Todo Moradores da comunidade
Riacho Doce, zona rural de Caruaru, fizeram um achado, no mínimo, curioso. Durante
a limpeza de um "tanque" (como são chamados os espaços entre as
pedras que acumulam água da chuva), eles encontraram fósseis pré-históricos.
Pesquisadores do Laboratório de Arqueologia da UFRPE (Universidade Federal
Rural de Pernambuco) estiveram no local e estimam que os vestígios tenham, ao
menos, 10 a 15 mil anos.
O material foi encontrado em uma área conhecida
como "Serra do Medo". Partindo da comunidade de Riacho Doce (a 30 km
do centro de Caruaru), são ainda 2,4 km de carro e mais 30 minutos de caminhada
dentro de uma trilha.
Segundo o proprietário
Severino da Silva, de 48 anos, os ossos só foram encontrados porque o
"tanque" onde estavam soterrados ficou completamente seco, devido à
falta de chuvas na região.
O pecuarista resolveu retirar
toda a terra que estava acumulada no depósito de água para aumentar a
capacidade de armazenamento. Após retirar as primeiras pás de terra, ele
percebeu que o entulho escondia ossos de animais desconhecidos por ele.
As escavações para remoção dos
fósseis foram iniciadas há dois meses e, neste período, já foram recuperados
ossos de diversos tamanhos. Alguns deles medem pouco mais de 60 centímetros.
Quase todos estão fossilizados e mantiveram-se praticamente intactos, devido às
condições do local em que foram encontrados. É isso que explica o biólogo
Alexandre Nunes.
Segundo o especialista, o
ambiente no qual o material foi encontrado favoreceu a preservação dos ossos.
Ele explica que, neste caso específico, os vestígios foram conservados pelas
"condições favoráveis". "A fossilização acontece, por exemplo,
quando restos de organismos vivos são cobertos por sedimentos (areia ou argila,
por exemplo). E, ainda mais se tratando de lugares alagados, criam-se condições
ideais para a preservação", destaca.
Para o biólogo, materiais orgânicos,
a exemplo dos minerais, podem, inclusive, ajudar na conservação dos fósseis.
Ele destaca que o processo de "petrificação" (quando os restos
mortais ficam preservados nas rochas) acontece justamente porque "as
substâncias orgânicas do animal foram, gradualmente, sendo substituídas por
minerais trazidos pela água". É como se a natureza tivesse encontrando uma
forma de preservar a história dos seres vivos.
Durante a visita, foram
coletadas amostras dos fósseis. Elas passarão por análises que devem ajudar na
identificação dos animais e ainda a descobrir o tempo em que o material está
depositado no local ou mesmo em que época os animais viveram na região.
PINTURAS RUPESTRES
Na mesma propriedade já haviam
sido encontradas pinturas rupestres. As inscrições pré-históricas foram feitas
embaixo de uma pedra gigantesca, a dez minutos de caminhada de onde foram
achados os fósseis. A pedra tem o formato curvo e pode ter sido utilizada como
um amparo para os antigos habitantes.
Nela, estão gravadas figuras
que muito se assemelham com homens chegando da caça, munidos de lanças e
pedaços de madeira.
Em outras figuras, é possível
observar mais de uma pessoa representada na imagem, como se estivessem
registrando o relacionamento entre os habitantes pré-históricos do local.
Figuras de animais, pontas de
flechas e até mesmo símbolos desconhecidos também foram gravados com uma
espécie de "tinta" avermelhada. A ação natural do tempo e vestígios
de animais que passam por cima da pedra danificaram algumas das imagens.
Lá constam imagens dos fósseis
(ossos), das pinturas rupestres, do local onde os vestígios pré-históricos
foram encontrados e ainda da fauna e flora.
Em janeiro deste ano, foram
encontradas ossadas semelhantes em Sanharó, na Fazenda Santo
Expedito, na localidade Sítio Lagoa da Pedra, a 196 KM do Recife. Já são 44 municípios
pernambucano, onde foram encontrados vestígios de animais pré-históricos.
Estudos indicam que esses viveram no Nordeste a cerca de 50.000 anos.
ANIMAIS PRÉ-HISTÓRICOS QUE VIVERAM NO INTERIOR PERNAMBUCANO:
Preguiça Gigante |
Ungulado Sul Americano |
Tatu Gigante |
Mastodonte |
FONTE: Jornal Vanguarda e Revista Veja.
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