domingo, 18 de maio de 2014

O secular bairro de Beberibe (Recife)

Povoado de Beberibe, na pintura do alemão Franz Heinrich Carls, na segunda metade do século XIX, à esquerda, nota-se o trem a vapor (Maxambombas) que começou a circular até o povoado de Beberibe em 1871.

O bairro de Beberibe é uma das localidades mais antigas do Recife. Já pertenceu também a Olinda, Beberibe foi um presente de casamento, seu homônimo rio, já teve às águas mais limpas da província e hoje é a mais poluída. Beberibe do passado, já teve seus heróis e seus bandidos, suas revoluções, já foi terra de veraneios, de fé e devoção, do quilombo e da Estrada do Matumbo.  O fim da linha das maxambombas e bondes. Beberibe foi usado, maltratado e abandonado. Mas  Beberibe resistiu, e  tem história para ser contada.

BEBERIBE E A SUA HISTÓRIA

A história da localidade de Beberibe começou com a chegada do donatário da capitania de Pernambuco, Duarte Coelho e sua esposa D. Brites de Albuquerque em 1535. Com eles, veio Izabel Fróes, que era criada e afilhada da rainha D. Catarina, mulher do rei D. João III, de Portugal, e que viera  com recomendações da rainha, no sentido de ampará-la e protegê-la, o que foi feito. Mas adiante, D. Izabel Fróes casou-se com o auditor da guerra, o português Diogo Gonçalves, que recebeu como dote de casamento uma vasta extensão de terra, onde hoje ficam os atuais bairros de Beberibe ( que era bem maior do que é hoje, pois abrangia as áreas dos bairros de Caixa D’Água, Águas Compridas, Dois Unidos, Linha do Tiro, Porto da Madeira, Cajueiro e também o chamado Baixo Beberibe: Fundão, Água Fria e Arruda); além Casa Forte e Várzea. Diogo Gonçalves resolveu fixar residência em Casa Forte, onde tornou-se senhor de engenho e fundou o Engenho Casa Forte, anos depois, fundou em Beberibe o Engenho Santo Antônio de Beberibe, a margem direita do rio de mesmo nome, onde mais tarde se formou um povoado. A Casa de Vivenda também ficava junto ao rio, à direita da ponte atual (referindo-se ao ano de 1908), e a pequena distância, um pouco para o norte, na entrada da praça, foi situado o edifício da fabrica, ficando de permeio a capela, porém mais afastada para o oeste, de forma que, traçando uma linha de união sobre essas três construções, formou-se um perfeito triângulo. Levantado o engenho e fundados os canaviais, começaram a fluir diversos moradores, que obtiveram a concessão de lotes de terras para o cultivo da cana. Há registro, que o sr. Francisco Barbosa e a sua mulher Maria de Oliveira, casal que veio com o donatário em 1535, foi um dos primeiros proprietários de lotes de terra em Beberibe que se tem notícia.

Em 1609, as terras de Beberibe pertencente a Diogo Gonçalves, passaram para ao mãos de seu filho Leonardo Fróes e o Engenho Santo Antônio de Beberibe passou a chamar-se: Engenho Velho de Beberibe. Em 1636, o engenho passou a ser propriedade do colono Antônio de Sá e em 1637, os holandeses chegaram à Beberibe e confiscaram as terras e o Engenho Velho de Beberibe, que logo passou a se chamar de Engenho Eenkalchoven. Os holandeses venderam o engenho ao sr. Duarte Saraiva por dez mil florins. Quando os holandeses foram expulsos de Pernambuco em 1654, as terras que haviam sido confiscadas, como também, o engenho, foram devolvidos aos seus antigos donos e  descendentes. Com o decorrer dos anos, o engenho foi caindo em abandono, de sorte que, em fins do século XVII, o engenho não safrejava mais. Em testamento feito em 1708, por José de Sá e Albuquerque, os bens que possuía, não fala mais em engenho, e sim  na Fazenda de Beberibe, em uma légua de terra, de que talvez tirasse melhores vantagens na exploração de suas matas com o fabrico de carvão e exportação de suas madeiras, do que no trabalhoso confinamento do açúcar. Em 1739, a Fazenda de Beberibe já era de propriedade do coronel Jacinto de Freitas da Silva, fidalgo da casa real, e de sua mulher , D. Jeronyma Paes Daltro. A última benfeitora do antigo engenho e Fazenda de Beberibe, foi feito por D. Josepha Francisca de Freitas e Silva que faleceu em 1856.

Um ilustre e respeitado morador de Beberibe em seu tempo, foi o capitão João de Freitas da Cunha. Seus avós paternos, Francisco Barbosa e Maria de Oliveira, chegaram juntos na comitiva do primeiro governador de Pernambuco Duarte Coelho em 1535, onde foram lavradores no Engenho Beberibe, receberam depois, concessões de terras e exploraram o plantio da cana-de-açucar. Já o capitão João de Freitas, nasceu no povoado de Beberibe, ingressou na carreira militar da colônia, fez parte de uma das tropas que combateram o Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga em Alagoas. Sendo recompensado pelo governador de Pernambuco, Aires de Souza e Castro, em 27 de julho de 1679 com vasta extensão de terra (sesmaria), na divisa entre Pernambuco e Paraíba. Como capitão-mor, governou o Ceará entre 1696 e 1699. Comandou tropas em Pernambuco, sendo promovido mestre de campo. Faleceu entre 1711 e 1712.

A ORIGEM DO NOME

O nome Beberibe é de origem indígena, no entanto, no passado,  o seu significado causou uma grande polêmica na hora de decifrá-la . Alguns consideravam que vinha  de “vibapybe”, que  significa” lugar onde cresce a cana”; já os holandeses quando tomaram este povoado em 1637, chegaram a chamar e relatar em seus relatórios a palavra: “Bibaribe”.  Outros afirmavam que o nome vinha  do tupi “labebier-y”, que significa “rio das raias, dos peixes chatos”; entretanto,  o que parece mais lógico e consensual  é a teoria publicada na Revista do Instituto do Ceará, que por sinal, tem um município por nome de Beberibe, e que segundo seu autor,  Paulino Nogueira, relata que o padre Antônio Ruiz de Montoya  afirma que a palavra Beberibe vem da palavra “bebéribe”, que significa  bebé= voar, pairar e ribe= em companhia, em bando. A tradução do padre Montoya parece a mais aceitável, já que Beberibe antigamente fazia parte da Mata Atlântica, repleta evidentemente,  de árvores e riachos, o que atraía muitos pássaros, que debandavam aos montes.  Em  1810, o viajante inglês Henry Koster, registrou em seu diário: “Deixando o Recife passa-se pelo povoado de Beberibe, situado pelo rio de mesmo nome...”, daí em diante, se oficializou a palavra Beberibe, descartando todas as demais.

DA CAPELA À PARÓQUIA  DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE BEBERIBE

Início do século XX, a antiga Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Beberibe.

primeira capela de Beberibe, denominada Capela de Santo Antônio, foi construída no início do século XVII, com a fundação do Engenho Santo Antônio de Beberibe em data não conhecida e que desapareceu em data também  desconhecida. Em terreno doado pelo coronel Jacinto de Freitas da Silva  em 29 de setembro de 1743, foi incorporada  a nova capela da irmandade sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição de Beberibe, que teve várias interrupções em sua construção e que só foi concedida ao público em 1767, ainda neste ano, a capela passou para a irmandade do Santíssimo Sacramento. Em 1787, a capela passou para a irmandade de Nossa Senhora da Boa Hora, formada por homens pretos, homens livres e também escravos. Depois de alguns anos a irmandade chegou ao fim. Em 1850, foi construída por ordem de Frei Caetano de Messina,  uma nova igreja de Nossa Senhora da Conceição de Beberibe, e que em 1872, a igreja tornou-se uma paróquia. Em 1905, foi inaugurada a atual paróquia,  que sofreu algumas reformas com o passar dos anos.

O PRIMEIRO CEMITÉRIO DE BEBERIBE

Beberibe é uma localidade muito antiga, que começou a se formar desde o século XVI por causa de seu rio e engenho. O povoado é datado do início do século XVII com a fundação da capela. Os cemitérios provincianos, nessa época, se formavam sempre próximos aos locais considerados sagrados e igrejas. Esses locais sagrados muitas vezes eram dentro de propriedades particulares como: fazendas, chácaras e engenhos. Já nos povoados os sepultamentos eram feitos dentro de igrejas, geralmente, clérigos e pessoas ilustres e influentes. Com as pessoas mais humildes, os familiares se esforçavam para que os sepultamentos fossem feitos sempre nas proximidades das igrejas denominados de locais santo. A questão da falta de critérios ou zelo pelos locais dos sepultamentos, levavam animais pastarem nestes ambientes, onde muitas vezes, levavam à exposição os cadáveres. Os sepultamentos nas igrejas, muitas vezes levavam o desconforto das pessoas que frequentavam as missas diante do forte odor que exalavam das catacumbas, tornando-se prejudicial a saúde de todos. 

As constantes reclamações das pessoas preocupadas com a salubridade, levou o imperador D. Pedro II a baixar o Decreto Nº 583, em 5 de setembro de 1850, para que se construissem cemitérios públicos fora dos povoados em todas as províncias. Em 3 de agosto de 1871, o imperador sancionou a lei que regulamentava os critérios e obrigações em pró à salubridade pública nos cemitérios já que vinha acontecendo inúmeras irregularidades.

Não temos conhecimento da data de inauguração do cemitério público de Beberibe, mas uma litografia do alemão Franz Heinrich Carls de 1875, mostra o cemitério de Beberibe nas imediações da igreja, no lado oposto ao rio, na encosta de um morro onde hoje fica a feira livre na entrada de Caixa D'Água. O citado morro, sofreu grandes escavações neste periodo e recuou bastante, limitando-se à Rua Engenheiro Fernandes Dias, no Alto do Cajueiro.

O Diário de Prenambuco em 11 de novembro de 1857, publicou uma nota revelando a situação deplorável em que se encontrava o antigo cemitério de Beberibe, sendo a principal causa para que fosse construído um novo cemitério fora do povoado e que sofreu toda morosidade da burocracia onde só foi estabelecido um novo local, trinta e um anos depois. A nota dizia o seguinte:
Cemitério de Beberibe - Algumas vezes ouvimos falar acerca do abandono em que se acha o Cemitério de Beberibe, mas não podiamos crer que fosse tal que merecesse tanta censura, e nem mesmo que fosse aquele lugar tão profanado servindo de pasto para animais, oh! certamente não podiamos crer! O que porém se diz, e que se acha revestido do caráter de verdade, não deixa a menor duvida de que com efeito aquele cemitério não passa de um teatro de profanação. Há dias tendo sido sepultada a mulher do sacristão da capela de Nossa Senhora da Conceição daquela povoação, não tardou muito que não fosse visitada  a sua sepultura por um cavalo que para li fora pastar, resultando que por um semelhante  abuso, se diz que em outras ocasiões tem sido visto pedaços de perna, e braços ainda não consumidos na superfície da terra, desenterrados pelos animais que ali vão pastar, tudo à falta de uma cerca que divida aquele lugar sagrado. Isto é horrivel! Em vista de semelhante quadro não se poderá com justa razão clamar contra tão manifesta falta de religião? Ninguém o contestará; e para que pois seja ela respeitada, justo é que se tomem as necessárias providências para que, garantidos fiquem os cadáveres de servirem de pasto de animais. Finalizou.  

No dia 2 de setembro de 1878, na Câmara Municipal de Olinda se debateu sobre a escolha de um novo local para a construção de um novo cemitério fora da povoação de Beberibe, já que o ali existente estava causando a poluição do rio Beberibe por causa da ação dos animais que pastavam naquele local.     
Em 1882, o capitão Luciano Eugênio de Melo doou um terreno para construção do Cemitério de Beberibe na Estrada do Caenga (atual bairro de Águas Compridas), sendo inaugurado quatro anos depois.

A CULTURA DA ANILEIRA

A indigofera tinctoria (anileira), corante azul usado para tingir tecidos. Produzido no povoado de Beberibe em 1772.

Esta planta, originária da Índia e cultivada há mais de 4.000 anos, foi naturalizada nas Antilhas e no Brasil. Começou a ser cultivada em 1770, no Rio de Janeiro, à esforços do vice-rei, Marquês do Lavradio. Por esse mesmo tempo se tratou de fazê-la cultivar em Pernambuco.

Já em 1772, progredia nesta Província a cultura da anileira (produzia um corante azul, usado para tingir tecidos), porquanto para a manipulação desta planta, fundou-se no povoado de Beberibe uma fábrica. O resultado foi tão satisfatório que uma ordem real em 12 de fevereiro de 1783, o governo no intuito de promover a indústria, determinou que a exportação desse gênero ficasse livre de direitos, taxas e emolumentos, ordem esta que o Presidente da Província de Pernambuco, José César de Menezes, transmitiu ao juiz da alfândega  em 4 de maio de 1785.

O QUILOMBO DE CATUCÁ (1817-1830)

Aproveitando o rebuliço ocasionado pela Revolução de 1817, vários escravos do interior de Pernambuco, fugiram das fazendas e engenhos e dominaram os centros urbanos de Paudalho, Santo Antão, Igarassu, Olinda e Goiana, saqueando o comercio e cometendo agressões e homicídios, o que provocou desespero e pavor em toda a Província. O governo provinciano designou diversas diligências para combater o quilombo que se embrenharam-se nas matas da Guabiraba (onde atualmente ficam o Córrego do Jenipapo, Guabiraba, Buriti  e Macaxeira). Muitos moradores de Beberibe chegaram a ser punidos por manter relações comerciais com o quilombo. Com o fim da revolução em maio, o presidente da província intensificou as buscas na tentativa de aniquilar o quilombo que resistiu até 1830. Em 30 de setembro de 1828, o juiz de paz de Beberibe, Boaventura de Melo Castelo Branco saiu com sua tropa para enfrentar o Quilombo de Catucá. 

Mas, seis anos depois, quando tudo parecia tranquilo, quilombolas sobreviventes de Catucá, na tarde de 19 de novembro de 1834, voltaram a agir. Um pardo de nome Gonçalo José de Jesus e seu filho menor de idade, ambos moradores de Olinda, saíram para caçar nas matas de Sapucaia, no Distrito de Beberibe, quando se depararam com quatro negros e duas negras do quilombo. Sendo que um deles estava armado com uma granadeira e os outros com afiados chuchos de madeira. Por caírem na desconfiança dos negros de que andavam em diligência contra eles, pai e filho acabaram sendo agarrados e tiveram que entregar a pólvora, o chumbo e a clavina que levavam consigo. No meio da confusão, Gonçalo conseguiu fugir, mas seu filho não teve a mesma sorte e acabou sendo assassinado pelos quilombolas. O ocorrido se espalhou por Beberibe e o pavor tomou conta do povoado novamente. Ao tomar conhecimento do fato, Boaventura de Melo, Juiz da Paz do 6º Distrito de Beberibe, informou ao Juiz de Direito da Comarca do Recife, Bento Joaquim Miranda que ordenou novas buscas pelas matas de Beberibe.

Monumento erguido em 1972, numa obra de Abelardo da Hora em homenagem aos heróis pernambucanos de 1821.

A CONVENÇÃO DE BEBERIBE (1821)

Em 1821, o povoado de Beberibe começou a sentir a agitação pelas suas ruas, reuniões secretas eram frequentes, clérigos, intelectuais e militares planejavam derrubar do poder  o Presidente da Província de Pernambuco, o capitão-general Luís do Rego Barreto, aquele que seria o último governador português em Pernambuco. A Revolução Pernambucana de 1817, tinha sido abafada, mas havia uma onda de insubordinação e violência dominando todos os setores da população. Luís do Rego Barreto era um homem violento que só fez aumentar o clima de intranquilidade que vivia o povo pernambucano.

Na Vila de Goiana, iniciou-se um movimento que conseguiu depor Luís do Rego Barreto, expulsando-o para Portugal. No dia 5 de outubro de 1821, ele assinou sua capitulação, no episódio denominado Convenção de Beberibe. Instalou-se, então  uma Junta Governativa para governar Pernambuco, presidida por Gervásio  Pires Ferreira. Ela era formada, na sua maioria, por brasileiros. Apenas os comandos militares ficaram nas mãos dos portugueses.
Essa Junta Governativa foi o primeiro  governo livre e democrático que se instalou no Brasil, sendo Pernambuco a primeira província a se tornar independente de Portugal. Finalizou.

O FURTO

7 de novembro de 1825, ocorreu o primeiro registro de roubo em Beberibe noticiado pelo Diário de Pernambuco, em seu ano de fundação, aconteceu através de um anuncio de um cidadão que teve dois de seus animais furtados. O anuncio dizia o seguinte: "Em dias do mês passado, furtaram do lugar de Beberibe, uma burrinha castanha com um filho da mesma cor, pertencentes a Bartholomeu Francisco de Souza, quem souber alguma notícia de tais animais ou descobrir onde eles se acham. Dirija-se ao sobredito na sua botica na Rua do Rosário, que lhe dará de prêmio 16 mil réis". 

ESTRADAS DO CAENGA E DO MATUMBO  

Durante o ano de 1842, foi aberta a estrada ligando Beberibe à Goiana, a princípio denominada "Estrada de Goiana" ou "Estrada Beberibe-Maricota (atual Abreu e Lima) por fazer conexão com essas duas localidades. Esta via fez parte do projeto de abertura de estradas das obras públicas da Província de Pernambuco, na gestão do governo de Francisco do Rego Barros ( o Conde da Boa Vista), que tinha como diretor das obras públicas, o engenheiro francês Louis Léger Vauthier, que em seu relatório de 20 de fevereiro de 1843, ressaltou, que esta estrada que vinha do povoado de Beberibe, começou a ser executada no segundo semestre de 1842, fazia parte da denominada "Estrada do Norte" que ligaria o Recife à Goiana e as povoações que ficavam neste perímetro.  Adiantou ainda, que ao assumir a diretoria, as obras estavam atrasadas e que nas proximidades de Olinda, tudo estava em completo estado de desleixo e abandono, não porque os rios eram caudalosos ou as ladeiras eram íngremes. Já na povoação de Beberibe, a estrada apresenta muita dificuldade, deste lugar até o Engenho Timbó (Paulista). Há duas ladeiras excessivamente íngremes (referindo-se aos atuais Alto do Cajueiro e o Alto Nova Olinda, antigo Outeiro do Caenga). Vauthier relatou que era possível mudar o traçado original, evitando as ladeiras, mas que o terreno precisava ser examinado antes. Todavia, na prevista junção desta estrada com a Estrada do Norte, tudo ficava mais difícil porque havia várias nascentes de rios e o pântano de Olinda, cuja passagem era difícil, principalmente no inverno. 

Depois de examinado o terreno da estrada para Beberibe, Louis Léger Vauthier, modificou o traçado da estrada que seguia para Goiana. A estrada transpôs as duas ladeiras em apenas aproximadamente 300 metros em direção ao Outeiro do Caenga, não avançando mais. Esta estrada, por volta da década de 1870, ficou conhecida como Estrada do Caenga. A primeira referência desta estrada foi publicada pelo Diário de Pernambuco em 21 de dezembro de 1874. Já sobre o povoado do Caenga, o mesmo jornal fez referência em sua edição de 16 de novembro de 1839.

Com a mudança do traçado, Vauthier, resolveu dar andamento na estrada contornando o pântano e os morros até o Forno da Cal, próximo a propriedade Paiva, no Fragoso. No início desta estrada, ficou conhecida depois, por Estrada do Matumbo (atual Av. Presidente Kennedy), numa faixa de 1,5 km. O nome foi decorrente a propriedade ali existente, denominado Sítio Matumbo, de propriedade do sr. Alexandre Jóse Dornelas. A primeira referência do Sitio Matumbo é datado de 6 de outubro de 1869. O povoado Matumbo é datado de 30 de dezembro de 1871, já a primeira referência da Estrada do Matumbo é datado de 2 de março de 1880, publicado na edição do Jornal do Recife. Os demais foram publicados nas edições do Diário de Pernambuco.

Clérigos, intelectuais e militares se reuniam em encontros secretos em Beberibe para conspirar contra o governo provincial de Pernambuco. Ilustração.

REVOLUÇÃO PRAIEIRA (1848)

Em face de várias revoltas que aconteceram durante o período regencial: Setembrada (1831); Abrilada (1832) e  Cabanada ou Guerra do Cabanos (1832 a 1835), promovido pelo Partido Regressista, os membros do partido eram, na sua maioria, portugueses que queriam a volta (regresso) de D. Pedro I.
Em face de tantas desordens, D. Pedro II, em junho de 1848, destituiu os liberais do poder e o governo de Pernambuco voltou às mãos dos conservadores. Inconformados com a perda do poder, os praieiros resolveram pegar nas armas. Em novembro de 1848, iniciou-se a Revolução Praieira, a última revolta interna do Segundo Reinado. Seus principais líderes foram Abreu e Lima, Nunes Machado, Pedro Ivo, Borges da Fonseca, Nascimento Feitosa, Bernardo Câmara, Henrique de Lucena, Lopes Neto, João Roma (proprietário do Diário Novo), Jerônimo Vilela, Castro Tavares e Manuel Pereira de Morais. A luta armada saiu de Igarassu e Olinda e foi ganhando reforços na zona  do Litoral-Mata.

No dia 1º de janeiro de 1849, os praieiros publicaram um Manifesto ao Mundo, exigindo justiça social. Em 22 de Janeiro, os praieiros resolveram atacar o Recife, para tomar o  governo da província. Entretanto, durante o ataque, ocorrido no dia 1º de fevereiro, foram derrotados pelas forças do presidente da província. No dia 2 de fevereiro, com a morte de Nunes Machado em combate na Soledade, os praieiros retiraram-se para o interior, inclusive, para o povoado de Beberibe, onde pretendiam resistir. Mas tudo em vão. Seus principais líderes foram presos e condenados à prisão perpétua  na Ilha de Fernando de Noronha.

BEBERIBE TORNA-SE DISTRITO DE OLINDA

Em 9 de outubro de 1857, o governo provincial criou o Distrito de Beberibe, que pertencia a Olinda.

ESTRADA NOVA DE BEBERIBE

Em 1866, começou a ser aberta a Estrada Nova de Beberibe (hoje conhecida como Avenida Beberibe). A obra teve início a partir da Encruzilhada e custou 18.326$000 (dezoito contos, trezentos e vinte seis mil réis) e foi concluída em 1867.

José Vicente Meira de Vasconcelos, foi o primeiro proprietário da Casa do Pavão. Foi deputado e professor universitário. Nasceu em 5/4/1850 e faleceu em 30/3/1920. Foto: Diário de Pernambuco.

Casa do Pavão foi inaugurada em 1870 e demolida em 1983. Foto: Diário de Pernambuco de 16/12/1982.

A CASA DO PAVÃO
A Casa do Pavão era uma bela residência em forma de chalé, inaugurada em 1870 pelo seu proprietário, o deputado e professor da faculdade de direito do Recife, José Vicente Meira de Vasconcelos. O belo chalé apresentava um mural no terraço, uma figura de um grande pavão pousado em bambus, entre pombos e borboletas, jarros com flores e passarinhos. Os vidros das janelas  e das portas, tinham figuras femininas, flores estilizadas e o monograma "JMV" do proprietário. No início do século XX, o chalé foi residência do fundador da Assembleia de Deus em Pernambuco, o missionário sueco, Joel Carlson que faleceu em 1942. Durante décadas, o chalé foi transformado no Orfanato Betel, dirigida pela esposa e a filha de Joel Carlson, Figne Carlson e Ruth Carlson Portela respectivamente. Elas, compraram a Casa do Pavão em 1942, pela quantia de 40 contos de réis. Em 1983, uma grande enchente fez transbordar o Rio Beberibe derrubando a parede do chalé e causando grandes prejuízos aos comerciantes e moradores, não só de Beberibe, como também, os moradores de São Benedito, Caixa D'Água e Dois Unidos. A enchente obrigou o governo do Estado a construir uma nova ponte em Beberibe, substituindo a antiga que tinha 12 metros e era mais estreita. A atual tem 26 metros e é mais larga. Por causa da construção da ponte que foi inaugurada em 8 de agosto de 1983, pelo vice-governador Gustavo Krause, a Casa do Pavão teve que ser demolida.

Memorial Casa do Pavão, inaugurado pelo prefeito Jarbas Vasconcelos em 1995. Foto: Jânio Odon/2022

Em 12 de agosto de 1995, o prefeito Jarbas Vasconcelos, inaugurou em frente a antiga "Casa do Pavão", onde atualmente funciona um supermercado, um monumento denominado "Memorial Casa do Pavão", onde há uma escultura de um pavão. No entanto, na placa do memorial, consta equivocadamente a data 5/10/1821, que supostamente seria a data da inauguração da Casa do Pavão. acontece que, o seu primeiro proprietário nasceu em 1850.

AS MAXAMBOMBAS

Maxambomba nos trilhos de Beberibe na primeira década do século XX. Foto: Allen Morrison (EUA).

 No dia 11 de maio de 1871, o Presidente da Província de Pernambuco, Manoel do Nascimento Machado Portela, inaugurou provisoriamente, da encruzilhada de Belém até o Porto da Madeira, o ramal de trens de tração a vapor (maxambombas). A inauguração definitiva em sua 2ª etapa até o povoado de Beberibe aconteceu no dia 23 de setembro deste mesmo ano, com 4.450 Km de extensão, implantado pela Companhia de Trilhos Urbanos do Recife a Olinda e Beberibe. As maxambombas deixaram de circular pela Estrada Nova de Beberibe (atual Avenida Beberibe) em 1922, quando deram lugar aos bondes elétricos.

O ACIDENTE

O Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro, em 3 de setembro de 1871, noticiou: No dia 1º de setembro de 1871, às 4:30 horas, deu-se um acidente no ramal da via férrea de Beberibe, no arrabalde do Recife, do qual resultou a morte do empregado de nome Jaymes. Subia uma máquina áquela hora; ao passar entre o Porto da Madeira e o povoado de Beberibe descarrilhou, e nesse descarrilhamento deslocou-se a alavanca  da válvula de segurança da locomotiva, dando azo a uma forte fugida de vapor. Este derramando-se, queimou o maquinista e o referido Jaymes, que faleceu algumas horas depois, em consequência de um espasmo que lhe sobreveio. Finalizou.

VENDA DE ESCRAVOS

Em 10 de novembro de 1872, o jornal "A Camponeza" do Recife anuncia a venda de escravos. O anuncio dizia o seguinte: " vende-se por qualquer preço que seja, dois bonitos negros, e um mulato carambola dores. A tratar com o Barbaridade em Beberibe.

FREGUESIA DE BEBERIBE

Em 2 de maio de 1879, através da Lei Provincial Nº 1383, Beberibe foi elevada a categoria de freguesia.

CLUBE VASSOURINHAS

Mathias Theodoro da Rocha, um dos fundadores do Clube Vassourinhas do Recife e autor da marcha "Vassourinhas" considerado o hino do carnaval Pernambucano e que envolve grande polêmica. Ele faleceu em 1907.

Em 6 de janeiro de 1889, era fundado no bairro de Beberibe, que pertencia ainda à Olinda,  o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas do Recife. Treze de seus fundadores foram integrantes da agremiação carnavalesca Maruim Grande, do Pátio do Terço, no Recife. Já a marcha Vassourinhas, composta por Mathias Theodoro da Rocha e Joana Batista, considerada o hino do carnaval  pernambucano é datado de 1909, todavia, o pesquisador Evandro Rabelo em minuciosa investigação, descobriu que Joana Batista registrou a marcha em cartório em 1949,  como sendo da dupla e composta em 6 de janeiro de 1909. O Clube Vassourinhas adquiriu os direitos autorais da marcha à dupla por três mil réis em 18 de novembro de 1910, em documento assinado pelos dois e guardado no clube.  Aconteceu que o pesquisador Evandro Rabelo descobriu uma publicação do Jornal do Recife, na edição de 9 de agosto de 1907, na seção de necrologia onde registra a morte de Mathias Theodoro da Rocha, de 43 anos, em 13 de julho de 1907. Há de se perguntar:, Como é que a música foi composta em 1909 se o seu autor faleceu em 1907? Quem assinou o recibo no lugar de Mathias em 1910?

O MILIONÁRIO DE BEBERIBE
Thomaz Comber Filho (1875- 1961)

Thomaz Edward Andrew Comber Filho, nasceu em 28 de julho de 1875, no Recife. Faleceu no dia 1º de setembro de 1961, em São Paulo, mas foi sepultado no Cemitério dos Ingleses, no bairro de Santo Amaro (Recife). Ele casou-se com Ida Maria de Oliveira e Silva (Ida Comber) em 4 de fevereiro de 1904, onde veio morar em Beberibe, conforme noticiou o Diário de Pernambuco nesta data.

Thomaz Comber Filho, era
diretor da Companhia Fiação e Tecidos de Pernambuco com escritório na Avenida Marquês de Olinda, Nº 6, no bairro do Recife, noticiou o vespertino Almanaque de Pernambuco em 1904. Com a morte de seu pai em 1907, ele foi morar com a família na antiga residência paterna, na Estrada Ponte D'Uchoa, Nº 31, no bairro das Graças.

Comber, tinha um grande fascínio pelo arrabalde de Beberibe, onde investiu dinheiro de seu próprio bolso em melhorias no povoado e fundou um clube denominado Beberibe Club, que realizava festas e grandes eventos em seu clube de campo, ele tinha sua própria banda de música, o conjunto "Bando dos Almirantes". Em 1935, por exemplo, o tradicional Clube de Regatas Barroso, fez sua confraternização no Beberibe Club. Thomaz Andrew Comber, era um dos diretores da Companhia da Estrada de Ferro do Recife, Olinda e Beberibe. Ele era proprietário da atual casa paroquial da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Beberibe e do Retiro São José, que fica na atual Rua Engenheiro Fernandes Dias, no Alto do Bonfim, no bairro olindense de São Benedito. O referido retiro  foi construído por ele em 1901, sendo a morada de veraneio no ponto mais alto do povoado de Beberibe. Comber era apaixonado por esportes. Em 1940, ele mandou construir no atual Alto do Bonfim, pelo lado de Caixa D'Água, uma pista de 600 metros, para um rally de motocicletas, que ele denominou de "Subida da Montanha". Uma observação e correção: O sr. Thomaz Comber, que foi presidente do Clube Náutico Capibaribe por dois mandatos é um outro homônimo.

Esta paixão pelo automobilismo, tornou-se também uma paixão herdada pelo seu filho, Thomaz Comber Neto, que adorava  participar de corridas de lambretas e carros de corrida. Em 1959, ele foi diretor de esportes da Associação de Amadores de Automobilismo  de Pernambuco. Na década de 1960, venceu várias provas de corrida de lambretas.                                                                                                                              
Na década de 1970, ele era piloto de seu corcel 72, de 1.300 cilindradas e afiliado a Federação Pernambucana de Automobilismo. O Diário de Pernambuco do dia 16 de setembro de 1974, cobriu a vitória de Thomaz Comber Neto na primeira bateria da corrida oficial no autódromo Joana Bezerra. 

Em 1979, ele sofreu um grave acidente automobilístico no Autódromo Virgílio Távora, no município de Eusébio (CE), quando seu carro capotou e ele ficou em coma por dois anos, vindo a falecer no dia 2 de julho de 1981, no Hospital Agamenon Magalhães, na Estrada do Arraial, sendo sepultado no Cemitério dos Ingleses, no bairro de Santo Amaro.

A PRIMEIRA ESCOLA PÚBLICA DE BEBERIBE

Em dezembro de 1902, iniciou-se os exames para as vagas dos alunos do ensino primário da Escola Mixta Estadual de Beberibe, coordenadas pela professora Maria do Patrocínio Cavalcante Uchôa. A fonte não revelou a localização da escola.

DISTRITO DE BEBERIBE

Em 2 de junho de 1908, através da Lei Municipal de Olinda Nº 231, foi criado o Distrito de Beberibe, na era do Brasil República.

PORTÃO DO GELO

Existe em Beberibe uma localidade muito conhecida, que serve até de ponto de referência para quem vai ao bairro pela primeira vez, no extremo com o Porto da Madeira. Trata-se do Portão do Gelo, atualmente, é o nome oficial da rua, conhecida pelos campinhos de futebol socyete que lá existe. O que muita gente não sabe, é que esse nome não surgiu por acaso. O fato é que naquele local, o comerciante João Abrantes Gouveia, que tinha uma rede de armazéns atacadista de cereais no centro do Recife, inaugurou em 1911, a fábrica de gelo Cristal. O Jornal Pequeno em 9 de janeiro de 1911, divulgou pela primeira vez, a venda de gelo pelo valor de 150 réis, o quilo, e que poderia ser encontrado nos armazéns da rede J. Abrantes no Centro, ou  pedidos pelo telefone 726, que na época só tinha três dígitos, sendo este, o da fábrica de Beberibe. Existia na fábrica, carroças puxadas por animais que faziam as entregas, a domicílio. A fábrica de Beberibe funcionou apenas dois anos, depois mudou-se para a Rua do Muniz, no bairro de Santo Antônio onde funcionou até 1929.

BENTO MILAGROSO, O CURANDEIRO DE BEBERIBE

Bento Milagroso em 1912
Bento José da Veiga, Bento Milagroso, nasceu em 1870, em Goiana-PE. Em 1892, veio morar em um casebre na Estrada de Caixa D'Água, era analfabeto e adepto de Alan Kardec. Disse ter passado sete anos no Amazonas e aprendido com os índios, a técnica de encarnar os espíritos dos caboclos indígenas e de ter descoberto uma fonte de água milagrosa no rio Beberibe, capaz de curar qualquer tipo de doenças e mazelas.  

Em novembro de 1912, os jornais recifenses deram grande destaque ao curandeiro Bento, que apareceu em Beberibe, dizendo ter o poder de curar todos os tipos de doenças e mazelas de pessoas enfermas. O boato se espalhou por todos os cantos do Recife e seus arredores, de repente, as maxambombas (trens a vapor) chegavam lotados à Beberibe, de pessoas enfermas de toda parte da cidade. 

O fato é que, virou caso de saúde pública e de polícia. Os moradores do distrito de Beberibe começaram a temer uma possível epidemia, já que diversas pessoas eram portadoras de doenças infecto-contagiosa. O medo, o pavor, começou a tomar conta do povoado de Beberibe, e agravou quando o prestigiado médico sanitarista Gouveia de Barros, confirmou a real possibilidade de uma devastadora epidemia em Beberibe e enviou um ofício, solicitando ao chefe de polícia, dr. Francisco Porfírio, providências urgentes contra o Bento Milagroso.

No dia seguinte, Bento Milagroso, compareceu à chefatura de polícia e o delegado Francisco Porfírio, determinou que Bento parasse com suas práticas de curas e que deixasse o distrito de Beberibe imediatamente. Bento Milagroso, disse que ia cumprir as determinações do delegado, e de fato cumpriu temporariamente, deixando Beberibe.

Dias depois, estava Bento Milagroso de volta a Beberibe praticando os mesmos atos ilícitos  de outrora, o pacato distrito de Beberibe começou a se agitar novamente com seus indesejáveis visitantes que superlotavam os trens. Diante da ultrajante desobediência, o delegado Francisco Porfírio, determinou a imediata prisão de Bento Milagroso.

Quando Bento Milagroso se deslocava para o Centro do Recife, no dia 27 de novembro de 1912, foi abordado na Estação de Trens da Encruzilhada, sendo autuado e encaminhado a Casa de Detenção do Recife (atual Casa da Cultura), no entanto, no dia seguinte, o advogado Trindade, entrou com um habeas Corpus, e libertou Bento, uma multidão o esperava na saída, ovacionado, Bento Milagroso, foi carregado nos braços do povo até o distrito de Beberibe.

Por diversas vezes, Bento Milagroso, foi preso e logo em seguida, solto. O receio das autoridades governamentais era a possibilidade de uma revolta popular por parte de seus adeptos em atos de vandalismo e que viesse a causar grandes prejuízos ao patrimônio público e privado. O fato é, que as autoridades e a imprensa, começaram a acompanhar o curandeiro de Beberibe de longe. Bento Milagroso, se tornou uma figura pública tão conhecida, que décadas depois, surgiram diversos produtos no mercado com a marca "Bento Milagroso". (Ver em "Bento Milagroso, o curandeiro de Beberibe").

O Cinema Beberibe teve seu auge nos anos de 1960. Foto: Site Em Tempo/ilustrativa.

O CINEMA BEBERIBE

O Jornal do Recife em 26 de novembro de 1918, publicou uma pequena nota onde três empresários do setor cinematográfico estavam procurando um local apropriado para abrir um cinema em Beberibe. Não se sabe ao certo, a data que eles abriram o Cinema Beberibe, porém, podemos afirmar que o cinema foi inaugurado, já que o mesmo jornal, publicou em 10 de outubro de 1922, uma nota mencionando o referido cinema. A nota dizia o seguinte:

Em Beberibe - A Festa das Árvores (dizia o título) - Teve lugar onteontem, nesse pitoresco arrabalde do município de Olinda (entre 1908 até 1928, Beberibe pertencia ao município de Olinda), a festa das árvores, levada a efeito por uma comissão, tendo à frente o inspetor escolar acadêmico Euclides da Costa Lima e o dr. Humberto Gondim.

Depois da plantação das árvores  e formação das escolas estaduais, teve  lugar no Cinema Beberibe, uma parte litero-recreativa, onde falaram os senhores, dr. Pinto de Abreu, professora Antônia D'Able e muitas outras pessoas... 

Depois desta nota, não se tem mais notícia do cinema nesta época, mais tudo faz crer que o Cinema Beberibe não durou muito tempo. No entanto, No dia 6 de março de 1959, o empresário Claúdio Vieira da Silva, dono da "Sodema", uma distribuidora de tintas, inaugurou o luxuoso Cinema Beberibe na Praça da Convenção, herdando o nome do antigo cinema. Durante 12 anos, o Cinema Beberibe foi um importante ponto de entretenimento do bairro, mas no dia 13 de junho de 1971, num domingo, funcionou pela última vez.

ENERGIA ELÉTRICA

Em 24 de fevereiro de 1922, é inaugurado no distrito de Beberibe, a energia elétrica, pela empresa Beberibe Eletric Light Company, saindo uma composição de trem especial da Rua da Aurora, com os convidados até Beberibe. Após a inauguração, houve um grande jantar em solenidade que aconteceu  no Palace Hotel, de propriedade da empresa e que  contou com a presença das altas autoridades do Estado, representantes da imprensa e convidados.

OS BONDES

Bonde de Beberibe passando pela ponte de Santa Izabel em 1930.

No dia 26 de julho de 1922, os bondes elétricos começam a circular em caráter experimental até Água Fria, mas, no dia 30 de julho deste mesmo ano, a Pernambuco Tramways & Power Company Limited através de seu presidente, Eugênio Gudin e o vice-governador de Pernambuco, Severino Pinheiro inauguraram oficialmente as linhas de bondes de Tejipió e de Beberibe. 

 Após a 2ª Guerra Mundial a Pernambuco Tramways perdeu o interesse pelo transporte de passageiros e encerrou as atividades. Os últimos bondes elétricos deixaram de circular em 1954. Uma única linha, que partia do bairro da Boa Vista até o bairro do Fundão pela Avenida Beberibe entrando na Estrada Travessa do Fundão (que através da lei Nº 96 de 5 de julho de 1948, sancionada pelo prefeito do Recife, Manoel César de Moraes Rego, passou a se chama: Rua Coronel Urbano Ribeiro de Sena, conhecida popularmente, como Rua da Barriguda) onde ficava o terminal.

BEBERIBE DISTRITO DO RECIFE

Em 11 de setembro de 1928, através da Lei Estadual Nº 1931, sancionada pelo governador Estácio de Albuquerque Coimbra,  o distrito de Beberibe foi transferido do município de Olinda para o município do Recife.

A escola Pedro Celso foi inaugurada em 1936, antes denominada Escola Reunidas de Beberibe.

ESCOLA PEDRO CELSO

Em 1936, o governador Carlos de Lima Cavalcanti, inaugurou a Escola Reunidas de Beberibe, tendo como sua primeira diretora, Alda Lafayette Bezerra. O terreno foi doado pelas irmãs: Maria da Conceição Barros Correia e Maria Irene Barros Correia, sito à Rua Uriel de Holanda, Nº40, Beberibe.

No dia 23 de fevereiro de 1937, o governador Agamenon Magalhães visitou as obras de ampliação do futuro Grupo Escolar Pedro Celso.

No dia 15 de janeiro de 1940, o governador Agamenon Magalhães, assinou um ato denominando Grupo Escolar Pedro Celso, que antes, denominada Escola Reunidas de Beberibe. 

O Jornal Pequeno em 16 de março de 1946, publicou uma nota sobre o possível fechamento do Grupo Escolar Pedro Celso. A nota dizia o seguinte: 

Porque vai cerrar as portas o Grupo Escolar Pedro Celso - (dizia a manchete) - Ninguém vai acreditar, mas é verdade: O Grupo Escolar Pedro Celso, em Beberibe, se já não cerrou, vai cerrar as suas portas, suspendendo as aulas, por exigência da Saúde Pública.

Suas instalações sanitárias atingiram um estado tal de obstrução que já não é possível ali a permanência das crianças sob pena de se exporem a graves enfermidades. Isto porque não foram atendidas  em tempo as providências reclamadas pela diretora daquele grupo.

Os alunos, ao que parece serão distribuídos por escolas isoladas (pequenas escolas), já superlotadas, e as professoras irão assinar o ponto no Departamento de Educação. Tinhamos razão quando há dias, pediamos a atenção do sr. José Domingues, para aquele Departamento, cuja organização está de há muito a exigir maior eficiência. Finalizou.

Felizmente, o Grupo Escolar apesar de funcionar precariamente, não fechou. Em 29 de abril de 1947, o Grupo Escolar Pedro Celso, passou a receber do Governo do Estado, a merenda escolar.

Em 15 de setembro de 1951, o governador Agamenon Magalhães, enviou uma mensagem para a Assembleia Legislativa de Pernambuco, solicitando um terreno para construção de um novo grupo escolar (futuro Estadual de Beberibe) em virtude do Grupo Escolar Pedro Celso, na ocasião, passar por graves problemas estruturais, com risco até de desabamento.

Em 1975, o compositor e maestro Edson Rodrigues, fundou o coral da Escola Estadual Pedro Celso.

Escola Estadual de Beberibe, inaugurada em 1955. Foto: Mapio.Net/2008.

ESCOLA ESTADUAL DE BEBERIBE

No início, denominado Ginásio Estadual de Beberibe, foi construído devido os problemas estruturais do Grupo Escolar Pedro Celso e pela grande densidade populacional do bairro de Beberibe.

Em 30 de janeiro de 1952, o governador Agamenon Magalhães esteve em Beberibe e inaugurou o parque infantil, jardim e outros melhoramentos na Praça da Convenção; inaugurou a Ponte do Matumbo e lançou a pedra fundamental do Ginásio Estadual de Beberibe. 

O Diário de Pernambuco em 5 de março de 1955, publicou uma nota autorizando o funcionamento do Ginásio Estadual de Beberibe. A nota dizia o seguinte:

Autorizado o funcionamento do Ginásio Estadual de Beberibe (dizia o título) - O professor Aderbal Jurema, secretário de Educação e Cultura, recebeu ontem, do professor Armando Hildebrand, diretor do ensino secundário, o seguinte telegrama autorizando o funcionamento do Ginásio Estadual de Beberibe:

"Tenho o prazer informar a V. Excia que foi concedida a autorização para funcionamento condicional do Ginásio Estadual de Beberibe, tendo sido designada Maria Conceição Carneiro Leão, inspetora responsável pela fiscalização". Finalizou. 

Em 10 de junho de 1958, o Governo do Estado adquire um terreno na Avenida Uriel de Holanda, Nº 219, em Beberibe, medindo 40 x 206,060. O terreno custou Cr$ 1.500.000,00 ( Um milhão e quinhentos mil cruzeiros).

EMPRESA SÃO PAULO
Antigo ônibus da Empresa São Paulo que surgiu em Beberibe em 1944.

Foi no bairro de Beberibe em 1944, que os irmãos Raul e Mário de Mello Morado, deram início a história de uma das maiores empresas de transporte de passageiros do Recife, a Empresa São Paulo. Os dois adquiriram apenas um ônibus, modelo jardineira. Enquanto um dirigia, o outro fazia a vez de cobrador. A Empresa São Paulo era comandada por Luiz Antônio Morato até se desfazer. tinha 117 ônibus e operava em 19 linhas atendia em média a 1.600.000 passageiros/mês. A empresa deixou de operar em 23 de maio de 2014.

Em 26 de agosto de 1950, relatório do Departamento de Trânsito, revelou que o bairro de Beberibe era servido por treze ônibus, sendo o segundo bairro suburbano mais bem servido do Recife, atrás apenas do bairro da Macaxeira que tinha vinte e um. Na ocasião, a passagem custava CR$ 1,00 (um cruzeiro) em ônibus classificados como de 2ª classe, com intervalos de 45 minutos. Circulavam ainda em Beberibe, seis ônibus que servia a população do bairro de Linha do Tiro. Há de salientar, que circulavam também em Beberibe, os ônibus não oficiais, denominados de jardineiras, sopas e beliscadas, que não tinham regras específicas, como por exemplo, podendo circular passageiros descalços e com animais dentro do coletivo. 

A HERÓICA MISSÃO DO PADRE VIANA

Padre Severino Viana celebrando um casamento na Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Beberibe em 1961. Arquivo: Mercia Dantas.

No dia 21 de outubro de 1949, o extinto Diário da Noite, publicou uma matéria sobre o desespero do padre Severino Maurício Viana, ou simplesmente padre Viana, em busca de dinheiro perante os órgãos estaduais e municipais, além da distribuição de 300 cartas redigidas por ele aos comerciantes e industriários da região no intuito de comprar o  prédio de Nº 91 que fica  ao lado da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Beberibe, de propriedade de um cidadão de nome Thomaz Andrew  Comber, que estava pedindo pelo imóvel a quantia de CR$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil cruzeiros),  um preço considerado altíssimo pelo padre Viana que desejava fazer ali uma escola para as crianças carentes de Beberibe. O padre Viana saiu à rua e começou a pedir, a rogar, a implorar. Solicitou audiências, entrou em filas e esperou dias inteiros à espera de sua vez. Visitou dezenas de gabinetes, foi bem recebido por uns e quase que enxotado de outros.
A verdade é que a luta do padre Viana, que na ocasião, fazia 15 anos como pároco daquela paroquia de Beberibe, valeu a pena, pois, conseguiu doação da Câmara Municipal do Recife a quantia de CR$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros) e CR$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros) resultado das 300 cartas distribuídas pelo padre, e para melhorar, o sr. Thomaz Comber,  proprietário do imóvel, baixou o valor inicial para CR$ 125.000,00 (cento e vinte cinco mil cruzeiros). O padre Viana ainda recorreu a dois amigos e tomou emprestado CR$ 15.000,00 (quinze mil cruzeiros). O padre Viana com o dinheiro na mão, finalmente comprou o tão sonhado prédio que passou a se chamar de “Obra Social Cura D’ars”, nome dedicado ao padroeiro dos vigários. O fato foi publicado no Diário da Noite de 29 de agosto de 1950.


Praça da Convenção de Beberibe, pouco dias antes de sua inauguração em 1952, pelo prefeito do Recife, Antônio Pereira. Foto: Revista da Semana (RJ) de 1º/3/1952/ Fundação Biblioteca Nacional (RJ)


Praça da Convenção em 1952. Foto: Revista da Semana (RJ) de 1º/3/1952 - Fundação Biblioteca Nacional (RJ).

Praça da Convenção em Beberibe, reformada pelo prefeito do Recife, Augusto Lucena em 1972.

Em novembro de 1949, começou a ser construída, uma  ponte de concreto  ligando Recife a Olinda, onde hoje fica a feira livre de Beberibe,  e a Praça da Convenção,  sendo inauguradas em 30 de janeiro de 1952 pelo prefeito Antônio Pereira. Em 8 de agosto de 1983, o vice-governador de Pernambuco, Gustavo Krause, inaugurou a nova ponte da Praça da Convenção. 

A Lei municipal do Recife Nº 564, de 24 de novembro de 1949, sancionada pelo prefeito Manoel César de Moraes Rêgo, classificou de Avenida Aníbal Benévolo, a estrada que começa no Alto do Céu, em Beberibe e vai até o Alto do Pascoal, em Água Fria.

O Mercado de Beberibe existe desde a década de 1950, mas só tornou-se público em 1985.

O Mercado Público de Beberibe existe desde a década de 1950, mas pertencia ao setor privado. Mas, em 12 de novembro de 1985, foi reinaugurado como mercado público, com 54 boxes.

Em 1952, foi inaugurado o Cinema Ipojucam, na Praça da Convenção, s/nº, em Beberibe, com capacidade para 360 pessoas. Este cinema não funciona mais.

O TRÓLEBUS – A ERA DO ÔNIBUS ELÉTRICO

Em 1959, o prefeito do Recife, Pelópidas Silveira, adquiriu dos Estados Unidos à Marmon-Herrington, um lote de 65 ônibus elétrico, o chamado trólebus. Na primeira leva, chegaram os primeiros cinco ônibus, modernos para época, tinham capacidade para transportar cem passageiros, sendo quarenta e nove sentados e eram os únicos do Brasil a possuírem ventilação artificial, equipados com motores Westighouse de 140 HP. Em 1960, já na gestão do prefeito Miguel Arraes de Alencar começaram a circular os primeiros, na linha de Casa Amarela. Depois foi criada a linha 101- Beberibe que vinha da Praça da Convenção e ia até a Avenida Guararapes servindo a toda população do Beberibe de Baixo. Os trólebus deixaram de circular pela Avenida Beberibe em 1981.

OS FAMOSOS DE BEBERIBE


TARÁ- O pernambucano Humberto de Azevedo Viana, o Tará, nasceu em 1914 começou jogando futebol, no Mocidade de Beberibe em 1929. Marcou as décadas  de 1930/1940, como um grande artilheiro, sendo o primeiro jogador a ser artilheiro do campeonato pernambucano em três edições: 1938, com 25 gols; 1940, com 20 gols; e a outra foi jogando pelo Náutico em 1945, quando fez 28 gols. Tará foi o maior artilheiro da história do Santa Cruz com 207 gols marcados, sendo seis vezes campeão pernambucano (1931, 32, 33, 35 e 40 pelo Santa Cruz e uma pelo Náutico em 1945)  Ele era policial militar e chegou ao posto de coronel. Ele era irmão do famoso jogador do Náutico e Fluminense carioca, Orlando Pingo de Ouro. Tará rejeitou propostas do Fluminense e Vasco da Gama por causa da carreira militar. A tribuna de honra do Campo do Derby,  no Recife, leva o seu nome. Tará faleceu de um ataque cardíaco em 7 de setembro de 2000, aos 86 anos. 

Patrícia França em 1992, quando estreou na Rede Globo.

Patrícia França aos 5 anos, quando ainda morava em Beberibe, na Avenida Uriel de Holanda.

Nos anos 70 do século XX, duas grandes personagem que  nasceram em Beberibe, surgiram para o estrelato, a atriz Patrícia França e o jogador de futebol Rivaldo. No dia 28 de setembro de 1971, nascia em Beberibe, na Rua Uriel de Holanda, Patrícia França Monteiro de Oliveira. Filha de uma mulher que acumulava as profissões de açougueira e cabeleireira e um professor de história em escolas públicas da periferia. Patrícia França morou em Beberibe até os seis anos de idade, depois mudou-se para o bairro vizinho do Arruda, onde estudou na Escola Estadual Professor Alfredo Freyre, que até 1985 era considerada a melhor escola da região, lá fez peças de teatro infantil quando tinha apenas nove anos, dirigida por Ilza Cavalcanti. Aos 14 anos, ganhou no Recife o prêmio de atriz revelação, Tebo (Festival de Teatro de Bolso), com a peça: “A menina que queria dançar”. Em 1985, aos 15 anos, começou a fazer comercial para a televisão. Ficou conhecida no Recife com suas aparições nos comerciais das confecções Nezita e do supermercado Socimasa. Entre as peças de teatro antes da fama nacional, destacam-se: “A ver estrelas”, de João Falcão, e Caxuxa, de Walmir Chagas e Cláudio Ferrário. Patrícia França estreou na Rede Globo em 1992, na minissérie Tereza Batista, depois participou das novelas globais: Sonho Meu (1993), Suave Veneno (1999), A Padroeira (2001) e fez:  A Escrava Izaura, na Rede Record em 2004. No cinema fez “Orfeu” em 1999.
Rivaldo em 1998, jogando contra a França, no ano seguinte ele se tornaria o melhor jogador de futebol do mundo.

Rivaldo Vitor Borba Ferreira (Rivaldo) nasceu em 19 de abril de 1972, no bairro de Beberibe, ainda muito novo, mudou-se com familiares para Jardim Paulista, no município do Paulista, Região Metropolitana do Recife. Em 1984, foi levado por Mário Santana, técnico das categorias de base do Santa Cruz para um teste, não sendo aprovado. Em 1989, quando Rivaldo jogava pelo Paulistano de Paulista-PE, foi descoberto pelo ex- jogador Ramon, que foi um grande artilheiro do Santa Cruz e Vasco da Gama. Rivaldo teve sua segunda chance no Santa Cruz e se destacou-se nas categorias de base. No time principal, foi sempre reserva, e assim, foi campeão pernambucano em 1990. Em 1992, disputou a Copa São Paulo de Juniores, sendo grande destaque, juntamente com Leto e Válber. Terminado o torneio, os três foram contratados pelo Mogi-Mirim-SP, daí por diante, Rivaldo tornou-se um jogador consagrado e jogou em grandes clubes do Brasil e do exterior e pela Seleção Brasileira. Foi eleito o melhor jogador do mundo em 1999, quando jogava pelo Barcelona e foi destaque e titular da Seleção Brasileira, campeã da Copa do Mundo, no Japão-Coreia do Sul em 2002. Rivaldo ainda ganhou muitos títulos e prêmios no Brasil e exterior. Rivaldo defendeu as cores do Paulistano-PE, Santa Cruz, Mogi- Mirim, Corinthians, Palmeiras, Deportivo La Coruña-ESP, Barcelona, Milan, Cruzeiro, Olympiakos-GRE, AEK-Atenas-GRE, Bunyodkor-UZB, São Paulo, Kabuscorp-(Angola), São Caetano e encerrou a carreira de jogador em 15 de março de 2014, jogando pelo Mogi-Mirim, onde é dirigente do clube do interior paulista.

A PRAÇA DA CONVENÇÃO

Em 29 de dezembro de 1972, o prefeito do Recife, Augusto Lucena, inaugurou na Praça da Convenção em Beberibe, monumento em homenagem à Convenção de Beberibe que aconteceu em 1821. A obra é de Abelardo da Hora, onde elementos que formam o povo brasileiro erguem os braços ao anjo da liberdade, denominação feita pelo autor da obra que tem 8 metros de altura e custou CR$ 120,000,00 (cento e vinte mil cruzeiros). O prefeito Augusto Lucena discursou: "A história está sempre presente, que por ele não pertence aos mortos. Pertence aos vivos. Porque, cada vez mais, ela é motivação e é forma de ação para o futuro".
Clube Bela Vista, tradicional agremiação de Beberibe.

NOITES CUBANAS NO CLUBE BELA VISTA

No dia 24 de outubro de 1980, era fundado na Avenida Aníbal Benévolo, 636, Alto do Céu, bairro de Beberibe, um dos clubes mais tradicionais da cidade do Recife, o Clube Bela Vista, que é conhecido na cidade como o clube das noites cubanas, funciona aos sábados e domingos, e desde 25 de setembro de 1992 aderiu a este estilo de música, recebendo inclusive, destaque em 2005, pela Revista Playboy em seu guia turístico, que o classificou como uma das melhores casas de show noturna da cidade. O Clube Bela Vista já foi tema de reportagem no Fantástico, da Rede Globo e da Revista Veja. Na 14ª Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba, o Clube Bela Vista recebeu o troféu Gregório Bezerra, pela divulgação da música cubana.

DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVO DO BAIRRO DE BEBERIBE

Atualmente, o bairro de Beberibe ocupa uma área de 49 hectares². Está a 6,92 KM do centro do Recife e tem, segundo o Censo do IBGE (2010), 8.856 habitantes residentes, sendo  4.321 homens e  4.625 mulheres. A Lei Nº 16.293 de 3 de fevereiro de 1997, sancionada pelo prefeito do Recife, Roberto Magalhães, dividiu os bairros do município em RPAs (Região Político Administrativa). Beberibe faz parte da RPA-2 e microrregião 2.3, sua divisão ficou estabelecida da seguinte forma: Começa na Avenida Beberibe, na confluência das Ruas Dona Virtuosa de Lucena, do Anil e Marajó; segue por esta última, atinge a Avenida Aníbal Benévolo, deflete à direita para alcançar a Rua Alto dos Coqueiros, onde deflete à direita, prosseguindo ao encontro da Rua Uriel de Holanda, por onde deflete à  direita, atingindo a Avenida Hildebrando de Vasconcelos, onde deflete à esquerda alcançando o Rio Morno, onde deflete à direita seguindo até a sua foz no Rio Beberibe; por este Rio (Limite Olinda-Recife) desce até o trecho final da Rua Dona Virtuosa de Lucena, onde deflete à direita e se encaminha para a Avenida Beberibe, ponto inicial.

 
O missionário sueco Joel Carlson, que morava na tradicional Casa do Pavão e foi o fundador da Assembleia de Deus em Pernambuco, em ritual de batismo no rio Beberibe, início do século XX, quando ainda se podia tomar banho nele.

Atualmente, o Rio Beberibe vive entupido de lixo provocado pela ignorância de muitos de seus moradores que jogam de tudo naquele que já abasteceu a cidade de Olinda com sua água potável.

RIO BEBERIBE, UM PARAÍSO PERDIDO

O rio Beberibe nasce no atual município de Camaragibe, em Pernambuco, no lugar que antigamente era conhecido por Cabeça de Cavalo, em um córrego denominado de Pacas, numa mata que pertenceu  aos antigos donos dos engenhos Timbó e Massiape. Hoje,  este lugar é repleto por chácaras e sítios particulares e bastante procurado por turistas e veranistas, conhecido como Aldeia. O Rio Beberibe tem 23 quilômetros de extensão, sendo,  14,19% de seu percurso no município de Camaragibe, 64,51% no município do Recife e 21,29% no município de Olinda.  O rio Beberibe vem sofrendo com a degradação de seus leitos, ano a ano. A ocupação urbana desordenada ao longo do Rio Beberibe, que vem ocorrendo nos últimos 50 anos, em razão da ocupação desordenada da zona norte do Recife, dos morros de Olinda e da agressão às suas nascentes em  Camaragibe. Isso causa assoreamento da sua calha pelos solos trazidos dos morros, o estreitamento do rio e seus afluentes pelas as ocupações de suas margens e a contaminação de suas águas, pelo lançamento do esgoto doméstico.  Nos  últimos anos, o rio Beberibe perdeu tanto  sua importância, que até os atuais autores que escrevem sobre ele, citam afluentes que nem existem mais. Um exemplo claro disso são  os riachos, Beringué ou Roncador  e o Quimbuca ou Combucas, que  nasciam no Monte Berenguer (onde hoje fica o bairro olindense do Alto da Bondade), mais que com o desmatamento e o crescimento habitacional , os dois riachos simplesmente desapareceram como tantos outros.  A verdade é que alguns ainda resistem, mas não são mais aqueles riachos limpos do passado, podemos dizer que são canais que cruzam vários bairros da zona norte do  Recife e toda parte da região oeste  e  sul de  Olinda e que desembocam no Beberibe.

No Recife, existem  grandes  canais, um deles, começa no Brejo da Guabiraba, atravessa os bairros do Córrego do Jenipapo, Macaxeira, Casa Amarela, atravessando toda a Avenida Norte,  também conhecida como  Avenida Miguel Arraes de Alencar,  seguindo pelo canal do Arruda, que antigamente era conhecido como riacho do Jacaré, passando por Campo Grande; chegando em Olinda, passa por Sítio Novo e Salgadinho, onde encontra-se com o Rio Beberibe.

Outro, começa no Córrego do Jenipapo, nascente do antigo riacho do Brejo, também conhecido como riacho Quente ou Morno, passando por Nova Descoberta, Brejo, Linha do Tiro, Dois Unidos, chegando ao bairro de Beberibe, onde desemboca no rio de mesmo nome.

Outro canal bastante conhecido, é o canal do Vasco da Gama, que começa lá no Brejo da Guabiraba, passando pelo Córrego do Jenipapo, Nova Descoberta, Vasco da Gama, Córrego de Euclides, Córrego do Bartolomeu, Bomba do Hemetério, onde encontra-se com o canal que vem do Córrego São Sebastião, em Água Fria, encontrando-se com o canal do Arruda que vai até o bairro de Salgadinho, em Olinda, onde desemboca no Rio Beberibe.

Em Olinda temos dois riachos que merecem destaques  e que antigamente eram afluentes do Rio Beberibe de grande importância, são eles: Rio de Passarinho, antigo Riacho das Moças e o Canal de Águas Compridas, antigo Riacho Lava-Tripas. O Rio de Passarinho começa na BR-101- Norte, na estrada de Passarinho e que teve seu volume de água reduzido, após a construção de uma represa antes da antiga Estrada da Recuperação, passando pela Vila Nossa Senhora da Conceição, onde antigamente desembocavam em seu leito os extintos riachos Beringué e Combucas que nasciam no Monte Berenguer, é nesse trecho, que o Rio Passarinho começa a sofrer sua fase mais crítica, com a poluição, onde os dejetos domésticos começam a ser despejados em toda sua trajetória, atravessando os bairros de Passarinho, Caixa D’Água, Córrego do Abacaxi até encontra-se com Rio Beberibe no bairro do mesmo nome.

O Canal de Águas Compridas, o antigo riacho Lava-Tripas, começa no bairro da Mirueira (Paulista) atravessando os bairros olindense de Santa Casa, Águas Compridas, São Benedito, Sapucaia e Aguazinha, cruzando com a Avenida Presidente Kennedy, onde encontra-se com o Rio Beberibe.
Outro canal bastante conhecido em Olinda é o Canal da Malária. Ele é tão sujo, tão sujo, que mereceu crítica até do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva em discurso em 2008, em Olinda. Disse ele: “É inconcebível  em uma cidade como Olinda, ter um canal tão sujo, com o nome de malária”.  O Canal da Malária começa em Jardim Brasil, passa pelo bairro do Amparo, passando pela comunidade do V2, chegando ao bairro do Varadouro, passando pelo V8 e chegando a Ilha do Maruim, onde desemboca no maltratado Rio Beberibe.

Em junho de 2012, Começou a primeira etapa da dragagem do Rio Beberibe, começando num trecho de 2,2 quilômetros, até a ponte da Avenida Olinda. Já foram retirados quase 500 mil metros cúbicos de lama e lixo. A sujeira daria para encher  cerca de 62,5 mil caçambas. Estão previstos a limpeza de 13 quilômetros, dos 23 quilômetros do rio, nas áreas mais críticas. Com a dragagem o rio  ficará com 2,3 metros de profundidade e em alguns pontos, ficará com 80 metros de largura. A recuperação do Rio Beberibe  estar orçada em R$ 63 milhões, com recursos do governo federal e estadual. Calcula-se que serão necessários a desapropriação de 260 imóveis. A obra estar prevista para terminar agora em 2014. Fica evidente, que a situação do Rio Beberibe vai melhorar bastante por algum período, mas jamais voltará a ser aquele rio do século XIX, pois os canais que são os grandes responsáveis pelos dejetos jogados no Beberibe, não terão nenhuma ação governamental, além da falta de conscientização da população ribeirinha, que em sua grande maioria continuam jogando lixo no rio.

Cartão Postal de 1907, do Rio Beberibe.

Em 1684, durante o governo de João de Sousa foi iniciado a construção da barragem do Varadouro, em Olinda, e concluída no ano seguinte, durante o governo de João Souto Maior (Presidente da Província de Pernambuco).  Foram represadas por elevação, às águas do rio Beberibe para que não se misturasse com às águas do mar. Obra esta, denominada Varadouro. As águas eram transportadas por escravos canoeiros para o consumo urbano do Recife, além das embarcações atracadas no porto. No entanto, as grandes enchentes do século XIX, devastaram os aterros e a represa diversas vezes, criando o grande pântano de Olinda, que transformou o ecossistema da região aumentando em mais de 1.300 vezes de tamanho o pântano natural. As grandes enchentes após a construção da barragem em 1818, 1830, 1842 e 1854, provocaram devastadoras inundações e formaram ilhotas e grandes alagados de águas estagnadas desde o Varadouro até Beberibe e do Fragoso a Santo Amaro, isso para se ter uma ideia do desastre. Pois essas inundações provocaram a perda de áreas propícias para o desenvolvimento da agricultura; prejudicou a navegação entre Olinda e o povoado de Beberibe, por causa da eluviação; tornou o ambiente do pântano isalubre provocado pelo miasma, pela exalação pútrida emanados por animais e vegetação em decomposição; causou danos irreparáveis a represa pela invasão das águas insalubres vindo da maré, tornando-se impossível a retirada de todos os dejetos que se misturaram com a água potável.

E foi justamente no início do século XIX, que o rio Beberibe começou a dar os primeiros sinais de decadência, a poluição provocada pelos moradores ribeirinhos que jogavam todo tipo de dejetos no leito do rio, além do desmatamento e a produção de carvão vegetal de forma desordenada provocaram o colapso. Em 13 de setembro de 1833, o Presidente da Província de Pernambuco, Joaquim José Pinheiro de Vasconcelos, assinou um decreto proibindo a venda d’água do Beberibe para Olinda, onde poderia ser consumida apenas às águas das 24 bicas existentes no Varadouro (Olinda) ou nas fontes do Poço da Panela e na do Cavoco do Monteiro, consideradas na época, as melhores fontes de água do Recife, pela sua limpidez e pureza. Aos infratores que fossem pegos em embarcações transportando as águas impuras do Rio Beberibe, como potável, eram multados em 6 mil réis. 

Todos esses problemas do rio Beberibe e do pântano de Olinda, causaram uma grande dor de cabeça a todos os governantes da Província de Pernambuco no século XIX, pelo alto custo para o dessecamento do pântano e o encanamento das águas do rio BeberibeNão era só um desejo, mas uma necessidade urgente, o saneamento das cidades de Olinda e Recife que sofriam bastante com a falta de água potável. O rio Beberibe era uma peça chave para esse projeto, no entanto, havia um grande empecilho chamado pântano de Olinda, foi a partir de 1841, no governo de Francisco do Rego Barros (o Conde da Boa Vista) que o projeto de saneamento utilizando o rio Beberibe e o dessecamento do pântano de Olinda começou a saí do papel, o governo reuniu um grupo de profissionais formado por engenheiros, cientistas e médicos liderados pelo engenheiro francês Louis Lérger Vauthier, onde foi feito uma transformação urbanística na capital pernambucana e feito um estudo de saneamento e dessecamento do pântano.

O grande Pântano de Olinda surgiu após a primeira grande enchente em 1818, que destruiu a represa do Varadouro, que começou a ser construída em 1684. Foto: ilustrativa.

Mais foi durante o aparecimento da epidemia em 1850 do cólera-morbo, doença que provocava no indivíduo diarréia aguda, causava morte rápida e degradante, ocasionada por um processo de desidratação e perda de peso acelerado, aparentava uma aparência esquelética, os olhos afundados e a cor da pele azulada; e a grande enchente de 1854, que o Presidente da Província de Pernambuco, José Ildefonso de Sousa Ramos, que se deu início as obras ao dessecamento do pântano de Olinda e o encanamento de água potável do rio Beberibe, onde foi feito uma vala em linha reta do Sitío dos Craveiros (sitío que ficava em Peixinhos no extremo com Fundão) até o Varadouro. As obras foram liderada pelo engenheiro português Conrado Jacob de Niemeyer. A obra foi concluída em 1855, no governo de José Bento Figueiredo. Conrado não teve a verba necessária para concluí com perfeição o projeto, enfrentou problemas com indenizações, já que no pântano havia 43 propriedades concedidas durante anos por aforamentos pela Câmara de Olinda, isso descapitalizou a obra, tanto que até a primeira metade do século XX, Olinda ainda sofria com os problema do pântano de Olinda e o processo de degradação do rio Beberibe, onde até os dias atuais sofre com o problema de falta de água.

O RIO BEBERIBE EM 1908

O Dicionário Corográfico, Histórico e Estatístico de Pernambuco, editado em 1908, publicou um retrospecto geral do Rio Beberibe no início do século XX, da seguinte forma:

O Rio Beberibe, nasce no lugar Cabeça de Cavalo, de um pequeno olho d’água, situado no Córrego denominado das Pacas entre o município de São Lourenço da Mata e Olinda, nas matas dos Engenhos Timbó e Massiape; daí se forma o pequeno riacho que tomou aquele nome, e vem recebendo outros muitos riachinhos e vertentes, seguindo um curso muito tortuoso em zig-zag, na direção geral, pouco mais ou menos de leste-oeste, coberto inteiramente por matas virgens, até o lugar onde recebe o riacho denominado Secca, em distância de 15 Km abaixo da sua nascença e 11,5 Km, acima do porto chamado do Ferraz. Nesta extensão acha-se o rio em alguns lugares cortado por grandes bancos de areia, que atravessando-o de uma margem a outra, cortam o seu curso; porém observa-se, que as águas infiltrando-se nesses bancos de areia, atravessam e surgem na parte inferior da continuação do leito do rio, em forma de vertentes. Também se nota que a maior parte das vertentes e riachos, que se encontram  naquela extensão do rio acima do porto Ferraz, secam pelo verão, e por esse motivo o Rio Beberibe é de nenhuma importância na referida extensão. Do porto Ferraz, até a povoação de Beberibe tem o rio a extensão de 4,5 Km seguindo o próprio leito, que é sempre muito tortuoso, porém muito abundante de água, em consequência de muitos riachos afluentes que recebe nesta extensão; de maneira que conserva a largura regular de 5 a 6 metros, e a profundidade variável de 44 Cm a 66 Cm e com a correnteza de 2 a 3 milhas, em alguns lugares de 4 a 5 milhas, onde tem sido cortadas as voltas.
 O Rio Beberibe fotografado por Augusto Stahl em 1858. Foto: Instituto Moreira Salles.

Os principais afluentes dessa parte do rio são o riacho denominado Pimenta, e o riacho do Brejo, vulgarmente chamado rio Quente, alguns o chamam de Morno, e outros de Beberibe-Mirim. Ambos, estes riachos são perenes, ainda que o volume das águas do primeiro diminua muito no verão. O riacho Pimenta tem sua nascença ao pé do Monte denominado Chã do Alemães, e seu curso é de 4 Km pouco mais ou menos, e vai desaguar no Beberibe, 2 Km abaixo do porto do Ferraz. O riacho do Brejo ou rio Quente tem sua nascença no Córrego do Jenipapo do lado oposto ao do rio Pimenta, passa pelo lugar chamado Brejo, e por muitos terrenos alagados,  onde, achando-se completamente descoberto e exposto aos raios solares, resulta ficarem as suas águas mais quentes, que as do Beberibe, que é todo coberto de arvoredos, daí vindo chamar-se  rio Quente a esse riacho, que deságua no Beberibe junto ao povoado.

Daquele povoado até a cidade de Olinda, continua o Rio Beberibe o seu curso da mesma forma muito tortuoso, com extensão de 4 Km, 840 metros, passando por terrenos muitos baixos e pantanosos. Em toda extensão do seu curso tem aquele rio a declividade média de um por mil; as suas margens não se elevam mais de 4 a 6 palmos acima do nível das águas no verão, aonde resulta serem inundados os terrenos laterais logo que aparece qualquer cheia. O vale deste rio, desde a sua nascença até a povoação do mesmo nome, é muito estreito, porém da povoação para baixo alarga-se bastante, de maneira que, a pouca distância, entra na grande várzea denominada pântano de Olinda. Os terrenos laterais ao rio são de barro ferruginoso e massapê, nos lugares mais baixos ariscos; segundo dizem, não são de grande produção; mas, é de presumir não seja isso exato, porque aí se encontram muitas plantações, tais como mandioca, macaxeira (aipim), que produzem em grande abundância, e em alguns lugares também se encontram a cana de açúcar, o feijão, o arroz, e até mesmo o ananaz, abacaxi, cujas plantações alcançam grandes proporções, e produzem abundantemente sem auxílio de estrume.

Aspecto do povoado de Beberibe em 1908.

O único comércio que existe desde a povoação de Beberibe até o porto Ferraz é apenas de condução de madeira que descem pelo rio em balsas até a cidade de Olinda; porque o carvão que se faz nas matas daquela vizinhança, e que constituem aí o  único objeto de comércio, é todo conduzido em cargas para a cidade do Recife. Nas margens desse rio, abaixo da povoação, e até a cidade de Olinda, existem muitos sítios, com diversas plantações, sendo o capim de planta o principal produto, e para qual parece mais apropriada a maior parte desses sítios. Descrito como ficou todo o curso do Rio Beberibe, repetimos, resumindo, em melhor ordem e com outros esclarecimentos:  banha o Rio Beberibe (na Freguesia do Poço), município do Recife, as propriedades Ferraz, Pimenteiras (margem direita), Passarinho (pelo centro), Beringué, Quibuca (margem esquerda), Cafezeiros (à direita), e fronteiras de Coelhas, passagem das Moças (à direita) e depois seguindo pelo município de Olinda banha o cumbe, as povoações de Beberibe, do Porto da Madeira e do Coqueiro, sítios dos Craveiros, do Fundão, do Salgueiro e do Peixinho, até a cidade de Olinda, donde volvendo à direção Norte e Sul torna ao município do Recife, seguindo ao isthmo de Olinda e entre os  bairros de Santo Amaro das Salinas e de São Frei Pedro Gonçalves ou Recife, ao encontro do Capibaribe, na extrema meridional da Ilha de Santo Antônio, para juntos entrarem no oceano, passando sob as pontes Buarque de Macêdo e Sete de Setembro.

Os afluentes recebidos em todo o percurso são os seguintes: o Pimenteiras, o Secca, o Marmajudo, o Dois Unidos, o Água Fria, o Assador de Varas ou Chã de Piabas, o Beringué ou Roncador e o Quibuca ou Combucas ( esses dois, nasciam no Monte Berenguer, onde fica atualmente o bairro do  Alto da Bondade), o Tapa D’água ou Coelhas (nascia no Alto do Capitão, em Dois Unidos e desaguava no Rio de Passarinho), o Lava-Tripas (que corta o atual bairro de Águas Compridas) e o Beberibe Mirim  ou Morno (que corta os atuais bairros do Brejo e Linha do Tiro).
 
Atualizado em 18/3/2024
Por: Jânio Odon./Blog Vozes da Zona Norte (DIREITOS RESERVADOS)
Fonte: Diário de Pernambuco; Jornal do Commercio; Livro: “Cidade do Recife” de Artur Malheiros; “Dicionário Corográfico, Histórico e Estatístico de Pernambuco (1908)” de Sebastião de Vasconcelos Galvão; Livro: “A Fronda dos Mazombos: Nobres contra Mascates, Pernambuco, 1666-1715” de Evaldo Cabral de Melo; Clube Bela Vista; Veja 28 Graus; Revista: “Em busca do penta” da Comunigraf Editora (1998), Empresa de Transporte São Paulo; Atlas do Governo de Pernambuco (1821-1834), Fundação Biblioteca Nacional (RJ).

60 comentários:

  1. Excelente pesquisa! Parabéns! Sou morador do bairro de Dois Unidos (vizinho ao de Beberibe) e fiquei feliz por ter ciência dessa informações. Continue assim, abraço!

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    1. Obrigado Henrique, continue acompanhando blog. Terá mtas novidades.

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    2. Jânio sou de uma família muito antiga dessa área,e de sobrenome Ferraz,essa propriedade Ferraz ainda existe. eu trabalho Fernando seu sobrinho.

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  2. FICO FELIZ EM SABER MAIS SOBRE A HISTÓRIA DAS TERRAS AONDE NASCI E PERMANEÇO.O trabalho de pesquisa deixa entrever uma bela paisagem no percurso do rio,nos seus primeiros kilômetros.Talvez seja possível bonitas fotografias atuais.

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  3. Obrigado pela visita e opinião. A intenção é manter a matéria com um tom nostálgico com fotos antigas.

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  4. Sou moradora do atual bairro da Linha do Tiro e já escutei várias historias contadas pelo meu avô, hoje falecido, sobre o bairro de Beberibe. Alcancei os amigos jogando bola na "vagem" da beira do Rio morno, que não tinha moradia e ainda dava alguns peixes. Adorei seu trabalho, parabéns!!!

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    1. Bom dia, Ale. É sempre um prazer imenso levar conhecimento a pessoas de uma região com tanta história e tão pouco divulgada. Obrigado, forte abraço.

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  5. Amigo sou de Aguas Compridas será que vc encontra mais acervos eu li tudo e gostei muito pois e muito importante saber sobre a cidade onde nasci e vivo até hoje fiquei fascinado com a historia de Beberibe e Aguas Comprindas e alto da Bondade.

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  6. Caramba, perfeita sua pesquisa!! Continue assim, é de extrema serventia para quem tem curiosidade acerca dos lugares onde nasceu e cresceu. Grande abraço e parabéns!!

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  7. Fico feliz e me sinto privilegiado em ter na nossa sociedade recifense,o historiador e blogueiro Jânio de Alencar,fazendo esse elo de ligação do passado com o presente da história, da nossa terra e de nossa gente.Obrigado!

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    1. Obrigado Livio, o blog é independente, sem nenhum compromisso com qualquer orgão ou empresa. É apenas uma paixão pessoal pela história, principalmente com o que eu não consigo encontrar na net só nos livros, revistas e jornais antigos.

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  8. Bom dia,gostei muito de ler sobre os bairros que são vizinhos de onde,nasci e me criei.Inclusive,gostaria de perguntar,porque vc não faz o mesmo trabalho com o bairro de caixa d'agua e corrego do abacaxi,pois nasci em caixa d'agua,hoje resido em São paulo,fica a sugestão.
    Um abraço

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  9. Gostei de ler este texto muito interessante parabéns

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    1. Meu muito obrigado aos leitores, Rui, Marta e Luvara. Breve mais novidades. Um abraço.

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  10. Tou precisando de uma ajuda sua.... Estou fazendo um trabalho de linha do tempo falando sobre Beberibe e ver se o senhor possa me ajudar com imagens de beberibe em 1980 por essa ou 1970 nessa epoca como era a praça de beberibe ou parada de bus e a igreja catolica. é urgente essas imagens que irei entregar ao professor amanhã dia 01/06/2017. meu email amor.de.um.anjo25@hotmail.com

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  11. Fiquei surpreso com vosso belo trabalho,sobre a região onde muitos habitam e poucos procuram melhor conhecer.Creio que procurarei fazer chegar este trabalho aos "desocupados" que me dizem que não tem que fazer..Obrigado mesmo

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  12. Conheço uma parte da história de Beberibe. Estudei na Escola Pedro Celso na década de 80'. Sou moradora de Beberibe desde que nasci em 1972. Minha mãe tem uma foto no casamento da amiga dela celebrado pelo Padre Viana. Estou muito feliz ao descubrir seu Blog! Um abraço!

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    1. Boa Noite, Mell, obrigado pela visita ao blog, breve mais novidades. Caso seja possível, mande a referida foto para ser publicada na matéria, através do email: janioalencar63@gmail.com Um abraço!

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    2. Ainda está ativa essa página? Moro no combi em dois unidos,adorei a matéria.

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  13. MARAVILHA! EU SOU DE BEBERIBE DE CORPO E ALMA.NASCI NA RUA PRÓXIMO À PRAÇA DA CONVENÇÃO.

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  14. Parabéns pela excelente pesquisa! Uma pérola!

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  15. Gostei muito de saber sobre a região do Beberibe.
    (Moro em Passarinho-Recife, no vale do Senhor onde fica um dos afluentes do Beberibe)

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    1. Olá Rennée, boa noite. O Vale do Senhor não fica em Dois Unidos? Já publiquei a história de Dois Unidos, veja no marcador "bairro" neste blog. Breve estarei contando a história de seu bairro. Um abraço!

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  16. Boa tarde. Excelente sua pesquisa. Muito rica. Gostaria de saber mais sobre a vida de Padre Viana. Será que você poderia ajudar...

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    1. A pesquisa foi feita sobre Beberibe e o padre Viana foi responsável pela aquisição da atual casa paroquial como relatei. Ele foi um personagem da história. Um abraço!

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  17. Olá Odon, ligue neste número, pois tenho muito mais elementos a acrescentar 984092382 e fale com Carlos Cipriano Meu Jovem da Associação dos Moradores de Dois Unidos. Abraço.

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    1. Cipriano, bom dia. Estou resolvendo uns problemas particulares, mas, breve manterei contato contigo. Obrigado, Um abraço. A História de Dois Unidos já estar publicada, acesse o link "bairro".

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  18. Estava procurando algo sobre a casa do pavão e achei mais coisas sobre Beberibe, adorei!!! Parabéns !!! fiquei muito feliz de saber todas essas coisas, obrigado!

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  19. Muito lindo o trabalho. Parabéns! GRATIDÃO 🇧🇷

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  20. Maravilhoso meu querido Beberibe amei toda a historian muita saudade

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  21. Gostaria de ver mais fotos da casa pavão.Fui criada em Beberibe dos 2 anos aos 18

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  22. Gostei muito de saber da história de Beberibe

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  23. Pra mim, foi de grande importância, esse blog, Beberibe o lugar onde nasci, estudei na escola Cura D!as "OSCA" depois fui estudar o Grupo escolar Pedro Celso,ginásio no Colégio Estadual de Beberibe na Rua Uriel de Holanda.Morei na Rua Barão de Steple, entrando pelo Beco do Miúdo e saia na estrada de Caixa D'água . quanto a casa do Pavão, eu parei inúmeras vezes para aprecia-la, achei um descaso das autoridades na época em que construíram a nova ponte tê-la demolido, ela sofreu avarias na enchente, mas que poderia ser restaurada como patrimônio, a poste poderia ser alargada para o lado contrário, mas não há nada que se possa fazer agora.Li toda a História revelada nos textos descritos, para mim foi de suma importância, pois eu não conhecia a História.Aproveitando que já estou aqui, Estive na Av. Portugal onde se entrava no Hospital Português, do lado esquerdo tem uma bela casa, que poderia ser restaurada, e de bela arquitetura, coisas que não se faz mais hoje em dia.

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    1. Boa noite, amigo. Os governos não valorizam nossos monumentos como deveriam. E nos subúrbios, pior ainda, infelizmente. Obrigado pela visitação e pelo comentário.

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    2. Gostei de conhecer a história de Beberibe estudei no Pedro Celso fui barizada e fiz primeira comunhão com padre Viana des 1969 moro no RJ ja voltei ao Recife de férias mas está tudo diferente nem vi o Parque Infantil tudo favelado

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    3. Obrigado pela visitação e comentário. Realmente, Beberibe está muito degradado, infelizmente.

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  24. Sou José Luiz de Sant'Anna, o comentário anterior foi feito por mim, agradeço por ter podido participar dos comentários.

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  25. Este comentário foi removido pelo autor.

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  26. Sou Sueli o comentário acima foi feito por mim ,obrigada

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  27. Parabéns pela sua pesquisa e por seu trabalho.sou da família Mel o de Beberibe,me chamo Valeriano Melo e sou bisneto do cel.Vavá,que proprietário de terras em Beberibe e é que hj existe uma escola em homenagem ao meu avô que se chama,escola Valeriano Eugênio de Melo.

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    1. Conheci a família do coronel Vavá

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    2. Coronel Vavá foi uma pessoa muito influente nesta região de Beberibe. Obrigado pela visitação e comentário.

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  28. Olá Jânio, por favor, gostaria de um contato seu para fazer uma matéria. Sobre o bairro de Beberibe. Existe algum telefone ou e-mail para contato ?

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    1. Boa noite, George. Obrigado pela visitação, meu email: janioalencar63@gmail.com

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  29. Muito bom relembrar esse Rio e bairro Beberibe,pesquei e tomei muito banho nesse Rio o Sitio da minha Vó Camila terminava no Rio o outro lado era a Caixa D aguado lado direito a Fabrica de papel estudei no Colegio Pedro Celso sou da Famili Souza Melo e Bandeira.meus parabens pelo Comentario do Nosso Rio Beberibe.Sai de Recife co 12 anos hoje tenho 71. Rio Janeiro

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    1. Boa noite,amigo. Obrigado pela visitação, fiquei muito feliz de saber que o senhor gosto. Um abraço!

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  30. Muito bom! Li sua matéria para meus sogros Luiz Cavalcanti de Albuquerque Lacerda (99 anos)e Leda Silva de Albuquerque Lacerda (98 anos). Fiquei surpreso em saber o quanto eles lembram de muitas pessoas citadas no texto. Eles me contaram que foram os primeiros a criarem o time de vôlei registrado à época com o nome de Canguru Volei Clube (cujo nome foi registrado ela Federacao Pernambucana de Volei) e chegaram a jogar contra o Nautico e ganharam. A turma de Beberibe alugava um bonde para acompanhar o Canguru em seus jogos.
    Saíram de Bereribe em 1944 com 22 anos e atual.ente moram no Rio da Janeiro, no Recreio. Citam como lembranças do seu tempo pessoas importantes como Tabelião Melanio de Barros Correa, Dr. Armando Gama (Catedrático do Instituto de Educação), Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque Lacerda (Diretor da Recebedoria de Estado de Pernambuco), Vavá Melo e família, Pedro Manta, entre vários outros. Parabéns.

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    1. Boa noite!
      Gostaria de me comunicar com vc, descobri que uma parte de minha familia era de Beberibe, Antonio Gomes de Albuquerque, faleceu em 1904. segue meu whatsapp 81996763071

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  31. Tem informação sobre o cine Beberibe?

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  32. JANIO ODON - BELÍSSIMA PESQUISA - SE PUDESSE GOSTARIA QUE ENTRASSE EM CONTATO COMIGO.
    98536-7241 ZAP MEU NOME É ALEXANDRE.

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  33. Meu pai e compositor Correia, faleu em no dia 08/05/2020. Compôs muitas músicas :Acorda Beberibe,Debaixo do Burro, A girafa tudo das troças carnavalescas de Bberibe. Fora o frevos q ele compôs. Nesse momento encontro-me muito triste pq com 8 meses da partida do meu pai,onde estávamos devastados de tanta dor, meu único irmão,sofreu um infarto e também faleceu no dia 10/01/2021.

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  34. Parabéns excelente trabalho,sinto falta de uma imagem mais nítida da casa do pavão. Eu passava andando todos os dias quando ia para aula na Escola Cura D ars,Osca. Harlam Vieir

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    1. Boa tarde, Harlan. Obrigado pela participação e visitação. Estou tentando uma foto melhor da Casa do Pavão.

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  35. Mds, essa matéria ta mt completa, amei dms, moro aq em beberibe desde q nasci (2004), vou mandar o link p td mundo dq q eu conheço, vlw e parabéns

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