21 de agosto de 2015 (sexta-feira)
Em busca de apoio político e
prestígio popular no Nordeste, a presidente Dilma Rousseff voltou nesta
sexta-feira, 21, a Pernambuco, berço político do ex-presidente Lula, pela
terceira vez neste seu segundo mandato. Em discurso a integrantes de movimentos
sociais, Dilma pediu "tolerância, paciência e humildade" para o País
avançar após as "dificuldades". A empresários, ela reconheceu
"excessos" nos subsídios e desonerações, o que segundo ela causou
"alto custo fiscal" ao governo.
Pela manhã, em Cabrobró, no
agreste pernambucano, a presidente inaugurou um trecho da transposição do Rio
São Francisco. No Recife a presidente enfrentou protestos de sindicalistas
críticos ao governo, que tentaram bloquear a saída da comitiva do governo, ao
final de encontro com empresários, durante a tarde.
Perdendo popularidade entre os
nordestinos, a presidente lembrou líderes políticos da região, citando o
ex-presidente Lula e o ex-governador Eduardo Campos. Ela destacou os avanços
regionais dos governos petistas. "Regiões são diferentes, mas as
oportunidades têm que ser iguais. Antes, a pobreza tinha sexo, cor e região.
Não tem volta atrás", disse Dilma.
"A gente só avança com
tolerância, respeito e humildade de escutar a voz do outro. O que nos une hoje
são dois compromissos: com o nosso País e com o nosso povo. Eu aposto no País.
Vamos superar as dificuldades, vamos pegar o túnel e alumiar o fim do túnel com
esperança e otimismo", discursou a presidente.
Em meio à crise política, a
estratégia da presidência para defender o governo é ampliar a divulgação dos
projetos pela plataforma digital Dialoga Brasil, criada há três semanas. No
Recife, um time de ministros foi escalado para defender programas-símbolo das
gestões petistas, como o Bolsa Família, o Prouni, Pronatec e o Mais Médicos.
A plateia formada por ativistas
de diversos movimentos sociais gritou "Fora Cunha", em referência ao
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e cantou coros de apoio a Dilma.
Alguns participantes subiram ao palco para entregar flores e presentes à
presidente. O governador Paulo Câmara (PSB) foi hostilizado com vaias e
encurtou o discurso. "Não vamos superar a crise com intolerância. O
momento exige unidade nacional", disse.
A Presidenta Dilma Rousseff, o governador de PE Paulo Câmara, autoridades e operários posam próximo ao trecho da obra da transposição do rio São Francisco em Cabrobó. Foto: Folha UOL.
Protestos
Com carro de som, faixas e apitos, cerca de 50 sindicalistas cercaram o prédio onde Dilma estava e tentaram bloquear a saída da comitiva presidencial. O local teve policiamento reforçado pela Polícia Federal, Polícia Militar e militares do Exército. A manifestação provocou congestionamentos,. De dentro dos carros e ônibus, motoristas, passageiros e estudantes apoiaram o protesto com gritos, aplausos e buzinaços.
Com carro de som, faixas e apitos, cerca de 50 sindicalistas cercaram o prédio onde Dilma estava e tentaram bloquear a saída da comitiva presidencial. O local teve policiamento reforçado pela Polícia Federal, Polícia Militar e militares do Exército. A manifestação provocou congestionamentos,. De dentro dos carros e ônibus, motoristas, passageiros e estudantes apoiaram o protesto com gritos, aplausos e buzinaços.
Os sindicalistas criticaram o
governo e as suspeitas de corrupção nas obras da Arena Pernambuco, estádio
construído para a Copa de 2014 pela construtora Odebrecht e alvo de
investigação pela Polícia Federal por suspeita de superfaturamento. A
presidente driblou o protesto saindo pela lateral. "É uma vergonha a
presidente vir a Pernambuco e sair escondida, como se estivesse fugindo. Ela
está sitiada", afirmou Áureo Cisneiros, presidente do Sindicato dos
Policiais Civis de Pernambuco.
Reunião
A reunião foi realizada a portas fechadas. Durante o encontro, a presidente Dilma Rousseff reconheceu a empresários pernambucanos que as medidas econômicas adotadas em respostas à crise internacional gerou "excessos" e "alto custo fiscal" ao governo.
A reunião foi realizada a portas fechadas. Durante o encontro, a presidente Dilma Rousseff reconheceu a empresários pernambucanos que as medidas econômicas adotadas em respostas à crise internacional gerou "excessos" e "alto custo fiscal" ao governo.
"A presidente pôde
transmitir de forma direta que as políticas de resposta ao período de crise têm
excessos, na medida em que criaram um custo fiscal ao governo", disse
Armando Monteiro, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Experior,
após a abertura da reunião, na sede da Federação das Indústrias de Pernambuco
(Fiepe). "Os subsídios e as desonerações tiveram custo fiscal muito alto
ao Tesouro e agora não se pode manter esses incentivos", completou.
A reunião também contou com a
participação dos ministros Nelson Barbosa (Planejamento), Kátia Abreu
(Agricultura) e Thereza Campello (Desenvolvimento Social). Também acompanharam
o encontro o senador Humberto Costa (PT) e outros parlamentares.
Segundo o diretor-presidente da
Fiep, Ricardo Essinger, a expectativa entre os empresários era de iniciar um
movimento contrário à "contaminação da economia pela disputa
político-partidária". "A Lava Jato não pode contaminar o 'real', não
pode paralisar o País", afirmou Essinger antes da reunião. "Nós,
empresários, somos os eternos batalhadores. Diante das trevas, temos que seguir
para a luz", contemporizou.
Por: Bruna Veloso/UOL.
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