sábado, 19 de abril de 2014

Guns N'Roses atrasa, mas arrasa no Chevrolet Hall, no Recife

A banda de rock americana Guns N'Roses apresentou-se pela primeira vez no Nordeste. Foto: LeiaJá.



15 de abril de 2014 (Terça-feira)

Casa cheia, público e banda felizes. Ainda que tenha sido alvo de vaias por conta da demora em subir ao palco, Axl Rose e o seu Guns N’ Roses versão século 21 fizeram um show  à altura da expectativa dos fãs, na noite desta terça (15), no Chevrolet Hall. Por cerca de duas horas e meia, e sem apelar para aquela mais do que manjada volta para o bis, os oito músicos tocaram com muita competência os grandes sucessos do grupo norte-americano de hard rock.
Às 21h em ponto, a cearense Vatz abriu a noite tocando músicas próprias em inglês e alguns covers de grupos como The Raconteurs, Muse e The White Stripes. A banda não chegou a empolgar, mas foi bastante respeitada pelo público que a aplaudiu ao final da sua apresentação.

Faltando mais ou menos cinco minutos para as 22h, a equipe técnica do Guns começou a ajustar o palco para o grupo. A plateia vibrou quando o pano que cobria a bateria de Frank Ferrer foi retirada. Será que eles começariam a tocar dali a pouco? Triste engano. Foram quase duas horas de espera, acompanhadas por um absurdo calor que tomava conta do espaço. As vaias começaram a surgir.

Não se sabe se por brincadeira ou também por irritação, o guitarrista Ron “Bumblefoot” Thal surgiu do fundo do palco e, batendo no pulso como se nele houvesse um relógio, juntou-se ao coro dos descontentes.

Porém, faltando dez minutos para a meia-noite, a insatisfação se desintegrou e se transformou em alegria. O Guns N´ Roses estava no palco, iniciando o show com Chinese democracy. Apesar de não ser tão famosa quanto as que viriam a seguir, muita gente cantou essa música que dá nome ao mais recente álbum do grupo, lançado em 2008.

Daí emendaram logo três sucessos do primeiro disco, Appetite for destruction (de 1987), cujas 12 músicas são praticamente todas hits. Welcome to the jungle,  It’s so easy e Mr. Brownstone incendiaram o público ao ponto de um rapaz, que estava na área em frente ao palco, irritar quem estava perto dele devido a seu excesso de empolgação. Quase sai briga, a qual foi logo contida por quem estava por perto.

O áudio e o palco
A qualidade do som estava boa. Era possível ouvir todos os instrumentos (com exceção dos teclados), com tudo muito bem equalizado e, bastante importante, numa altura decente: nem muito alta, nem baixa. No ponto. A voz de Axl não estava aparecendo direito no início do show, problema que foi logo sanado.

Nos anos 1980, era muito comum grupos de hard rock e heavy metal armarem o palco com um elevado que servia para abrigar a bateria, deixando-a numa posição bem alta. O Guns retomou essa organização com bastante eficiência. Lá no alto, além dos tambores e pratos de Ferrer, abrigam-se os tecladistas Dizzy Reed e Chris Pitman. Os outros músicos da banda também por lá passeiam. Aliás, o povo das cordas e o vocalista passeavam por todos os locais do palco, o que deu uma boa dinâmica à apresentação.

 O público pernambucano prestigiou o Guns N' Roses. Foto: LeiaJá.

Além dos telões do Chevrolet, a banda trouxe outros para cima do palco, os quais mostravam bons detalhes dos integrantes da banda, do público além de vídeos. Alguns deles, bem cafonas e dispensáveis, diga-se. Também houve fogos de artifício no palco. O público adorou. Chegaram a jogar, por duas vezes, bandeira do Sport Clube do Recife no palco. Mas ela foi ignorada, ao contrário de uma do Brasil que foi adotada pelo guitarrista Ron.
Axl foi bem
Aos 52 anos, Axl Rose não faz mais aquelas loucas corridas pelo palco que desenvolvia nos anos 1990. Algo que talvez tenha mais a ver com a maneira pela qual a pessoa cuida do corpo do que com a idade em si. Tanto que o vocalista do Iron Maiden, Bruce Dickinson, com seus 55, continua praticamente com a mesma desenvoltura há mais ou menos três décadas. No entanto, o Axl “corredor” não fez falta. Se saiu bem, foi simpático sem ser prolixo e transmitiu carisma. A sua voz soava como a dos velhos tempos: ou seja, às vezes irritante. Mas foi justamente com esse seu timbre rasgado e rouco que ele fez sua fama. Tomando-se como base como se portou no show do Recife, Axl deve chatear muita gente que o detesta por mais alguns anos e alegrar quem por ele simpatiza pelo mesmo período.
 Axl Rose não correu pelo palco como antigamente, mas foi carísmático com o público. Foto: LeiaJá.
 
Hino de Pernambuco e Chico Science
 
Apresentado pelo vocalista como o “cara novo”, o baixista original do Guns, Duff McKagan, nem parecia que estava ali para substituir o outro colega de instrumento que precisou se ausentar nesses últimos shows no Brasil. O homem com seus 50 anos de idade, braços musculosos tatuados e jeito punk, passava a impressão de estar totalmente em casa. Duff também assumiu os vocais em Attitude e Raw Power, do álbum de covers The Spaghetti incident?.

Mais à vontade ainda estavam os guitarristas Richard Fortus, Bumblefoot e DJ Ashba, com seus instrumentos lindamente bem timbrados e audíveis. Os três se revezavam na execução nota por nota dos solos outrora criados por Slash - um dos instrumentistas mais carismáticos do hard rock. Eles eram os músicos que mais interagiam com o público, depois do patrão. Especialmente, Ashba e Bumblefoot, que tocou trecho do Hino de Pernambuco. Obviamente, a casa quase veio abaixo nesse momento. Quando ele e Fortus pegaram os violões para dali a pouco introduzir Patience, Bumblefoot tocou um pedacinho do riff de A praieira, de Chico Science & Nação Zumbi. Mas foi tão rápido que pouca gente percebeu.

Solos
O show do Guns N’ Roses deve ter sido um dos mais profissionais que já aportaram nos últimos anos no Recife. Tudo parece ser roteirizado e quase todos os músicos capricham também na teatralidade e no visual. O recurso de fazer seus números exclusivos tocando junto com outros colegas (em forma de jam session) deixou mais interessantes os solos dos guitarristas.

Diversão
Entre os momentos de maior emoção e gritaria estiveram as execuções de Live and let die, de Paul McCartney, Sweet child o’ mine (pouco depois da metade do show), November rain, You could be mine e Knockin’ on heaven’s door, cover de Bob Dylan.  Enfim, quem foi deve ter compensado os caros ingressos assistindo a um espetáculo de poucas inovações, mas muita qualidade. A diversão foi garantida!

Por: AD Luna/Diário de Pernambuco

 


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