Praça e Igreja Nossa Senhora da Conceição da Vila Mendes. Foto: Facebook/I.N.S.C.V.M/29.03.2024.
Este trabalho, foi feito no
intuito de homenagear minha esposa, meu sogro, meus cunhados e todas aquelas
pessoas que tive o prazer de conhecê-las e de ter compartilhado grandes
momentos de confraternização na casa de Seu Joaquim, na serra, às margens da
Estrada das Bromélias, mas que muitos conhecem por Serra do Parari, à cerca de 500
metros de distância do povoado do Mendes. Acredito também, que será um grande
presente para todos os moradores deste distrito, sejam jovens ou idosos.
Vocês terão acesso de velhas
lembranças de fatos que aconteceram nesta localidade, e também, fatos que vocês
nunca tomaram conhecimento, mas que estavam perdidos em antigas páginas de
jornais de séculos passados deste lugarejo perdido dentro dos canaviais das
terras de antigos engenhos que dominavam esta região do agreste.
Pesquisar sobre a Vila Mendes,
não foi uma tarefa fácil. Para que vocês tenham uma ideia, o livro produzido
pelo governo do Estado em 1981, denominado: Série Monografias Municipais –
Limoeiro. Falando sobre o município e contendo 67 páginas, cita o povoado do
Mendes, apenas duas vezes, sem nenhuma informação adicional sobre o povoado,
indica apenas sua localização dentro do município.
Foi preciso me deslocar até o
Arquivo Público do Estado para garimpar livros, revistas e jornais sobre
Limoeiro, na intenção de encontrar algo sobre a Vila Mendes, pouca coisa
encontrei. Consultei os sites da: CEPE, onde tem as publicações do Diário Oficial
do Estado; da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, onde se pode encontrar um
rico acervo para pesquisa. Mas sobre a Vila Mendes, pouco se publicou no
passado. Todavia, encontrei algumas preciosidades que vocês verão mais adiante.
Além disso, há fanpages no Facebook excelentes, dois merecem destaques: Mendes,
Preservando a Memória, de Gentil Pereira Melo, que em 1984, quando cursava o 2º
ano do 2º grau na rede estadual, foi o primeiro lugar no 5º Concurso de Oratória
promovido pela Comissão de Moral e Civismo de Pernambuco; e Amigos de Limoeiro
PE, de Arnaldo Newton Pimentel.
Descobri que, para você conhecer
e entender melhor a Vila Mendes, você tem que ir até a ela e contactar com as
pessoas mais velhas e experientes, os nativos. Estes, sim, são as verdadeiras fontes de
conhecimentos e informações que dão sentido a tudo aquilo que se encontrou nos
livros, revistas e jornais antigos. É preciso conhecer o comércio, os roçados, as pessoas, para que consigamos montar uma bela história.
Para chegarmos até a história da
Vila Mendes, que atualmente é um distrito de Limoeiro, precisamos conhecer
primeiramente, a história da formação de Limoeiro, só assim, entenderemos como
se formou a Vila Mendes.
Centro de Limoeiro à noite. Ao fundo, a Paróquia Nossa Senhora da Apresentação. Foto: José Wilker Matos.
LIMOEIRO: Localização, surgimento
e formação
Limoeiro fica localizado na parte
leste do Estado, há 75 quilômetros da capital, no Agreste Setentrional. Faz
limita-se: ao Norte com Bom Jardim e Buenos Aires; ao Sul com Passira, Feira
Nova e Glória do Goitá; ao Leste com Carpina e Lagoa de Itaenga; e ao Oeste com
Salgadinho e João Alfredo.
A ocupação territorial de
Limoeiro correspondeu aos diversos momentos socioeconômicos decorrentes da
colonização. As imprecisões históricas não permitem afirmar a data exata do
surgimento de Limoeiro, já que foram encontrados em documentos antigos dos
séculos XVII e XVIII, seis referências relativas a esta localidade.
A primeira referência sobre
Limoeiro foi a do governador Francisco de Brito Freire, que relata que o
aldeamento de Limoeiro foi confiado ao padre João Duarte do Sacramento em 1661.
A segunda referência, é atribuída
ao grande historiador do século XIX, Francisco Pereira da Costa, que relata que
o imperador D. Pedro II concedeu uma grande extensão de terra em Limoeiro, a
João Gonçalves Soares da Fonseca, aos alfares, João Espíndola de Vasconcelos e
a Gonçalo Dias Ferreira em 1693, que delas, nunca fizeram uso.
A terceira referência, é de outro
grande historiador do século XIX, Vasconcelos Galvão, descreve no Dicionário
Corográfico, Histórico e Estatístico de Pernambuco, que o território que deu
origem a Limoeiro compreendia uma sesmaria, onde no século XVIII existia uma
aldeia indígena, da qual entre 1730-1740, era missionário o padre Ponciano
Coelho.
A quarta referência, deriva da
História Eclesiástica de Pernambuco, cita os padres João Duarte do Sacramento e
Manuel dos Santos, da Congregação do Oratório de São Filipe Nery ou da Madre de
Deus, como fundadores do aldeamento de Limoeiro em 1711.
A quinta referência ficou sendo a
mais famosa e concisa, consta de um documento de 1725, que afirma haver uma
aldeia de índios sob a direção do padre Ponciano Coelho. Este fez desaparecer a
imagem de Nossa Senhora da Apresentação de sua capela em Poço do Pau para um limoeiro
do aldeamento, lugar onde se ergueu a torre da futura matriz, marco da fundação
da cidade de Limoeiro. O padre Ponciano Coelho, havia solicitado ao governador
da Capitania uma gleba de terra para o roçado dos índios, já que a aldeia deles,
era justamente onde ficava a igreja da congregação do padre. A solicitação só
foi atendida em 1751, através de carta de sesmaria.
A sexta referência é um relatório
da Capitania de Pernambuco, contendo informações sobre o aldeamento de Limoeiro,
datada de 1749 e consta que: “A aldeia de Limoeiro, sita na Freguesia de Santo
Antônio de Tracunhaém é de caboclos da língua geral e seu missionário,
religioso da Congregação de São Filipe Nery”.
Através da Carta Régia de 16 de
junho de 1786, Limoeiro torna-se sede distrital.
Em 27 de julho de 1811, Limoeiro torna-se vila, se separando da Vila de Igarassu. Recebeu os distritos de Pedra Tapada e Malhadinha.
Em 15 de fevereiro de 1812, pela
Provisão recebe o termo de comarca.
Em 6 de abril de 1893, Limoeiro
passou a categoria de cidade, tornando-se município autônomo. Recebeu o
distrito de Cedro.
Em 1938, por questões políticas,
Cedro deixou de ser distrito de Limoeiro. Passou a ser distrito de Bom Jardim.
Em 1939, em vista da
superioridade dos povoados de Malhada e Cumaru, cujo desenvolvimento era
marcante, Pedra Tapada e Malhadinha deixaram de ser sede distritais, dando
lugar aos dois primeiros.
Em 1943, o distrito de Malhada
passa a se chamar Passira.
Em 1945, Cedro, então chamado de
Urucuba a partir de 1943, voltou a fazer parte do município de Limoeiro, que
passa a contar nessa época com quatro distritos: Limoeiro (sede), Passira,
Cumaru e Urucuba.
A lei de organização municipal de
4 de janeiro de 1949, exigia que todo distrito que houvesse atingido uma
população superior a 10 mil habitantes, com mais de 300 casas de alvenaria,
mais de mil eleitores e renda de 100 mil cruzeiros, fosse elevado à categoria
de cidade. Para que Limoeiro não ficasse prejudicado na sua integridade
territorial, uma vez que os distritos de Cumaru e Malhada ou Passira, como
permanecia conhecido, haviam atingidos tais exigências, foram criados mais dois
distritos: Ameixas, com metade de Cumaru, e Bengalas, com terras de Malhada.
Através da Lei Municipal Nº 117
de junho de 1952, Limoeiro passou a ter seis distritos: Limoeiro (sede),
Passira, Cumaru, Urucuba, Ameixas e Bengalas.
Em 1959, Urucuba volta a ser
chamado de Cedro.
Em 1964, Cumaru e Passira foram
elevados a município, tendo sido anexado a Cumaru, o distrito de Bengalas, e a
Passira, o distrito de Ameixas. Desta maneira, Limoeiro ficou apenas com dois
distritos: Limoeiro (sede) e Urucuba (ex- Cedro).
Em 1988, o povoado do Mendes foi elevado
à categoria de Vila. Os povoados são: Gameleira, Cedro, Pitombeiras e Ribeiro
do Mel.
Seu Joaquim (Preá) com a família em seu aniversário de 87 anos. Foto: Arquivo de Família. Mendes, em 27/11/2014.
CONHECENDO A VILA MENDES
A minha relação com a Vila Mendes,
começou quando conheci minha esposa lá no bairro dos Aflitos, no Recife, em
1985. Lembro-me que certo dia, cheguei pela manhã, numa Toyota que transportava
as pessoas vindas da Capital. Ao chegar no Mendes, sozinho, me dirigi até a
praça onde fica a igreja de Nossa Senhora da Conceição. Havia uma senhora
sentada num banco da praça. Perguntei-a se ela conhecia um senhor por nome de Seu Joaquim, cujo apelido era Preá, pelo fato de ter tido muitos filhos. A
senhora levantou-se do banco e me disse que o conhecia e me indicou o caminho
apontando-o em direção a estrada de terra onde fica localizado o campo do
Vitória dos Mendes. Não me recordo mais de sua fisionomia, mas lembro-me que
era uma senhora muito humilde e generosa, pois não se contentou só em indicar o
local da residência, como fez questão de me acompanhar por uma longa estrada de
terra até o pé da serra, hoje conhecida por Rua das Bromélias, também chamada
por muitos, como Serra do Parari, onde ficava localizada a casa do meu futuro
sogro. Acredito que ela só não me levou até a porta da casa porque já estava
cansada. O fato era que a casa ficava no meio da serra e não era nada fácil
chegar até lá, principalmente quem não estava acostumado a subir ladeira, como
eu.
Apesar de chegar ofegante, cheguei
sã. Era um momento muito especial, pois lá estava minha namorada, minha cunhada
e seu namorado, a nova companheira de seu Joaquim, pois ele era viúvo, há um
bom tempo. Aos poucos, fui conhecendo toda a família. Preá, como era chamado
Seu Joaquim, gostava de um chapéu, uma peixeira na cintura, camisa de botões,
quase sempre desabotoados, calça de tergal, sempre dobradas um pouco abaixo dos
joelhos, e seu inseparável cachimbo. Homem de voz tranquila, olhar sereno e de
poucas palavras. Todavia, palavras sensatas, sábias, e não obstante mente
leigas, pois, Seu Joaquim era antenado nos assuntos do dia a dia, seja na
política, nos esportes, ou quaisquer outros assuntos. Seu Joaquim acordava
sempre muito cedo, e com o inseparável radinho de cabeceira, ligado, não muito
baixo, como se quisesse avisar a todos que era hora de acordar e levantar-se.
Ouvia às notícias, missas, e aos jogos do seu querido Santa Cruz, pela Rádio
Difusora de Limoeiro.
O meu sogro não excitava em
abater seja quantas galinhas fossem necessárias para abastecer todos os
visitantes que estivessem em sua casa. Até um bode, se fosse necessário.
Finais de semana e feriados, era comum ver vários veículos estacionados à beira da estrada de familiares e amigos que íam visitar Seu Joaquim. Foto: Jânio Odon/2015.
O interessante é que todos,
tinham uma admiração por Seu Joaquim, não importava sua posição social, nobres ou
plebeus, eram bem-vindos. Seu Joaquim era uma pessoa incrível, cativante, de
caráter ilibado e muito especial. Às vezes, formavam-se filas de carros, de
familiares e amigos de Seu Joaquim, às margens da estrada. Posso afirmar, que
Seu Joaquim era uma celebridade.
O que mais me impressionava nele,
era a sua vitalidade, apesar de sua idade avançada, cortava lenha como poucos. Cuidava
dos animais e do roçado com muita disposição, seja na plantação de milho,
coentro, maxixe, quiabo e cana. Isso o que eu lembro.
Seu Joaquim ladeado pelos filhos: Jessé, Edleuza, Isaías, Tita e o neto Robson. Foto: Robson Andrade/2007.Seu Joaquim Gomes da Silva (Preá),
era um pequeno agricultor, nascido no Mendes, em 27 de novembro de 1927, tinha
como companheira, Dona Beatriz Maria Barbosa, que teve quinze filhos: Maria do
Carmo (Lia), Jocelina (Jocinha), Manoel (Mané Mago) que faleceu em 2013, Sebastião (Tita) que faleceu em 2021, João
(Danda) que faleceu em 1992, Edleuza (Lôra), Isaías, Edmilson, Elza, Jessé,
Cristina, além de Paulo, Fátima, Verônica e Jorge, que morreram ainda bebês.
Dona Beatriz faleceu em 20 de Julho de 1976. Viúvo, Seu Joaquim, teve um novo
cônjuge, Maria Severina da Conceição (Bete) pela qual, teve mais dois filhos:
Patrícia e Marcelo. Dona Bete, veio a falecer em 5 de abril de 2021. Seu
Joaquim, faleceu 5 anos e quatro meses antes, em 1º de outubro de 2015.
No passado, as coisas no Mendes
não eram fáceis, não tinha nada, nem luz, nem água, nem transporte para todo
mundo. Só havia escola primária, nem todos podiam estudar em Limoeiro. Minha
esposa me contou que quando criança, teve que repetir três vezes a 4ª série
para não deixar de estudar, já que a partir da 5ª série, só era possível
estudar em Limoeiro. E para quem tinha condições de bancar o transporte, que
era caro e para poucos.
Muitos moradores que viveram essa
fase e hoje moram em outras cidades, não tem a mínima saudade desse tempo e
desse lugar, apenas dos familiares e amigos. Minha esposa e meus cunhados,
contam que tinha que acordar cedo para ir buscar água no distante cacimbão de
água salobra, nas terras de Seu Sebastião Gregório, para beber, tomar banho,
lavar roupas e pratos e encher os potes do gado e da criação de galinhas que
Seu Joaquim tinha. O difícil de tudo isso, era que tinha que subir diversas
vezes até a metade da serra, onde ficava localizada a antiga casa.
Rua das Bromélias, também conhecida como Estrada do Parari, ao fundo, a casa de Seu Joaquim. Foto: Jânio Odon/20.12.2024.Depois de meu namoro com Edleuza
consolidado, minhas vindas para o Mendes tornaram-se mais frequentes. E depois
de casado e com a chegada dos filhos: Rafael, Rafaela e Gabriel, se
intensificaram mais ainda. Era sempre muito agradável passar um final de semana
na Vila Mendes e na Serra do Parari. Fugir da agitação da cidade grande, tomar
banho no riacho Gabioé e seus açudes e até pescar, já que no período invernoso
descia uma enxurrada de peixes dos criadouros que transbordavam. Ainda mais, quando
a família se reuniu e construiu outra casa melhor para seu Joaquim no pé da
serra, em 2000. Depois, construíram um alpendre em 2007, onde acontecia “as
bicadas”, cantorias e bate-papos. Tinha luz e água encanada e uma grande
cisterna para captar água da chuva. As crianças, corriam, pulavam, subiam nas árvores
e tomavam banho no riacho e no açude de Seu Sebastião Gregório. Era fantástico.
As crianças se divertiam no Mendes, durante às visitas a casa de Seu Joaquim. Foto: Jânio Odon/2000.
Nos finais de semana e nos
feriados, a Vila Mendes é uma festa. Vem gente de todos os cantos visitar seus
familiares, gente essa, que num passado não tão distante, haviam se aventurado
em outras cidades e metrópoles em busca de seus sonhos e sobrevivência. O povo
mendense são batalhadores e obstinados a vencer. Muitos venceram através dos
estudos, outros através do comércio. E não é história de trancoso, não. Sou
natural do Recife e conheço vários comerciantes bem-sucedidos oriundos do
Mendes. Inclusive, três cunhados meu, foram ou são, comerciantes em Olinda.
Conheço vários comerciantes do Mendes negociando nos bairros olindenses de:
Peixinhos, Aguazinha, Sapucaia, Águas Compridas, Alto da Bondade, Jardim
Brasil, Ouro Preto e Cidade de Tabajara. E sei que tem muitos outros espalhados
por outros bairros, seja em Olinda ou Recife.
Há quase 40 anos, que venho por
essas bandas, só tenho boas recordações que suprimem as coisas negativas. Já
subi até o topo da Serra do Parari, já tomei banho no riacho e açude do Gabioé ;
já vi as grandes enchentes do Rio Tracunhaém; já joguei bola no campo do
Vitória dos Mendes; já tomei muitas cervejas com meus cunhados no Bar do
Carreta; já assistir missas na igreja de Nossa Senhora da Conceição do Mendes e
conheci muita gente bacana, com nomes comuns misturado com apelidos com sotaque
rural.
Foi na Vila Mendes, que conquistei
a mulher mais maravilhosa e mais especial da minha história. Um amor de uma
vida.
Conhecer a Vila Mendes, foi
marcante e inesquecível, algo profundo demais para esquecer. O adeus de Seu
Joaquim (Preá) neste mundo terreno, foi muito doloroso. Deixou um vazio imenso
em todos que o conheceram e vivenciaram cada momento bom ao seu lado, uma
imensurável saudade.
Hoje, podemos dizer que o Mendes
não é mais o mesmo de 40 anos atrás. Muitas coisas mudaram. A Vila Mendes ficou
mais bonita. As casas melhoraram, as ruas estão sendo asfaltadas ou calçadas, a
igreja da Conceição e a praça estão mais bonitas, já se tem água encanada,
postos de saúde, escolas de 2º grau, rodovia, transportes mais acessíveis. No
entanto, permanece sendo uma zona rural, muitos mantém seus roçados e ainda se
pode ver algumas plantações de cana como antigamente. Mas a impressão que fica,
é que o progresso finalmente chegou até a Vila Mendes.
Foto antiga, sem data, do Sitìo Mendes e a antiga igreja da Conceição, ao fundo. Foto: Acervo de Gentil Pereira Melo/Facebook.
A HISTÓRIA DA VILA MENDES
O “Mendes” se formou há seis
quilômetros da então Comarca de Limoeiro, cortado pelo rio Tracunhaém e o riacho Gabioé,
conhecido popularmente por “Gabiê”. As primeiras referências do “Mendes” como
lugarejo, são da segunda metade do século XIX, no ano de 1867, período do
Brasil-Império onde o país era subordinado à coroa portuguesa e a escravatura
ainda existia. Em pleno ciclo do algodão e da cana de açúcar. De acordo com o Dicionário Topográfico Histórico da Província de Pernambuco, nesta época, onde ficavam localizados, o Mendes, João Alfredo e Bom Jardim, ao norte de Limoeiro, era uma região repleta de brejos e de grande plantio da cana de açucar. Como também, o leste da comarca, Carpina e Lagoa de Itaenga. Ao sul e ao oeste, era grande o plantio de algodão e criação de gado.
Quatro anos antes, os dados
estatísticos da Província de Pernambuco indicavam que a população da Comarca de
Limoeiro, incluindo as freguesias de Bom Jardim, Taquaritinga e os povoados de
Queimadas e Malhadinha eram de 29.050 habitantes. Havia 12 engenhos de fabricar
açúcar e 17 fazendas de gado. A região do Mendes era apenas um lugarejo cercado
pelos canaviais dos engenhos: Parari, de propriedade do Sr. Claudino Correia de
Melo; Pedra do Sono, do Sr. Joaquim Francisco de Paula; e Passasunga, dos
herdeiros de José Francisco de Arruda; e pequenas plantações de algodão.
No final do século XIX, já
existiam no Mendes, pequenas propriedades, exercendo a policultura agrícola e a pecuária
de subsistência. Muita gente, se estabeleceu nesta
região fugindo da seca e da fome que assolou o Sertão Nordestino entre 1877 e
1879, onde morreram mais de 400 mil pessoas e 190 mil deixaram as regiões
afetadas.
"Zezim Donato", era agricultor e músico. Nasceu no povoado de Mendes, em 1898. Fonte: Acervo de Gentil Pereira Melo/Facebook.
Um exemplo da catástrofe da seca,
foi a família de Seu Donato José de Arruda e Tereza de Jesus, pais de um
ilustre morador do Mendes, nascido neste lugar em 1898, o agricultor e músico,
José Egídio de Arruda, conhecido por “Zezim Donato”. A família veio da Serra do
Teixeira, na Paraíba, fugindo provavelmente da seca de (1844-1845) que causou muito sofrimento aos sertanejos, fincando residência no Mendes. Zezim Donato, casou-se em
1923, com Maria Soares de Sousa e teve 4 filhos. Foi agricultor por um tempo.
Depois trabalhou para o Governo na limpeza dos caminhos que seguia para
Limoeiro, antes da construção da Rodovia PE-90 entre os anos de 1963 e 1964,
onde transitavam animais com cargas e as pessoas em deslocamentos.
Os moradores mais antigos do
“Mendes”, contam que Zezim Donato adorava música. Aprendeu a tocar trombone em
Passasunga com os filhos de Manuel Tertuliano Travassos de Arruda (1847-1921),
mais conhecido como Dr. Arruda e proprietário do Engenho. No Mendes, nos anos
de 1930 e 1940, era componente de uma banda que animava festas, novenas e
celebrações da comunidade e da vizinhança. Zezim Donato, faleceu em 7 de setembro
de 1984.
Dados estatísticos da Província
de Pernambuco em janeiro de 1894, constava a existência do Engenho Bizarra,
vizinho ao Mendes, de propriedade do Sr. Francisco Manoel da Fonseca. O Engenho
Parari tinha como novo proprietário o padre Vicente de Moura Vasconcelos; O
Engenho Pedra do Sono pertencente ao Capitão Manoel Francisco de Barros Noé; e o
Engenho Passasunga pertencia ao Dr. Manoel Tertuliano Travassos de Arruda. Em
1901, já não constavam na lista, os engenhos Parari e Bizarra.
O grande problema que a Vila
Mendes enfrentou para seu desenvolvimento foi a sua própria localização
geográfica. Durante os ciclos da cana de açúcar e do algodão, os engenhos e as
fazendas ficavam distantes do povoado, não existiam estradas pavimentadas para
o escoamento da produção. Tudo era feito através do trabalho braçal, todo o escoamento
da cana, do roçado e do algodão eram feitos através de carroças e em lombos de animais, em
caminhos abertos por trabalhadores.
O Mendes, na segunda metade do
século XIX, e primeira metade do século XX, por ser um lugarejo perdido no meio
dos canaviais e roçados, sem estradas, longe das ferrovias e da Comarca de
Limoeiro, sem progresso e sobrevivendo dentro de sua precariedade. Muitas vezes, aparecia
nas páginas de jornais remotamente, em casos de violência e por suas tragédias.
Algumas dessas ocorrências foram descritas da seguinte forma:
AS NOTÍCIAS MAIS ANTIGAS SOBRE O "MENDES"
A primeira publicação num jornal,
relacionado ao “Mendes”, foi feito pelo Diário de Pernambuco em 16 de janeiro
de 1867. Durante a passagem de ano, no lugar Mendes, da Freguesia de Limoeiro. Vivendo
sua angústia e sofrimento, longe de sua família e de seu lar, na condição de
escravo e sem esperança de uma melhor perspectiva de vida. O escravo Luciano,
que pertencia ao sr. Francisco Manoel Cavalcante, cometeu suicídio. O jornal
descreve morte por estrangulamento para não chocar o leitor, por ser uma data festiva. O fato ocorreu em 1º de janeiro de 1867,
durante o réveillon.
O Jornal do Recife, em 1º de
julho de 1875, publicou: No lugar Mendes, do termo de Limoeiro, no dia 16 do
mês último, Galdino José Pereira feriu gravemente com um tiro a Francisco
Antônio de Paula. O criminoso foi preso e está sendo processado. (Finalizou).
O Jornal do Recife, em 9 de
novembro de 1899, publicou: Em data de 4 do corrente no lugar Mendes, município
de Limoeiro, dois indivíduos cujos nomes ignora-se, agrediram e feriram a
Joaquim Evangelista de Araújo. Contra os delinquentes que lograram evadir-se
após a perpetração do crime, a mesma autoridade procede as diligências de
conformidade com a lei. (Finalizou).
O Jornal do Recife, em 10 de
fevereiro de 1909, publicou: No dia 4 de fevereiro, às 6 horas da tarde,
voltaram de um divertimento os indivíduos Miguel Ferreira da Silva e Severino
de Castro, um cunhado do outro. A diversão foi em Serra do Carneiro, Limoeiro,
e quando os dois chegaram ao lugar Mendes, ainda no mesmo município, travaram
forte discussão, indo depois a vias de fato. O resultado foi Severino sair
gravemente ferido por Miguel que foi preso em flagrante. (Finalizou).
O Diário de Pernambuco, em 4 de
novembro de 1911, Publicou: Às 4 horas da tarde de 28 de outubro de 1911, no
lugar Mendes, em Limoeiro. Travaram renhida luta, Antônio Damião Ferreira da
Silva e Manuel Reinaldo Júnior, por apelido de Manuel Padre, saindo aquele com
dez ferimentos de punhal, que lhe ocasionaram a morte. O homicida, que é branco
e estatura média, logrou-se evadir-se. (Finalizou).
O Almanach de Pernambuco, em seu anuário de 1913, sem data, o jornalista José Miranda, publicou uma matéria sobre os aspectos sociais, econômicos e estruturais da cidade de Limoeiro naquele ano, onde fez referências as feiras livres dos povoados da cidade da seguinte forma:
Prosperos povoados compõem o município, com feiras aos domingos, dos quais é justiça distinguir Pedra Tapada, Malhadinha, Cedro, Bengalas e Mendes. Na cidade (Limoeiro), também existe três vezes na semana rica exposição de gêneros, aos sábados e quartas, onde se encontra abundância de frutas, carne seca, queijo do sertão, rapaduras e a melhor farinha, e as quintas, a de gado, para onde vem compradores de várias partes do Estado. (Finalizou).
O Jornal “A Provincia” em 8 de
outubro de 1913, publicou: Pela manhã do dia 29 de setembro último, no lugar
Mendes, do município de Limoeiro, quando o indivíduo Sergio Gomes de Araújo,
examinava uma espingarda de caça, aconteceu esta detonar, sendo ferido
levemente José Bernardo da Silva. A polícia compareceu apurando a casualidade
do fato. (Finalizou).
O Diário de Pernambuco, em 5 de
dezembro de 1922, publicou: Morreu queimado – (Dizia a manchete) – No lugar
Mendes, do município de Limoeiro. Ocorreu no dia 25 de novembro, um doloroso
fato. Severino Gomes que acendia um cigarro com um pedaço de papel, em casa de
seu conhecido Severino Vicente, aconteceu as chamas atingirem a certa
quantidade de pólvora que se achava a pouca distância. Com a explosão, Severino
Gomes, foi atingido recebendo graves queimaduras, em consequências das quais
veio a falecer pouco tempo depois. Ontem a polícia central foi informada do
caso. (Finalizou).
O Jornal Pequeno, em 24 de
setembro de 1930, publicou: Um agricultor ferido gravemente – (Dizia o título) -
No dia 15 de setembro, no lugar Mendes, município de Limoeiro, registrou-se uma
cena de perversidade, que indignou profundamente os moradores do citado povoado.
Pelas 5 horas da manhã daquele dia, o indivíduo José de Farias Maciel
dirigiu-se a pequena mercearia naquele local, de propriedade do sr. Severino
Pereira de Lima, a fim de comprar alguns cartuchos para uma pistola.
Ao entrar no referido
estabelecimento, Maciel avistando o popular Benedito José Batista, seu antigo e
rancoroso inimigo, dirigiu-lhe alguns insultos, fazendo reviver velhas questões.
Benedito respondeu energicamente
travando-se então forte polêmica. Em dado momento José de Farias sacando de uma
faca americana avançou para seu desafeto, cravando-a na omoplata direita.
Enquanto o proprietário da mercearia e alguns populares procuravam prestar
socorro ao ferido, José Maciel evadiu-se. Benedito foi conduzido à farmácia
mais próxima onde recebeu os primeiros curativos, sendo seu estado gravíssimo.
Ciente do bárbaro crime, a
polícia de Limoeiro abriu inquérito, saindo patrulhas no encalço do perverso
criminoso. O Dr. Litto de Azevedo, chefe de polícia, teve conhecimento do fato.
(Finalizou).
O trem da Great Western numa pausa na Estação de Paudalho, rumo a Limoeiro, em 1929. Foto: Fundaj.
O TREM DE LIMOEIRO
Em 1872, grupo capitalista inglês
se reuniram em Londres e criaram a Companhia responsável pelas primeiras
ferrovias em Pernambuco, inclusive a ferrovia de Limoeiro. Denominada The Great
Western of Brasil Railway Company Limited, a Companhia inglesa obteve a
primeira concessão em 1875 para a construção da chamada Ferrovia Norte, no
entanto, esbarrou na burocracia, pois o rico comerciante recifense, José
Pereira Viana, o Barão da Soledade, já havia em 1870, adquirido a concessão da referida
ferrovia. O entrave durou quatro anos e o Barão da Soledade não conseguiu
iniciar a obra.
Em 25 de março de 1879, foi
iniciada a partir do Largo do Brum, no bairro do Recife, a Ferrovia Norte. O
primeiro trecho tinha 48,8 quilômetros até Paudalho e foi inaugurado em 24 de
outubro de 1881. O segundo trecho até Limoeiro, foi inaugurado em 20 de
fevereiro de 1882, à época, a ferrovia calculada numa distância de 82,9 quilômetros
atravessava 355 engenhos de cana-de-açúcar.
Com a chegada da ferrovia até
Limoeiro a distância até a Capital diminuiu. No biênio 1882/1883 a empresa
inglesa registrou um fluxo nos trens de 35.000 mil passageiros. Em 1888, ano da
abolição da escravatura, os trens de Limoeiro, chegaram a transportar 90.000
mil passageiros. Apesar do grande fluxo de passageiros, a Great Western,
registrou uma rentabilidade muito maior no setor de cargas. Neste período, florescia
em Limoeiro uma classe de comerciantes proprietários rurais, enquanto a cidade
passava por um ritmo de crescimento acelerado na região do Agreste
Setentrional. Foram instaladas as empresas SANBRA e a Anderson Clayton, especializadas
no processo do algodão. Ainda no século XIX, Limoeiro produzia objetos de
cerâmica, artefatos de palha, e era grande produtor de algodão. Grandioso era o
comércio de couros e peles. Em torno da Vila de Limoeiro existiam 18 fábricas
de óleo de carrapateira e 17 engenhos de rapadura e açúcar bruto, responderiam pela
vinda do trem e pela proliferação de numerosos estabelecimentos comerciais.
Esse progresso, atraiu muitos comerciantes portugueses para Limoeiro,
fortalecendo e muito a economia urbana.
Enquanto isso, no Mendes, as
coisas não iam nada bem. O trem ficou no meio do caminho. A população sofria
para chegar em Limoeiro. Muitos iam em cima de mulas, cavalos e burros; outros,
a pé. Geralmente, os deslocamentos eram com carregamentos de cana para os
engenhos da região. A população do Mendes tinha a esperança de que o trem de
Limoeiro se prolongasse até Bom Jardim, já que a campanha dos políticos bonjardinenses
para que o trem chegasse até aquela cidade, era intensa.
Antigos moradores do Mendes,
confirmam que ao leste da vila, existia uma estrada de terra batida em Mendes
de Cima, com uma extensão de aproximadamente dois quilômetros, próximo ao lugar
conhecido por Matinha, que circulavam veículos, que conduziam as pessoas do
Mendes até Limoeiro, desde o final da década de 1940.
Esta é a primeira igreja erguida em Mendes. Inaugurada em 1928.
IGREJA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO
DA VILA MENDES
Na década de 1920, o Sítio
Mendes, como era conhecido, era apenas um pequeno povoado na zona rural do
município de Limoeiro e seus habitantes de predominância católica. Povo de
muita fé e devoção diante das grandes dificuldades e desafios da época, onde
tudo era muito difícil e a precariedade era enorme. O povo buscava seus anseios
e depositavam suas esperanças por dias melhores em Deus, Jesus Cristo e Nossa
Senhora.
No Sítio Mendes não havia nenhuma
igreja ou capela. O povo do Mendes, tinha que caminhar bastante para assistir
às missas nas capelas vizinhas de Pedra do Sono e do antigo Engenho de Passassunga,
que foi reconstruída em 1888.
Padre José Ciríaco de Brito. Foto: I.N.S.C.V.M/Facebook.
Em 1927, o pároco de Limoeiro, padre
José Ciríaco de Brito, que permaneceu de 1920 até 1933 à frente da paróquia,
diante da aclamação do povoado do Mendes, que já era bastante numeroso, iniciou-se
um movimento para a construção da capela.
Em 17 de novembro de 1927, deu-se
início a construção da Capela de Nossa Senhora da Conceição dos Mendes, em
terreno doado pela senhora Joaquina Otacília de Melo (Dona Dondom).
Em 11 de março de 1928, foi
inaugurada a Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Mendes, que era
localizada um pouco à frente da atual, onde fica a praça. O padre José Ciríaco
de Brito, pároco de Limoeiro, celebrou a primeira missa. O sr. João Gregório do
Nascimento foi o idealizador e pioneiro na organização da Festa de Nossa Senhora
da Conceição, no então Sítio Mendes.
Igreja Nossa Senhora da Conceição de Mendes em 1980. Acervo de Gentil Pereira Melo/Facebook.
Em 1979, com o crescimento do
povoado do Mendes, houve a necessidade de ampliação da igreja, que contou com os
apoios do sr. Joaquim Gregório de Melo (filho de Dona Dondom), que doou o
terreno; da comunidade; e dos padres italianos Luís Cecchin e Jorge Barbieri.
Em 24 de novembro de 2022, foi realizada
a solenidade de inauguração da estátua de Nossa Senhora da Conceição, posta ao
lado direito da igreja. Foi celebrada uma missa pelo padre Severino João,
pároco de Limoeiro, com a presença do prefeito Orlando Jorge, do vereador
Enildo do Sindicato e uma grande presença de fiéis.
Na Vila Mendes ainda temos a
Capela Nossa Senhora do Carmo, inaugurada no dia 2 de março de 2024, em Chã dos
Telhas, em terreno doado pela sra. Eliane Albuquerque. A missa inaugural foi
celebrada pelo bispo da Diocese de Nazaré, Dom Francisco de Assis Dantas.
Inauguração da Estação Ferroviária de Bom Jardim em 1937. Foto: Site Estações Ferroviárias do Brasil/Sidney Corrêa/2009.
O TREM DE BOM JARDIM
O povo de Bom Jardim teve que
esperar 55 anos para que a estação ferroviária chegasse até a cidade. Decepção
maior, teve a população do povoado do Mendes, que esperava que o trem passasse na
entrada do vilarejo, coisa que não aconteceu. A ferrovia de Bom Jardim, foi
instalada como um ramal de Carpina, fazendo uma trajetória completamente
diferente da pretendida pelo povo do Mendes, apesar de quando inaugurada, se
ouvia o apito do trem que passava em Pedra do Sono, todavia, só parava na
estação de Lagoa Comprida, há pouco mais de sete quilômetros do povoado do
Mendes.
O ramal partia de Carpina, seguia
por Lagoa do Carro, Campo Grande, Limoeiro, Pedra do Sono e parava na estação
de Lagoa Comprida, que foi inaugurada em 19 de março de 1930; depois seguia pelos
povoados de Espera e Parijós até chegar na estação de Bom Jardim, que foi
inaugurada em 10 de maio de 1937. A estação de Bom Jardim era a mais alta do
ramal, tinha 303 metros de altura. Em 1963, uma enchente num lugar conhecido
como Vargem Grande, carregou um trecho do leito da ferrovia deixando seus
trilhos suspensos no ar. Após esse episódio, ninguém sabe o motivo, a ferrovia foi
desativada. Em maio de 1964, a Rede Ferroviária anunciou a retida dos trilhos. Mas
só em 1968, emitiu uma nota oficial encerrando as atividades da ferrovia de Bom
Jardim.
Luiz Paulino, era do Mendes, e exerceu três mandatos como vereador e foi duas vezes presidente da Câmara de Vereadores de Limoeiro. Acervo de Gentil Pereira Melo/Facebook.
OS VEREADORES DA VILA MENDES
Conforme levantamento do
pesquisador Gentil Pereira de Melo, o agricultor Severino Pereira de Melo,
conhecido como “Biu Pereira”, mendense, foi o primeiro vereador de Limoeiro, representante
do Distrito do Mendes, no final da década de 1940 e início da década de 1950. Foi
através de sua articulação na Câmara Municipal, que o Distrito de Mendes,
conseguiu construir o Cemitério São José (1952) e a Escola Típica Rural, por
volta do ano de 1956. Detalhe: Nessa época, o vereador não recebia remuneração.
(Finalizou).
O segundo representante do
“Mendes”, foi o vereador Luiz Manoel de Almeida (Luiz Paulino) que exerceu três
mandatos: de 1977 a 1982, 1983 a 1989 e de 1989 a 1993, sendo presidente da
Câmara Municipal em duas ocasiões: 1987/1988 e 1991/1992. Luiz Paulino, foi Presidente
do Apostolado da Oração da Igreja Católica entre outubro de 1969 a setembro de
1995 e de novembro de 1997 a outubro de 2001; foi Secretário Municipal; exerceu
a função de diretor de movimentos como Cooperativa Mista dos Trabalhadores
Rurais de Limoeiro, Grupo 4S, Círculo Operário e foi agricultor sindicalizado. Foi
através de sua indicação que a Escola Mínima do Mendes, recebeu a denominação
Luiz Sátiro Pereira. Participou ativamente da construção do atual templo da
Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Mendes (1978 a 1980) e da pavimentação
da principal via de acesso da Vila Mendes, a Avenida João Manoel de Melo (entre
1982 e 1984), salientando que, o nome da referida avenida, foi um projeto de
lei de Luiz Paulino, aprovada pela Câmara Municipal de Limoeiro. Em 1981, Luiz
Paulino, foi um dos defensores pelas permanências dos padres italianos Luís
Checcin e Jorge Barbieri em Limoeiro, contrariando os interesses políticos da
região.
O terceiro vereador eleito do
Mendes, foi Manoel Teixeira, exerceu o mandato na Câmara Municipal de Limoeiro
de 1996 a 2000. É comerciante no Mendes.
Nas eleições de 2016, o distrito
de Mendes, teve sua primeira representante mulher na Câmara dos Vereadores de
Limoeiro, eleita com 1.216 votos, a agente de saúde, Maria da Batalha de Melo,
que adotou como nome na chapa, Batalha dos Mendes, exerceu seu mandato de 2017
a 2020. Em um podcast, disse que durante seu mandato, sofreu grande pressão interna
e externa na Câmara e que se decepcionou com algumas pessoas. Motivo pela qual,
não quis candidatasse para uma reeleição.
Escola Mínima Mendes, foi fundada em 1951, mas tarde, passou a se chamar Luís Sátiro Pereira. Acervo de Gentil Pereira Melo/Facebook.
AS ESCOLAS E AS PRIMEIRAS
PROFESSORAS DA VILA MENDES
ESCOLA ISOLADA MENDES
A primeira escola instalada no
Mendes foi inaugurada em 1950, denominada Escola Isolada Mendes. O dia e o mês
de sua inauguração ainda são desconhecidos. Esta escola, ficava na entrada do
Mendes, por trás da parada das toyotas e ônibus, e tinha apenas uma sala de aula.
A primeira professora nomeada pelo Estado para ensinar na referida escola, foi
a senhora Maria Silvina da Silva através da Portaria Nº 741, em 5 maio de 1950,
publicado pelo Diário Oficial do Estado em 14/5/1950. Ela era recifense, morava
em Ambolê no bairro da Várzea. Há registro, que Maria Silvina participou em
junho de 1954 do corpo docente de Limoeiro, que implantou o curso supletivo no
Mendes, e que em maio de 1957 era professora do Ginásio Dom Vital, em Olinda.
Esses são os últimos registros da referida professora.
O Diário Oficial do Estado, em 20
de maio de 1952, publicou a nomeação da professora Luiza Iracema Bione para
ensinar na Escola Isolada Mendes, onde ensinou até 1954. A professora Luiza
Bione ensinou nas Escolas Reunidas Padre Cavalcanti, em Bonito (1950); Grupo
Escolar Antônio de Morais e Silva, em Limoeiro (1953); Grupo Escolar Clara
Camarão, em Taquaritinga do Norte (1953) e no Ginásio Dom Vital, em Olinda
(1957).
Escola Luís Sátiro Pereira. Foto: Site Vila Urucuba Notícias.ESCOLA MUNICIPAL LUÍS SÁTIRO
PEREIRA
Conforme o histórico oficial desta
instituição de ensino, a escola foi fundada em 1951, denominada Escola Mínima Mendes,
todavia, dados que não constam no histórico, mas que foi publicado no Diário
Oficial do Estado em 1959, revela que a referida escola foi denominada Escola
Típica Rural do Mendes
Através da Portaria Nº 1618, em
20 de julho de 1959, foi nomeada para ensinar na Escola Típica Rural do Mendes,
a professora Creuza de Arruda e Silva. Ela lecionou nesta escola de 1959 a
1964. Muito querida no Mendes pelos alunos, ela nasceu em Limoeiro em 1936 e se
formou em licenciatura plena em geografia na Faculdade Olindense de Formação de
Professores – FOFOP.
Ela era professora da rede
estadual de ensino. Depois de ensinar no Mendes, seguiu para ensinar na Escola
Austro Costa em Limoeiro e depois na Escola Ministro Jarbas Passarinho, no
município de Camaragibe até 1988, quando licenciou-se. Se aposentou no ano
seguinte. (Finalizou).
Em 1993, a escola passou a se
chamar Grupo Escolar Luís Sátiro Pereira, através de um projeto de lei de
autoria do vereador Luíz Paulino, que era morador do Mendes, para homenagear o agricultor
de 75 anos, que foi vítima de um acidente fatal na Rodovia PE-90, em 18 de
setembro de 1991.
Em 2010, foi denominada Escola
Municipal Luís Sátiro Pereira.
A escola fica localizada à Rua José
Bonifácio de Lucena, na Vila Mendes. Oferece a educação básica do maternal da
educação infantil (3 a 4 anos); Nível I e nível II da educação infantil (4 a 5
anos) e ensino fundamental I (1º ano – crianças de 6 e 7 anos e 2º ano). Além
de atender aos alunos da Vila Mendes, atende também aos alunos das comunidades
circunvizinhas de Cabeça de Vaca, Bom Sucesso, Guabiraba, Sapé, Almirante e
outros.
Escola Municipal Marechal Castelo Branco. Foto: Jânio Odon/4.10.2024.
ESCOLA MUNICIPAL MARECHAL CASTELO
BRANCO
O Diário de Pernambuco, em 31 de
maio de 1979, publicou uma nota sobre as diversas obras que seriam inauguradas
no município de Limoeiro, entre elas, a inauguração de um Grupo Escolar no
povoado do Mendes. A nota dizia o
seguinte:
Limoeiro inaugura (dizia o
título) – O novo prédio da biblioteca pública do município, três postos de
saúde na zona rural, um grupo escolar no distrito de Mendes, a nova ponte da
Pirauíra e o calçamento em várias artérias da cidade, serão inaugurados oficialmente
pelo prefeito Adauto Heráclio Duarte, no próximo mês, com a presença do
governador Marco Maciel e vários secretários do Estado. A data ainda não foi
confirmada e vai depender da agenda do governador. Todas as obras já se
encontram prontas e a intensão do prefeito limoeirense é inaugurar todas num
único dia. Está faltando apenas alguns metros de calçamento no trecho que dá
acesso à Ponte Severino Pinheiro que deverá estar concluída ainda esta semana.
(Finalizou).
Há uma questão curiosa nesta nota
do Diário de Pernambuco. Analisando os históricos oficiais das duas escolas da
Vila Mendes, verifica-se uma divergência. Enquanto no histórico da Escola Luís
Sátiro há uma informação que em 1993, a escola passou a ser denominada de grupo
escolar, por outro lado, no histórico da Escola Castelo Branco não há nenhuma
citação de que a escola já foi um grupo escolar. Entretanto, faz crer, que o
grupo escolar citado na nota do jornal, se refere a Escola Castelo Branco, que coincidentemente
foi fundada em 1979, contrariando assim, o histórico oficial da Escola Castelo
Branco, que afirma que o nome de fundação da escola era Escola Municipal
Presidente Castelo Branco. O histórico acrescenta que a referida escola,
possuía uma única sala de aula, localizada na propriedade da professora
Olindina Esméria do Espírito Santo.
A Portaria Estadual Nº 292, de 20
de janeiro de 1982, A Secretaria de Educação do Estado favorável ao parecer do
Departamento de Normatização e Registro da Diretoria de Desenvolvimento e
Normas, autorizou o funcionamento do curso do primeiro grau (1ª a 4ª série) em
diversas escolas municipais do município de Limoeiro, entre elas: Escola Mínima
Mendes - inscrição nº 2162610 (atual Escola Municipal Luís Sátiro) e Grupo
Escolar Presidente Castelo Branco* – inscrição nº 2092514. (Escolas localizadas
na Rua José Bonifácio de Lucena, povoado de Mendes).(Publicado no DOE de 21/01/1982).
*OBS: Na portaria acima, a Escola
Municipal Presidente Castelo Branco foi citada como sendo um Grupo Escolar.
Conforme o histórico da escola,
em 21 de janeiro de 1983, a escola foi reestruturada e ampliada. Em 1986, a
escola passou a denominar-se oficialmente Escola Marechal Castelo Branco sob a
direção da professora Adélia Maria de Albuquerque, sendo seus sucessores os professores
Adiel Aureliano de Melo, João Raulino de Souza Neto, Maria Imaculada de Melo, Geórgia
de Figueiredo Araújo Lira, Carlos Wilson Pimentel de Lacerda, Maria do Socorro
Correia da Silva, Selma Maria Alves da Silva e a atual gestora Josiane Pereira
da Silva Cordeiro.
Atualmente, a escola está funcionando
com 16 turmas do ensino fundamental (3º ao 9º ano), uma turma de Atendimento
Educacional Especializado (AEE), quatro turmas do Projeto Música na Terra
Amada, totalizando 422 alunos, 30 professores, 03 apoios escolares e 12
servidores administrativos.
A Portaria Estadual Gab. Nº 83,
de 15 de dezembro de 1983, o Chefe de Gabinete de acordo com o Departamento de
Normatização e Registro da Diretoria de Desenvolvimento e Normas, autorizou o
funcionamento do curso de primeiro grau (5ª a 8ª série), na Escola Marechal
Castelo Branco – Inscrição nº M. 356.002, localizada no povoado de Mendes, em
Limoeiro. (Publicado no DOE em 16/12/1983).
Em 6 de março de 1990, o deputado
estadual Severino Cavalcanti, subiu à Tribuna da Assembleia Legislativa de
Pernambuco, solicitando ao Governo do Estado a elaboração de estudos para a
construção de uma escola de 2º Grau na Vila Mendes, em Limoeiro, conforme
reivindicação da comunidade, liderada pelo sr. Manoel Teixeira.
Em sua justificativa o deputado
Severino Cavalcanti, ressaltou o seguinte:
A juventude carente da Vila
Mendes, normalmente não prosseguem nos estudos por não dispor de recursos para
as despesas com deslocamentos para Limoeiro. Concebemos que, em uma democracia,
as oportunidades devem ser iguais para todos.
Uma escola de 2º Grau na Vila
Mendes, além de beneficiar seus moradores, atenderia, às comunidades de Cabeça
de Vaca, Passasunga, Bom Sucesso, Matinha, Sapé, Almirante, Gavião, Guabiraba e
Lagoa Comprida. Ante o exposto, contamos com o apoio dos nobres colegas para a
aprovação desta nova proposta. (Publicado no DOE de 8/3/1990).
As professoras acima citadas são
as pioneiras, depois vieram outras, que contribuíram bastante para a educação
dos jovens deste povoado, são elas: Olindina Esméria, Gilvete Ferreira
Cavalcante, Adélia Maria Albuquerque, Margarida Barros e Maria José de Barros
(Zui).
Professora Gilvete (blusa escura e óculos) na organização das festas juninas das escolas de Mendes, em 1976. Acervo de Gentil Pereira Melo/Facebook.
PROFESSORA GILVETE CAVALCANTE,
RECEBE A MEDALHA DO MÉRITO EDUCACIONAL
O Diário da Manhã em 6 de
novembro de 1983, publicou uma nota em destaque, sobre o recebimento da Medalha
do Mérito Educacional, concedida pelo Governo do Estado aos destaques
individuais na educação em Pernambuco. A professora Gilvete Cavalcante, da Escola
Mínima Mendes foi citada pelo referido jornal da seguinte forma:
Professora recebe medalha (dizia
o título) – Gilvete Ferreira Cavalcante, professora da zona rural do
Departamento Regional de Educação do Vale do Capibaribe, sediado em Limoeiro,
deixou de ser desconhecida na festa do Dia do Professor, realizada
recentemente, pelo Governo do Estado; neste ano as Medalhas de Mérito
Educacional, ao invés de homenagear educadores famosos ou mais conhecidos,
foram conferidas a quinze professoras da zona rural e três da periferia urbana.
Gilvete Ferreira Cavalcante foi
uma das grandes homenageadas. Ela iniciou suas atividades no Magistério como
professora primária contratada pelo município de Paulista (Escola São Pedro),
função que exerceu de 2 de fevereiro de 1964 a 30 de dezembro de 1966.
Participando de concurso público, promovido pela Secretaria de Educação, para
provimento de vagas de professores, foi aprovada com nota 56, tendo sido nomeada
pelo Ato 274, de 25 de janeiro de 1959. Em sua nova função, tomou posse em 2 de
fevereiro de 1968, e através da Portaria Nº 509, de 21 de março de 1968 foi
localizada na Escola Mínima Mendes, no povoado de Mendes, em Limoeiro, onde
continua lecionando, ainda hoje, no horário das 07:30 às 11:30.
Dedicação maior – Durante esses
anos, Gilvete vem lecionando nas quatro primeiras séries do primeiro grau.
Neste ano na 1ª série, conseguiu dos alunos um percentual de aprovação de 95% a
98%. Nos anos de 1972, 1981 e 1982, ensinou as 3ª e 4ª séries do primeiro grau,
tendo obtido um percentual de 96% e 98% de aprovação dos estudantes. Nas turmas
que tem ensinado, Gilvete conta com 35 a 42 educandos, sendo ótima a frequência
às suas aulas. Também ótimo tem sido o relacionamento com os pais, colegas e
alunos.
Na Escola Mínima Mendes, a
professora além de ensinar, exerceu funções de diretora, merendeira e zeladora.
Em 1º de março de 1969 foi promovida, automaticamente, para o padrão H,
enquanto pelo Ato Nº 2.555, de 18 de novembro de 1977, passou para o padrão I,
por merecimento. Em 1980, obteve progressão especial para FS-III e em 1982,
obteve nova progressão especial para FS-IV.
Com o curso pedagógico feito no
Instituto de Educação de Pernambuco e de Licenciatura Plena. Em História na
Faculdade de Formação de Professores de
Nazaré da Mata, unidade de 3º grau vinculada à Fundação do Ensino Superior de
Pernambuco, mesmo concursada e com
garantia de emprego, Gilvete não tem se descuidado no aprimoramento funcional,
contando com o curso de aperfeiçoamento pedagógico, educação artística,
alfabetização funcional, treinamento para professores municipais, intensivo
para professores regentes de primeiras séries do 1º grau, quitação e conteúdo programático,
repasse em avaliação da aprendizagem,
entre outros. (Finalizou).
* A professora Gilvete Ferreira
Cavalcante, nasceu em Limoeiro-PE, no dia 13 de abril de 1942. Aposentou-se aos
46 anos, mas voltou a lecionar na extinta Escola Morais e Silva até 2012.
Atualmente, reside em Limoeiro, curtindo a sua aposentadoria.
Cemitério São José, em Vila Mendes. Construído em 1952. Foto: Jânio Odon/2010.
O CEMITÉRIO SÃO JOSÉ
O Diário de Pernambuco em 31 de
outubro de 1952, publicou uma nota escrita pelo ilustre limoeirense Antônio
Vilaça, na coluna “Pelos Municípios” solicitando a construção de um cemitério
no povoado do Mendes. A nota dizia o seguinte:
Nos Mendes – Não há um cemitério
nos Mendes, falta sanável, desde que assim o entenda o sr. prefeito municipal
(referindo-se ao prefeito Eulino Barbosa). Porque se trata de um povoado muito
habitado e que dista, quase duas léguas da cidade. O sr. João de Melo,
proprietário naquela localidade, oferece o terreno e o povo está pronto para colaborar
com os poderes públicos. Apelamos para o prefeito, levando-lhes os anseios dos
municípios daquela zona agrícola, certos de que Sua Senhoria tomará o fato como
sendo de capital importância e de imediata solução. Finalizou.
No dia 14 de novembro de 1952, o
prefeito de Limoeiro, Eulino Barbosa, esteve no referido terreno e deu o seu
aval após a vistoria. Dias depois, deu-se início a construção do cemitério.
Antes do cemitério do povoado do
Mendes, o cemitério mais próximo era o cemitério do antigo Engenho Passasunga,
que existe desde o final do século XVIII, sua capela foi construída em 1745 e
reformada em 1881, pelo então proprietário, capitão Manoel Gomes de Moura e
Silva. Muitos dos moradores antigos da Vila Mendes, admite essa hipótese.
Todavia, não podemos afirmar com absoluta certeza, já que não temos nenhuma
prova documental até o presente.
Em 1983, a Prefeitura de Limoeiro
na gestão do prefeito José Artur Teobaldo Cavalcanti, comprou outra parte do
terreno a Família Melo para ampliação do Cemitério São José.
Em 2009, o cemitério teve sua
área ampliada por desapropriação na gestão do prefeito Ricardo Teobaldo
Cavalcante.
Rodovia PE-90 (antiga PE-5) começou a ser construída em 1952 e só foi concluída em 1964. Foto: Vila Mendes Ordinário ofc/Instagram.
A RODOVIA PE-90
A obra da construção da Rodovia
PE-5 (atual PE-90) teve início em dezembro de 1952, a partir de São Lourenço da
Mata, pelas construtoras Queiroz Galvão e Leão Limitada. A primeira etapa foi
até Carpina. A notícia de que a rodovia seguiria até Bom Jardim, encheu de
esperança a população do povoado do Mendes, pois com a estrada cruzando o
povoado a expectativa de dias melhores era muito grande. Seria o fim das longas
caminhadas até Limoeiro ou Lagoa Comprida, eram as únicas alternativas para se
tomar o trem. O povo já começava a sonhar em ter transporte na entrada do
povoado, não só para a sede do município, como também para a Capital e outros
lugares distantes. O povo do Mendes, viram os operários construindo a estrada
em frente ao povoado em 1963 até que o trecho até Bom Jardim fosse inaugurado
lá na Pedra do Navio, em 15 de fevereiro de 1964, pelo governador Miguel Arraes
de Alencar. Do início da obra em São Lourenço da Mata até esta data, foram mais
de doze anos de espera. Mas quem viveu para ver, não conteve a alegria e a
emoção desta grande conquista.
O trecho da Rodovia PE-5 (atual
PE-90) de Limoeiro até Bom Jardim só teve seu projeto aprovado em 1955, na
gestão do governador Etelvino Lins. Este trecho teve início em fevereiro de
1963, foram gastos Cr$ 360 milhões de cruzeiros, em obras executadas pelo DER.
A estrada com mais de 33 quilômetros de extensão, 14 metros de largura, possui
duas pistas, 78 bueiros, 4 pontilhões e mais de 176,5 metros de ponte.
O governador Miguel Arraes inaugurou a PE-5 (atual PE-90) em 1964. Foto: Folha Press/1964.
O jornal recifense “Última Hora”,
em 16 de fevereiro de 1964, cobriu a solenidade de inauguração da PE-90 em Bom
Jardim. Veja alguns trechos da publicação:
Em solenidade simples, o Chefe do
Executivo, inaugurou, ontem, a pavimentação do trecho que une os municípios de
Limoeiro e Bom Jardim, compreendendo as rodovias PE-5 (atual PE-90) e
PE-61(atual PE-88).
A fita simbólica foi cortada pelo
governador Miguel Arraes, após a benção do padre Nicolau Pimentel. Instantes
depois, às 10:20m, acompanhados dos prefeitos de Limoeiro, Adauto Heráclio
Duarte, e Bom Jardim, Noé Souto Maior, do senador Barros Carvalho e do ministro
Oswaldo Lima Filho, além de secretários e assessores diretos, Miguel Arraes foi
homenageado com um coquetel, no Grupo Escolar Austro Costa em Limoeiro.
Grande entusiasmo popular marcou
a inauguração do trecho pavimentado da rodovia que liga os dois importantes
municípios da Mata Norte. Cerca de duas mil pessoas, utilizando os mais
diversos meios de condução, seguiram a caravana governamental até a Pedra do
Navio, o mais pitoresco local da rodovia, onde as firmas responsáveis pelos
serviços de terraplanagem e pavimentação – Moveterras e Cobrapa,
respectivamente, recepcionaram os presentes com um coquetel.
O Ministro da Agricultura,
Oswaldo Lima Filho, disse:
- Falo neste momento mais como o
modesto homem do Agreste pernambucano de que como Ministro da Agricultura,
testemunhando o apreço e os aplausos do povo desta Região ao governador Miguel
Arraes, cujo trabalho, sereno e sem grande alarde publicitário, tem sido
profícuo nesses primeiros meses de sua administração. Essa obra vem beneficiar
não somente toda a Região, mas sobretudo, o pequeno produtor e o pequeno
agricultor, lhes proporcionando transporte seguro e rápido para as mercadorias
produzidas.
Depois da solenidade de
inauguração, pelas 11 horas, o governador Miguel Arraes, Oswaldo Lima Filho,
Sylvio Lins, Barros Carvalho, Lamartine Távora, o prefeito de Limoeiro – Adauto
Heráclio Duarte; e toda comitiva, seguiram até Bom Jardim, tendo sido recebido
pelo prefeito Noé Souto Maior, em sua residência. Posteriormente, toda a
comitiva seguiu até a estrada que dá acesso a Surubim, ora sofrendo reparos,
adaptações e melhoramentos para receber asfalto indo até o centro daquela
cidade, de onde retornou ao Recife. (Finalizou).
AS PASSAGENS DE ÔNIBUS
O Diário de Pernambuco em 21 de
agosto de 1966, publicou a tabela com os valores das passagens de ônibus
intermunicipais e de localidades de Limoeiro: De Recife para Limoeiro a
passagem custava 800 cruzeiros; de Limoeiro para Passira: 380 cruzeiros; de
Limoeiro para Cumaru: 720 cruzeiros; de Limoeiro para Ameixas: 1.070; de
Limoeiro para Feira Nova: 270 cruzeiros; de Limoeiro para Araçá: 410 cruzeiros;
de Limoeiro para Guilherme: 620 cruzeiros; de Limoeiro para Tapera (Bonança):
930 cruzeiros; de Limoeiro para Urucuba: 140 cruzeiros; de Limoeiro para
Bengala: 270 cruzeiros; de Limoeiro para Lagoa Comprida: 170 cruzeiros; de
Recife para o Mendes: 870 cruzeiros; de Recife para Lagoa Comprida: 980
cruzeiros; de Recife para Bizarra: 1.000 cruzeiros. Nesta época, a infração era
muito alta e a moeda desvalorizada. Motivo pela qual, as passagens apresentam
valores altos.
O Diário de Pernambuco em 27 de
outubro de 1987, publicou uma nota do cidadão Severino Franco Monteiro Mendes,
se queixando do valor da passagem de ônibus do povoado do Mendes. A nota dizia
o seguinte:
O povoado dos Mendes não é considerado um
ponto de ônibus. Por isso, ao utilizarmos os ônibus da Expresso 1002 pagamos passagem
de Recife a Freitas, Limoeiro a Freitas e vice-versa (ônibus com destino:
Recife-Surubim, Recife-Taquaritinga, Recife- Umburetama, e vice-versa), ou
Recife a Bizarra. Limoeiro a Bizarra (ônibus com destino: Recife-Machados e
vice-versa); e, ao utilizarmos os ônibus da Viação Vencedora pagamos de
Limoeiro a Bizarra. Freitas, vila de Bom Jardim, fica distante de Limoeiro mais
de 20 quilômetros. Bizarra, também em Bom Jardim, fica distante de Limoeiro 20
quilômetros.
Queremos pagar pela área que
realmente percorremos. Passagens, por exemplo, Cz$ 12 cruzados (valor que
deveria estar sendo cobrado) ou de Cz$ 15 cruzados (valor cobrado) entre
Limoeiro e Mendes, são quantias altíssimas para quem percorre apenas 7
quilômetros. (Finalizou).
OS PADRES ITALIANOS
A história religiosa da Vila
Mendes, ficou marcada pelas passagens marcantes de dois padres italianos: Giorgio
Barbieri, conhecido como padre Jorge, e Luigi Cecchin, conhecido como padre
Luís. Já circularam pelo Mendes, inúmeros párocos, mas nenhum, são tão
lembrados quanto eles dois. É quase impossível encontrar um morador da Vila
Mendes que mora ou morou durante as décadas de 1970 e 1980, que não tenha uma fotografia
com um dos padres. Eles chegaram em plena Ditadura Militar, onde defender os
direitos sociais era uma afronta ao regime. O interior enfrentava o absolutismo
e o coronelismo. Limoeiro teve talvez, o mais famoso mandachuva de Pernambuco,
o coronel Chico Heráclio, que dominou o cenário político limoeirense por quase
sessenta anos (décadas de 1920 a 1970), ele faleceu em 1974, mas as oligarquias
permaneceram por muito tempo.
O padre Jorge Barbieri foi o
primeiro a chegar em Limoeiro, em 29 de outubro de 1967. Em 1979, coordenou a
construção da nova igreja de Nossa Senhora da Conceição de Mendes e articulou a
realização da Festa da Conceição.
Em 1984, foi para Salvador, mas
em 1985, já estava de volta a Limoeiro. Assumiu a titularidade da Paróquia de
Nossa Senhora da Apresentação, permanecendo até 1990, quando se retirou da vida
sacerdotal para casar-se com a sra. Judite Albuquerque de Barros, que fazia
parte do grupo pastoral da igreja. Jorge Barbieri foi agraciado com o título de
Cidadão Limoeirense em 15 de junho de 1991. Foi eleito vereador de Limoeiro em 2004
e exerceu o mandato de 2005 a 2008.
Jorge Barbieri, nasceu em 12 de
agosto de 1940, em Treviso, na Itália. Atualmente reside em Limoeiro, aos 83
anos.
1ª Eucarístia na Igreja de N. S. da Conceição de Mendes, em 1974: padre Luís Cecchin, minha esposa Edleuza, meu cunhado João (Danda) e minha sogra Beatriz. Acervo da família.O padre Luís Cecchin, chegou em
Limoeiro, em 26 de maio de 1969, com os seus 44 anos de idade. E no dia 12 de
junho daquele ano, visitou o Mendes pela primeira vez, durante a reunião do
Apostolado da Oração.
Recebeu os títulos de Cidadão
Limoeirense em 1989 e de Cidadão Pernambucano em 2009.
Padre Luís Cecchin, nasceu em 11
de dezembro de 1924, em San Martino di Lupare, na Itália. Faleceu em 26 de
março de 2010, em seu país, mas foi sepultado em Limoeiro, na Igreja Matriz de
São Sebastião em 5 de maio de 2010.
Perseguidos pela Ditadura - Em 25
de dezembro de 1975, quando retornava do povoado de Bizarra, o padre Jorge
Barbieri, foi preso pelo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) a
polícia política durante o Regime Militar, Barbieri foi acusado de ser
comunista, aliciar jovens para a guerrilha e de esconder uma metralhadora. Posteriormente,
por falta de provas, ele foi posto em liberdade.
Em outubro de 1980, o padre
italiano, Vito Miracapillo, do município de Ribeirão-PE, foi expulso do país
por negar-se a celebrar duas missas em homenagem à Independência do Brasil.
Este fato, teve grande repercussão no Brasil e no Exterior.
O episódio, fez com que todos os
padres estrangeiros ficassem na mira do DOPS. Em 1981, os padres Jorge Barbieri
e Luís Cecchin estiveram ameaçados de serem transferidos da paróquia de
Limoeiro, e só não foram, porque ouve uma grande mobilização do prefeito, do
povo limoeirense e de alguns políticos.
O Diário de Pernambuco, em 2 de
abril de 1981, publicou o seguinte:
Limoeiro não quer a saída dos
sacerdotes (Dizia o título) – Ao contrário do prefeito de Ribeirão, Salomão
Brasil, no caso da expulsão do padre Vito Miracapillo daquela cidade, a
permanência dos sacerdotes italianos Luís Cecchin e Jorge Barbieri na Paróquia
de Nossa Senhora da Apresentação de Limoeiro, “é uma questão de honra” para o
prefeito local, Adauto Heráclio Duarte, que promete lutar ao lado da comunidade
católica da região para que eles aqui permaneçam, apesar da existência, junto
ao bispo de Nazaré da Mata, de complô político para afastá-los desta área.
O prefeito esclarece que tudo
fará, junto as autoridades eclesiásticas, no sentido de que o trabalho dos
padres em Limoeiro não seja interrompido, principalmente o Centro de Formação
de menores, onde 305 crianças recebem educação e formação moral gratuitamente,
através de um amplo programa assistencial e de ajuda externa. Diversos
proprietários rurais não estão “satisfeitos com a atuação dos dois padres e
abertamente afirmam que eles são comunistas “como o padre Miracapillo”. Esses
empresários estão à frente do complô e junto ao bispo de Nazaré da Mata, dom Manoel
Lisboa, a que os religiosos estão subordinados, interferem para a saída dos
sacerdotes de Limoeiro.
O padre Jorge Barbieri, certa
vez, foi preso pelo DOPS por denuncia de plantadores de cana de que estaria
fazendo agitação no campo. Um terceiro padre italiano que também reside e atua
na Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação de Limoeiro, de nome Hermínio,
chegou a ser espancado e ameaçado de morte por senhores de engenho da região.
Ele atua nos povoados do município, onde foi agredido, enquanto Luís Cecchin e
Jorge Barbieri trabalham diretamente na zona urbana da cidade, assistindo os
menores do Centro de Formação e da Sociedade de Camponeses São José.
A atuação dos sacerdotes tem
incomodado os proprietários tendo em vista o trabalho de conscientização e
orientação que desenvolvem nos sítios e fazendas, juntos aos camponeses que
estão assimilando justiça social, reforma agrária, direito a posse de terra,
saúde, educação, etc. A matéria publicada ontem por este jornal, obteve ampla repercussão
não só em Limoeiro como em diversos municípios da Mata Norte. Deputados,
vereadores e líderes católicos estão preparando uma manifestação em solidariedade
aos padres italianos aqui radicados tendo em vista a ameaça de que poderão ser
deslocados para outras regiões do Estado ou até mesmo expulsos, segundo se comenta.
À frente do movimento encontra-se
o juiz de Direito de João Alfredo, Petrúcio Tobias Granja, que, ao lado de
diversas autoridades, vem tentando sensibilizar o bispo dom Manoel Lisboa no
sentido de que os padres não saiam de Limoeiro, como já estaria decidido por
aquela autoridade eclesiástica, que também discorda da atuação dos religiosos
principalmente porque eles não cobram pelos ofícios que celebram, no caso
missas, casamentos, batizados, etc.
Disse o juiz Petrúcio Granja que
o trabalho desenvolvido na Paróquia de Limoeiro, “através de seus zelosos sacerdotes,
Luís Cecchin e Jorge Barbieri, é moldado rigorosamente nas diretrizes traçadas
por Medellin, Puebla, pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros) e
pelo Santo Padre João Paulo II. Em Limoeiro, uma missa não é uma mercadoria.
Cr$ 1.000,00 (Mil cruzeiros), para se celebrar uma missa, ou Cr$ 200,00
(Duzentos cruzeiros), por um batizado. O fiel dá o que pode e quer. Na “Princesa
do Capibaribe”, não se faz como se fazia em algumas paróquias de antigamente,
pagar para o sacristão, para tocar Cr$ 50,00 (Cinquenta cruzeiros) de sino para
o defunto”.
Repercussão – Ontem, em Caruaru a
notícia da saída dos padres italianos de Limoeiro foi debatida na Câmara
Municipal daquela cidade. O vereador Fernando Soares, do PMDB, apresentou
requerimento convidando os sacerdotes “para virem residir em Caruaru, a fim de
darem continuidade a fabulosa obra em favor dos oprimidos iniciada há 14 anos
na “Princesa do Capibaribe”. Acrescentou Soares que não é de hoje que aqueles
sacerdotes, “os quais abraçando os postulados das célebres conferências de
Medellin, optaram preferencialmente pelos pobres. Agora, vêm sendo
sistematicamente e implacavelmente perseguidos por uma ínfima minoria política
extremamente conservadora e representantes das arcaicas estruturas agrárias do
nosso País, no afã de manter eternamente os seus privilégios”, afirmou.
“Assim aconteceu com o frei José
Maria” – Disse o vereador – “pároco de Alagoinha que ousou enfrentar a prepotência
dos senhores feudais dessa cidade, nos idos de 1978; com o padre Reginaldo
Veloso, Casa Amarela, no Recife; culminando com a expulsão absurda do padre
Vito Miracapillo da Paróquia de Ribeirão, por férrea pressão dos latifundiários
da zona da Mata, para citar apenas alguns casos que vieram ao conhecimento em
nosso Estado”. Concluiu o vereador Fernando Soares.
Em Limoeiro – O vereador Luiz
Manoel de Almeida (Luiz Paulino), do PDT, apresentou na reunião de ontem, da
Câmara Municipal de Limoeiro, um requerimento em forma de apelo, ao bispo
Manoel Lisboa e ao Conselho Presbiterial da Diocese de Nazaré da Mata, no
sentido de que os padres italianos não sejam impedidos de trabalharem dentro da
linha da CNBB, que é a mesma do Papa João Paulo II. “ E que acaba com as
pressões que vem fazendo aos sacerdotes da Paróquia de Limoeiro, que em virtude
disso terminarão sendo transferidos para
outras dioceses do Estado”, disse o vereador.
O saneamento básico na Vila Mendes começou a ser implantado em 1971. Foto: Sitío Guia Notícias/Instagram.SANEAMENTO BÁSICO NA VILA MENDES
Em agosto de 1969, foi detectado
através do órgão de saúde de Limoeiro, grande índice de doenças provocadas por
parasitas na comunidade do Mendes, tais como: malária, mal de Chagas e
principalmente a ascaridíase (lombrigas). Efeito esse, provocados pela falta de
saneamento básico na comunidade, já que não havia água encanada e boa parte da
população bebiam água dos cacimbões e dividiam com os animais os banhos no
riacho Gabioé e o rio Tracunhaém. Muitos, tinham o hábito de fazer suas
necessidades fisiológicas no meio do mato, durante às chuvas, todos os dejetos
eram despejados dentro do rio e o riacho que corta o povoado, aumentando
consideravelmente os casos de lombricoides. Outro grande problema eram as casas
de taipa, que são criadouros do inseto barbeiro, que provoca o mal de Chagas.
Diante da grave situação de saúde
pública no povoado do Mendes, o prefeito José Antônio Correia de Paula,
juntamente com a 4ª Região de Saúde, Ancarpe, Deneru, começaram a desenvolver
em conjunto, um plano de erradicação dessas doenças.
O Diário de Pernambuco em 22 de
agosto de 1969, divulgou o seguinte: (trechos)
... O processo terá várias etapas, as quais
serão executadas pelos órgãos assistenciais existentes no município.
Inicialmente será feito um levantamento helmintológico e, em seguida, um
trabalho de educação sanitária baseado em uma metodologia adaptada à realidade
local. Como etapa final serão condições à população para passar a adotar novas
formas de vida, de maneira que conserve, sempre um estado de saúde normal.
Levantamento helmintológico: será feito pelo Denuru, contando com a colaboração
da Ancarpe e Prefeitura de Limoeiro. Anexo a este levantamento, será levado em
conta, uma pesquisa socioeconômica pelo Serviço de Extensão Rural de
Pernambuco, Educação Sanitária: com participação da 4ª Região de Saúde e
Ancarpe. No tocante à parte educativa haverá palestras, movimentos, filmes e
treinamentos dados pelos funcionários dos órgãos competentes. Conclusão: para
que se coloque em prática os objetivos do projeto, a Prefeitura fará abertura
de um poço artesiano, banheiros e lavandarias públicas no distrito do Mendes. O
projeto e programação encontra-se em fase de elaboração pelos representantes
dos órgãos competentes. (Finalizou).
No dia 4 de março de 1971, as
obras dos poços artesianos no Mendes já estavam em andamento, quando o vereador
José de Assis Pedrosa subiu à tribuna da Câmara Municipal de Limoeiro e
solicitou a paralização de todas as obras em andamento no município de Limoeiro
para que fosse pagas as dívidas com o funcionalismo municipal. O Diário de
Pernambuco, dois dias depois, publicou o seguinte:
Declarou o vereador, cuja
solicitação foi aprovada, que esta medida possibilitará condições à Edilidade
de pagar ao funcionalismo que está com dois meses de atraso, as bolsas
escolares e com o ipsep.
Em seu requerimento diz o sr.
José de Assis Pedrosa que com apenas três meses de paralização das obras da
atual administração, a Edilidade limoeirense conseguirá saudar todos os seus
débitos e criará condições de dar continuidade a execução das obras públicas.
Entre as obras que deverão ser
paralisadas citou os poços artesianos que estão sendo construídos no Distrito
de Mendes e os canais nas principais artérias da cidade.
O vereador disse que não está
fazendo parte do movimento levantado por alguns dos seus colegas contra a atual
administração municipal por não encontrar motivos para tal, desde que a
Prefeitura limoeirense, como tantas outras do Estado, não dispõe de condições
financeiras e o chefe do Executivo, sr. José Antônio Correia de Paula, já fez
uma série de realizações e tem procurado, no seu entender, conduzir a Edilidade
dentro dos princípios democráticos. (Finalizou).
Em 24 de dezembro de 1971, na
véspera do Natal, o poço artesiano, a lavanderia e o banheiro público do
povoado do Mendes foram inaugurados. Além disso, foi instalada pela Prefeitura
do Limoeiro, uma televisão na praça do povoado, que foi recebido com muita
festa.
O Diário de Pernambuco em 28 de
dezembro de 1971, publicou uma nota a respeito, que dizia o seguinte:
Prefeito entrega presente aos
habitantes de Mendes – (Dizia o título) – O prefeito José Antônio Correia de
Paula entregou ao distrito de Mendes, na véspera do Natal, o poço artesiano
construído pela Prefeitura, que, desde sábado último, está fornecendo água à
população.
O chefe do Executivo limoeirense
fez a entrega, na oportunidade, de um chafariz, uma lavandaria e um banheiro
público, além de dez lâmpadas a vapor de mercúrio, que iluminou a sede do
distrito de Mendes.
O vereador Lívio Teobaldo de
Vasconcelos, líder do prefeito na Câmara Municipal, afirmou que, no próximo
ano, serão entregues mais quatro poços artesianos aos povoados de Gamaleira,
Urucuba, Rua das Flores e Ponto Certo.
O prefeito José Antônio Correia,
instalou no Mendes, um aparelho de televisão, que vem sendo a atração dos
agricultores residentes no povoado. (Finalizou).
Em 17 de abril de 1974, foi
inaugurado o sistema de abastecimento d’água de Limoeiro, que beneficiou 35 mil
habitantes, mas a capacidade do sistema é de atender 68.300 pessoas. No projeto
para a implantação do sistema de abastecimento d’água de Limoeiro, o Governo do
Estado, através da Secretaria de Obras investiu 8,6 milhões de cruzeiros.
O manancial é o rio Orobó, tendo
a Compesa construído uma barragem vertedoura de dois metros de altura, cuja
função foi elevar o nível do rio, o sistema contém uma estação elevatória,
adutora de recalque (de gravidade de água tratada) estação e tratamento d’água,
três reservatórios e rede de distribuição de 32 quilômetros de extensão.
Em 11 de novembro de 1993, a deputada estadual
Lúcia Heráclio, subiu à bancada da Assembleia Legislativa de Pernambuco e
apresentou a Indicação Nº 5168, solicitando a instalação de água encanada no
distrito da Vila Mendes, sendo formulado apelo ao Governador de Pernambuco,
Joaquim Francisco de Freitas Cavalcanti; ao Secretário de Habitação e
Saneamento, Ricardo Couceiro; e ao Presidente da Compesa, José Claúdio Pontual
Duarte.
Em seu discurso, a deputada Lúcia
Heráclio apresentou a sua justificativa:
Torna-se desnecessário justificar
a necessidade da presente indicação, face à absoluta relevância de água
encanada, para o bem-estar de qualquer comunidade.
Padecendo constantemente de falta
de água, o populoso distrito de Mendes tem sofrido os piores momentos de sua
história, com a seca que grassa todo nosso Estado e que está sendo considerada
a maior deste século. Instalar água encanada nessa comunidade é libertá-la do
pior dos males que assola e contribuir decisivamente para elevar o padrão de
vida de seus sofridos habitantes. (Finalizou).
Em 21 de março de 1994, a
deputada Lúcia Heráclio faz novo apelo na ALEPE ao Governo do Estado para
instalação de água encanada na Vila Mendes.
Em outubro de 2005, na Vila
Mendes, a Compesa perfurou um poço artesiano de 20 metros de profundidade para
melhoramento no abastecimento do distrito.
Atualmente a água que abastece a
Vila Mendes é captada do rio Orobó, em Bizarra, na barragem de Palmeirinha. No
entanto, alguns pontos do distrito do Mendes, ainda não possui água encanada,
exemplo disso, são as residências situadas na estrada das Bromélias, onde a
água é captada dos antigos cacimbões e poços artesianos perfurados pela
população da localidade.
O Rio Tracunhaém, cheio durante o inverno. No alto, o Cemitério São José, na Vila Mendes. Foto: Silvaninha Moura/Instagram/2022.A ENCHENTE DE 1970
Entre os dias 21 e 22 de julho de
1970, as fortes chuvas que caíram em Pernambuco, atingiram a Capital e mais
vinte e oito cidades da Zona da Mata e do Agreste. Os rios Capibaribe, Tracunhaém,
Una, Ipojuca, Formoso, Tapacurá, Pirapama, Gurjaú, Amaraji e seus afluentes,
transbordaram. A cheia de 1970, deixou em todo o Estado, um saldo devastador:
500 mil pessoas foram atingidas e 150 morreram; 1.266 casas foram destruídas em
28 cidades. No Recife, 50 mil pessoas ficaram desabrigadas.
Com o transbordamento dos rios
Capibaribe e Tracunhaém, a cidade de Limoeiro e alguns distritos foram
completamente inundados pela pior enchente de sua história.
O Diário de Pernambuco, em 22 de
julho de 1970, publicou uma nota sobre a situação caótica enfrentada pelo
município. A nota dizia o seguinte:
Rio Tracunhaém destrói Vila
Urucuba: Limoeiro – (dizia o título) – A Vila de Urucuba, pertencente a este
município, foi totalmente destruída pela inundação do rio Tracunhaém. A
população conseguiu salvar-se, ocupando as partes altas da região.
Os soldados do Corpo de Bombeiros
enviados àquela vila, não conseguiram penetrar no lugarejo, em virtude da forte
correnteza do rio Tracunhaém.
A situação também é de desespero
nos distritos de Mendes (Limoeiro) e Bizarra (Bom Jardim), ambos banhados pelo
rio Tracunhaém. Segundo informes de pessoas residentes em Urucuba, as águas
atingiram um metro no centro da vila.
Quanto a Limoeiro, o rio
Capibaribe atingiu sua altura máxima às 10 horas de ontem, quando chegou a 6,55
metros, nas imediações da ponte que liga a cidade ao Bairro Novo. Segundo
informes da estação hidrológica, daquela cidade, às 6 horas as águas atingiram
a altura de 6,26 metros, subindo para 6,40 metros às 7 horas e atingindo 6,53 metros
às 8 horas. Baixaram para 6,51 metros às 9 horas e subiram para 6,55 metros às 10
horas.
Cinco casas desabaram em Limoeiro,
com a inundação das ruas da Alegria, Nova e Monsenhor Jerônimo Assunção. O
pontilhão que liga a cidade à rua das Flores foi destruído pelas águas do
Capibaribe. Duas residências desmoronaram na Serra do Redentor, em face das
fortes chuvas que caíram na região.
O governador Nilo Coelho esteve
em Limoeiro, quando manteve contatos com o prefeito José Antônio Correia de
Paula e o delegado David Menezes. (Finalizou).
Centro de Saúde Emerenciana Wanderley do Rêgo, Vila Mendes. Foto: Jânio Odon/4.10.2024.A CAMPANHA DE COMBATE AS DOENÇAS
E A CRIAÇÃO DO POSTO DE SAÚDE DO MENDES
Como já foi dito, o povoado do
Mendes, vivia em total abandono em relação aos cuidados sanitários pela
municipalidade. Faltavam investimentos no saneamento básico e na saúde pública do
povoado. Até que em agosto de 1969, o povoado do Mendes foi surpreendido por um
surto de doenças provocadas por parasitas, tais como: malária, mal de Chagas e
ascaridíase (lombrigas). A princípio, foram tomadas medidas paliativas, mas
diante da gravidade da situação, a Prefeitura Municipal do Limoeiro, resolveu
montar uma força tarefa para combater aquela epidemia. Decorrente disto, foi
que sugiram no distrito do Mendes, poços artesianos, chafariz, banheiros
públicos e posto de saúde. Fatos esses registrados pelo Diário de Pernambuco.
O Diário de Pernambuco, em 15 de
agosto de 1970, publicou uma nota sobre o problema. A nota dizia o seguinte:
Ancarpe tem plano integrado –
dizia o título – O técnico agrícola Demourier Garcia Martins, chefe do escritório
local da Ancarpe, deu a conhecer o plano de saúde elaborado pela equipe da
Ancarpe limoeirense para a comunidade de Mendes, neste município. O referido
plano de trabalho foi criado tendo em vista a existência de problemas de saúde
decorrentes das precárias condições de saneamento básico e educação sanitária.
A ação do programa é essencialmente
educativa e visa melhorar o estado de saúde da população. A área de atuação do
plano é o distrito de Mendes, que possui uma população de 976 pessoas,
resumidas em 158 famílias. Do plano participam a Prefeitura Municipal, 4ª
Região de Saúde, Posto Estadual de Higiene, Deneru, Sindicato Rural, Paróquia,
Associação Comercial, Lions Club, Colégio Regina Coeli, Ancarpe, cooperativa
Mista e a comunidade rural de Mendes.
A Prefeitura prometeu a
perfuração de poços artesianos e a construção de banheiros e lavanderias
públicas; o Lions Club, o transporte para aplicação de pesquisa e as demais
entidades o fornecimento de materiais e a orientação técnica para a capacitação
do pessoal. No início do mês, foi dado um curso sobre aplicação de pesquisa no
meio rural para as alunas do curso pedagógico do Colégio Regina Coeli. Uma
unidade volante da Ancarpe, equipada com alto-falante, motivou as famílias
rurais e foram passados filmes sobre saúde e os médicos José Otávio Maciel e
Antônio Mattos proferiram palestras referentes ao assunto.
Vacinas e partos – Segundo o
escritório da Ancarpe, em apenas 40 dias (de 20 de maio a 30 de junho) foram vacinadas
4.784 pessoas em Limoeiro, sendo 3.154 contra varíola, 1.067 DPT e 563 contra
tifo. As parteiras leigas da zona rural, treinadas pelas extensionistas da
Ancarpe e maternidade local realizaram 143 partos de janeiro a junho do
corrente ano (referindo-se ao ano de 1970). Finalizou.
O Diário de Pernambuco, em 1º de
outubro de 1970, publicou uma nota sobre a campanha sanitária realizada no
Mendes. A nota dizia o seguinte:
Campanha sanitária no distrito de
Mendes – Pesquisa em 151 famílias no distrito de Mendes, deste município. Essa
pesquisa atingiu os setores habitacional, saúde e econômico. O referido foi
executado com colaboração das alunas do pedagógico do Colégio Regina Coeli.
Houve várias reuniões, quando foram discutidos os problemas pesquisados.
Funcionários do Deneru colhem da população, duas vezes por semana, material
para análises médicas, sendo as famílias examinadas por médicos da referida
repartição, recebendo os medicamentos na medida que vão sendo atendidas.
Segundo o chefe do escritório local da Ancarpe, sr. Demourier Garcia Martins, a
Prefeitura Municipal fez um poço artesiano e no próximo mês construíra um
chafariz e uma lavanderia pública.
Adiantou que o prefeito José
Antônio Corrêa de Paula prometeu iniciar a construção de duzentas “privadas” no
Mendes, sendo que o Deneru entrará com as lajes e o Banco do Brasil e
Cooperativa Mista financiarão as construções e aquisições de filtros e a
edilidade ajudará as famílias pobres. A 4ª Região de Saúde iniciou a imunização
da população contra tifo, varíola, coqueluche, difteria e tétano. Vem sendo dos
mais proveitosos os resultados das pesquisas que a Ancarpe vem fazendo no
distrito do Mendes, em conjunto com diversos órgãos públicos locais e com a
colaboração das estudantes do Regina Coeli e da comunidade. Finalizou.
O Diário de Pernambuco, em 15 de
fevereiro de 1975, publicou uma nota onde o secretário de obras de Limoeiro,
Gilberto Lapenda, anunciou as obras que estavam em andamento no município e as
já concluídas, entre elas, o Posto de Saúde Egídio Arruda, no Mendes. A nota
dizia o seguinte: (trechos)...Um posto de saúde, com serviço médico-odontológico
também será inaugurado no distrito do Mendes nesses próximos dias, apesar de já
se encontrar em funcionamento, atendendo a mais de duzentas pessoas por dia,
com dois dentistas e um médico, além de dois enfermeiros. Finalizou.
O Diário de Pernambuco em 5 de
novembro de 1975, publicou uma nota sobre as obras e as ações executadas na
administração do prefeito Artur Correia de Oliveira, onde faz referência ao
posto de saúde Egídio Arruda, no Mendes. A nota dizia o seguinte: (trechos)
...Com o objetivo de oferecer um
maior desenvolvimento à Região, tornando-a mais dinâmica, o prefeito Artur
Correia Oliveira recuperou ainda 80% das estradas do município, reformou o
matadouro público, instalou diversos televisores em praça pública, fez
alargamento da Rua Nova e construiu mais de 17 quilômetros de estradas.
Além destas obras, a Prefeitura
de Limoeiro, em convênio com a Fiam e Sudene, implantou a reforma administrativa
e construiu seis grupos escolares na zona rural. Estabeleceu com a Fusam,
também através de convênio, a distribuição de medicamentos à população de baixo
poder aquisitivo e mantém atendimento médico-odontológico nos ambulatórios da
Secretaria de Saúde e Posto Egídio Arruda, no povoado de Mendes. Finalizou.
Como vimos, o primeiro posto de
saúde do povoado do Mendes, foi inaugurado em fevereiro de 1975, denominado
Posto de Saúde Egídio Arruda, na gestão do prefeito Artur Correia de Oliveira.
Em 3 de agosto de 1998, através
da Resolução Nº 281, foi inaugurado o novo posto de saúde da então Vila Mendes,
na gestão do prefeito Luís Heráclio do Rêgo Sobrinho (1997-2005) que em 25 de
março de 2000, fez uma grande reforma no prédio passando a denominar-se Centro
de Saúde Emerenciana Vanderlei do Rêgo. O nome do posto foi uma homenagem a
genitora de Nena Barbosa, empresário limoeirense do setor algodoeiro.
Frei Damião foi recepcionado pelos padres Luís Cecchin e Jorge Barbieri. Foto: Acervo de Arnaldo Newton Pimentel/Facebook.
FREI DAMIÃO NA VILA MENDES
No dia 29 de março de 1976, Frei
Damião de Bozzano, o maior fenômeno religioso do Nordeste, chamado pelos fiéis
de “Santo Milagreiro”, estava seguindo para o município de Feira Nova e
resolveu aportar no povoado do Mendes. O tumulto foi geral. O povo do Mendes,
de tradição católica e de grande devoção e fé, não queria perder aquele momento
único de tocá-lo, beijar a sua mão e pedir uma benção. A multidão se formou
pelas ruas e em torno da Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Mendes. Frei
Damião foi recepcionado pelos padres italianos Jorge Barbieri e Luís Cecchin. O
Santo Milagreiro após fazer sua pregação, deixou a Vila Mendes e seguiu viagem
sendo ovacionado pelo povo.
Fachada do campo do Vitória dos Mendes. Foto: Acervo do clube/Facebook/2021.ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA VITÓRIA DOS MENDES
O Vitória dos Mendes, é o clube mais tradicional da Vila Mendes, fundado em 7 de junho de 1987. O clube participa dos principais campeonatos realizados no município de Limoeiro: Campeonato Limoeirense Regional de Desportos, Copa Mendes, Copa Bizarra, Copa Terra Amada. O Vitória dos Mendes também tem seu próprio campo com gramado e vestiários denominado "Estádio Luiz Correia de Oliveira". Atualmente, seu principal rival é o Juventude dos Mendes.
O Mendes, Tornou-se Vila em 1988. Foto: Dronel/Instagram.
SURGE A VILA MENDES
Antes de torna-se Vila Mendes, a
localidade era conhecida por Mendes, Sitio Mendes, povoado Dos Mendes. Também
já foi dividido entre o Mendes de Cima e Mendes de Baixo. Em 1988, com a Lei
Municipal sancionada no Palácio Municipal Francisco Heráclio do Rego, em
Limoeiro, surgiu a Vila Mendes.
A Lei Municipal Nº 1735, de 20 de
janeiro de 1988, elevou o povoado Mendes a categoria de Vila. Desmembrando do
2º Distrito de Urucuba, passando a formar o 3º Distrito de Limoeiro. Lei
sancionada pelo prefeito José Artur Teobaldo Cavalcanti.
A Lei Municipal Nº 1835, de 2 de
julho de 1991, sancionada pelo prefeito José Xavier Quirino. Delimitou de forma
definitiva a Vila Mendes conforme o texto: O Distrito do Mendes limitar-se-á do
seguinte modo: O rio Orobó, no limite intermunicipal, Limoeiro/Bom Jardim;
segue o rio Orobó até a sua foz no rio Tracunhaém, segue até o encontro com a
foz do riacho Gabioé, segue o Gabioé até o cruzamento com a PE-90; segue a
PE-90 até a estrada para o Engenho Parari; segue a estrada para o Engenho
Parari até o confronto com o limite intermunicipal Limoeiro/Bom Jardim; segue
este limite até o rio Orobó, ponto do fechamento do perímetro distrital.
SOLICITAÇÃO DE UM POSTO TELEFÔNICO
O Diário Oficial de Pernambuco,
em 26 de outubro de 1989, publicou a Indicação Nº 3527, de autoria deputado
José Humberto, solicitando ao presidente da TELPE, dr. Frederico Siqueira, a
implantação de um Posto Telefônico no Distrito de Mendes. Na tribuna da Alepe,
o deputado José Humberto fez a seguinte justificativa:
- Mendes, se constitui no segundo
aglomerado populacional mais importante do município. Situado às margens da PE-90,
com uma população de 1.500 habitantes aproximadamente. Mendes, por sua
localização geográfica, apresenta uma outra população dinâmica que ali transita
em direção a outros municípios próximos e que por força do seu trabalho
profissional, buscam novos meios de comunicação a fim de resolverem seus
problemas, sem a necessidade obrigatória de buscarem as sedes dos municípios
ali equidistantes.
Faço o exposto, esperamos contar
com aprovação desta indicação, porque assim o fazendo estão realizando um
antigo sonho daquela ordeira comunidade. (Finalizou).
ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA VILA
MENDES
Em 10 de fevereiro de 1992, foi
fundada a Associação Comunitária Vila Mendes. A Associação destina-se em defender
os direitos sociais e desenvolver à cultura e a arte na comunidade.
SOLICITAÇÃO DE SINAL DE TELEFONIA
CELULAR
Em 31 de outubro de 2013, o
deputado Henrique Queiroz, apresentou na ALEPE, a Indicação Nº 7490, fazendo um
apelo ao Gerente da Anatel em Pernambuco, sr. João Batista Furtado e ao Gerente
de Relações Institucionais da Operadora VIVO, sr. Marcos Almeida, para que
fosse disponibilizado sinal da Operadora VIVO, no Distrito de Mendes, em
Limoeiro. O parlamentar apresentou a seguinte justificativa:
- Os moradores do Distrito de
Mendes, apesar de possuírem celular não podem utilizá-lo por conta da falta de
sinal. O que vem causando diversos transtornos a todos os usuários. Destaca-se
que, apesar do crescimento da telefonia móvel em todo o Brasil ainda existem
municípios que não têm sinal das operadoras o que vem impedindo que muitos
habitantes, principalmente, do interior, usufruam de uma das principais de
comunicação, ou seja, telefonia celular.
É sabido que a telefonia móvel se
tornou essencial para o desenvolvimento do comercio da região, além de garantir
o acesso dos cidadãos aos serviços públicos, como também de ter contatos com
seus parentes e amigos em outras localidades. Nada mais justo que seja realizado
o mais rápido possível a implantação e instalação de uma Torre de Telefonia
Móvel Celular da VIVO a fim de atender a população daquelas localidades, que
com disponibilização do sinal também beneficiaria outros povoados, inclusive de
municípios próximos a cidade de Limoeiro.(Finalizou).
O Blog do Agreste, em 14 de agosto de 2020, publicou uma nota questionando os mesmos problemas de oito anos atrás. A população da Vila Mendes fez um abaixo-assinado solicitando a instalação de uma antena de telefonia para que a comunidade usuflua desta comunicação contemporânea. A nota dizia o seguinte: Promessas de campanha de vários políticos, a instalação de uma antena de telefonia continua sendo aguardada pelos moradores da Vila Mendes, em Limoeiro. O distrito é um dos mais habitados do município. Por ser cortada pela Rodovia PE-90, a vila também registra considerável crescimento econômico com o aumento do número de estabelecimentos comerciais de diferentes segmentos. Conseguir realizar uma ligação telefônica via celular ou acessar a internet móvel continua sendo "missão" quase impossível. Em consulta realizada, muitos moradores precisam sair de casa para conseguir sinal em áreas mais altas. E um detalhe: nem todo tipo de aparelho permite conexão. O problema arrasta-se há vários anos. No período eleitoral, as promessas são intensificadas, mas sem resolução. Um abaixo-assinado com mais de mil assinaturas foi coletado, porém, sem sucesso. A melhoria cobrada, depende do local da instalação de uma antena, também poderá contemplar comunidades vizinhas. (Finalizou).
POSTO DOS CORREIOS DA VILA MENDES
Através da Indicação Nº 665, de
30 de março de 2015, de autoria do deputado estadual José Humberto Cavalcanti,
solicitou do governador Paulo Câmara, a instalação de uma unidade avançada dos
correios na Vila Mendes.
Após três anos de espera, em
abril de 2018, começou a funcionar na Vila Mendes, o Posto Avançado dos
Correios no horário das 08:00 às 12:00. Antes, os moradores desta localidade,
tinha que ir até a cidade de Limoeiro, na agência da Praça da Bandeira, para
pegar suas correspondências e encomendas. Agora não precisa mais. Tudo é
resolvido no Correios da Vila Mendes, que ganhou o CEP 55700-971.
Dr. Arthur Correia durante campanha nas eleições de 1982, em Limoeiro. Acervo de Arnaldo Newton Pimentel/Facebook.O CISMA DO DR. ARTHUR CORREIA
Dr. Arthur Correia de Oliveira
foi um ilustre limoeirense, fazendeiro, homem público. Foi eleito prefeito de
Limoeiro (1972-1976), deputado estadual em 1986, deputado constituinte em 1988.
A partir de 1972, adquiriu uma propriedade na Estrada do Parari (atual Rua das
Bromélias). Parte de seu percurso era pela Vila Mendes, seguindo pela dita
estrada. Dr. Arthur, como era chamado, era sempre muito cordial e simpático,
cumprimentava a todos que encontrava pelo caminho, com um aceno de mão, ou um
simples gesto com a cabeça. No entanto, sempre que encontrava grupos de pessoas
vindo nas duas margens da pista, parava o veículo e ordenava que as pessoas
seguissem em um lado só da pista. Muita gente, até hoje não sabe o motivo
daquela atitude, mas existe uma explicação.
No dia 11 de novembro de 1968,
numa segunda-feira à noite, Dr. Arthur Correia, candidato arenista, apoiado
pelo coronel Chico Heráclio a prefeito de Limoeiro, foi vítima de uma tentativa
de assassinato quando voltava de um comício no distrito de Cedro (atual
Urucuba), acompanhado de sua esposa. A Rural Willys em que viajava foi
emboscada a quatro quilômetros de Limoeiro por um grupo de desconhecidos,
ficando o veículo com várias perfurações de bala. Imprimindo maior velocidade,
Dr. Arthur conseguiu sair do alvo dos criminosos.
Antes em 1962, durante o
movimento dos camponeses liderados por Francisco Julião, a Fazenda Horizonte em
Bom Jardim, de propriedade do Dr. Arthur Correia, foi invadida pelos camponeses
que foram reprimidos à bala pelos capangas da fazenda, não houve feridos, mas o
caso teve grande repercussão no Estado.
Diante desses fatos, Dr. Arthur
Correia adotou essa postura de proteção diante de seus inimigos políticos. Ele
faleceu por motivo de doença, em 16 de outubro de 1998, aos 59 anos.
Centro da Vila Mendes e o seu principal acesso, Avenida João Manoel de Melo. Foto: autor desconhecido.
A AVENIDA JOÃO MANOEL DE MELO
A Avenida João Manoel de Melo,
outrora, denominada de Avenida Central, é a principal via da Vila Mendes.
Acredita-se que esta via foi surgindo desde a formação do povoado na segunda
metade do século XIX. A primeira menção sobre o Mendes em que tomamos
conhecimento é datada do ano de 1867, através das páginas do Diário de
Pernambuco.
Esta via foi expandindo-se com o
crescimento demográfico do povoado e atualmente, faz ligação com as comunidades
de Chã dos Camelos e Cabeça de Vaca. Conforme levantamento do pesquisador
Gentil Pereira de Melo, o novo nome dado a referida avenida, foi uma indicação
do vereador Luiz Manoel de Almeida, conhecido no Mendes como Luiz Paulino,
sendo aprovado pela Câmara Municipal de Limoeiro. O nome de João Manoel de Melo,
foi uma homenagem a este cidadão que nasceu no município de Bom Jardim em 1901
e que veio morar em Mendes de Cima em 1936, quando comprou terras e um pequeno
comércio (que vendia desde cereais até materiais de construção), ao sr. Antônio
Tenório.
Além de comerciante, João de Melo,
também era agricultor. O cemitério público do Mendes (Cemitério São José), foi
erguido em terras de sua propriedade após tê-lo doado ao município. Boa parte
da comunidade, se abastecia de água para os afazeres domésticos em açude
existente em sua propriedade de forma gratuita.
Por ter sido um comerciante de
destaque, parceiro da administração pública e beneficiador da comunidade. Recebeu
a justa homenagem.
A IGREJA EVANGÉLICA MAIS ANTIGA
DA VILA MENDES Foto: Jânio Odon/20.12.2024.
A Congregação Batista da Vila
Mendes, localizada à Avenida João Manoel de Melo, é a igreja evangélica mais
antiga da Vila Mendes. Fundada em 15 de maio de 1982, pelo pastor Salatiel
Vieira de Melo que faleceu em 2 de maio de 2024, sendo substituído pelo seu
filho, Isaque Vieira de Melo.
O pastor Salatiel Vieira de Melo, nasceu em 1937, na ilha de Fernando de Noronha, ainda criança, veio com os pais para o Recife. Tornou-se evangélico por influência da família, pertencente a congregação da Igreja Batista do bairro da Bomba do Hemetério, zona norte da capital, onde começou a evangelizar. A pedido do pastor Benobi de Souza, veio com a familia para Limoeiro onde fundou uma Congregação Batista. Anos depois veio para o distrito de Mendes e fundou a Igreja Batista do bairro João Ernesto.
Por: Jânio Odon/VOZES DA ZONA
NORTE
*Esta matéria está em desenvolvimento, podendo sofrer alterações.
Agradecimentos as pessoas de Vila
Mendes, que muito contribuíram para que este trabalho se realizasse da melhor
forma possível:
Gentil Pereira de Melo
Josiane Pereira da Silva Cordeiro
Fabíola Bandeira
Manoel Teixeira da Silva Sobrinho
Manoel João de Melo
Fonte: Livro: Monografias Municipais – Limoeiro-PE,
1981,autor: Antônio Vilaça; Livro: Governar é Abrir Estradas, 2009- Associação
Brasileira de Cimento Portland; Arquivo Público de Pernambuco; Fundação Joaquim Nabuco; Site: Estações Ferroviárias do Brasil, Autor:
Sidney Correa, 2009; Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro; CEPE- Companhia
Editora de Pernambuco; Diário Oficial do Estado de Pernambuco; Diário de
Pernambuco; Diário da Manhã; Jornal do Recife; Jornal Pequeno; Jornal “A
Província”; Jornal “Última Hora”; Dados Estatísticos da Província de Pernambuco
de 1894 e 1901; Facebook: Mendes, Preservando a Memória, por Gentil Pereira
Melo; Facebook: Amigos de Limoeiro, por Arnaldo Newton Pimentel; Instagram: Sítio
Guia Notícias; Instagram: Vila Mendes Ordinário ofc; Instagram: Vila Urucuba
Notícias; Dronel (imagens aéreas).