Torre Campeão Pernambucano de 1929

Torre Sport Club, campeão pernambucano de futebol de 1929, com Valença; Hermes e Miro; Leleco, Faustino e Costa; Agello, Piaba, Maturano, Letona e Aldo. (A formação não está de acordo com a foto). Revista da Cidade.

Grandes Acontecimentos de 1929- Nasce em Águas Belas (PE), Clênio da Rocha Wanderley, diretor e ator. Foi o primeiro ator a encenar a peça “O Auto da Compadecida” de Ariano Suassuna; Inaugurado em São Paulo, o edifício Martinelli com 30 andares, maior arranha-céu da América do Sul; Estreou o primeiro filme falado brasileiro: “Acabaram-se os otários”, de Luís de Barros; 11/2- Mussolini e o Papa Pio XI assinam o Tratado de Latrão, fundando o Estado do Vaticano; 30/7- O Partido Republicano Mineiro lança Getúlio Vargas, candidato a Presidente da Republica; 2/8- João Pessoa é lançado a vice na chapa de Getúlio Vargas; A BBC de Londres realiza a 1ª emissão de TV; 10/10- Começa a circular o Diário da Paraíba; 29/10- Deflagra a grande depressão na Bolsa de Nova York; 26/12- O deputado federal Ildefonso Simões Lopes (RS) mata com um tiro, na Câmara dos Deputados, o deputado Manoel Souza Filho (PE).

1º de fevereiro de 1929, em Recife, foi fundada Associação Suburbana dos Desportos Terrestres (ASDT), com sede na Rua da Aurora e presidida pelo Sr. Ramos de Freitas. A Associação reuniu 28 clubes de nossos subúrbios: Tráfego, Aurora, Fluminense, Afogadense, Arruda, Diversional, Monteirense, Santos Dumont, Independência, Varzeano, Cordeirense, Rio Branco, Palmeiras, Torre (que não era o da Liga), Associação Atlética do Arruda, Auto Esporte, Nacional, Pina, Recife, Rio Corrente, Jutaí, Ateniense, Varzeano Futebol Clube, Tuyuti, ABC, Íris, Great Western e Tejipió. Os diretores suburbanos queriam uma entidade independente e absolutamente autônoma, enquanto os da primeira divisão defendiam que ela devia ficar subordinada à LPDT, como sub-liga, o que terminou acontecendo.

Em 28 de abril, foi realizado o Torneio Início da ASDT no Campo do América, na Jaqueira. Contou com 38 equipes, considerado pela imprensa, o maior torneio já realizado no Brasil, o seu resultado só foi conhecido três dias depois. O I Campeonato Suburbano de Futebol foi vencido pelo Ateniense Futebol Clube, que somou 72 pontos. O vice-campeonato ficou com a Associação Atlética da Great Western com 69 pontos.

Campo do Santa Cruz, em Afogados

Em 8 de dezembro, o Santa Cruz inaugurou seu Campo, na Rua São Miguel, no bairro de Afogados junto a sua sede social. O presidente coral, Carlos Rios, promoveu um torneio com clubes suburbanos e no encerramento o Santa Cruz jogando com o padrão do Fortaleza, um time do subúrbio, contra o Marvelo, formado em sua maioria por jogadores do Flamengo-PE da 1ª divisão. O Santa Cruz venceu por 2 a 1.

                       

A 15ª Edição do Campeonato Pernambucano de Futebol, contou com a participação de oito equipes, todas do Recife, no sistema de pontos corridos, com jogos de ida e volta. Começou em 5 de maio e só terminou no ano seguinte, em 26 de janeiro de 1930. O Campeonato começou com a realização da 11ª Edição do Torneio-Início no Campo da Jaqueira, Ao final, o Torre venceu a equipe do Santa Cruz por 1 a 0.

O Torre Sport Club que já tinha o melhor goleiro do campeonato, Valença e o artilheiro Piaba, que neste campeonato marcou 13 gols, reforçou o Madeira Rubra com Miro, Leleco, Costa, Agello, Maturano, Letona e Aldo. O time do Pica-pau fez uma excelente campanha, sendo campeão invicto. Foram nove vitórias e quatro empates. Uma desavença entre o presidente do Torre, Loyo Neto e o representante do Sport Recife, Ulisses Melo na reunião do Conselho Geral da Liga, onde os dois só não saíram aos tapas porque os outros representantes de clubes evitaram. O presidente do Torre ameaçou abandonar o campeonato e decidiu que não jogaria mais com a equipe rubro-negra. Apesar das duas equipes já haver realizado os dois confrontos da tabela, aconteceu que no segundo jogo onde o placar terminou em 3 a 3, a partida foi interrompida quando faltavam oito minutos para o encerramento por falta de iluminação. Quando mais tarde a Liga determinou a disputa do restante da partida suspensa, O Torre manteve a decisão, o que levou a LPDT a considerar a partida encerrada e manter o placar, além de não punir o Madeira Rubra. O Sport Recife protestou, mas a Liga manteve a sua decisão. Ainda pelo campeonato, em jogo realizado em 19 de janeiro de 1930, o América vencia o Torre pelo escore de 2 a1 e já  nos minutos finais, o Torre empatou. Entretanto, o América considerou que o gol foi feito de forma irregular, gerando uma grande confusão. O árbitro se manteve irredutível e validou o gol. Revoltados, os esmeraldinos abandonaram o campo antes do encerramento do jogo. A Liga puniu o América com a perda dos pontos, concedendo-o a vitória ao Madeira Rubra.

Outro fato que chamou atenção, foi a frágil equipe do Equador que após tomar 26 gols em seis jogos e não marcar nenhum, ficou com medo de enfrentar o Náutico e o Sport Recife e resolveu abandonar o Campeonato.

A grande decepção do campeonato foi sem dúvida o Sport Recife, que aquela altura já havia ganho sete campeonatos. Após perder seus dois jogos contra o Náutico, empatar um jogo contra o Santa Cruz e não comparecer para disputar o segundo jogo contra os Corais, onde perdeu por WO. Tudo era possível acontecer contra a equipe Rubro-negra. No dia 26 de maio, o Sport Recife perdeu para o Encruzilhada, vice lanterna do campeonato, pelo placar de 3 a 2. Outra grande surpresa aconteceu em 22 de outubro, quando os leoninos perderam para o Flamengo da Rua da Aurora por sonoros 5 a 0.

A década de 20, do século XX, houve um predomínio do Sport Recife que conquistou cinco títulos: 1920, 23, 24, 25 e 28; seguido do América com três: 1921, 22 e 27; e do Torre com dois: 1926 e 1929. 

AS GRANDES GOLEADAS: 19/5- Santa Cruz 6 x 0 Equador; 2/6- Flamengo 6 x 0 Equador; 23/6- América 6 x 0 Equador; Torre 6 x 1 Flamengo; Flamengo 5 x 0 Sport Recife; Flamengo 1 x 4 América; América 4 x 2 Flamengo e Náutico 4 x 3 Flamengo.

AS SURPRESAS: Náutico 3 x 3 Encruzilhada; Encruzilhada 3 x 2 Sport Recife; Torre 3 x 0 Santa Cruz; América 0 x 0 Encruzilhada; Encruzilhada 2 x 2 Torre; Torre 2 x 1 Náutico; Torre 1 x 1 Sport Recife; Torre 1 x 0 América; Torre 3 x 3 Sport Recife; Flamengo 5 x 0 Sport Recife; Torre 0 x 0 Santa Cruz; Náutico 2 x 2 Flamengo e Náutico 0 x 1 Torre.   

OS CLÁSSICOS: 12/5- Sport Recife 1 x 1 América; 26/5- América 2 x 1 Náutico; 16/6- Sport Recife 2 x 4 Náutico; 30/6- Santa Cruz 1 x 0 Náutico; 7/7- Santa Cruz 1 x 1 Sport Recife; 28/7- Santa Cruz 1 x 4 América; 15/9- Santa Cruz 1 x 0 América; 22/9- América 1 x 2 Sport Recife; 6/10- Náutico 3 x 0 Santa Cruz; 15/10- Náutico 4 x 1 América; 5/1/30- Santa Cruz WO Sport Recife e 12/1/30- Náutico 3 x 1 Sport Recife.

O ARTILHEIRO DO CAMPEONATO: Não há registro

O Jogo do Título

Náutico 0 x 1 Torre
Data: 26/1/1930
Local: Aflitos
Árbitro: Rômulo de Souza
Público e Renda: Não divulgado
Gol: Piaba
O Náutico perdeu com: Lula; Pedro Sá e Barbalho; Antenor, Simões e Virgínio; Veiga, Rui, Pinto, Lauro e Almeida. O Torre venceu com: Valença; Pedro e Hermínio; Leleco, Hermese e Faustino; Arnaldo, Osvaldo, Piaba, Maturano e Letona.

SELEÇÃO DO CAMPEONATO:
Goleiro: Valença (Torre)
Zagueiro: Pedro Sá (Náutico)
Zagueiro: Hermínio (Torre)
Lateral-Direito: Julinho (Santa Cruz)
Lateral-Esquerdo: Sebastião (Santa Cruz)
Volante: Faustino (Torre)
Meia: Bulhões (Sport)
Meia: Jubal (Sport)
Atacante: Hermes (Torre)
Atacante: Zezé (Santa Cruz)
Atacante: Aluízio (Sport) 

CLASSIFICAÇÃO FINAL

1º Torre- 22 pontos

2º Santa Cruz- 18 pontos

3º Náutico- 16 pontos

4º América- 14 pontos

5º Sport Recife- 12 pontos

6º Flamengo- 7 pontos (3 vitórias)

7º Encruzilhada- 7 pontos (2 vitórias)

8º Equador- 0 ponto

Outros campeões estaduais pelo Brasil: São Paulo: Houve dois campeões, o Corinthians foi bicampeão pela APEA e o Paulistano foi campeão pela LAF. Rio de Janeiro: Vasco da Gama foi o campeão. Minas Gerais: Palestra Itália (atual Cruzeiro) foi bicampeão. Rio Grande do Sul: Cruzeiro de Porto Alegre foi o campeão. Paraná: Atlético Paranaense foi o campeão. Ceará: Maguari de Fortaleza foi o campeão. Bahia: Ypiranga de Salvador foi bicampeão. Pará: Paysandu tricampeão.

Por: Jânio Odon de Alencar

Fonte: Diário de Pernambuco e Livro: História do Futebol em Pernambuco, do Jornalista Givanildo Alves, Editora: Bagaço