ANTES DO BAIRRO EXISTIR
Verificando os primeiros mapas da
Zona Norte do Recife datado de 1875, seja na litografia do alemão Franz Carls Heinrich, ou na Planta da Cidade do Recife e seus Arrabaldes, organizada
pela repartição de obras públicas através da Lei Provincial Nº 1141, sancionada
pelo Presidente da Província de Pernambuco, Henrique Pereira de Lucena.
Observa-se o morro onde hoje fica localizado o Alto José do Pinho totalmente despovoado,
com densa vegetação. Igualmente, era a Bomba do Hemetério, o Alto Santa
Terezinha, o Alto do Pascoal localidades cortada apenas pela estrada denominada
de “Caminho das Boiadas”, que começava na Estrada Velha de Beberibe (atual
Estrada Velha de Água Fria) e terminava no povoado de Beberibe, próximo a atual
Praça da Convenção. Nesta época, a localidade da Mangabeira já existia, e era
bem mais extensa do que é hoje, pois tinha a Mangabeira de Baixo que ia até a
Estrada do Arraial, próximo onde hoje fica o Hospital Agamenon Magalhães, e a
Mangabeira de Cima, às margens do morro, onde ficava o Alto da Munguba (hoje
Alto José do Pinho). No outro lado, ao leste, localiza-se a Estrada do
Bartolomeu que ligava a Estrada Férrea Norte (atual Avenida Norte) e Casa Amarela. Um pouco ao sudoeste, ficava a Estrada do Arraial do Brejo (atual Córrego do Euclides) até o Polígono do Tiro (na atual junção entre o Brejo e Linha do Tiro). Os outros morros como: Morro da Conceição, Alto José
Bonifácio, Alto da Saudade, Alto José Grande, Alto da Serrinha, Alto Itaúna,
Alto do Brasil e seus córregos entre outros, também eram desabitados. Só
existiam densa vegetação e pequenos riachos.
Começo da pavimentação da Avenida Norte em 1956 pelo prefeito Pelópidas da Silveira.
DA FERROVIA À AVENIDA NORTE
Em 1872, grupo capitalista inglês
se reuniram em Londres e criaram a Companhia responsável pelas primeiras
ferrovias em Pernambuco, denominada de The Great Western of Brazil Railway Company Limited. Em 1875, a
Great Western obteve a primeira concessão para construção da Ferrovia Norte, no
entanto, esbarrou na burocracia, pois, o rico comerciante recifense, José
Pereira Viana, o Barão da Soledade, já havia em 1870, adquirido a concessão da
referida ferrovia, todavia, o entrave durou quatro anos e o Barão da Soledade
não conseguiu iniciar a obra. Acabou desistindo e a Great Western acabou
assumindo a empreitada.
Em 25 de março de 1879, a construção foi iniciada a
partir do Largo do Brum, no Recife Antigo, onde se localizou a estação
denominada “Fora de Portas”, ponto inicial da ferrovia. O primeiro trecho tinha
48,8 quilômetros, até Paudalho. Sendo inaugurado em 24 de outubro de 1881. O segundo trecho até
Limoeiro foi inaugurado no ano seguinte. À época, a ferrovia calculada numa
distância de 82, 9 quilômetros, atravessava 355 engenhos de cana-de-açucar.
A Lei Municipal Nº 27, de 6 de março de 1948, autorizava o serviço de terraplanagem da futura Avenida Norte, mas a linha ferréa permaneceu funcionando paralelamente até 1952, quando foi desativada a Estação Arraial (que ficava onde funcionou a garagem da CTU).
A pavimentada da Avenida Norte foi iniciada pelo prefeito
do Recife, Pelópidas da Silveira em 1956 e finalizada pelo seu substituto, Miguel Arraes
de Alencar.
Em 10 de outubro de 2007, o prefeito João Paulo sancionou a lei que
alterou o nome da avenida, passando a se chamar Avenida Norte- Miguel Arraes de
Alencar.
O nome do morador José Melo, grande tocador de violão feito de madeira de pinho, foi homenageado e deu origem ao nome do Alto. Foto: Ilustração.
A ORIGEM DO NOME DO BAIRRO
Segundo Marco Simão, antigo
morador e líder comunitário, o nome José do Pinho, foi uma homenagem a um velho
morador conhecido por José Melo, que construía casas e era pintor de parede,
mas, era também um conhecido e excelente tocador de violão, instrumento na
época popularmente apelidado por pinho, numa referência à madeira com que era
fabricado. A fama pegou no Alto e por este motivo o povo passou a chamar José
Melo por José do Pinho, o que originou o nome do bairro.
Mocambos sendo erguidos na Rua 08, em 1957, que depois passou a se chamar Rua Lage do Una e em 1989, recebeu um novo nome, Rua Valter Lopes Siqueira. Foto: Arquivo de Marco Simão.
O INÍCIO DO BAIRRO E A LUTA POR
TERRA E MORADIA
A geografia do Alto José do Pinho
é marcada pela existência de dois platôs. O mais alto chamado de Alto José do
Pinho, o outro, na parte leste, onde fica a Praça 4 de Outubro, outrora, conhecido
como Alto do Munguba (não confundir com o Alto do Munguba localizado no bairro
olindense de Caixa D’Água).
O Alto José do Pinho começou a
ficar habitado a partir do final do século XIX e início do século XX com a
ocupação das encostas ao leste, onde o morro faz limite com o Beco do Pavão e o
Córrego do Bartolomeu e ao sul, nos limites do bairro com o Beco da Facada
(atual Rua Guimarães Peixoto) e Mangabeira, onde o Alto era conhecido por Alto
do Munguba. Aos poucos novos moradores iam chegando e se apossando do morro até
o topo e formando pequenos sítios, onde criavam galinhas, bodes, bezerros,
porcos e outros animais. Plantavam macaxeira, inhame, batata e outras. No topo
do morro onde hoje fica a Praça 4 de Outubro, nos anos 1940, os moradores
formaram um campo de futebol onde se realizavam as tradicionais “peladas”.
Esses moradores eram provenientes
do movimento migratório campo-cidade nas primeiras décadas do século XX, em
decorrência da seca, falta de emprego e da crise agroindustrial açucareira no
campo. Outros fatores contribuíram bastante para que os morros de Casa Amarela,
em especial, o Alto José do Pinho começasse a ser povoado. A abertura e
construção da Linha Férrea Norte (atual Avenida Norte/Miguel Arraes de Alencar)
ligando Recife ao município de Limoeiro-PE, que depois, foi ampliada para
outras regiões de Pernambuco e Paraíba. A inauguração do Cotonifício Othon Bezerra de Mello em 1924, na Avenida
Norte, no bairro da Macaxeira. A fábrica têxtil depois ficou conhecida como
Fábrica da Macaxeira e atraiu muita gente do interior e outros Estados do
Nordeste, e muitos fixaram residências nos morros das zonas norte e noroeste do
Recife. Os trens que vinham de Limoeiro em direção ao Recife pela ferrovia
Norte, não trazia só pessoas, nele, vinha de tudo, até animais. Muita dessa
gente, já vinha do interior com destino certo. Morar no morro. Eles vinham por
indicação de parentes e amigos que já residiam e trabalhavam no Recife, com a
promessa de melhores oportunidades.
Em 1930, o candidato a Vice-Presidência da República, João Pessoa, foi assassinado no Recife, curiosamente, tentaram dar outra denominação ao Alto José do Pinho que passou a se chamar "Alto João Pessoa", esse nome vingou durante as décadas de 1930 e 1940, onde os jornais à época, em sua maioria, publicavam os fatos ocorridos neste Alto com a nova denominação, como por exemplo, esta publicação do Diário de Pernambuco do dia 20 de novembro de 1938: Natal e ano bom em Casa Amarela - dizia o título - Os moradores do Alto João Pessoa, em Casa Amarela, vão promover, este ano, festas de natal e ano bom. Foi organizada uma comissão composta de comerciantes locais e outras pessoas. Vários são os divertimentos que serão expostos na festa, além de pastoril e mamulengos. A praça será bem iluminada. Finalizou a nota. O fato é que, os moradores não absorveram a nova denominação e na década de 1950, todas as ocorrências registradas nesta localidade publicadas pelos jornais o classificavam como "Alto José do Pinho".
Em 1937, implantou-se no país, a ditadura do Estado Novo. Getúlio Vargas
tornou-se Presidente do Brasil e nomeou Agamenon Magalhães como interventor
para governar Pernambuco, no entanto, Agamenon vinha durante sua gestão,
sofrendo duras críticas da oposição por manter o centro do Recife com grande
aglomerado de mocambos e pela falta de uma politica habitacional adequada para
a população mais carente. Em 1939, o interventor, criou a Liga Social contra o
Mocambo, que implantou um programa de construções populares de casas para a
população que residiam em mocambos no centro do Recife. Entre 1939 a 1945,
foram derrubados 14.597 mocambos e construídas apenas 6.173 unidades
habitacionais. Em 1945, a liga mudou de nome e passou a denominar-se: Serviço
Social contra o Mocambo. Calcula-se que neste período, ¼ da população que
viviam em mocambos foram expulsos de suas moradias no centro e vieram morar nos
morros da zonas norte e noroeste da região metropolitana. Desses morros, os de
Casa Amarela: Alto Santa Izabel, Alto da Esperança, Morro da Conceição e Alto
José do Pinho, foram os primeiros a serem ocupados.
Parte
dessa população, vieram e ocuparam o
Alto José do Pinho. Esta crescente ocupação do morro despertou o interesse das
imobiliárias na exploração das terras de todo o Alto José do Pinho. Antigos
moradores que ocupavam o morro sem ter que pagar nenhum imposto, aluguel ou
compra de terreno, se viram obrigados de uma hora para outra a pagarem tributos
as imobiliárias que se apossaram de todo o morro.
Nesta época
havia muito espaço para construir os mocambos, todavia, as pessoas que aqui
chegavam para morar precisavam conhecer alguém, ou serem indicados por amigos
ou familiares já residentes no Alto, pois, existiam interesses alheios. Os
interessados pela ocupação do morro eram os cobradores de chão, os guardas
civis, os fazedores de casebres e dos quartos para alugar. Ser um simples
invasor, com certeza, teria sérios problemas.
Alto da Munguba (atualmente Alto José do Pinho) em janeiro de 1952, na Rua Seis (atual Rua Maragogi). Foto: Diário de Pernambuco.
Tendo a Praça 4 de Outubro, como ponto central e de referência, segue-se a divisão do Alto José do Pinho feito pelos ditos proprietários. Deste ponto, seguindo ao leste, até a atual rua Macaíba, no sentido Estrada do Bartolomeu, e ao oeste, até as atuais ruas Horácio Silva e Dezenove de Agosto, no sentido Mangabeira, ficavam as terras do dito proprietário da Imobiliária Vieira da Cunha dos herdeiros da família do sr. Pantaleão de Siqueira, que foi proprietário do extinto Engenho São Pantaleão do Monteiro. Ao leste, a partir da atual rua da Macaíba até o limite com o Córrego do Bartolomeu, como também, toda encosta que fica na parte noroeste do bairro que faz limite com a Bomba do Hemetério, ficavam as terras da dita Imobiliária Pernambucana Ltda, controlada pelos herdeiros da Família Santos Marinho. Ao oeste, a partir das atuais Ruas Horácio Silva e Dezenove de Agosto até o limite com o bairro da Mangabeira, que no passado era conhecido pelo Alto da Munguba, ficavam as ditas terras da Baronesa Cesário de Melo, controlada pela Srª Izabel Cesário de Melo (A Baronesa), viúva do comerciante Raul Cesário de Melo.
Com o controle
do morro pelos ditos proprietários das imobiliárias, os moradores começaram a
receber a visita dos indesejáveis cobradores de alugueis de chão. Os cobradores
em média recebia das imobiliárias 20% do valor recebido. Isso fazia com que o
interesse em receber o aluguel aumentasse. O problema todo era a situação em
que viviam o povo. Muitos sem emprego vivendo de biscate. Um antigo morador
revela que até metade dos anos de 1980, muitos moradores do Alto José do Pinho
viviam de viração, vendiam frutas, carregavam água, vendiam miúdo, eram
lavadeiras, babás, diaristas, camelôs e alguns eram funcionários públicos.
Às vezes, a
situação era difícil, que muitos moradores se escondiam porque não tinham
dinheiro para pagar o aluguel, outros, ralavam o mês todo até consegui o
dinheiro para pagar o cobrador de alugueis, era uma questão de honra. Por sua
vez, os cobradores de alugueis, boa parte, mantinham laços de amizade com os
devedores o que mantinha uma certa cordialidade.
Houve também,
situações de violência por parte dos cobradores, que expulsaram moradores
inadimplentes, e moradores que agrediram cobradores. O fato é que os moradores
pagavam mais não haviam escrituras dos terrenos, e os recibos eram pedaços de
papeis sem valor legal nenhum.
Na década de
1970 surgiu um grande movimento reivindicatório chamado “Terras de Ninguém”,
começou no Alto José do Pinho e em outros morros da região norte e noroeste do
Recife intensa luta dos moradores pela conquista da propriedade dos terrenos e
das casas. No Alto José do Pinho intensificou-se uma forte pressão da população
sobre o governo do Estado, pelo fim do
pagamento do aluguel de chão, a desapropriação das áreas onde estavam
edificadas as suas moradias e denunciavam as imobiliárias de forjarem
documentos falsos para exercerem o controle das terras do Alto e manter um
enriquecimento ilícito em cima da pobreza. O governo do Estado assumiu a
posição de conciliador, as imobiliárias apresentaram seus argumentos
centenários do tempo em que Pernambuco ainda era um província e de documentos
dos herdeiros. O fato é que muitos moradores após este movimento do “Terras de
Ninguém” conquistaram o direito de posse, outros não.
No dia 23 de
agosto de 1979, 274 famílias invadiram as encostas do morro do Alto José do
Pinho com a Rua do Rio e formaram a Vila Skylab (Escailabe), logo a imobiliária
Vieira da Cunha se apresentou como legitimo proprietário daquelas terras. Após
dias de negociações e a importante presença do arcebispo de Olinda e Recife,
Dom Helder Câmara e os advogados da Comissão de Justiça e Paz, além de,
confrontos com a polícia, bombas de gás, choros e desmaios.
No final, a
invasão teve êxito, o governador Marco Maciel, o prefeito Gustavo Krause, a
Comissão de Justiça e Paz e a Imobiliária Vieira da Cunha entraram em acordo. Ficou
acertado que os moradores pagariam “um cruzeiro” pelo metro quadrado ocupado.
Homens construindo mais uma casa na antiga Rua Dez (atual Barra Verde) em 1957. Foto: Arquivo Marco Simão.
OS FAZEDORES
DE CASAS E CASEBRES
Os fazedores e
cobridores de casebres e casas são conhecidos como os homens responsáveis pela
construção das moradias no Alto José do Pinho no instante em que se deu a
explosão demográfica do local. São citados como os grandes fazedores de casas e
casebres do Alto, Romeu de Barros, João Grande, Adauto, Sebastião Oião, Luiz de
França, Antônio Roxinho, Ernesto e Ginerino.
O morador
Arnaldo Colorau em entrevista ao professor universitário Ricardo Leite em 2008,
declarou que: “Os fazedores de casa quando não estavam fazendo as casas dos
outros, estavam fazendo casas ou correr de quartos para alugar. Aqui tinha
tudo, barro, capim e muita vara na capoeira. Meu pai Romeu Pereira, foi um dos
homens que construíram as primeiras casas do Alto José do Pinho, morreu em
1940. As primeiras casas daqui do Alto foram feitas pelo meu pai e o senhor
Ginerino, era um homem que tinha aqui, muito antigo. E meu pai cobriu esses
mocambos, que ele era cobridor de mocambo, fazia mocambo. Fez vinte e seis
casas, somente aqui nessa rua do colégio Maria Tereza”.
Outro, talvez,
o maior fazedor de casas que o Alto José do Pinho já teve, trata-se de João
Grande, que era cortador de cana em Carpina e chegou no Alto em 1927 sozinho, mais
tarde trouxe toda a família. João Grande trazia consigo grande conhecimento da
cultura pernambucana, pois sabia tudo sobre caboclinho, cavalo marinho e
ciranda. Ele implantou no Alto toda estas brincadeiras. Calcula-se que ele com
ajuda dos familiares tenha construído mais de cem casas no Alto José do Pinho.
Preparativos para as festas juninas de 1957, onde hoje fica a Praça 4 de Outubro. Foto: Arquivo Marco Simão.
A PRAÇA 4 DE
OUTUBRO
Considerada o
Centro Histórico do Alto José do Pinho. A praça foi inaugurada em 1953, pelo
prefeito José do Rego Maciel. É nesta praça, bastante arborizada, que acontece
os principais eventos sociais, religiosos, culturais e políticos da comunidade,
nela também fica localizado o ponto de taxi e o terminal de ônibus que conduz
às pessoas ao centro do Recife. A Praça 4 de Outubro, ligada as ruas: Horácio
Silva, Severino Belarmino, Maragogi e Acaiaca formam o principal Centro
Comercial da localidade. A praça foi uma homenagem a chegada de Getúlio Vargas
à Presidência da República em 1930. Ela resistiu a duas tentativas de mudança
de nome por parte de grupos locais. Na primeira, foi sugerida a mudança do nome
para Praça José do Rêgo Maciel, ex-prefeito do Recife e pai do político, Marco
Maciel. Na segunda, a praça receberia o nome do deputado Clóvis Corrêa.
No natal de 1940, a comissão de
festa do Alto José do Pinho, formada pelos senhores Horácio Silva, Pedro de
França, Joaquim de França e Antônio José de Barros Silva, organizaram a missa
do natal e ano novo onde hoje fica a praça 4 de Outubro. Se apresentaram no
Alto, a banda da Força Policial de Pernambuco, que tocou das 20 horas até às 04
horas à luz de 4 mil velas, já que não existia energia elétrica na rede pública
e nem domiciliar. Um grande painel alusivo a passagem de ano foi queimado a
base de muitos fogos de artifícios. Havia diversas barracas de prendas e
entretenimentos populares. Houve apresentações de fandangos, bumba-meu-boi,
pastoris e mamulengos.
As frondosas
árvores de oitizeiros encravadas no interior da praça e seus arredores, teriam
sido plantadas no início da década de 1950. O plantio dessas árvores marca,
além da necessidade de sombreamento, a luta e a capacidade de reivindicação de
lideranças locais, como o sr. Josué Ferreira, que participou juntamente com
outros moradores da criação da Associação Beneficente da Juventude do Alto da
Munguba no final dos anos 1940. Está associação foi responsável pelas primeiras
conquistas de serviços públicos pela população local.
A Praça 4 de outubro foi inaugurada em 1953 pelo prefeito José do Rego Maciel. Foto: Prefeitura da Cidade do Recife/30-07-2012.
Em 1953, o prefeito do Recife, José do Rego Maciel inaugurou o primeiro Parque Infantil na Praça 4 de outubro, que depois com tempo, foi destruído e removido da praça.
Em 1953, o prefeito do Recife, José do Rego Maciel inaugurou o primeiro Parque Infantil na Praça 4 de outubro, que depois com tempo, foi destruído e removido da praça.
Na Praça 4 de
Outubro existe uma cruz de aproximadamente 5 metros de altura, que traz fixada
nela a imagem de Cristo instalada em 1957, para marcar a missão religiosa de um
grupo de jovens norte-americanos autointitulado “Corpo de Voluntários da Paz”,
participante de uma denominada “Operação Esperança”, Este grupo era apoiado
pelo arcebispo Dom Helder Câmara. Um papel importante dos “Voluntários da Paz”
feito no Alto José do Pinho foi a difusão da prática esportiva, distribuição de
roupas, alimentos e materiais de construção para a substituição das casas de
taipa e capim por casas de alvenaria e coberta de zinco. O grupo estabeleceu
moradia no Alto José do Pinho em meados da década de 1950. Antes da instalação
da cruz no local, já vinha sendo realizado missas e terços rezados por grupos
católicos locais. Atualmente, a cruz tornou-se apenas um monumento, não sendo
mais usada na prática dos cultos religiosos.
No dia 6 de
fevereiro de 1965, o prefeito Augusto Lucena inaugurou o novo parque infantil
na Praça 4 de Outubro, com escorregos, balanços individuais e coletivos e
gangorras. A inauguração aconteceu às 21 horas, além do prefeito, compareceram
Reginaldo Guimarães (presidente da COMPARE); Ivanildo Guilherme (diretor do
Departamento de Paisagismo); médico Cravo Gama (secretário de Higiene e Saúde);
engenheiro Sebastião Barreto Campello (Secretaria de Viação e Obras); Edson
Ponzi (diretor administrativo da COMPARE); Sebastião de Holanda (diretor do
Departamento de Transportes); e o vereador Clóvis Corrêa.
Depois dos
discursos de agradecimentos do morador Arnaldo Barros e do vereador Clóvis
Corrêa, foi a vez do discurso do prefeito Augusto Lucena – Venho aqui repetir a
emoção dos meus contatos com o povo do Recife. Isto tem sido, para mim, um
remédio. Tem sido uma espécie de bálsamo que me revigoram as forças durante
todas as horas que tenho passado no meu gabinete de trabalho ou fora dele, à
frente dos destinos do Município do Recife, batalhando pela melhorias das
condições de vida de seu povo. Acima de todos os meus interesses pessoais, eu
tenho olhado pelo bem coletivo. Conto com uma equipe de trabalho, na qual eu
confio, e da qual exijo tudo em benefício da população pobre dos morros, dos
córregos e dos alagados do Recife. Dentro das possibilidades financeiras da
municipalidade, temos feito alguma coisa de proveitoso para o povo. Mandarei
reabrir as escolas públicas deste bairro, para que as pobres criancinhas não se
criem analfabetas. Eu não esquecerei deste bairro e cumprirei as promessas que
fiz durante as épocas eleitorais, quando andei por aqui pedindo o voto do povo.
Partirei daqui para outras realizações futuras, colocarei aqui um serviço
médico. E isto haveremos de fazer... (o discurso se prolongou, mas em relação
ao Alto José do Pinho, foi isto que ele disse.)
Outro
monumento que encontra-se na Praça 4 de Outubro, comemora o tricampeonato
conquistado pela comunidade do Alto José do Pinho nos anos de 1976, 1977 e 1978
da grande gincana dos bairros recifenses denominado “Meu Bairro é o Maior”
promovido pela TV Jornal do Comércio/Canal 2 e de grande audiência. Os troféus
são guardados pelo morador Marco Simão que é o Presidente da Associação dos
Amigos do Alto José do Pinho e um dos criadores, junto com Rui Correia, Luciano
e Dandinha, de uma festa anual comemorativa, na qual se homenageia alguns
moradores e ex-moradores do bairro.
Nos anos 40 do
século passado, os partidos políticos descobrem que os morros são um forte
espaço eleitoral para suas pretensões, os graves problemas estruturais nos
morros fazem destas comunidades um amplo campo para as ações
político-partidário.
Em 1946, surge no Alto José do Pinho, na rua 20 ( atual rua Severino Belarmino), Nº 20, um clube dançante denominado de “Xenhenhém”, animado sempre pelo músico Zezão da Mangabeira. Na verdade, esta dança era uma camuflagem de uma célula do Partido Comunista Brasileiro (PCB) denominada Jener de Souza. No local, o Partido Comunista promovia conferências, mesas redondas e festas dançantes.
Para a
comunidade do Alto José do Pinho, a chegada do “Xenhenhém” foi muito bom, pois,
o morro ganhou visibilidade, os problemas existentes começaram a chegar ao
conhecimento dos órgãos públicos através desta entidade. Problemas como: falta
da energia elétrica, da coleta de lixo, de escolas, de pavimentação das ruas,
de chafarizes, de postos médicos, de saneamento básico e transporte. As
críticas eram feitas constantemente aos abusos praticados pelas imobiliárias em
relação aos altos preços dos aluguéis e do chão das casas, mas ainda não
existia a desejada pressão pela conquista da terra contra as imobiliárias. No dia
2 de janeiro de 1952, o “Xenhenhém” foi fechado pela polícia por ser considerado
um clube de subversivos e comunistas.
O Diário de Pernambuco do dia 5 de
janeiro de 1952 publicou uma nota sobre o fechamento da seguinte forma: “Nos
dias 1 e 2 deste, conhecidos elementos extremistas estiveram em grande
atividade no Alto José do Pinho, da jurisdição de Casa Amarela. Ali os
comunistas a angariar e exigir mesmo de pessoas mais amedrontadas, suas
assinaturas em desmoralizados documentos com as epígrafes: “Apelo pro paz” e
“Para que não haja a 3ª Guerra Mundial”.
Chefiava esses
grupos de agitadores um tal “doutor” Gumercindo Amorim, elemento ainda não
identificado pela polícia e que logrou evadir-se. O comissário Misael Corrêa de
Souza, do sub-posto policial do Alto José do Pinho, inteirado dos graves fatos
determinou enérgicas medidas tendentes à desarticulação dos grupos de vermelho.
Essas
diligências foram conduzidas com êxito pelos guardas-civis do destacamento
local, pois lograram prender os seguintes indivíduos: Severino Francisco de
Souza, apelidado por Sapateiro, em cujo poder foram encontrados vários volumes
com prospectos e boletins de natureza
subversiva; Adauto Celestino de Aguiar, comerciante no Alto Santa
Terezinha; Severina Ramos de Lima,
operária do jornal vermelho desta cidade.
No
estabelecimento do negociante a polícia apreendeu enorme quantidade de
exemplares da “Folha do Povo”, além de outros documentos alusivos a movimentos
comunistas, suas táticas, o significado das contra revoluções, enfim toda uma
vasta literatura sobre o comunismo.
Nessas diligências
que foram trabalhosas, tiveram parte saliente os guardas-civis: José Francisco
da Silva e Elísio Batista. Além de um 3º sargento da Polícia Militar de
Pernambuco, do Serviço de Polícia Política dessa corporação.
O comissário
Misael Corrêa de Souza, anteontem à noite, mandou conduzir os implicados nas ativas campanhas comunistas a presença do
delegado Estácio Cardoso a quem encaminhou igual, sob ofício, todas as
apreensões realizadas.
Inteirou-se a
autoridade dos fatos e determinou instauração do inquérito cabível. Enquanto
isso, as diligências vão ter prosseguimento na D.A, com o intuito de apurar-se
até onde vai a culpabilidade daqueles elementos e de quem recebiam instruções.
Igualmente as
sindicâncias deverão voltar-se para o principal elemento agitador, o “doutor”
Gumercindo Amorim, que abandonou á própria sorte seus companheiros de
ideologia, ora recolhidos ao xadrez da Segurança Pública.
No Diário do
dia 8 de janeiro, Gumercindo Amorim solicitou da redação do jornal retratação
de forma destacada como foi para acusá-lo. Trecho da carta encamnhada ao Diário
de Pernambuco diz o seguinte: “A verdaeira versão aí está: na qualidade de
presidente do Movimento Pernambucano dos Partidários da Paz, entidade filiada
ao Movimento Brasileiro dos Partidários da Paz, sociedade civil registrada no
livro “A”, relativo ao registro de pessoas jurídicas, sob o número da ordem
1.696, pronunciei no dia 12 de janeiro último, nesta cidade. Sou morador desta
cidade, de minha residência, á rua Carneiro Vilela, 176, do meu consultório de
cardiologista, á rua do Hospício, 120, da chefia da seção de cardiologia da
Sala Santana, no Hospital Pedro II, onde trabalho, como assistente do professor
Simões Barbosa. Com toda essa atividade profissional largamente conhecida a notícia
em lide tratou-me depreciativamente por < um tal Gumercindo Amorim>,
negando-me inclusive o titulo de doutor, colocando-o no subtítulo e no texto
entre aspas. Doutor não serei eu, médico de quinze anos de clinica , assistente
de um catedrático apenas porque tomei posição que contraria os interesses de
terceiros?
A justiça do
Rio de Janeiro, idêntica situação à minha, fez condenar por seis meses á prisão
um jornalista que grafara entre aspas o nome de um professor da Faculdade Nacional de Direito, argumentando
na ocasião que constituía o fato um acinte a um homem de profissão definida,
portador de um título a que fizera jus pelos seus esforços. Acaso terão sido menores
e menos justos os meus esforços?
Sou e
continuarei a ser um fervoroso partidário da paz e exijo o respeito que me é
devido pela minha posição de homem duplamente dedicado á causa da humanidade,
pelo exercício da medicina e pelas as atividades de defesa da paz...”
O jornal Folha
do Povo do dia 22 de janeiro de 1949, publicou: “Falta tudo no Alto da Munguba
– luz, escolas, água e melhoramentos públicos” (o titulo). Os moradores estão
tentando organizarem-se para conquistar a luz elétrica, fazendo várias visitas
ao prefeito (Manoel César de Moraes Rego) para tal fim. Maria Augusta, moradora
da rua 10, disse que as maiores necessidades são uma escola, porque o Instituto
Pedagógico fica longe, na rua do bonde (Estrada do Arraial), luz pública e
residencial. José Andrade de Lima, morador da rua 49, reclamou do chafariz
avariado na Rua do Rio e que por isso o povo está pagando 20 centavos por uma
lata d’água e 50 centavos por um banho em outro chafariz. Alice Bezerra falou
que luz e agência do correio é necessário, mas o que é mais prioritário é um
posto médico.
O vereador Clóvis Corrêa, de óculos, fez do Alto José do Pinho seu reduto eleitoral a qualquer preço. Foto: Revista O Cruzeiro/1956.
O POLÊMICO
VEREADOR CLÓVIS CORRÊA
Nos anos
1950/1960, os irmãos Fabio e Clóvis Corrêa foram os principais protagonistas do
cenário político do Alto José do Pinho, mas nenhum foi tão polêmico quanto
Clóvis Corrêa. Ele fez do Alto, seu reduto político, quase inviolável, eu digo
quase, porque houve um outro que resolveu encará-lo mesmo com risco de vê-lo
sua integridade física atingida, foi o caso do médico e vereador Petrus Câmara
(PTB). No dia 27 de junho de 1951, Petrus Câmara organizou uma sessão
cinematográfica de propaganda eleitoral em via pública no Alto, quando homens
partidários dos irmãos Corrêa começaram a jogar bombas transvalianas de
encontro ao projetor, no intuito de danificá-lo. Um outro homem, armado de
peixeira invadiu o local e rasgou o telão, sendo este, detido e levado ao
sub-comissariado. Durante o alvoroço, havia cerca de 50 pessoas no local, e na correria várias pessoas saíram feridas.
Três anos
depois, Petrus sofreria outra investida do vereador Clóvis Corrêa, o fato foi
publicado pelo Diário de Pernambuco no dia 14 de março de 1954, da seguinte
forma: “Dr. Petrus Câmara desejando candidatar-se (como se candidatou) pelo
PTB, desenvolveu intensa campanha eleitoral por diversos subúrbios, indo
inclusive ao Alto José do Pinho, onde obteve 110 sufrágios. Esse fato provocou
injusta indignação do sr. Clóvis Corrêa, vereador recém eleito naquela época.
Exatamente por isso principiou a fazer-lhe ameaças, dizendo-lhe que jamais
pusesse os pés no Alto José do Pinho que
era um reduto dele. Clóvis Corrêa. Do contrário, arrenpender-se-ia, chegando ao
ponto de declarar-lhe que lhe daria uma surra. Acrescentou o declarante que não
fez conta das ameaças, prosseguindo nos seus trabalhos médicos e sociais. Tanto
que, há bem poucos dias, voltou ao Alto José do Pinho e ali medicou muita
gente, arranjou exames de raios X para diversas pessoas e chegou mesmo a mandar
algumas ao dentista e isso a título gracioso.
O vereador
Clóvis Corrêa inteirado de tudo o que acontecera, ontem à tarde, sabendo onde o
médico se encontrava, foi apanha-lo de surpresa do lado de fora do posto de
gasolina Esso. Com facilidade derrubou sua vítima ao solo escorregadio, depois
do que lhe aplicou uma série de pontapés na região renal e na perna esquerda.
Feito isso, usou ainda de um cacete para vibrar terrível golpe na região
frontal do médico que caiu ao solo. A agressão só não terminou em crime – disse
o Dr. Petrus – devido a interferência do pessoal empregado do Posto. Enquanto
isso, outras pessoas acorriam em socorro da vítima, logo removida para o
Hospital Agamenon Magalhães, na Tamarineira, onde foi atendido por seus
colegas”. Apesar do acontecido, Petrus Câmara nunca deixou de fazer política no
Alto José do Pinho.
Outro fato que
chamou atenção envolvendo os irmãos Corrêa, aconteceu no dia 3 de setembro de
1954, durante o comício realizado pelo Movimento Popular Autonomista, liderado
pelo deputado João Cleofas, um sujeito identificado como sendo partidário do
deputado Fábio Corrêa, arremessou uma pedra atingindo em cheio a cabeça do
deputado Ignácio de Lemos que foi socorrido ao Pronto Socorro, na praça Osvaldo
Cruz, no bairro da Boa Vista. Além de Ignácio de Lemos estavam no palanque, os
deputados João Cleofas, Jarbas Maranhão, Horácio do Rêgo, Alcides Teixeira e
Antônio Pereira entre outras autoridades.
No dia 6 de
novembro de 1958, na tribuna da Câmara Municipal do Recife os vereadores Clóvis
Corrêa e Antônio Baltar, quase sai às tapas diante de uma discursão polêmica.
Antônio Baltar acusou a Secretária de Segurança Pública de distribuir várias
carteiras de araques na comunidade do Alto José do Pinho e que estes achavam
pouco e ainda colocavam diversas pessoas sem pagar passagem utilizando as
carteiras, fazendo com isto, que a empresa Borborema retirasse os ônibus do
Alto e transferisse para o Córrego do Bartolomeu. Clóvis Corrêa em
contrapartida, rebateu dizendo que nada daquilo era verdade e responsabilizou o
prefeito Pelópidas Silveira pela não subida dos ônibus ao Alto José do Pinho, o
que Pelópidas realmente chegou à afirmar, alegando que a ladeira era muito alta
e perigosa para os ônibus subirem. Todavia, Clóvis Corrêa confirmou a
existência das tais carteiras de araques. Os chamados araques eram pessoas que
recebiam carteiras de agente de polícia sem ser e exerciam funções polícias, e
com as carteiras mantinham certas regalias, como por exemplo, não pagar
passagens nos ônibus.
Apesar dos
pesares, Fábio e Clóvis Corrêa foram personagens políticas importantes para o
desenvolvimento da comunidade do Alto José do Pinho, tanto que a escola situada
na rua Maragogi ganhou o nome de sua genitora, a escola estadual Dona Maria
Tereza Corrêa, ela que havia falecido em 2/2/1952, na Avenida Rosa e Silva, no
bairro dos Aflitos. Foi Clóvis que conseguiu o primeiro telefone instalado no
Alto, no sub-comissariado em junho de 1952. Os irmãos Corrêa foram a voz do
Alto José do Pinho na Assembleia e na Câmara, pavimentação de ruas, escadarias
e muito assistencialismo para a população local foram realizados pelos encrenqueiros
irmãos, tanto que eles sempre foram bem votados aqui no Alto. Nas eleições de
1959, o vereador Clóvis Corrêa venceu em todas as urnas do Alto José do Pinho e
da Vila São Miguel, em Afogados. A importância de Clóvis Corrêa para o Alto
José do Pinho é sintetizado quando a Câmara Municipal do Recife através da Lei
Nº 14.356 de 13 de novembro de 1981, autorizou o prefeito Gustavo Krause a
erguer um busto deste vereador tão polêmico na Praça 4 de Outubro.
O SOCIÓLOGO
GILBERTO FREYRE NO ALTO JOSÉ DO PINHO
No dia 30 de
setembro de 1950, o sociólogo Gilberto Freyre, candidato a deputado federal
participou do comício no Alto José do Pinho.
Boteco na antiga Rua Nova (atual Rua Vespasiano), no Alto José do Pinho em 1950. Foto: Diário de Pernambuco.
CAFÉ DO CAFUNÉ
Um fato chama atenção nos jornais
de 1944, que relata as ocorrências policiais no Alto José do Pinho. Trata-se de
um tal “Café do Cafuné” que funcionava nas proximidades da praça, onde o pau
cantava, são diversas ocorrências de agressões registradas neste local no ano
supracitado. Em umas delas, o camarada tomou umas doses de cachaça e depois
quis ir embora sem pagar. Interpelado pelo dono do Cafuné que cobrou a dívida,
o sujeito agrediu o dono do estabelecimento com vários socos, sendo detido em
seguida por dois guardas noturnos identificados por Nº 30 e Nº 50. Neste dia,
houve outro registro de agressão publicado pelo Diário de Pernambuco. O Café do
Cafuné era uma barra pesada.
O SUBPOSTO POLICIAL DO ALTO JOSÉ
DO PINHO
No dia 18 de junho de 1946, era
inaugurado subposto policial do Alto José do Pinho, subordinado a 2ª Delegacia
Distrital da Capital, que o povo chamava de sub-comissariado. Antes as
ocorrências policiais praticadas no Alto eram registradas no subposto policial do Córrego do Bartolomeu. Para os moradores da
época a implantação do subposto policial foi bastante positiva, pois houve uma
inibição nas ações dos meliantes, uma ação mais presente da autoridade policial
até mesmo no que se refere aos cobradores do chão que tornaram-se mais cordiais
diante da presença do polícia. Com o passar dos anos, os chamados guardas civis
do sub-comissariado ficaram mais íntimos da comunidade, isto, favoreceu a uns e
prejudicou a outros. Os guardas civis aliaram-se à políticos e passaram a
defender as bandeiras dos partidos, muita gente era presa injustamente e
sofriam diversos tipos de violência por defenderem interesses opostos. O uso da
“palmatória” era frequente, no Alto era assim, escreveu não leu o pau comeu.
Negociatas de terrenos e mocambos também eram feitos por alguns guardas. O
sub-comissariado enquanto existiu, beneficiou muita gente da comunidade, mais
também deixou muitas mágoas em outras.
Na primeira quinzena de junho de
1952, atendendo a solicitação do vereador Clóvis Correia, a Secretária de
Segurança Pública de Pernambuco instalou no Subposto Policial, um
telefone. Aquele que seria o primeiro
telefone instalado no Alto José do Pinho.
Membros da Associação Atlética da Munguba em 1954. Foto: Arquivo Marco Simão.
ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE DA JUVENTUDE DO ALTO DA MUNGUBA
A Associação foi criada no final
dos anos 1940, por moradores como o sr. Josué Ferreira, e foi responsável por
muitas conquistas de serviços públicos como: eletricidade, de chafariz e de
serviços de terraplanagem e abertura de ruas.
OS MOCAMBEIROS
Os mocambeiros eram pessoas que
tinham casas para aluguel, muitas dessas casas eram chamadas de “Correr de
quartos”, porque eram subdivididas em partes, muitas com apenas dois vãos e
apenas um banheiro no quintal para todos os moradores. Havia corredores de
quarto com até dez moradias ou mais. Os proprietários eram taxados como pessoas
gananciosas, que viviam de explorar os pobres, cobrando altos preços nos
aluguéis. Os mocambos no Alto da Munguba e Alto José do Pinho eram comuns desde
o início do século XX e na primeira metade dos anos de 1980, no entanto, até
hoje é possível verificar a presença de alguns mocambos, a diferença é que os
mocambos não mais são cobertos de capim ou zinco, como outrora, e sim com telhas.
Os chamados “Correr de quartos” começou a se intensificar no Alto José do Pinho
a partir dos anos de 1930, mas foi durante os anos de 1940 que a exploração no
preço dos aluguéis se tornou contundente.
O Diário da Noite do dia 23 de
agosto de 1947, trás as primeiras reclamações dos moradores, com a manchete:
“Enriqueceram com os aluguéis de mocambos”.
Já o jornal Folha do Povo do dia 3 de julho de 1949, publicou uma
matéria sobre a exploração dos mocambeiros nos Altos da zona norte e sudeste do
Recife, um trecho diz: A exploração dos chãos das casas e a edificação de
mocambos, divididos em 8, 10 quartos pelos mocambeiros, constituem hoje em dia,
rendosa indústria através da qual os usurpadores das magras economias do povo
enriqueceram do dia para noite, acobertados pela proteção das chamadas
autoridades constituídas, o governo, a polícia, a justiça [...] melhor negócio
que fazer um mocambo de capim e dividi-lo em quartos para alugar a 30, 40 e 60
cruzeiros, não existe.
A ENERGIA ELÉTRICA NO ALTO JOSÉ
DO PINHO
A energia elétrica chegou no Alto
José do Pinho em meados de 1944, na gestão do prefeito Antônio de Novais Filho,
pela empresa Pernambuco Tramways & Power Company Limited.
O Diário de Pernambuco do dia 15 de setembro de 1944, anunciava a interrupção de energia elétrica no Alto José do Pinho, pela primeira vez. No lado do Alto da Munguba, o Diário da Noite do dia 15 de fevereiro de 1949, publicou uma nota sobre a inauguração da energia elétrica no local, na gestão do prefeito Manuel César de Moraes Rego.
O Diário de Pernambuco do dia 15 de setembro de 1944, anunciava a interrupção de energia elétrica no Alto José do Pinho, pela primeira vez. No lado do Alto da Munguba, o Diário da Noite do dia 15 de fevereiro de 1949, publicou uma nota sobre a inauguração da energia elétrica no local, na gestão do prefeito Manuel César de Moraes Rego.
A Lei Municipal Nº 2507, de14 de
outubro de 1953, sancionada pelo prefeito José do Rego Maciel, autorizou a
instalação de iluminação pública nas ruas: do Dendê; rua Um (atual rua
Valeriano Lobo); rua Dois; rua Quatro; rua Cinco (atual rua Cecília Reis); rua
Seis; rua Oito (atual rua Lage do Una); rua Dez (atual rua Barra Verde); rua
Onze; rua Doze; rua Dezoito; rua Vinte Um; rua Quarenta e Nove (atual rua
Miguel Cavalcanti de Albuquerque); rua Costa Dias; rua do Chafariz; rua da
Macaíba; rua do Cajueiro; rua do Genipapo; rua das Moças; e rua dos Velhos.
Todas no Alto José do Pinho.
No dia 27 de outubro de 1956, a
Pernambuco Tramways aumenta a voltagem da rede elétrica do Alto José do Pinho e
diversos bairros.
Através da Lei Municipal Nº 6584,
de 19 de dezembro de 1960, sancionada pelo prefeito Miguel Arraes de Alencar,
são autorizadas as instalações da iluminação pública da rua Principal e a rua
Cinco (atual rua Cecília Reis). Observa-se que a Rua Cecília Reis já havia sido
contemplada com a iluminação pública em 1953, todavia, trata-se de uma rua
bastante extensa que começa na esquina da Rua Quiri e termina na esquina da Rua
do Rio, o que prova que a rua não tinha iluminação pública em toda sua extensão.
Em fevereiro de 1965, o prefeito
Augusto Lucena atendendo um abaixo-assinado, executa a iluminação pública da
rua Nove.
Atual sede do Bom Sucesso Futebol Clube Foto: Blog do Bom Sucesso/2007.
BOM SUCESSO FUTEBOL CLUBE
O Bom Sucesso Futebol Clube foi
fundado em 1º de abril de 1945. É o clube mais tradicional do Alto José do
Pinho, nas cores azul e branco, localizado na Rua Maragogi, 133. Nos anos 1950, o Bom Sucesso era uma humilde agremiação com sede alugada e coberta de capim, com influência do vereador Clóvis Corrêa junto a Imobiliária Vieira da Cunha, o vereador comprou o terreno e doou ao proprietário do clube. Nos anos 60 do século passado, o time de futebol era afiliado à Federação Pernambucana de Futebol e por duas vezes foi vice-campeão da 2ª Divisão. O clube
dançante em 1983 chegou a ter 3 mil sócios em dia. Atualmente o clube não tem seu time de futebol é apenas social dançante.
Antigo chafariz de Zé Leão (ao fundo) na Rua Principal, Alto José do Pinho, construído em 1962. Foto: Arquivo Marco Simão/Década 1970.
O ABASTECIMENTO D’ÁGUA NO ALTO JOSÉ DO PINHO
O ABASTECIMENTO D’ÁGUA NO ALTO JOSÉ DO PINHO
O primeiro chafariz do Alto foi
implantado na parte baixa do Alto José do Pinho, na Rua do Rio em janeiro de
1949, na gestão do prefeito Manuel César de Moraes Rego.
No dia 11 de julho de 1958, o
governador de Pernambuco, Cordeiro de Farias inaugurou o primeiro grande
sistema de distribuição de água dos morros da zona norte do Recife. A adutora
partiu do Alto do Céu em Beberibe, através de um tubo de ferro fundido,
abastecendo, o Alto dos Coqueiros, Alto do Pascoal, Alto do Deodato, Alto Santa
Terezinha, Alto da Saudade, Alto José Bonifácio, Alto da Foice, abastecendo
neste percurso 35 chafarizes, indo terminar no Alto do Mundo Novo (atual Alto
Novo Mundo), no Vasco da Gama. Neste local, foi construído um reservatório com
capacidade para 2 milhões de litros d’água, onde uma encanação abastecia o Alto
da Favela, em Nova Descoberta, alí, foi feita uma bifurcação da rede, seguindo
um lado para o Alto do Oiteiro do Arrayal (atual Alto Santa Izabel) onde
abastecia em toda sua extensão 15 chafarizes. A outra tubulação abastecia o
Alto da Esperança, Morro da Conceição, Alto José do Pinho e Alto da Munguba. O
abastecimento d’água a partir do reservatório do Alto Novo Mundo que estava
previsto para está pronto dentro de quatro meses, passou um ano para ser
concluído, tanto que o Diário de Pernambuco do dia 14 de junho de 1960, o
secretário de Viação e Obras do Estado, Lael Sampaio e o diretor do
Departamento de Saneamento do Estado (DSE), Aldo Salgado, ainda estivesse dando
explicações a população dos morros à respeito da deficiência na distribuição de
água.
O Diário de Pernambuco do dia 2 de agosto de 1962, publicou uma nota sobre a inauguração de um chafariz na Rua Principal, Alto José do Pinho pelo Sr. Lael Sampaio, secretário do Serviço de Viação e Obras Públicas do Estado.
O Diário de Pernambuco do dia 2 de agosto de 1962, publicou uma nota sobre a inauguração de um chafariz na Rua Principal, Alto José do Pinho pelo Sr. Lael Sampaio, secretário do Serviço de Viação e Obras Públicas do Estado.
No dia 24 de novembro de 1964, O Departamento de Saneamento do Estado (DSE), publicou uma nota nos jornais do Recife sobre o racionamento de água nos chafarizes e lavandarias dos morros da zona norte. A nota dizia o seguinte: “ O DSE avisa a todos os consumidores residentes nas zonas servidas pelo sistema dos morros, isto é, abastecidas pelo Reservatório do Mundo Novo (atual Alto Novo Mundo), incluindo os Altos do Céu, dos Coqueiros, Deodato, Serrinha, Foice (atual Nossa Senhora de Fátima), Favela, Esperança, Conceição, José do Pinho, Munguba (a outra parte do Alto José do Pinho), e Oiteiro (atual Alto Santa Izabel) que, a partir do dia 25 do corrente, todos os chafarizes e lavandarias, na área citada, passarão a funcionar no horário das 6 às 12 horas, para permitir o abastecimento de todas as áreas servidas, inclusive das áreas mais altas como o Morro da Conceição, Alto José do Pinho e adjacências”.
No dia 17 de janeiro de 1965, o
diretor do DSE, João Geraldo Braule, divulgou através da imprensa outra nota
oficial que dizia o seguinte: “O DSE tem sido alvo de inúmeras criticas ,
mormente pelas emissoras de rádio, pelo estabelecimento de um horário para o
funcionamento dos chafarizes da zona dos morros do Recife, entre Beberibe e
Casa Amarela.
Assim vem o DSE, pela segunda
vez, apresentar de público as razões que o levaram a adotar a medida ora em
vigor.
O sistema de abastecimento de
água dos morros foi projetado em 1958 para atender a uma rede de 45 chafarizes
públicos a serem construídos nos diversos Altos e Córregos da zona em
referência, consistindo em uma estação elevatória, construída junto ao Reservatório
do Alto do Céu, uma linha de recalque até o Reservatório do Alto Mundo Novo,
acumula 2.000 M³ e linhas de distribuição para o Alto José do Pinho, Morro da
Conceição e adjacências.
Após a construção do sistema,
como projetado, surgiram inúmeros pedidos de novos chafarizes e lavandarias bem
como de derivações domiciliares, não previsto no plano inicial, pedidos estes
que foram atendidos, pelos mais diversos motivos fazendo com que o sistema
abasteça no momento, 73 chafarizes e lavandarias e cerca de 200 derivações
domiciliares.
Assim sendo, neste verão se
verificou que toda a água bombeada era utilizada na zona abastecida das linhas
de recalque causando absoluta falta de água na zona abastecida das linhas de
distribuição, ou seja no Morro da Conceição, Alto José do Pinho e adjacências.
Evidentemente, a população
prejudicada reclamou contra tal situação, quer pela imprensa, quer pelo rádio,
quer na Assembleia Legislativa quer diretamente ao DSE.
Não nos restava outra alternativa
senão estabelecer um horário de funcionamento para os chafarizes, permitindo
que se acumule água no Reservatório do Mundo Novo e que a zona citada possa ser
abastecida nas mesmas condições que a zona do recalque.
O DSE já tem em andamento estudos
no sentido de aproveitar a água do subsolo para reforço do abastecimento de
água da zona em referência, permitindo uma solução ampla para o problema”.
O Alto José do Pinho, ainda com muitos mocambos cobertos de palha, mas, teve sua principal via pavimentada pelo prefeito Moraes Rego em 1950. Foto: Museu da Cidade do Recife.
PAVIMENTAÇÃO DO ALTO JOSÉ DO
PINHO
No dia 10 de novembro de 1949, a
Diretoria de Obras Municipais interditou a subida do Alto José do Pinho para
dar início as obras de calçamento do Beco do Pavão e a entrada da rua da
Macaíba que tinha um traçado diferente do atual começando na rua Um. O tráfego
ao Alto ficou sendo feito pelo prolongamento do Beco da Facada (atual Rua
Guimarães Peixoto) na subida pela Mangabeira na atual Rua Monte Horebe.
No dia 1º de março de 1950, era
inaugurado pelo prefeito Manuel César de Moraes Rego, o calçamento em
paralelepípedo da rua Macaíba e da rua Um (atual Valeriano Lobo), totalizando
312,30 M² de calçamento. O Decreto Municipal Nº 8742, de 24 de janeiro de 1968,
sancionado pelo prefeito Augusto Lucena, decretou que a Rua Um, passasse a se
chamar de Rua Valeriano Lobo, principal acesso ao Alto José do Pinho pelo
Córrego do Bartolomeu.
No segundo semestre de 1953, o
prefeito José do Rego Maciel, pavimentou várias ruas no Alto José do Pinho,
foram 4.608,60 M² em paralelepípedo.
Rapazes jogando o Jaburu. Foto: Revista O Cruzeiro/1949.
O CURIOSO JOGO DO CAIPIRA E DO
JABURU
O Diário de Pernambuco do dia 22
de dezembro de 1949, publicou uma denúncia de alguns moradores do Alto José do
Pinho sobre a participação de crianças e adolescentes com idade entre 9 e 15
anos em jogatinas nas calçadas e esquinas das ruas praticando o curioso jogo do
caipira e do jaburu, sem serem importunados pela polícia. Os moradores exigiam
providências no sentido de proibir os jogos.
CINEMA GUARANI
No dia 11 de abril de 1950, numa
terça-feira, às 10:30 horas, na rua Horácio Silva, Nº 314, o empresário Abílio
de Almeida inaugurou o Cinema Guarani, no Alto José do Pinho.
‘O Cinema Guarani era a grande
atração para a comunidade carente local, que fora os botecos, não tinham muitas
opções de lazer. No final de 1956, o cinema passou por dificuldades financeira
e seu proprietário arrendou-o.
No dia 26 de fevereiro de 1963,
pelas 6 horas da manhã, o teto do Cinema Guarani desabou, felizmente, pelo
horário do ocorrido, não houve vítimas. O proprietário do cinema, Sr. Regino
Barros da Silva informou o fato ao Posto Policial.
O DISPENSÁRIO INFANTIL DO ALTO
JOSÉ DO PINHO
No dia 23 de junho de 1950, era
inaugurado no Alto José do Pinho pelo Secretário de Saúde e Assistência Social
do Estado, Sr. Nelson Chaves, o Dispensário de Higiene Infantil. O Dispensário
era uma instituição beneficente criada pelo Serviço de Proteção á Maternidade,
voltada para o atendimento das crianças pobres, oferecendo-lhes consultas
médicas, medicamentos, aplicação de vacinas e fornecimento de alimentos.
Diário da Noite do dia 29 de junho de 1950, mostra moradores do Alto José do Pinho que foram agredidos por policiais militares.
NOITE DE TERROR NO ALTO JOSÉ DO PINHO
NOITE DE TERROR NO ALTO JOSÉ DO PINHO
No dia 28 de junho de 1950, em
plena noite de São Pedro, o Alto José do Pinho vivenciou um episódio de extrema
violência, por volta das 22 horas, cerca de 70 militares da Força Policial do
Estado subiram o Alto dispostos a tudo. Os guardas civis do sub-comissariado
local, receberam informações de populares de que eles estariam subindo o Alto
em busca de vingança pela morte do soldado da Força Pública (atual PM), Severino Quintiliano da Silva, assassinado a tiros pelo guarda civil Sandoval Pereira de Araújo e que o mesmo havia fugado com ajuda de seus companheiros do subcomissariado do Alto José do Pinho.
De imediato, os dois guardas
civis de serviço informaram por telefone as autoridades superiores da invasão e
se refugiaram na delegacia de Casa Amarela. O Diário de Pernambuco relatou: “Quando os
soldados da polícia chegaram, encontrando o posto fechado, arrombaram as portas
e depredaram completamente o edifício, não deixando coisa alguma inteira. Feito
isso, percorreram as ruas do distrito, praticando toda a sorte de selvageria.
Numerosos populares, entre homens e crianças, foram barbaramente espancados.”
O resultado de toda esta
violência no Alto José do Pinho foi um saldo de 12 moradores feridos
encaminhados ao Pronto- Socorro, sendo 3 em estado grave. Um teve o antebraço
fraturado, outro, um corte profundo na cabeça e um terceiro de menor idade,
levou um tiro no tórax.
Na manhã seguinte, o policial de
plantão no comissariado de Casa Amarela pediu apoio a Rádio Patrulha. O Diário
relatou: “Dois carros lotados de investigadores e fartamente municiados para
assegurar a defesa do comissariado. (...) Às 02:15 de hoje a Permanência da
Polícia e o comissariado de Casa Amarela informaram-nos que o delegado José
Correia, com mais outra guarnição da Rádio Patrulha, havia se dirigido ao Alto
José do Pinho, numa tentativa de manter a ordem naquele distrito. O Comandante
da Força Policial, coronel Viriato de Medeiros, também foi pessoalmente a Casa
Amarela, tomando enérgicas providências sobre o caso”. As forças policiais de
serviço ao chega no Alto encontraram poucas pessoas nas ruas e a expressão de
muito medo no rosto delas. Momentos depois, os policiais no posto policial,
receberam a noticia de que um guarda civil deu entrada em estado grave no
Hospital Pedro II. O caso da invasão revoltou a população do Alto José do
Pinho, mas, nenhum dos envolvidos foram identificados, nem presos.
O grande incêndio na antiga Rua Nova em 1950 no Alto José do Pinho, onde quatro mocambos foram destruídos. Foto: Diário de Pernambuco.
O GRANDE INCÊNDIO
Naquele fatídico dia 29 de junho
de 1950, uma quinta-feira, em pleno dia de São Pedro. Um grande incêndio se
alastrou por quatro mocambos cobertos com capim na conhecida à época por Rua
Nova (atual Rua Vespasiano), no Alto José do Pinho. Felizmente, ninguém morreu
apesar de algumas pessoas no intuito de ajudar acabaram com leves queimaduras e
não quiseram ir ao pronto- socorro. O caso ganhou destaque na imprensa. O
Diário de Pernambuco do dia 1º de julho de 1950, publicou o fato da seguinte
forma: “Quadros desoladores da Rua Nova, no Alto José do Pinho, em Casa
Amarela, após o incêndio de quinta-feira” (O título). Os “clichés” reproduzem
aspectos desoladores do resultado do pavoroso incêndio que irrompeu, às 22
horas do dia de São Pedro, no mocambo 177, da Rua Nova, no Alto José do Pinho,
Casa Amarela. Construído de material de fácil combustão (a cobertura era de
capim), o fogo se alastrou com rapidez incrível aos casebres vizinhos, n°s 178
e 179 e destes para outros dois logo adiante, que não tinham placas.
Com as coberturas semelhantes à
da primeira moradia, as demais arderam com facilidade. O pânico entre os
moradores foi indescritível, pois ainda estavam sobressaltados com os
acontecimentos da véspera.
Resultado é que os donos das
casas mal tiveram tempo de salvarem alguns móveis e uns poucos utensílios
domésticos, enquanto seus casebres eram devorados pelo furor das chamas. Comunicaram
o fato á Companhia de Bombeiros e ao Serviço de Rádio Patrulha, e os elementos
da primeira corporação tiveram de lutar com toda sorte de adversidades afim de
conter o fogo. Este foi combatido, antes da chegada dos bombeiros, de maneira
rudimentar.
Retiravam-se latas d’água do
chafariz ali existente, cujo fechamento, pretendido na Câmara dos Vereadores,
afim de se apagar o fogo. De modo que, com os bombeiros no local, estes
depararam cincos mocambos já destruídos. Algumas pessoas, ansiosas por salvar
seus pertences, receberam ligeiras queimaduras e, porisso mesmo dispensaram
comparecer ao Pronto Socorro. São desconhecidas as causas do incêndio. Contudo,
é presunção das autoridades que o mesmo teve origem na queda de algum balão.
A Empresa Globo é a atual linha de ônibus do Alto José do Pinho. Foto: Gutemberg Siqueira/onibusbrasil.com
O TRANSPORTE PÚBLICO NO ALTO JOSÉ DO PINHO
No segundo semestre de 1953, o
prefeito do Recife, José do Rego Maciel, inaugurava o calçamento das principais
ruas do Alto José do Pinho, logo os moradores passaram a exigir do governo
municipal que os ônibus que serviam a linha do Alto desde o início dos anos 1950,
através da Empresa Borborema/Linha 21, subissem a ladeira. No começo os ônibus
subiram juntamente com as chamadas correções e beliscadas, que eram transportes
particulares irregulares que concorriam com o transporte regular. As correções
e beliscadas eram velhos ônibus e caminhões adaptados para carregar passageiros
e até animais, tudo era válido. Os caminhões com assentos de madeira,
provocavam machucões nas coxas das pessoas, por isso era apelidados por
beliscadas.
Naquela época, os ônibus não
tinham direção hidráulicas como os dos dias atuais, tudo era mecânico, a
direção era dura, os motoristas tinham medo e achavam a ladeira alta e
perigosa, logo a prefeitura resolveu colocar o terminal no Beco do Pavão onde
permaneceu durante muitos anos. O Diário de Pernambuco do dia 10 de maio de
1957, noticiou as reclamações dos moradores do Alto José do Pinho contra os
motoristas dos ônibus e lotações que deixavam os moradores no meio do caminho.
O Diário publicou: “Os moradores do Alto José do Pinho estão prejudicados com a
maneira de proceder de motoristas de ônibus e lotações que servem neste bairro.
Os coletivos não fazem o percurso
completo naquela linha, deixando os passageiros no meio do caminho, na subida
da ladeira. Esse estado de coisas vem causando os maiores transtornos áqueles
que se servem desses coletivos. E o pior é que quando advertidos contra a
irregularidade, os motoristas respondem mal como se não tivessem nenhum
regulamento a cumprir. Os moradores do Alto José do Pinho fazem um apêlo á
Inspetoria dos Serviços Públicos, a fim de que os ônibus e lotações que servem
a esse bairro vão atá o terminal da linha (Praça 4 de Outubro)”.
A situação dos moradores do Alto
José do Pinho em nada melhorou, o Diário de Pernambuco do dia 6 de julho de
1958, publicou: “O prefeito (Pelópidas Silveira) nega o pedido do vereador
Petrus Câmara no sentido de instalar lotações para o Alto José do Pinho. Disse
o prefeito, que não há cabimento técnico para pôr linha de transporte para aquela
zona, pois não há condições de acesso ao morro, que são íngremes, com rampas
excessivas”. No dia 6 de novembro de 1958, o vereador Antônio Baltar acusou no
plenário da Câmara, a Secretaria de Segurança Pública de distribuir várias
carteiras de araques (sujeito que faz o papel de policial, sem ser) no Alto
José do Pinho, o que teria provocado a retirada dos ônibus e da auto-lotações,
pois os araques além de adarem de graça, ainda levavam quem eles queriam sem
pagar passagem.
No dia 21 de julho de 1960, com a
implantação dos trolébus (ônibus elétricos), o terminal dos ônibus do Alto José
do Pinho passou a funcionar no Córrego de Euclides.
POSTO DA CRUZADA DE AÇÃO SOCIAL
No dia 5 de novembro de 1955, o
governador de Pernambuco, Cordeiro de Farias, inaugurou o terceiro Posto da
Cruzada de Ação Social no Alto José do Pinho, instalada por iniciativa da
primeira dama, Avani Barcelos Cordeiro de Farias. Funcionava serviços de
confecção de roupas, gabinete dentário e como centro de apredizagem de economia
doméstica. O Centro contava com dez maquinas de costura.
O primeiro telefone público foi instalado no Alto José do Pinho em 1952. Foto: Pinterest
TELEFONE PÚBLICO NO ALTO JOSÉ DO PINHO
O primeiro telefone instalado no
Alto José do Pinho foi inaugurado em junho de 1952, no sub-comissariado, mas em
via pública para uso da população só ocorreu em 1956 através do pedido do
prefeito Pelópidas da Silveira à Companhia Telefônica, publicado no Diário de
Pernambuco do dia 26 de janeiro, onde o prefeito solicitou a implantação dos
telefones nas localidades do Alto do Mandu, Vila dos Industriários (Areias),
Alto José do Pinho, Alto do Pascoal, Largo da Mustardinha, Sitio do Totó
(Tejipió), Jardim São Paulo e Engenho do Meio.
Escola Estadual Dona Maria Tereza Corrêa inaugurada em 1956, pelo governador Cordeiro de Farias.
ESCOLA ESTADUAL DONA MARIA TEREZA CORRÊA
ESCOLA ESTADUAL DONA MARIA TEREZA CORRÊA
No dia 10 de fevereiro de 1956, o
governador de Pernambuco, Cordeiro de Farias inaugurava a Escola Reunidas do
Alto José do Pinho, depois passou a ser Grupo Escolar e atualmente chama-se
Escola Estadual Dona Maria Tereza Corrêa, com 11 salas de aula.
O GRANDE INCÊNDIO NA RUA
VALERIANO LÔBO
O Diário de Pernambuco do dia 14
de fevereiro de 1957, publicou o grande sinistro ocorrido na atual Rua
Valeriano Lôbo, no Alto José do Pinho da seguinte forma: “Precisamente às 11
horas de ontem, quando os operários
preparavam-se para o almoço irrompeu rápido incêndio no interior da
Fábrica de Colchões Santo Antônio, localizada á Rua Um (atual Rua Valeriano
Lôbo), Nº 10 do Alto José do Pinho, em Casa Amarela. O sinistro foi
imediatamente levado ao conhecimento do
Corpo de Bombeiros, tendo partido do quartel de João de Barros três viaturas
devidamente equipadas e com as respectivas guarnições.
As chamas, originaldas de uma
ponta de cigarro atirado ao chão por um operário, alastraram-se celeremente ás
dependências do estabelecimento tomando graves proporções, a ponto de destruir
totalmente as instalações da fábrica,
acarretando ao seu proprietário um prejuízo de cerca de 12 mil cruzeiros. Os
bombeiros trabalharam durante longo tempo, pois somente depois das 16 horas
regressaram ao quartel da unidade.
A falta d’água absoluta que se
verificava no Alto José do Pinho muito concorreu para dificultar a combate ás
chamas sendo necessário que os carros
tanques procedessem a dez viagens ao hidrômetro mais próximo, localizado à
Estrada do Arraial, a fim de se abastecerem. Os guardas-civis 430 e 492, ambos
do subcomissariado do Alto José do Pinho, estiveram muito ativos no serviço de isolamento do prédio
sinistrado, uma vez que grande foi
o número de curiosos que ocorreu no local.
A Fábrica de Colchões Santo
Antônio pertencia ao sr. Antônio Ornilo Costa. Manufaturava colchões de capim,
tipo popular. Seus prejuízos são totais uma vez que o estabelecimento não era
segurado”.
Ilustres moradores congratulam-se na Associação dos Amigos do AJP em encontros anuais, como este em 2010. Biu Guarda discursa, ladeado por Evandro Correia e Arnaldo Colorau. Sentado em destaque, outro ilustre morador, Antônio Omar.
ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DO ALTO JOSÉ DO PINHO
ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DO ALTO JOSÉ DO PINHO
No dia 1º de agosto de 1961, era
inaugurada a Sociedade Desportiva Amigos do Alto José do Pinho, à Rua Severino
Bernardino Pereira, 105, Alto José do Pinho. A diretoria só tomou posse no 20
de agosto. A solenidade começou às 19 horas, com uma sessão solene, depois
houve distribuição de prêmios aos associados, doados por comerciantes. No final
do evento foi servido um coquetel a todos os presentes. Assumiu a presidência,
o sr. Américo Silva; vice: Mizael Correia; secretário: Maurício Seabra;
tesoureiro: Josué Ferreira; orador: Valdeque Rocha; relações públicas: José
Armando de Castro.
Esta associação faz anualmente
uma grande reunião denominada “Encontro de Gerações” com o objetivo de resgatar
e valorizar a memória do Alto José do Pinho. Em 2008, o professor da UFPE,
Ricardo Leita da Silva, autor do livro “Aqui do Alto a História é Outra” esteve
neste encontro conversando e entrevistando muitos dos ilustres moradores do
Alto. Entre os presentes estavam: Adilson Ronrona, Agnaldo, Rodrigues, Amara
Francisca, Antônio Omar, Arnaldo Colorau, Aureliano Rodrigues, Aurino Ferreira,
Baruque, Conceição de França, Davi Pessoa, Expedito de Oxóssi, Divaldo Gouveia,
Josefa Ferreira, Josué Ferreira, Juraci Nevas, Manoel Anacleto, Marco Simão,
Marcondes Canibal, Maria Roxinho, Severino Laureano, Tania Lima, José Esteves,
Julio Santos, Evandro Correia, Magda
Santiago, Paulo Ferreira, Jailson
Leonardo, Geraldo do Violão, Marcelo Brown, Dona Juraci, Hamilton, José
Ivanildo, Dona Regina, João Grilo,
Evaldo Chocolate, Roberto Carneiro, Mariana Rezadeira, Jaime Abreu e José
Barbosa.
O Centro Social Dom João Costa
foi inaugurado com o nome de Centro de Assistência Social Dom João Costa, no
dia 31 de janeiro de 1965, na gestão do prefeito Augusto Lucena, na antiga Rua
20, (que a partir de 1957, passou a se chamar Rua Severino Bernardino Pereira),
Nº 108, Alto José do Pinho. Em 11 de julho de 1969, era inaugurada a nova instalações do novo Centro, na Rua Acaiaca, 70, no mesmo bairro, denominado de Centro Social Dom João da Costa, sendo publicado posteriormente, através da Lei Municipal Nº 10.171, de 23 de
outubro de 1969, sancionada pelo prefeito Geraldo Magalhães Melo, o Centro
passou a ser de utilidade pública e social, dirigido pelas religiosas do
Instituto das Religiosas da Instrução Cristã, tendo como sua primeira gestora, a irmã Denise Costa. É uma associação civil de
natureza confessional, beneficente, filantrópica e sem fins lucrativos de
caráter educacional, cultural e de assistência social. Atua desde 1969, sob as
inspirações dos ensinamentos e do carisma da madre belga Agathe Verhelle.
PRAÇA AMARO LOPES
Através da Lei Municipal Nº
14.371, de 30 de dezembro de 1981, sancionada pelo prefeito Gustavo Krause, foi
construída a Praça Amaro Lopes, no Alto José do Pinho, confluência com a Rua
Oito, que desde o dia 1º de setembro de 1989, chama-se Rua Valter Lopes
Siqueira, através da Lei Municipal Nº 15.252, sancionada pelo prefeito Joaquim
Francisco.
Hoje, Unidade de Saúde da Família, Irmã Denize, inaugurado pelo prefeito João Paulo em 2003. Foto: Prefeitura da Cidade do Recife/2014.
POSTO DE SAÚDE IRMÃ DENIZE
Através da Lei Municipal Nº
16.858 de 25 de abril de 2003, sancionada pelo prefeito João Paulo de Lima e
Silva, denomina o Posto de Saúde do Alto José do Pinho, de Irmã Denize,
localizado na Rua Maragogi, Nº 5. Atualmente o posto é chamado de Unidade de
Saúde da Família Irmã Denize, ela que foi uma religiosa da Ordem das Irmãs
Dorotéias, que desenvolveu trabalhos sociais no bairro a partir da instalação
do Centro Social Dom João Costa, no início dos anos 1960.
GRUPOS, BANDAS E AGREMIAÇÕES CULTURAIS DO ALTO JOSÉ DO PINHO
Maracatu Estrela Brilhante está no Alto José do Pinho desde 1995. Foto: Roberta Guimarães.
MARACATU NAÇÃO ESTRELA BRILHANTE
Vitoriosa agremiação do carnaval
pernambucano, o Maracatu Estrela Brilhante foi fundado em 16 de julho de 1906
no bairro recifense de Campo Grande, pelo pescador negro, Cosmo Damião Tavares,
popularmente conhecido por “Seu Cosmo”, que era natural de Igarassu-PE. Após
seu falecimento em 1955, o maracatu passou pelas mãos de sua esposa Dona
Assunção; depois pela yalorixá Maria Madalena; Sr. José Martins Albuquerque;
Sr. Lourenço Molla; Marinalda Maria dos Santos; e pelo babalorixá Jorge do
Xangô. Depois que o Maracatu Estrela Brilhante saiu do bairro de Campo Grande
em 1966, sua sede mudou-se para a localidade do Alto do Pascoal, no bairro de
Água Fria, onde ficou até 1990, depois mudou-se para a rua Padre Lemos, em Casa
Amarela e em 1995, finalmente fixou-se no Alto José do Pinho.
O Maracatu Nação Estrela
Brilhante participou da EXPO-2000 em Hannover (Alemanha) e outros festivais na
França, Espanha e Portugal.
Garoto fantasiado no Alto José do Pinho em 1965, com parte de uma fantasia do Maracatu Estrela da Tarde. Foto: Katarina Real/Fundaj.
MARACATU ESTRELA DA TARDE
Fundado no dia 7 de setembro de
1943, no Alto José do Pinho, pelo morador Cassimiro Lopes, cidadão simples,
natural de Vicência-PE e apaixonado pelos maracatus. A agremiação carnavalesca
por não ter dinheiro para investir em fantasias mais sofisticadas, sempre fez
parte do 2º Grupo dos maracatus. Pelo nosso levantamento até 1975, o Estrela da
Tarde já havia sido campeão em sua categoria, 17 vezes. Para se ter uma ideia,
em 1976, a agremiação recebeu da prefeitura do Recife, apenas 500 cruzeiros,
uma quantia insignificante para levar o maracatu para às ruas, neste mesmo ano,
as agremiações do 2º grupo foram proibidas de desfilarem na Avenida Dantas
Barreto, no bairro de Santo Antônio. Um jornalista chegou a falar num programa
televisivo, que os maracatus apesar de se apresentarem bem nas passarelas, suas
fantasias eram feias e velhas, verdadeiros trapos, feio para os turistas veem.
Desfilar na Dantas Barreto era a
consagração para todas as agremiações carnavalescas nos anos 1970, ficar de
fora, era uma desonra para a agremiação. Seu Cassimiro ficou muito decepcionado
e pensou em não participar deste carnaval e só fazer apresentações pelo
interior do Estado como protesto. De cabeça fria, mesmo sem desfilar na referida avenida,
o Maracatu Estrela da Tarde saiu.
Um episódio negativo marcou a
história do Maracatu Estrela da Tarde, em seu quinto carnaval, no dia 9 de
fevereiro de 1948, numa segunda-feira, o Estrela da Tarde descia a rua Cabo
Epitácio Lucena, no Alto José do Pinho, acompanhado de grande multidão, a
frente do maracatu iam nove caboclos exibindo gingas de capoeira, uma tradição
na época, ao chegarem na esquina com a avenida Norte, havia um caminhão
pertencente ao sr. Aureliano, estacionado com diversos adesivos alusivos ao
carnaval, então os caboclos do maracatu resolveram retirar os adesivos, o filho
do dono do caminhão de nome Clemilson, reclamou da atitude dos rapazes e estes,
o agrediram a cacetadas com pedaços de pau. O motorista do caminhão conhecido
por Joaquim, percebendo que o filho do patrão estava desacordado no asfalto e
com profundo corte na cabeça, armado com uma pistola “combrain 380” saiu em
perseguição ao grupo e efetuou um disparo atingindo a srª Inês, moradora da rua
citada. Ela foi socorrida para o Pronto Socorro, mas veio à falecer horas
depois.
Toda a diretoria do Maracatu
Estrela da Tarde chegou a ficar detida no Comissariado de Casa Amarela até que
o comissário Raul Lins e o delegado Edson Maranhão elucidasse o caso.
Grupo Poesis – Este grupo é uma
espécie de canalizador dos elementos poéticos que faziam parte do “Grupo
Cultural do Alto José do Pinho (GCAJP)”, grupo este, promoveu na década 1990, eventos anuais denominados “Gestos,
Atitudes e Rock n’ roll, eventos nos quais os jovens do bairro ligado a música,
teatro e poesia apresentavam-se. Foi nesses eventos que começaram a despontar e
ser vistas as bandas de rock do Alto José do Pinho. Com o sucesso alcançado por
algumas bandas, especialmente a “Devotos”, o Movimento Cultural do Alto José do
Pinho rachou e o “Poesis” passou a questionar a postura delas, propagando que o
movimento cultural do Alto não era apenas o movimento das bandas.
Movimento Cultural Alto Falante –
É composto por integrantes das bandas de rock e rap e surgiu em meados da
década de 1990, com a ruptura do Grupo Cultural do Alto José do Pinho. O Alto
Falante mantém uma rádio comunitária e promove eventos com recursos advindos do
poder público.
Grupo de Teatro Zé do Pinho – É um grupo que também teve suas raízes no Grupo Cultural do Alto José do Pinho. Tem um trabalho voltado para divulgação do teatro e a formação de novos atores. O grupo de atores que formam o Zé do Pinho são críticos do Alto Falante e mantêm-se articulados com o Grupo Poesis, com o qual realizam eventos em parceria.
As Bandas de Punk Rock do Alto
José do Pinho – Foram, dentre os elementos do Grupo Cultural do Alto José do Pinho,
aqueles que adquiriram maior projeção na mídia, especialmente a Devotos,
Matalanamão e a Faces do Subúrbio. No início dos anos de 1990 chegou a existir
16 bandas no Alto José do Pinho. Com a notoriedade adquirida, os roqueiros não
mais participavam de eventos em parceria com o Poesis e os atores, o que levou
a ruptura do movimento e instalou mágoas
entre os seus respectivos integrantes. Atualmente, entre os próprios músicos
das bandas existem muitas rusgas. Os músicos dissidentes acusam Marconi de Souza Santos, Carnnibal, um dos líderes do movimento, de não se preocupar com os problemas
sociais do Alto e de só querer aparecer na mídia.
O Afoxé Ylê de Egbá foi fundado em 1986 por Dito D'Ossoxi e é destaque do carnaval pernambucano.
AFOXÉ YLÊ DE EGBÁ
AFOXÉ YLÊ DE EGBÁ
Foi fundado em 17 de agosto de
1986, é um bloco que participa do carnaval pernambucano. É comandado pelo pai
de santo Dito D’ Ossoxi, tem se apresentado em eventos dentro e fora do bairro
e já fez excursões para a América do Norte e Europa. O afoxé é um dos grupos
com mais trânsito entre os diversos atores, já tendo participado em eventos
junto com os outros grupos. O terreiro D’ Oxossi Axé Ara-Dudu, oriundo da casa
de matriz africana Ylê Asé AYrá Adjáosi,
é comandado por Expedito de Paula Neves, Dito de D’Ossoxi, que é também
presidente e membro do Afoxé Ylê de Egbá, com sede na rua Severino Belarmino.’.
Além de tocar os ritmos afro-pernambucano, o Afoxé Ylê De Egbá tocar também
outros ritmos como: coco, mazuca, samba, maracatu e xote.
Outros terreiros que eram
bastante conhecidos no Alto José do Pinho, era o da Casa da Justiça Divina Ylê
Kanabogy, fundada em 1952, na rua 40, Nº 20, pela Axé Gercina de Layrá Docy e
pai Malaquias de Yemanjá Ogunté. Em 1970, o terreiro mudou-se de Estado, foi
para o bairro carioca de Campo Grande-RJ.
O babalorixá Jonatan Ogifain é amparado por membros do terreiro, após ser possuído por uma entidade nagô num evento em 1960, no Alto José do Pinho.
Outro terreiro do Alto José do Pinho que ganhou destaque nos anos 1960, onde foi até notícia no Diário de Pernambuco em 4 de setembro de 1960, onde o centenário jornal destacou os principais terreiros da cultura africana no Recife entre os 287 terreiros existentes à época, o terreiro do babalorixá Jonatan Ogifain, em língua nagô. Seu nome civil era Josias Leônidas Neves. Ele era pai de santo do terreiro da tenda africana Santos Cosme e Damião, registrada na Federação dos Cultos Afro-Brasileiro.
Celo Brown (baterista), Marconi "Carnnibal" (vocalista) e Neilton (guitarista), formam a badalada "Banda Devotos" do Alto José do Pinho. Foto: Aline Sales.
BANDA DEVOTOS
BANDA DEVOTOS
A banda foi formada em 1988, por Marconi "Carnibal" (baixo e voz), Neilton Carvalho (guitarra) e o Celo Brown (bateria). A banda no
início chamava-se “Devotos do Ódio”, nome que foi tirado do livro “Infância dos
Mortos” do escritor, jornalista, novelista e roteirista, José Louzeiro. Este
livro deu origem ao filme brasileiro de grande sucesso, “Pixote” de Hector
Babenco.
A banda do Alto José do Pinho toca o punk rock e o hard-core, os músicos se
inspiraram na banda inglesa “Joy Division”, e que aumentou o desejo pelo
gênero, após a chegada do sinal da MTV no Alto. Bandas paulistas como
“Inocentes” e “Cólera”, além do movimento Mangue Beat, com mistura de ritmos
pernambucanos do grande Chico Science, impulsionou ainda mais o desejo dos
jovens da “Devotos” pelo estilo pesado do punk rock e do hard-core, o que
causou estranheza e reprovação no início pela comunidade que não estava
acostumada com aquela barulheira esquisita. O povo estava acostumado com o
barulho do afoxé, do maracatu, do caboclinhos, do frevo e do samba.
O trio no início da banda quando ainda era "Devotos do Ódio".
Com o crescimento do trabalho da banda Devotos e a divulgação do trabalho pela mídia, aos poucos, a banda conquistou a simpatia dos moradores do Alto José do Pinho. O sucesso da banda originou o surgimento da ONG chamada de Alto Falante, que realiza projetos culturais e sociais na comunidade. A banda Devotos já gravou oito discos e já superou duas décadas. A banda Devotos já participou da gravação do DVD da cantora Pitty em 2009, onde executou a canção “Alto José do Pinho”.
Os discos gravados pela banda
Devotos foram: Agora tá Valendo (1997); Devotos (2000); Hora da Batalha (2003);
Sobras da Batalha (2004); Flores com Espinhos para o Rei (2006); Devotos- 20
anos (2009). Além de duas copilações: Victória (2010) e Demos e Raridades,
ambos em vinil.
O grupo foi formado em 1992 antes
de se tornar uma banda em 1996, e seus integrantes atualmente são: Zé Brown
(vocal e pandeiro); Tiger (vocal e pandeiro); Ony (guitarra e viola); Eduardo
Slap (baixo); Perna (bateria) e DJ. Beto (pick-up). Outros integrantes que
fizeram parte da banda foram: Marcelo Massacre (baixo); Garnizé (bateria) e DJ.
KSB (scratches). Faces do Subúrbio é um
grupo de rap do Recife, que fez parte
do Movimento Mangue Beat, com a mistura
de hip-hop, punk, embolada, hard-core e repente. O grupo foi indicado ao
Grammy Latino em 2001. Os integrantes da banda são engajados em projetos
sociais e dão aulas de dança e música para as crianças carentes do Alto José do
Pinho.
A banda inspirou-se nos rappers
brasileiros “Thaíde” e “DJ. Hum” e na banda de rock norte-americana “Body
Count”, além dos dançarinos de break Tiger e Zé Brown. Em 1996, incorporou
instrumentos musicais em suas apresentações e tornou-se de fato, a banda Faces
do Subúrbio. Em 1999, participou da gravação do álbum “Vô Embolá” de Zeca
Baleiro, com a música “Piercing”. Em 2000, lançou o álbum “Como é triste de
olhar”, que no ano seguinte foi indicado ao Grammy Latino. Em 2005, Faces do
Subúrbio se apresentou no Carreau du Temple, na França, na programação do “Ano
do Brasil na França”.
A banda gravou o álbum Faces do
Subúrbio em 1997 e 1998; Como é Triste de Olhar (2000) e Perito em Rima (2005).
No dia 3 de novembro de 1997, um fato marcou a história da banda Faces do Subúrbio. Era uma segunda-feira, no Parque de Exposições do Cordeiro, no Recife. O show da banda foi subitamente interrompido por cerca de oitenta policiais militares descontentes com a execução da música "Homens Fardados", que faz críticas a atuação arbitrária de maus policiais nas periferias. Os policiais militares invadiram o pátio e o palco e prenderam os integrantes da banda, além de agirem com cacetetes diante de um grupo de jovens que dançavam o "pogo", dança típica deste tipo de ritmo que mistura correria e chutes no ar, muito praticado pelas galeras suburbanas. O produtor Ary Porto, assustado pelo frisson da dança, chamou o policiamento, alegando que a dança estava gerando uma baderna. O fato gerou grande repercussão na cidade.
PANORAMA ATUAL DO ALTO JOSÉ DO PINHO
Foto montagem do DP. |
PANORAMA ATUAL DO ALTO JOSÉ DO PINHO
O Alto José do Pinho atualmente,
é um bairro na área de morro da zona norte do Recife. A 6,05 Km do Recife. Com
12.334 mil habitantes (CENSO IBGE – 2010), sendo 5.617 do sexo masculino e
6.717 do sexo feminino. Antes era uma localidade pertencente ao bairro de Casa
Amarela, mas, em 1988, foi transformado em bairro através da Lei Municipal Nº
14.452, sancionada pelo prefeito Jarbas Vasconcelos. Esta localizada na Região
Política Administrativa (RPA)-3, microrregião- 3.2. A Lei Municipal Nº 16.293
de 3 de fevereiro de 1997, sancionada pelo prefeito Roberto Magalhães,
delimitou o Alto José do Pinho da seguinte forma: Começa na confluência da
Avenida Norte com a Rua Urubatuba e Córrego do Bartolomeu, segue por essa rua
atravessando o trecho inicial do Córrego José Grande, por onde prossegue até o
canal, segue por este até atingir a Rua Arlindo Cysneiros, deflete à esquerda e
segue por esta até a Rua Serra Preta, deflete à direita e segue por esta até
atingir a Rua Desembargador Heráclito Cavalcanti, daí deflete à esquerda
prosseguindo por esta até atingir a Rua do Rio, deflete à esquerda até atingir
a Rua Bugari, deflete à direita e segue por esta cruzando a Rua Avenca até
atingir a Rua Severino Bernardino Pereira, deflete à direita e segue por esta
até atingir a Rua Barra Verde, por onde cruza a Rua Turvo para alcançar a Rua
Monte Orea de onde se dirige para a Avenida Norte, prosseguindo para a
confluência desta avenida com as ruas Urubatuba e Córrego do Bartolomeu, ponto
inicial.
Por: Jânio Odon/BLOG VOZES DA
ZONA NORTE (DIREITOS RESERVADOS).
Fonte: Alguns trechos desta postagem foram extraídas da Dissertação
Acadêmica do Professor de História, Ricardo Leite da Silva (UFPE)- Programa de
Pós-Graduação em História- “Alto José do Pinho, ocupação, instituição e
práticas culturais – 1940-1960”; Livro: “As ferrovias do Brasil nos
cartões-postais e álbuns de lembranças” de João Emílio Gerodetti e Carlos
Cornejo; Diário de Pernambuco; Revista O Cruzeiro. Agradecimento a Srª Irmã Luiza Cordeiro, do Centro Social Dom João Costa.
ALTO JOSÉ DO PINHO EM FOCO
O aterro, a terraplanagem e o alargamento da Avenida Norte em 1956. Era o fim dos trilhos dos antigos trens que tanto contribuíram para a povoação do Alto José do Pinho por cidadãos vindo do Interior do Estado e da Paraíba. Foto: Fundação Joaquim Nabuco.
O caminhão-trailler apelidado de "Tintureira" pertencente ao morador do Alto José do Pinho, sr. Miguel Cavalcanti. O Tintureira prestava serviço a Secretaria de Segurança Pública e outros orgãos do governo do Estado, no transporte de presos, mendigos, loucos e doentes graves, nas décadas de 1940 e 1950. Foto: Arquivo Marco Simão.
Tropas do exército no Alto José do Pinho durante as eleições estaduais de outubro de 1962. Foto: Diário de Pernambuco.
Desfile cívico do dia da Independência do Brasil durante a Ditadura Militar de 1964, no Alto José do Pinho. Foto: Arquivo Marco Simão.
Festa de Santo Cosme e Damião nos anos 1960, na antiga Rua 51 (atual Rua Monte Belo). A distribuição de presentes e doces para a criançada era bastante concorrida. Foto: Arquivo Marco Simão.
Senhora descendo a ladeira no Alto José do Pinho nos anos 1960, onde não existiam escadarias. Foto: Arquivo Marco Simão.
Equipe do Bom Sucesso nos anos de 1960, onde foi por duas vezes vice-campeão da segunda divisão do Campeonato Pernambucano de Futebol. Foto: Bom Sucesso F.C.
O Alto José do Pinho em 1961, visto da Rua do Rio. Foto: Katarina Real/Fundaj
Exibição da Tribo Carnavalesca Tabajara no Alto José do Pinho em 1964. Foto: Katarina Real/Fundaj.
A moçada da Banda Devotos no Som Brasil, São Paulo em 1997: (Esq. para Dir.) Neilton (Devotos), Silva, Marconi "Carnibal" (Devotos), Paulo André, Celo Brown (Devotos), Chico Science e Arnaldo Antunes.
ALTO JOSÉ DO PINHO EM FOCO
O aterro, a terraplanagem e o alargamento da Avenida Norte em 1956. Era o fim dos trilhos dos antigos trens que tanto contribuíram para a povoação do Alto José do Pinho por cidadãos vindo do Interior do Estado e da Paraíba. Foto: Fundação Joaquim Nabuco.
Mapa da região de Casa Amarela, feito pelo Departamento de Higiene e Saúde em 1924, o AltoJosé do Pinho em destaque com seus antigos traçados. Foto reproduzida do trabalho do professor da UFPE, Ricardo Leite da Silva.
O caminhão-trailler apelidado de "Tintureira" pertencente ao morador do Alto José do Pinho, sr. Miguel Cavalcanti. O Tintureira prestava serviço a Secretaria de Segurança Pública e outros orgãos do governo do Estado, no transporte de presos, mendigos, loucos e doentes graves, nas décadas de 1940 e 1950. Foto: Arquivo Marco Simão.
Tropas do exército no Alto José do Pinho durante as eleições estaduais de outubro de 1962. Foto: Diário de Pernambuco.
Desfile cívico do dia da Independência do Brasil durante a Ditadura Militar de 1964, no Alto José do Pinho. Foto: Arquivo Marco Simão.
Festa de Santo Cosme e Damião nos anos 1960, na antiga Rua 51 (atual Rua Monte Belo). A distribuição de presentes e doces para a criançada era bastante concorrida. Foto: Arquivo Marco Simão.
Senhora descendo a ladeira no Alto José do Pinho nos anos 1960, onde não existiam escadarias. Foto: Arquivo Marco Simão.
O Alto José do Pinho em 1961, visto da Rua do Rio. Foto: Katarina Real/Fundaj
Exibição da Tribo Carnavalesca Tabajara no Alto José do Pinho em 1964. Foto: Katarina Real/Fundaj.
A moçada da Banda Devotos no Som Brasil, São Paulo em 1997: (Esq. para Dir.) Neilton (Devotos), Silva, Marconi "Carnibal" (Devotos), Paulo André, Celo Brown (Devotos), Chico Science e Arnaldo Antunes.
Excelente trabalho que nos dá acesso aos primórdios da vida urbana do Recife. Saliento apenas que o nome do vocalista do Devotos é "Marconi" ou apenas "Cannibal", como é conhecido artísticamente.
ResponderExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
ExcluirBom dia Marcus, obrigado pela participação. vc tem razão, a fonte que me forneceu os dados do vocalista do devotos, se equivocou. O nome do vocalista na verdade é: Marconi de Souza Santos, também conhecido na comunidade por Dinho. Um abraço!
ExcluirObrigada pelo excelente trabalho.
ResponderExcluirA pessoa que lhe deu as informações do Centro Social Dom João Costa se equivocou em quase todas as informações:
ResponderExcluirData de fundação é 11 de julho de 1969
Endereço de fundação e até hoje: Rua Acaiaca 70 Alto José do Pinho Recife PE
Quem o fundou: As Religiosas da Instrução Cristã tendo como primeira presidente (gestora) Ir. Denise Costa.
É uma ONG - e por isso não tem nada a ver com o Prefeito Augusto Lucena citado por você. Lamentamos a pessoa que informou ter cometido tantas inverdades num texto tão pequeno.
Qualquer esclarecimento procure-nos estamos nesse mesmo endereço e funcionamos de segunda a sábado nos três turnos.
Irmã Luiza Cordeiro 98875-2026
Segue abaixo a nossa história contada por que a construiu a vivencia a cada dia.
HISTÓRICO
O CENTRO SOCIAL DOM JOÃO COSTA (CSDJC) foi fundado em 1969, pelas religiosas da Congregação Damas da Instrução Cristã, no Bairro do Alto José do Pinho, Recife-PE, é uma associação civil de natureza confessional, beneficente e filantrópica, sem fins lucrativos, de caráter educacional cultural e de assistência social.
A missão do CSDJC é a promoção do ser humano em todos os seus aspectos: materiais, morais, sociais e religiosos, integrando-o ou reintegrando-o à sociedade, ajudando a prepará-lo para assumir sua cidadania, sempre em conformidade e com fidelidade ao Carisma e aos objetivos da entidade fundadora a Congregação das Damas da Instrução Cristã.
Educa e presta assistência social básica à infância, à adolescência, à juventude e aos adultos, em consonância com o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - L.D.B. e a Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS . Mantém com instituições congêneses articulações e intercâmbios educacionais, culturais, assistenciais, beneficentes e informativos. Atualmente os principais parceiros do CSDJC são: A Associação das Damas da Instrução Cristã, o Governo do Estado de Pernambuco e a Prefeitura da Cidade do Recife viabilizando a implantação de um Telecentro Comunitário e um núcleo do PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), O Núcleo Jurídico da Faculdade Damas, Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco (através do programa Ciranda de Ações Preventivas).
Na perspectiva da Gestão institucional o CSDJC possui um Conselho Diretor formado por membros da Congregação Damas da Instrução Cristã e associados representantes da sociedade civil.
Boa tarde,sra. Luiza Cordeiro, obrigado por participar e curtir o blog. Sua informação é bastante valiosa, no entanto, esta informação tem como fonte, a edição do Diário oficial de PE de 31/01/1965,diz que o Centro de Assistência Social Dom João da Costa, localizado no endereço referenciado e que em 1969, o prefeito Geraldo Magalhães sancionou a Lei Mun.Nº 10.171,tornando o centro de utilidade pública e social administrado pela ONG que a senhora cita. Entretanto, o Centro havia sido inaugurado pelo prefeito Augusto Lucena,quando o centro funcionava na rua 20. Fica difícil contestar o que foi publicado pelo Diário Oficial do Estado, agora, o que a senhora relata a partir de 69, aí sim, suas informações conferem sem contestação. Um forte abraço!
ExcluirEles querem mudar a história kkkk
ExcluirNão sabia sobre quase nada do bairro onde morava...só alguns as coisas, mais muito pouco. O AJP, para mim é um ótimo lugar para se morar. Sempre que posso vou lá. ver os velhos amigos. Gostei muito dá história.....Meu Nome é George sou de 1983.
ResponderExcluirObrigado George pela participação. Um abraço!
ExcluirSou pernambucana do corrego do Euclides amo casa amarela e outros bairros moro atualmente no RN há 16 anos pretendo voltar a Recife para visitar amigos parentes muitas saudades me emocionei muito com a historia👏👏👏👏👏👏❤
ResponderExcluirobrigado Solange, pela participação. Uma abraço!
ExcluirMaravilhoso esse resgate histórico do Alto. Senti a falta do meu pai Júlio Bento que foi importante na conquista e mapeamento das casas antes de Vieira da Cunha. Passando o título de posse pro moradores junto com Geraldo do violão dentre outros. Além disso ele tb ficou conhecido por saber informar todas as ruas do Alto e brincava que o mapa estava na sua mente. Como filha fico feliz quando é lembrado porém vejo que muitos destes atores sociais se perderam na memória histórica.
ResponderExcluirBoa noite, Ana Clara. É muito difícil contar a história de um bairro quando vc não mora ou nunca morou. A pesquisa é feita em cima de trabalhos universitários, jornais, revistas, livros e moradores antigos. O trabalho dura meses e nem tudo está nesses materiais de estudo. Peço minhas desculpas, porém o seu comentário está aí para quem querer vê e relembrar. Se vc tem fotos antigas do bairro e de pessoas como seu pai. É só mandar digitalizada para o email: janioalencar63@gmail.com
ResponderExcluirUm abraço!
Sou professora de biblioteca da Escola Santa Maria há 14 anos...estou fazendo um pequeno trabalho, biblioteca, Programa Manuel Bandeira e Fundaj, sobre o Alto José do Pinho. Este conteúdo só terá valor se construído com os alunos...quero dar ênfase principalmente às figuras populares e a Cultura do local. Gostei muito do que li...obrigada
ResponderExcluirBoa tarde, Bernadete. Obrigado pela visitação e o comentário.É sempre importante a valorização do trabalho do autor citando a fonte. Um abraço!
ResponderExcluirOlá, amigo! Por acaso, o senhor teria alguma informação do Veneno Esporte Clube do Alto do Mandu, tipo cores, foto?
ResponderExcluirMatéria sensacional, simplesmente incrível! Parabéns
ResponderExcluirHistória marcante né faz parte da cultura popular do povo pernambucano parabéns
ResponderExcluirfaltou comentar a construção da primeira capelinha inaugurada por Dom Helder Câmara.
ResponderExcluirGostei tem uma lembrança boa aí do meu Pai jogando bola Lula Pescosilho
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