No Náutico, foram 665 dias
aguardando a tarde deste domingo. Nos bons e maus momentos ao longo da
temporada, era sempre ponderado que o mais importante ainda estava por vir. Que
o mais importante seria sair da Série C, dar fim à uma angústia que demorou mais
do que deveria. Ou, na realidade, nem deveria ter existido. Mas o momento não é
mais de lamentação e, sim, de comemorar aliviado.
Alívio este que veio com muito
drama. Após sair perdendo com um gol em cada tempo, o Timbu diminuiu com Álvaro
e empatou aos 49 do segundo tempo com Jean Carlos, levando a disputa para os
pênaltis, onde Jefferson brilhou com uma defesa e, assim, deu ao Timbu o tão
sonhado acesso.
O alívio, também, por dias
melhores. Quer dizer, um ano melhor - com mais dinheiro, visibilidade e um
calendário cheio. Condizente com a tradição alvirrubra, que é entre os
principais clubes do Brasil. A Série C é uma inconveniente exceção e não regra.
E que ela nunca mais aconteça.
Com o 2020 garantido, no entanto,
ainda resta ao Timbu algumas formalidades em 2019. Ao bater a equipe paraense,
classificou-se às semifinais da Terceirona e, agora, terá como adversário o
vencedor do confronto entre Juventude e Imperatriz, que entram em campo na
noite desta segunda-feira, no Rio Grande do Sul.
O Náutico teve duas mudanças em
relação ao primeiro jogo. Jean Carlos foi acionado no lugar de Matheus Carvalho
e Rafael Oliveira voltou de lesão na vaga de Wallace Pernambucano.
Como é normal em um confronto
desta dimensão, o jogo começou um pouco nervoso, com algumas divididas duras no
centro do campo, paralisações demoradas e até discussão entre as comissões
técnicas. Sofrendo uma marcação alta do Paysandu no início, o Náutico tentou
chegar em bolas paradas - seja em escanteio ou faltas frontais. Em 13 minutos,
tinha feito três lançamentos na área com Jean Carlos, mas sem sucesso.
Com dificuldade por conta dessa
pressão, no entanto, o Timbu nem precisou fazer esforço para criar uma chance.
Jean Carlos recebeu um presente ao goleiro Mota errar a saída de bola,
conseguiu driblá-lo e, quando chutou, viu Micael tirar em cima da linha.
Mesmo com o passar do tempo, o
Náutico não viu o ímpeto do Paysandu na marcação alta diminuir. E assim o Timbu
sofreu um forte golpe. Aos 25 minutos, a defesa Timbu errou a saída de bola,
Vinicius Leite recebeu na intermediária, chutou, a bola desviou em Diego Silva
e, sem chances para Jefferson, parou no fundo das redes.
Em desvantagem no placar, a
equipe alvirrubra passou a ter mais espaço para sair jogando, uma vez que o
Papão recuou as linhas. Ainda assim, sentiu o gol sofrido e não conseguiu
imprimir o seu ritmo de jogo. Pior: quase sofreu outro. Nicolas recebeu de
frente para Jefferson, passou pelo goleiro e finalizou, mas viu Camutanga
salvar com um carrinho.
Para a etapa complementar, o
Náutico voltou com uma mudança. Jhonnatan entrou na vaga de Jiménez para dar
mais mobilidade ao time, travado no primeiro tempo. E foi boa a troca, já que a
equipe voltou melhor, mais enérgica.
Com quatro minutos, o Timbu
chegou em duas oportunidades pela direita, uma delas com o jogador, que fez com
cruzamento para Álvaro, que testou por cima. Entretanto, esse crescimento
inicial durou pouco porque o Náutico sofreu outro golpe.
Em investida do Paysandu pelo
lado direito, Tony cruzou e Nicolas completou no primeiro pau, sem chances para
Jefferson. Mais uma vez, o Timbu sentiu o revés e por pouco não levou outros
dois. Novamente com o autor do segundo gol, o atacante perdeu duas chances na
entrada da área.
Após os sustos, o Náutico voltou
para a partida e foi para cima. Para o tudo ou nada. E assim conseguiu
diminuir. Aos 18 minutos, Wilian Simões cruzou na área e Álvaro cabeceou para fazer
o primeiro do alvirrubro. O gol, como esperado, aumentou o ânimo da equipe, que
seguiu pressionando, com mais alma do que organização.
À certa altura, Wilian Simões
virou ponta de um lado, Jhonnatan do outro, Álvaro atacante pelo centro ao lado
de Wallace Pernambucano. No ‘abafa’ na reta final do jogo, o Timbu não criou
efetivamente, mas, aos 49, conseguiu um pênalti - após cruzamento no lado
esquerdo, a bola rebateu na mão de Uchôa. Na marca da cal, Jean Carlos deslocou
o goleiro Mota e empatou o confronto.
O goleiro Jefferson defende a cobrança de Wellington Reis do Paysandu. Foto: Arthur Mota/FolhaPE.
Pênaltis
- Náutico: Jean Carlos,
Jhonnatan, Wilian Simões, Josa e Matheus Carvalho fizeram;
- Paysandu: Caique Oliveira, Tony
e Uchôa fizeram; e Jefferson defendeu o de Wellington Reis
Náutico 2 (5)
Jefferson; Hereda, Diego Silva,
Camutanga e William Simões; Josa, Jimenez (Jhonnatan) e Jean Carlos; Thiago
(Matheus Carvalho), Rafael Oliveira (Wallace Pernambucano) e Álvaro. Técnico:
Gilmar Dal Pozzo.
Paysandu 2 (3)
Mota; Tony, Micael, Perema, Bruno
Collaço; Anderson Uchoa, Wellington, Tomas Bastos (Thiago Primão); Nicolas,
Vinicius Leite e Hygor. Técnico: Hélio dos Anjos.
Local: Estádio dos Aflitos
Público: 16.662
Renda recorde: R$ 622.183,00
Árbitro: Leandro Pedro Vuaden
(RS)
Assistentes: Leirson Peng Martins
e Lucio Beiersdorf Flor (ambos do RS)
Gols: Vinicius Leite, Nicolas
(P); Álvaro, Jean Carlos (N)
Cartões amarelo: Caique Oliveira,
Uchôa, Thiago Primão, Nicolas (P)
Cartão vermelho: Diego Silva (N);
Perema (P)
Por: Geraldo Rodrigues/Diário de
Pernambuco.
GALERIA DE FOTOS
Matheus Carvalho marca o gol que levou o Náutico para Série B em 2020. Foto: Paulo Paiva/DP.
O mascote Timbu animou a festa da vitória alvirrubra. Foto: Léo Lemos/Náutico.
Chegada da equipe do Náutico aos Aflitos. A torcida fez a festa. Foto: Arthur Mota/Folha PE.
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