Uma modernização inadequada na estreita Avenida Presidente Kennedy tem provocado muitos protestos pela população local. Foto: Jânio Odon/21.02.2019.
Saiba um pouco da história da
emblemática Avenida Presidente Kennedy, uma avenida de grande importância para
a população que mora na outra extremidade da orla olindense. Começa no
Varadouro passando pelo girador do Complexo de Salgadinho e terminando na
Estrada do Caenga em São Benedito com Águas Compridas. O problema da Avenida
Presidente Kennedy é crônico, sai governo, entra governo e ninguém consegue
solucioná-lo. Desde a sua inauguração, a buraqueira, a sujeira, os alagamentos
sempre fizeram parte de sua rotina. Agora, com a implantação do terminal
integrado de passageiros em São Benedito e toda mudança na infraestrutura da
avenida, provocaram e ainda provoca uma série de manifestações por parte dos
moradores dos bairros que margeam esta
artéria. Os moradores reclamam que as paradas de ônibus ficaram distantes umas
das outras, são apenas oito. Falta ônibus integrados para os terminais da PE-15
e Macaxeira. E os ônibus são insuficientes, circulam sempre lotados,
principalmente em horários de pico. Os comerciantes reclamam que com a criação
da faixa exclusiva de ônibus, os clientes ficaram sem local para estacionar
seus veículos e com isso, a clientela diminuiu. Outra reclamação, é a questão
do abastecimentos de seus comércios, já que muitos comerciantes não tem local
adequado para carga e descarga de mercadorias, causando grande transtornos e
prejuízos. E os ciclistas, só Deus tem misericórdia. Disputar com veículos em
uma única faixa é quase um suicídio.
De acordo com o Dicionário
Topográfico Estatístico e Histórico da Província de Pernambuco de 1863, a
estrada que atualmente é denominada de Avenida Presidente Kennedy, foi aberta
através da Lei Provincial Nº 152 de 30 de março de 1846. A estrada ligou o
terreno ao sul do Forno da Cal (atual bairro de Peixinhos) à Freguesia de
Beberibe, que na época pertencia a Olinda. Entretanto, nesta época, apenas o trecho que vinha da Estrada do Caenga pela Estrada do Matumbo até a entrada da subida da Rua Dalva de Oliveira corresponde ao atual traçado da Avenida Presidente Kennedy, conforme veremos:
Planta de 1875, mostrando o trecho entre Porto da Madeira a Peixinho e Forno da Cal (atual Jardim Fragoso), antes da abertura da Avenida Presidente Kennedy que foi aberta em 1968.
Desde o início do século XX, esta estrada ficou conhecida por dois nomes: Estrada do Matumbo, que começava em Beberibe seguia por São Benedito (onde hoje fica a atual avenida Kennedy) e cruzava o Rio Beberibe subindo a atual Rua Dalva de Oliveira (Porto da Madeira) e terminava na atual Avenida Beberibe, na linha férrea. O outro trecho que seguia até Peixinhos, começava na junção da atual Rua Dalva de Oliveira, seguindo pequeno caminho, onde hoje fica o prédio da Antactica até encontrar a atual Estrada de Aguazinha. A partir daí, cortando uma extensa área de vegetação até atingir trecho do atual bairro de Jardim Brasil II, onde a estrada se dividia em duas. A da esquerda, levava até o Engenho Forno da Cal (no atual bairro de Jardim Fragoso, o caminho da direita, seguia até atingir o Sítio Salgueiro, que ficava próximo onde atualmente fica a Rádio Tamadaré, em direção ao atual bairro de Peixinhos. Estrada esta, que ficou conhecida por Estrada de São Benedito. Este traçado da estrada, consta na "Planta da Cidade do Recife e seus Arrabaldes" de março de 1875, onde consta trechos de Olinda, organizada pela repartição das obras públicas, sob determinação do Sr. Henrique Pereira de Lucena, Presidente da Província de Pernambuco, conforme art. Nº36, da lei provincial Nº1141.
Estrada de São Benedito (atual Avenida Presidente Kennedy) em uma comemoração pelo dia do trabalhador em 1º de maio de 1960. Foto: Fotolog do Antônio.
Em 1968, é inaugurada a Avenida
Kennedy, como era chamada no início, com seu atual traçado, na gestão do prefeito de Olinda, Benjamin
de Aguiar Machado e o governador de Pernambuco, Nilo Coelho. Todavia, o
processo de pavimentação foi bastante lento, sob alegação de falta de recursos
já que a mesma possui 6 quilômetros de extensão. A avenida foi aberta no barro
batido, sem asfalto e durante anos foi sendo pavimentada por etapas.
Fábrica da Antárctica Olinda, em São Benedito. Foto: Jânio Odon/19.02.2019.
Dois fatos motivaram a abertura da Avenida Presidente Kennedy. A primeira foi a instalação da indústria de bebidas Antarctica de Olinda inaugurada em 31 de maio de 1969, em um imenso terreno na então Estrada do Matumbo com a antiga Travessa de Aguazinha adquirido em 1967. A Companhia Antarctica Paulista Indústria Brasileira de Bebidas e Conexos e a IPEBA- Indústria Pernambucana de Bebidas Antarctica S/A investiu no empreendimento a quantia de NCR$ 382.596,82 (trezentos e oitenta e dois mil, quinhentos e noventa e seis cruzeiros novos e oitenta e dois centavos). A Antarctica de Olinda produziu cerveja até 1995, sob a administração da AMBEV- Companhia de Bebidas das Américas, que transferiu a produção de cervejas para o estado da Paraíba, ficando só com a produção de refrigerantes. Em 7 de junho de 2002, os funcionários foram informados pela direção da AMBEV que a Antarctica de Olinda estava fechando definitivamente e que a produção de refrigerantes seria transferida para a unidade da Brahma localizada no município do Cabo de Santo Agostinho-PE. O fechamento da fábrica provocou muitas demissões. Atualmente é apenas uma distribuidora de bebidas.
Dois fatos motivaram a abertura da Avenida Presidente Kennedy. A primeira foi a instalação da indústria de bebidas Antarctica de Olinda inaugurada em 31 de maio de 1969, em um imenso terreno na então Estrada do Matumbo com a antiga Travessa de Aguazinha adquirido em 1967. A Companhia Antarctica Paulista Indústria Brasileira de Bebidas e Conexos e a IPEBA- Indústria Pernambucana de Bebidas Antarctica S/A investiu no empreendimento a quantia de NCR$ 382.596,82 (trezentos e oitenta e dois mil, quinhentos e noventa e seis cruzeiros novos e oitenta e dois centavos). A Antarctica de Olinda produziu cerveja até 1995, sob a administração da AMBEV- Companhia de Bebidas das Américas, que transferiu a produção de cervejas para o estado da Paraíba, ficando só com a produção de refrigerantes. Em 7 de junho de 2002, os funcionários foram informados pela direção da AMBEV que a Antarctica de Olinda estava fechando definitivamente e que a produção de refrigerantes seria transferida para a unidade da Brahma localizada no município do Cabo de Santo Agostinho-PE. O fechamento da fábrica provocou muitas demissões. Atualmente é apenas uma distribuidora de bebidas.
O segundo fato, foi o lançamento
da pedra fundamental de fundação do bairro de Jardim Brasil em 24 de agosto de
1968, com construções de moradias populares pela COHAB-PE.
No passado e no presente a Avenida Presidente Kennedy sofre com os mesmos problemas: alagamentos, sujeira e trânsito caótico. Foto: Jornal do Commercio/Recife.
A peleja pela pavimentação da Avenida
Presidente Kennedy durou anos. No dia 10 de setembro de 1970, na sala de
sessões da Assembleia Legislativa de Pernambuco (ALEPE), o deputado Mário
Monteiro solicitava a pavimentação da avenida com sua indicação de Nº 341.
Disse o parlamentar em plenário: “Que seja formulado apelo ao governador no
sentido de que o mesmo entre em convênio
com o Departamento de Estrada e Rodagem (DER) e a Prefeitura de Olinda com a
finalidade de construir a Avenida Kennedy, de grande importância para o
município de Olinda”. Cinco dias depois, a ALEPE deu parecer favorável.
No dia 11 de junho de 1971, o
famoso radialista da Rádio Olinda, Alcides Teixeira, que ganhou fama por
distribuir cadeiras de rodas às pessoas pobres e foi fundador do clube de
futebol Vovozinhas, que depois mudou de nome para Santo Amaro, fez um apelo ao
prefeito de Olinda em sua coluna no Diário da Manhã para os problemas
existentes na Avenida Presidente Kennedy e os bairros vizinhos. “Nesse passeio
de hoje na ronda que faço pelos bairros, quero analisar os vexames que passam
os moradores da Avenida Presidente Kennedy, em todo seu transcurso. Desde o seu
início, na antiga Estrada do Matumbo até os Peixinhos. A buraqueira, a lama
podre e a água empoçada por ali, parece não ter fim. Não posso saber qual o
milagre daquela gente, ainda possuir uma empresa de transporte coletivo, porque
em outras áreas, com menos precipícios do que existe na Avenida Presidente
Kennedy os comodistas proprietários, retiram seus veículos de circulação,
deixando o povo no maior abandono. Não custava nada a prefeitura colocar barro
e tapar os buracos existentes... E agora, voltando ao nosso assunto primitivo,
vamos fazer um apelo ao senhor Ubiratan de Castro, prefeito de Olinda para que
seja diminuído o sofrimento dos moradores de Peixinhos, de Sítio Novo, de Caixa
D’Água, Águas Compridas e adjacências principalmente, na margem da Avenida
Presidente Kennedy, local em que seus moradores vivem implorando da prefeitura,
melhores cuidados”.
No dia 16 de abril de 1972, o
prefeito de Olinda, Ubiratan de Castro anuncia a imprensa a pavimentação dos 6
quilômetros da Avenida Presidente Kennedy, com 30 metros de largura, ligando o
bairro de Santa Tereza a Águas Compridas. No dia 29 de agosto de 1972, começava a
pavimentação da avenida pela COHAB e Prefeitura de Olinda. Na segunda quinzena
de março de 1973, a pavimentação da Avenida Presidente Kennedy foi concluída.
No dia 2 de fevereiro de 1975,
liberado após conclusão, trecho do girador da Avenida Presidente Kennedy, no
recém construído Complexo de Salgadinho, com a Estrada do Paulista (atual
Avenida Pan Nordestina) até próximo ao 7º RO em Ouro Preto.
Em outubro de 2008 começou uma
grande obra de requalificação da Avenida Presidente Kennedy, no valor de R$
8.885.248,87 (oito milhões, oitocentos
e oitenta e cinco mil, duzentos e quarenta e oito reais e oitenta e sete
centavos), uma ação conjunta com o Governo
do Estado, o Banco Mundial, a Caixa Econômica Federal, o Prometrópole e a
Prefeitura de Olinda. para melhoria da pavimentação, drenagem, sinalização
horizontal e a construção de oito paradas de ônibus com corredor exclusivo em
4,4 quilômetros de avenida, obras concluídas em 2013 e que ainda hoje sofre
reparos estruturais. A inauguração do Terminal Integrado de Passageiros/Xambá
no bairro de São Benedito em 15 de agosto de 2003, mais que começou a funcionar
no dia 18, num sábado. O governo tinha o desejo de fazer fluir melhor a frota
de 96 mil veículos que circulam diariamente pela avenida, no entanto, o que se
vê é um caos total com grandes congestionamentos e manifestações da população
local constantemente.
É quase uma rotina vê esta cena na Avenida Presidente Kennedy, manifestantes e policia se confrontando. Foto: Peu Ricardo/Folha de Pernambuco.
A confusão já começa dentro do terminal de Xambá em
horários de pico. Fica difícil os ônibus entrar ou sair. É gente embarcando na
área exclusiva de desembarque. Ninguém respeita as filas, atropela crianças,
idosos e deficientes físicos. Quem está lá para organizar não tem pulso, nem
apoio. É uma avacalhação geral. Enquanto isto, vamos aguardar que as
autoridades tomem as devidas providências, ou aguardemos uma nova manifestação na sofrível
Avenida Presidente Kennedy.
* Atualizado em 30 de abril de 2016.
* Atualizado em 30 de abril de 2016.
Por: Jânio Odon/Blog Vozes da Zona Norte (DIREITOS RESERVADOS)
Fonte: Diário Oficial de Pernambuco; Dicionário Topográfico
Estatístico e Histórico da Província de Pernambuco de 1863, de Manoel da Costa
Honorato; Diário da Manhã/CEPE.
AGORA 2020 VAI AI MAIS r$20.000.000,00 (Vinte milhões de reasi)
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