domingo, 5 de junho de 2011

Adalgiza Cavalcanti, a primeira mulher deputada do Estado de Pernambuco


Com a década de 40, começaram a surgir algumas líderes ligadas ao Partido Comunista do Brasil. Apesar de várias delas não serem filiadas, a primeira preocupação destas mulheres era a luta pela paz; em segundo lugar, a luta contra o aumento do custo de vida e em defesa do abastecimento, e finalmente, em terceiro lugar, a defesa pelos interesses das mulheres. Assim, em 1949, foi fundada a Federação de Mulheres do Brasil, órgão que orientava várias associações de bairros e outras organizações menores. Nesta época, circulou nacionalmente o jornal Momento Feminino, dirigido por Arcelina Mochel.

Nascida em 28 de julho de 1907, na zona rural de Canhotinho, Agreste, filha de pequenos criadores e proprietários de terra, perdeu a mãe aos 11 meses, sendo criada por tios.Do seu pai adotivo, recebeu as primeiras influências de vida. Ele era comerciante, ateu e gostava de política. Entretanto, Adalgisa só cursou o primário. O seu primeiro emprego foi numa casa comercial de rádios e fogões.

Com a eclosão do movimento da Aliança Liberal, em 1930, Adalgisa apoiou o movimento e passou a se interessar pela política. Participou da comissão de solidariedade aos presos políticos, após o levante comunista de 1935. No ano seguinte, foi presa pelas forças policiais e permaneceu quatro meses detida na Colônia Penal do Bom Pastor.

Em 1945, com o fim do Estado Novo e a legalização do Partido Comunista Brasileiro (PCB), filiou-se a este partido, integrando a Célula 13 de maio.
Candidatou-se à Câmara Federal e à Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco na eleição de 2 de dezembro de 1945, concorrendo pela legenda do PCB. Embora não tivesse obtido votos suficientes para eleger-se deputada federal, Adalgisa Cavalcanti conseguiu se eleger deputada estadual com 3 205 votos, sendo a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Assembléia Legislativa da história do estado. Durante o seu mandato, Adalgisa propôs que a Assembléia autorizasse o Estado a conceder abono familiar às mães que exerciam cargo público.

Contudo, a sua promissora carreira política foi abortada em maio de 1947, quando o Supremo Tribunal Federal, decidiu cassar o registro do Partido Comunista Brasileiro. Em janeiro de 1948, completaram-se as medidas que levaram o PCB à clandestinidade.

Nos anos que se seguiram à cassação, Adalgisa foi presa por nove vezes, mantendo-se firme nas suas convicções. Participou do amplo movimento social contra à carestia e pela paz, que eram bandeiras comunistas.

Faleceu em Recife, no dia 26 de abril de 1998, em conseqüência de uma isquemia cerebral, aos 96 anos de idade. Seu corpo foi velado na Assembléia Legislativa. O seu velório foi um dos mais solitários, segundo o escritor José Mário Rodrigues. Apenas três sobrinhos e duas senhoras amigas. Foi enterrada no Cemitério de Santo Amaro, com a bandeira do PC em cima do caixão.

Por: Mariana Varzea

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