terça-feira, 10 de agosto de 2010

Uma mulher comanda o clássico das multidões

8/11/1992- Maria Edilene pressionada pelos jogadores do Santa Cruz, na expulsão de Malhado. Foto: Diário de Pernambuco.

Jogador do Santa Cruz, Malhado. Expulso por Maria Edilene. Foto: Jornal do Commércio/Recife.

No dia 8 de Novembro de 1992, marcou o futebol pernambucano, quando a caruaruense Maria Edilene Siqueira, entrou no gramado da Ilha do Retiro e apitou o clássico Sport Recife 0x1 Santa Cruz, quebrando um tabu de setenta e sete anos, pois jamais havia tido notícia que uma mulher apitara um jogo de futebol masculino, muito menos, um clássico do futebol profissional pernambucano, rodeado de tamanha rivalidade e pressão em desfavor da mediadora. Todavia, Maria Edilene demonstrou calma, competência e rigidez, marcando em cima do lance e não admitindo indisciplina e quem pensou que era blefe da arbitragem, acabou expulso, foi o caso do atleta do Santa Cruz, Malhado.

Outro episódio marcante na carreira de Maria Edilene, que na ocasião bandeirava, ocorreu no dia 10 de Novembro de 1993, no Pacaembu (SP), jogavam Corinthians- SP e Cruzeiro-MG pela Copa do Brasil, quando aos 44 minutos do 2º tempo, Rivaldo (aquele mesmo que jogou no Santa Cruz e foi o melhor do mundo em 99) recebeu um lançamento pela esquerda e fez o gol da vitória do timão e da desclassificação dos cruzeirenses, que ficaram atônitos e desesperados quando perceberam que Maria Edilene corria em direção a linha de meio de campo, evidentemente validando o gol. Os jogadores do Cruzeiro cercaram a bandeirinha e o jogador Nonato, covardemente o atinge com um chute na perna. Esse jogo foi o assunto da semana em todo país e Maria Edilene, o centro das atenções. Mais o tira- teima não deixou dúvida, e mostrou que ela estava certa.

Maria Edilene Siqueira, que é policial civil, jogou futebol feminino no time das “Coloridas”, representando o Santa Cruz, como não entendia nada das regras do futebol, certo dia seu treinador lhe presenteou com um livro sobre técnicas e regras do futebol do autor e especialista no assunto Leopoldo Santana. Despertando assim, seu desejo em ser arbitra de futebol e escrevendo-se no curso de arbitragem da FPF, iniciando sua carreira em 1983, e no início dos anos 90, ascendia ao quadro profissional, daí por diante sua carreira decolou.

Por: Jânio Odon de Alencar
Fonte: Diário de Pernambuco e Revista Placar.

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