domingo, 5 de junho de 2011

Júlia Santiago, a primeira mulher vereadora do Recife

Nasceu em São Lourenço da Mata, em ano que ela própria desconhecia. Era única entre sete filhos de uma família camponesa, bisneta de escravos. Abandonada pelo pai, ainda muito pequena, Júlia foi criada pela mãe. Aos 10 anos, veio para o Recife, onde começou a trabalhar imsediatamente na indústria têxtil, como tecelã.

Destacando-se por sua habilidade e agilidade em cumprir com as tarefas, Júlia conquistou a simpatia dos patrões. Não freqüentou a escola. Alfabetizou-se sozinha e, talvez, tenha sido a falta de estudos sua grande frustração.

Reconhecida como militante do Partido Comunista Brasileiro, Júlia nunca se filiou oficialmente, embora tenha chegado a ser membro do Comitê Nacional. A serviço do Partido, exerceu inúmeras atividades arriscadas e de grande responsabilidade, trabalhando infiltrada junto à direção do Cotonifício Othon Bezerra de Melo, junto ao Círculo Operário, (que, de acordo com suas palavras, foi fundado para liquidar os comunistas), e ao Bloco de Carnaval Pavão Dourado, onde havia muitos policiais. Foi ainda artista de rua, porém desempenhando pequenos papéis pois, segundo ela, as partes importantes ficavam com as pessoas que sabiam ler.

Sua grande paixão foi o movimento sindical, tendo fundado, com Luiza de Santana, o Sindicato de Fiação e Tecelagem de Pernambuco (SFTPE), além de ter liderado várias mobilizações envolvendo outros sindicatos. Segundo suas próprias palavras, ela não fez parte da direção do SFTPE, na hora da fundação, porque “não tinha leitura”. Isso, porém, não lhe impediu de ser responsável pelo funcionamento dos meios de comunicação de sua classe: Gazeta Sindical, Novos Rumos e Terra Livre, e de coordenar o alistamento eleitoral durante a campanha de Cid Sampaio.

Foi eleita primeira vereadora do Recife, também, com o voto da classe operária, no ano de 1947, sagrando-se a maior líder sindical de todos os tempos.

Júlia fez críticas ao comportamento machista dos companheiros de partido e falou, todo o tempo, sobre muitas mulheres e nos trabalhos que elas organizavam juntas, seja para soltar presos políticos, seja para desencadear greves, passeatas e distribuir materiais.

No parlamento, não chegou a legislar em favor das mulheres, porém, na década de 60, Júlia defendeu, num grande congresso de mulheres, em São Paulo, a reivindicação de diferenciar os tempos de serviço para homens e mulheres: 30 e 20 anos, respectivamente. Questionada sobre a justiça de sua proposta, contra-argumentou: “a mulher, quando sai do trabalho, ainda vai para casa cuidar do marido e dos filhos, e os homens não. É difícil um homem ajudar a mulher”.


Por: Rede mulher & Democracia

5 comentários:

  1. Jânio, obrigada pelo texto. Posso entrar em contato para ter mais informações? Inclusive de onde vc levantou dados?

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  2. Boa noite, Carla. O texto acima não é meu, pertence ao blog Rede mulher e Democracia. Achei interessante e postei após pesquisar sobre o assunto e confirmar a veracidade. Um abraço!

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  3. preciso falar contigo amigo sou do Jornal Voz do Nordeste de Jaboatão 98413-0843 Marcos Monte

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  4. Boa noite, Marcos. Vou ligar para vc. Um abraço.

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