21 de agosto de 1966, a CTU
criou a primeira linha de ônibus (à diesel) do Alto Santa Terezinha.
* Em novembro de 1968, o prefeito
Augusto Lucena, inaugurou o calçamento da Rua Bomba do Hemetério.
Por: Jânio Odon/VOZES DA ZONA
NORTE
Fonte: Diário de Pernambuco e
Diário Oficial do Estado.
Olá Jânio, parabéns pelo excelente trabalho historico sobre a nossa zona norte, já li varios artigos e continuarei lendo, sou morador do bairro de beberibe e tem muito conteudo sobre o bairro, agradeço por trazer os acontecimentos historicos para o nosso conhecimento.
ResponderExcluirBoa tarde, Guego. Obrigado pela sua visitação e opinião. A história de nossa região não pode ficar no esquecimento. Um abraço!
Excluir