sábado, 8 de março de 2025

No início do século XX, pais protestam contra falta de escolas em Caixa D'Água e Caenga

 

No início do século XX, as escolas na região de Beberibe, eram poucas e precárias. Foto: Ilustrativa.

Este Blog procura sempre retratar os fatos importantes ocorridos, principalmente na Zona Norte do Recife e de Olinda em tempos passados, para que o leitor tenha uma noção exata, das dificuldades enfrentadas pelos nossos antepassados desta região periférica da cidade.

Encontrei nas páginas antigas do extinto jornal recifense “A Provincia”, de 20 de junho de 1923, a publicação de uma carta feita por pais de alunos da então povoação de Caixa D’Água, para chamar a atenção do diretor da Instrução Pública do Recife, sobre a falta de escolas e professoras próximo a povoação. Nesta época, Caixa D’Água era um pequeno povoado pertencente ao distrito de Beberibe, do município do Recife. A carta dizia o seguinte:

As escolas de Beberibe- (dizia o título) – Senhor diretor de “A Provincia”. Pedimos a V. Sª o obséquio da publicação desta.

É lamentável que o ilustrado diretor da Instrução Pública, atenda ao bem-estar das cinco professoras que foram nomeadas para Beberibe, com manifesto prejuízo dos alunos que moram distantes do povoado (referindo-se a Beberibe) e de Porto da Madeira, ponto onde as ditas professoras residem por terem bondes à porta.

Não há muito tempo tínhamos uma escola no Caenga, que muito servia às alunas que residiam em Caixa D’Água. Essa escola desapareceu para se localizar no povoado, junto à parada dos bondes, muito embora se reunisse duas em uma só casa, um pardieiro, sem ar, sem luz, estreito e sem acomodações, tanto que, uma das professoras dá aula pela manhã e a outra à tarde, e deste modo converteram o insalubre casebre em núcleo escolar, com o consentimento reprovável dos senhores da Instrução Pública Estadual!

O nosso fim escrevendo-vos esta é para chamar a atenção do digno diretor da Instrução Pública para o caso, lembrando-lhe a conveniência de ser localizada uma dessas escolas em Caenga ou em Caixa D’Água e outra perto da estrada do Cumbe e Acampamento.

Assim distribuídas, os nossos filhos residentes distante do povoado e de Porto da Madeira poderão frequentar as aulas; ao contrário disto, as ditas professoras apenas farão jus ao ordenado, sem prestarem auxílio a quem precisa de instrução.

Esperamos que o ilustrado dr. da Instrução Pública do Estado atenderá nosso pedido, que é justíssimo. – Pais de família – Recife, 19 de junho de 1923. (Finalizou).

*Pardieiro – prédio velho ou arruinado.

*Instrução Pública Estadual – É o mesmo que Secretaria de Educação do Estado.

* Caixa D’Água – Atualmente é um bairro pertencente ao município de Olinda.

*Cumbe – Era um pequeno povoado que existia próximo a estrada de mesmo nome, atual Avenida Hildebrando de Vasconcelos, no bairro recifense de Dois Unidos.

*Acampamento – Povoação às margens da antiga estrada do Acampamento, estrada esta, que começava no Córrego do Tiro, atual professor José Amarino dos Reis e terminava um pouco antes da Estrada do Cumbe, atual Avenida Hildebrando de Vasconcelos. O Acampamento deu lugar a extensa rua Uriel de Holanda, no bairro recifense de Linha do Tiro. Os nomes Linha do Tiro e Acampamento, surgiram porque no final do século XIX e início do século XX, o exército vinha fazer instrução de tiro nesta região e armavam seus acampamentos no local.

Por: Jânio Odon/VOZES DA ZONA NORTE

Fonte: Jornal A Provincia e arquivo pessoal.


terça-feira, 4 de março de 2025

Fraude na eleição para vereadores da Vila de Olinda em 1844

 

Em 1844, os votos do povoado de Beberibe na eleição para vereadores da Câmara de Olinda, foram anulados, no vergonhoso pleito eleitoral. Foto: Acervo de Antônio Oliveira.

Não é de hoje que as manobras políticas acontecem, as fraudes e corrupções nas eleições sempre existiram, como este episódio que aconteceu na eleição para vereadores à Câmara Provincial de Olinda em 1844, na época do Brasil-Império, do recente imperador D. Pedro II, que começou a governar o Brasil em 1840. Era da escravidão africana. O Presidente da Província de Pernambuco era Tomás Xavier Garcia de Almeida, que governou a Província de Pernambuco, num ano em que tivemos cinco governadores em virtude da Revolução Praeira, onde a briga política entre os membros do Partido Liberal e do Partido Conservador era intensa. Diante de um cenário político turbulento, ações fraudulentas como a que aconteceram em Olinda, demonstra o quanto era crítico e desafiador a situação da administração pública.  O Diário de Pernambuco em 17 de dezembro de 1844, onde votaram mais eleitores do que havia nas atas eleitorais. Um escândalo de imoralidade denunciado pelo jornal da seguinte forma:

Apuração da eleição de vereadores para a Câmara de Olinda – (Dizia o título) – Apresentaram-se por fim as atas da eleição de vereadores da cidade de Olinda. O resultado é o mais espantoso que se pode imaginar; saíram os eleitos com 5.800 votos. A Freguesia de São Pedro Mártir* que, pela lista feita pelo Juiz de Paz, tinha 514 votantes, como se publicou pela imprensa, deu 1.604 votos. A Sé que com Beberibe tinha 630 votantes pela lista publicada pelo Juiz de Paz. Ofereceu um contingente de 4.265 listas, para o triunfo celebrado; declarando-se na ata da eleição que 3.200 listas eram de reclamantes na ocasião.

Deve-se notar que não entra em conta as listas da capela de Beberibe que ficaram inutilizadas, porque em lugar de terem sido apuradas na mesma capela foram remetidas à Câmara; e que da cidade muita gente não votou, por não ter garantias da realidade de seus votos, com as mesas, que se formaram para vencer a eleição por fás ou por nefas.

A gravura de Ângelo Agostini, revela que no calor da eleição a lista de eleitores fantasmas se multiplicaram.

Tendo dado a cidade de Olinda, 5.869 votantes, não sendo exagerado calcular por cada votante, cinco pessoas, terá a praia, cujos chefes em Olinda venceram a eleição, entre pais de famílias, filhos, aderentes, mulheres, e gente de pé no chão, e escravos. 30 mil correligionários. Dê-se um terço para o partido vencido, e teremos em Olinda uma população de 40 mil almas.

Assim cresceu a população até da decrépita cidade de Olinda com fecunda polícia do sr. Antônio Afonso. Agora digam estes trampolineiros que não tem pejo de contrariarem a qualificação feita pelos seus Juízes de Paz, e publicada na imprensa por eles mesmos, que não se correm de apresentar um número de reclamantes fictícios que contêm umas poucas de vezes essas listas, o que querem deles suponha o público! Aí não há somente descaramento para vencer uma eleição com falsificações desta natureza; os seus precedentes dão mais que esperar. A municipalidade de Olinda, único patrimônio de certos espertalhões, breve tocará à inanição. (Finalizou).

Fás = de forma lícita.

Nefas = de forma ilícita.

Pejo = vergonha

Inanição = perda de peso, fome crônica.

Decrépita = que tem muita idade, muito velha.

Juiz de Paz = resolve conflitos de menor potencial ofensivo, não tem o mesmo poder de um juiz de direito. Sua função é realizar casamentos; presidir mesas de votação; fiscalizar execuções de obras; realizar prisões e julgamentos de pequenos crimes; preside juízos conciliadores e arrolamentos.

Freguesia = no Brasil- Império era uma unidade administrativa menor. Era um lugar onde se formou uma pequena população ou um pequeno número de habitantes.

Freguesia de São Pedro Mártir = era a mais antiga do bispado de Pernambuco, criada pela Lei Provincial Nº 44, de 12 de junho de 1837, fazendo parte do 2º Circulo Eleitoral da Província, limitava se pelo norte com a Sé, pelas ruas do Carmo, Bomfim, Beco das Cortesias, bicas dos Quatro Cantos, em linha reta até chegar ao rio Beberibe, e a parte dos Arrombados (localidade entre os atuais bairros do Varadouro e Salgadinho) pertencente a da Sé; à leste com o oceano Atlântico; ao sul com a de São Frei Pedro Gonçalves do Recife (antigo povoado que ficava entre atuais: Ponte do Limoeiro, Brum e Cais do Apolo), pelo istmo, até o Forte do Buraco; e à oeste com o rio Beberibe até o Varadouro, seguindo dali pelo caminho de Santa Tereza à beira do mesmo rio, até defronte da passagem de Salgadinho, onde limita com o da Boa Vista. A Lei Provincial Nº 152, de 30 de março de 1846, inciso 5º, ligou o povoado de Beberibe, e o terreno ao sul da estrada do Forno da Cal (trecho atual de Peixinhos e Jardim Brasil), além do Porto da Madeira, à esta freguesia.  

Por: Jânio Odon/VOZES DA ZONA NORTE

Fonte: Diário de Pernambuco e Dicionário Topográfico, Geográfico e Histórico de Pernambuco, 1897.


sábado, 22 de fevereiro de 2025

LIMOEIRO (PE): Na gestão do prefeito José Heráclio do Rego (1925 a 1928)

 

Prefeitura de Limoeiro e torre da Igreja de Santo Antônio. Foto: Jânio Odon/VZN.

Em 17 de setembro de 1928, o jornal carioca denominado “O Jornal”, publicou uma edição especial sobre os aspectos socioeconômicos do Estado de Pernambuco. E destacou o município de Limoeiro na gestão do prefeito José Heráclio do Rego, que era médico e fazendeiro. Foi interno do Hospital da Marinha, no Rio de Janeiro, por concurso, conquistando o primeiro lugar. Era obstetra e infectologista. Filho do coronel João Heráclio do Rego, pai de Chico Heráclio, seu irmão.

Leia na íntegra, este documento histórico, escrito há 97 anos atrás:

Localizado na zona norte do Estado, Limoeiro que dista de Recife 79 quilômetros, pelas suas vastas possibilidades econômicas, é, sem favor, um dos mais importantes municípios pernambucano.

Está situado à margem do rio Capibaribe, a 148 metros de altitude, sobre uma linha e vasta planície da qual participa todo seu povoado; é estreitada ao norte entre as serras da Raposa, Barrica e Urubu e o Capibaribe que banha pelo sul.

As ruas são quase todas retas e largas, a edificação em estilo moderno vai dia a dia aumentando e imprimindo à cidade um cunho de centro evidentemente adiantado. Cortado por numerosas estradas de rodagem, servindo de centro de concentração para vários municípios, Limoeiro tem fácil comunicação com a capital do Estado não só por meio de um excelente sistema rodoviário, como também por estrada de ferro, uma vez que a Great Western tem ali uma estação terminal de um de seus ramais.

Tem o município a superfície de 105.000 hectares para uma população de 52.573 habitantes, possuindo também 221 estabelecimentos rurais. Estando situado em uma das zonas mais ubertosas do Estado, as suas terras prestam-se admiravelmente para a agricultura.

A indústria açucareira é também exercitada por intermédio de dezesseis engenhos comuns e três engenhos fornecedores de canas, produzindo 12.000 sacas anuais de açúcar. Onde, porém, reside a principal riqueza do município de Limoeiro é no algodão, de cuja indústria é um dos maiores centros produtores do Estado.

A indústria algodoeira é exercitada, pois, por dois aparelhos de beneficiar e duas usinas, produzindo um total de 1.200.000 quilos anuais. Produz ainda o município, milho numa média anual de 1.300.000 quilos; fumos, farinha de mandioca, frutos etc.

A pecuária é também cultivada em regulares proporções, apresentando o mais recente recenseamento o seguinte quadro: 9.037 bovinos, 2.100 equinos, 300 muares e asininos, 1.400 ovinos, 4.200 caprinos e 9.600 suínos.

Existem também no município várias outras indústrias como sejam: queijos, arreios, couros, bebidas, calçados, chapéus, moagem de café, manteiga, móveis, produtos farmacêuticos, artefatos de couros, de tecidos, óleos, etc.

O município dispõe de duas linhas telegráficas, sendo uma da Great Western e outra do Telégrafo Nacional, quatro agências postais, sete seções eleitorais e quatro distritos judiciários.

A instrução pública é ministrada por três escolas particulares, vinte e uma escolas municipais e seis escolas estaduais, todas de ensino primário.

As finanças de Limoeiro são arrecadadas da forma seguinte: Pela União, 56:000$; pelo Estado, 53:000$000, e pelo município aproximadamente 120:000$000 (Cento e vinte contos de réis). Possui um Posto de Profilaxia Rural e quatro órgãos de imprensa. A cidade é servida por bondes de tração animal, pertencentes a Companhia de Ferro Carril.

Os edifícios principais que pelas suas elegantes linhas gerais constituem apreciáveis  trabalhos de arquitetura, são: o Paço Municipal, prédio de sólida e bela constituição; o Mercado Público, o Açougue Municipal, localizado num grande e vistoso prédio especialmente construído para este fim; o palacete do Grupo Escolar e a Cadeia Pública, um vasto e grande edifício,  que é, sem dúvida, depois da Detenção da capital, a melhor, a mais sólida e a mais elegante de todas outras cadeias do Estado.

São nove os povoados em que se divide o município: Pedra Tapada, São Vicente, Bengalas, Malhadinha, Cedro, Bizarra, Ribeiro Fundo, Duas Pedras e Joá.

É de justiça salientar o progresso geral de Limoeiro de alguns anos a esta parte, desde que sua orientação política foi entregue ao senador Severino Pinheiro, ex-governador do Estado. O esforço, o cuidado e o carinho que as administrações municipais têm dispensado aos problemas que interessam de perto com o desenvolvimento de Limoeiro, talvez tenham sido os fatores primordiais e eficientes na obra de remodelação que hoje se observa na cidade, que não só pela sua evidente fase progressista como também pelas forças vitais, é considerada uma das mais belas cidades e um dos núcleos mais populosos do interior pernambucano.

Na cidade propriamente dita, sede do município, é onde mais flagrante se tornam as diversas obras modernas, índice da capacidade de trabalho dos filhos de Limoeiro, levadas a efeito pelos respectivos prefeitos, os quais dessa forma têm se feito credores dos aplausos dos seus munícipes.

É atual gestor do governo municipal de Limoeiro, o dr. José Heráclio do Rego, cuja administração tem sido por demais proveitosa aos interesses gerais da comuna.  (Finalizou).

Por: Jânio Odon/VOZES DA ZONA NORTE

Fonte: O Jornal, do Rio de Janeiro.


terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

LIMOEIRO (PE): A princesa do Capibaribe em 1913

 

Rua da Matriz no início do século XX. Foto: Limoeiro antigamente/ Facebook.

Transcorria o ano de 1913, era da república velha, o gaúcho Hermes da Fonseca era o Presidente do Brasil; o nosso governador era Emídio Dantas Barreto. Em Limoeiro, assumia à Prefeitura do município, seu sétimo prefeito – Pedro de Souza Lemos. Ele deu continuidade as obras em execuções de seu antecessor Afonso de Sá e Albuquerque.

As ruas de Limoeiro nesta época, ainda eram desalinhadas, mas vivia um tempo de modernização, apesar da iluminação pública ser à base de querosene, demandando também, para os velhos candeeiros residências. A cadeia pública, acabara de ser inaugurada; o açougue municipal, a igreja de Santo Antônio e o belo palacete da Prefeitura de Limoeiro, considerado naquele momento, o prédio mais belo do interior do Estado, estas obras estavam sendo concluídas.

O algodão era o produto mais importante do município, produto de exportação. A cana de açúcar e a mandioca também eram produzidas, mas pequena escala. Todavia, o seu comercio era bastante competitivo e grandioso. Limoeiro neste ano, teve um surto de varíola e outras variantes.

Limoeiro dos trens, dos bondes e do progresso, segue seu rumo para o futuro que virá com o tempo. O passado, serve para contemplar aqueles que com fé, competência e muito suor, transformaram esta cidade na Princesa do Capibaribe.

Vamos reportar ao ano de 1913, num artigo publicado pelo jornalista José Miranda, do extinto periódico “Almanach de Pernambuco” sobre nosso querido, Limoeiro.

Veja na íntegra o artigo e mergulhe neste passado escrito há 112 anos atrás. O artigo dizia o seguinte:

A cidade de Limoeiro, sede da comarca de mesmo nome, acha-se situada numa bela e vastíssima planície à margem esquerda do rio Capibaribe, na altitude 400 metros acima do nível do mar.

Sua fundação deve-se aos caprichos do padre Ponciano Coelho, um dos encarregados nesta zona da catequese dos índios, em começo do século XVII, que por mais de uma vez, trouxera ocultamente da fazenda Poço do Pau, propriedade de um velho português, a imagem de Nossa Senhora da Apresentação, e colocando-a num velho tronco de limoeiro, onde se acha hoje edificado o templo de sua invocação, mostrava-se admirado e proclamava aos circunvizinhos os efeitos de um milagre, até que foi satisfeito, e em pouco o seu maior anseio  que era a povoação desta parte feiticeira da terra pernambucana, ia realizando-se com as alas de casinhas de taipa e folhas de palmeira, abeirando o rio, que moradores de várias partes, atraídos pelo devotamento religioso, vinham pressurosamente se chegando, e edificavam.

E assim, vem a cidade de Limoeiro, progredindo sempre, com um futuro risonho a acenar-lhe, pois, assoladas estas zonas por secas contínuas, devido à natureza acatingada das terras e a grande e criminosa devastação das matas, ela aparece-nos rica e desenvolvida, com um comercio enorme como talvez sem igual no interior do Estado.

O seu clima é um dos mais salubres, tanto que a sanidade pública um pouco descuidada pelos seus governos, Limoeiro atravessa as épocas mais infecciosas do ano sem contar um caso de varíola ou febres de contágio, é bafejada por brisas gélidas e constantes, apesar de seu ar quente e agradável.

A cidade, se bem que não tenhamos uma certeza real, podemos garantir que é habitada por mais de 10 mil almas, e o município, ao todo, 36 mil, com um número superior a mil casas de tijolo e telha; em ruas e praças, calçadas e iluminadas a querosene.

O município que se limita com terras abrejadas de Glória de Goitá, Bom Jardim, Nazaré e Vitória, cultiva especialmente o algodão, o que é a sua maior fonte de riqueza, aos extremos, cultiva-se a cana e a mandioca, porém em pequena quantidade que não chega para a exportação.

Os bondes de Limoeiro puxados por animais. Foto: Limoeiro das antigas/Facebook.

O seu comercio largamente desenvolvido tem sido, também, a vanguarda do seu progresso e engrandecimento; e ali está, sob a sua iniciativa, a Companhia de bondes, cortando as melhores artérias da cidade com suas linhas de ferro.

A cidade comunica-se diariamente com a Capital do Estado pela estrada de ferro de seu nome. O município tem uma renda anual conforme seu último orçamento de quase 60 contos de réis; sendo um quarto deste rendimento empregado com a instrução pública.

 A cidade, apesar de um pouco mal alinhada em suas ruas e praças, devido ainda  a antiga edificação, o que vai desaparecendo com a evolução que se opera pouco a pouco ao decorrer dos tempos, possui edifícios regulares, como sejam: o açougue municipal, ainda em construção; o templo maçônico Frei Caneca; o mercado Pestana da Silva; o colégio misto estadual; a matriz da Apresentação; o teatro Moreira de Vasconcelos; a igreja de Santo Antônio, em construção; a cadeia pública, elegante e modesto prédio inaugurado a pouco; a estação da Companhia Ferro-Carril; o palacete  do governo municipal, que se acha construindo como, talvez, o primeiro em beleza no interior do Estado.

Mercado Público de Limoeiro. Foto: Arnaldo Newton Pimentel/Facebook.

Tem boas casas comerciais, importadoras e exportadoras; associações diversas como: O Clube Literário Machado de Assis, a Musical Comercial Cesarina e o Centro Literário Coelho Neto. A sua instrução acha-se difundida em doze aulas públicas municipais, duas estaduais, e duas ou três particulares; sem incluir o curso primário, noturno, mantido gratuitamente pela loja maçônica.

A imprensa está representada nos semanários políticos e noticiosos O Democrata, órgão do partido dominante; A Voz do Povo, e O Empata.

Prósperos povoados compõem o município, com feiras aos domingos, dos quais é justiça distinguir Pedra Tapada, Malhadinha, Cedro, Bengalas e Mendes. Na cidade, também existe três vezes na semana rica exposição de gêneros, aos sábados e quartas onde se encontra abundância de frutos, carne seca, queijo do sertão, rapaduras e a melhor farinha, e as quintas-feiras, a de gado, para onde vem compradores de várias partes do Estado.

Por: Jânio Odon/VOZES DA ZONA NORTE

Fonte: Almanach de Pernambuco, anuário de 1913   


domingo, 16 de fevereiro de 2025

Serra da Raposa (Limoeiro-PE), 1904

 

Gravura da Serra da Raposa (Limoeiro - PE) feita por Isaac Cerquinho em 1904. Fonte: Almanach de Pernambuco.

A Serra da Raposa é um dos pontos mais pitoresco do município de Limoeiro- PE. É lá que foram erguidos uma capela e um monumento do Cristo Redentor, que virou atração turística, atraindo dezenas de pessoas. Hoje, vou transcrever para vocês limoeirenses, um artigo que encontrei nas minhas pesquisas no extinto Almanach de Pernambuco, em seu anuário de 1904, escrito pelo jornalista da época, Isaac Cerquinho, sobre este lugar fascinante da Princesa do Capibaribe, onde aos pés da serra, surgiu Limoeiro. Neste ano, o Presidente da República era Rodrigues Alves; o governador de Pernambuco era Sigismundo Antônio Gonçalves; e o prefeito de Limoeiro era Luiz José da Silva. O artigo dizia o seguinte:

O Monte da Santa Cruz – (dizia o título) - Apresento hoje a vista da Serra da Raposa, também conhecida por Serra da Barrica e na atualidade geralmente cognominada Monte da Santa Cruz. Situado ao norte da cidade de Limoeiro, com altura, pouco mais ou menos, de 500 metros acima do nível do solo, dá-nos ideia o Monte Santa Cruz de uma daquelas ciclópicas e graníticas muralhas que nas épocas das conquistas serviram de defesa às grandes cidades guerreiras.

No sopé desse monte foi construído em 1877, o cemitério público daquela cidade que, se não é grande também não é pequeno, pois tem três ruas de catacumbas, destacando-se diversos jazigos perpétuos, de bonita e elegante arquitetura.

Quando todo orbe católico se preparava para realizar a imponentíssima festa em homenagem ao Cristo Redentor, pela passagem do século, o farmacêutico limoeirense sr. Francisco Athelano de Souza Lacerda concebeu a feliz e luminosa ideia da edificação de uma igrejinha no cume da então Serra da Raposa, por ser o ponto mais elevado no perímetro daquela cidade. Se bem concebida foi a ideia, melhor foi realizada, pois ao cair da tarde do primeiro dia deste século, para este monte subia, depois de benta na Igreja Matriz pelo seu digno vigário Joaquim Antônio da Costa Pinto, uma cruz medindo 16 palmos de comprimento, tamanho igual ao do madeiro em que expirou o inocente e grande mártir da tragédia do calvário.

Meia hora depois, ao som do hino nacional e debaixo da mais íntima e espontânea aclamação ao grande filho de Maria, aquela mesma cruz, que fora em procissão conduzida, colocada em pedestal singelo, porém sólido, olhava triunfante para o céu e estendia seus dois braços sobre a multidão que a aclamava.

A minha pena sente-se humilde para traçar, embora palidamente, a sublimidade e a beleza do quadro que naquela maravilhosa e solene tarde apresentava a todos os olhos o Monte da Santa Cruz!

Serra da Raposa, atualmente. Em destaque, a torre da Igreja Matriz. Ao fundo, o Cristo Redentor e a capelinha. Foto: José Wilker Matos/26.03.2018.

Já, então, os alicerces da igreja estavam começados e em 1901 o povo limoeirense teve o júbilo de ver concluído tão interessante e significativo templo da santa e piedosa religião de Jesus de Nazaré.

No 1º de janeiro de 1902, foi por aquele mesmo sacerdote colocada a imagem do Redentor e celebrada a primeira missa com uma admirável assistência de fiéis. Foi incontestavelmente um dia celebre nos anais da história do catolicismo em Limoeiro.

De então para cá tornou-se tão concorrida por fiéis  e visitantes  da cidade a igrejinha do Monte ou Igrejinha do Redentor, que além do grande número de pessoas que não se assinam no livro de visitas que lá se acha, verificou-se no ano de 1902, 11.733 assinaturas e no ano seguinte: 13.422.

Sobe-se para a Igrejinha por zigue-zagues, sendo meio tormentosa a subida; porém, em compensação, ao chegar-se ao termo, descortina-se a vista mais admirável e encantadora. Pela ligeira notícia que apresento, do Monte da Santa Cruz e ainda mais pela vista do mesmo neste “Almanch” estampada, vêm os leitores que esse Monte é, na realidade, um dos pontos mais dignos de nota da bonita e prospera cidade de Limoeiro. (Finalizou).

Por: Jânio Odon/Vozes da Zona Norte

Fonte: Almanach de Pernambuco/1904.


sábado, 8 de fevereiro de 2025

Limoeiro (PE), A Princesa do Capibaribe em 1880

 

Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação, Limoeiro - PE. Criada em 16/6/1779.

O amor pela história nos faz garimpar grandes preciosidades escondidas e esquecidas nas grandes prateleiras dos arquivos públicos e bibliotecas. E neste prazer pela história, acabei encontrando mais uma, de tantas relíquias encontradas nos anais da história. Descobri uma publicação da então Vila de Limoeiro, a Princesa do Capibaribe, datada de 1880, época do Brasil-Império, da escravidão africana. Época em que o trem estava prestes a chegar a esta vila. Onde a Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação* estava sendo reconstruída e a produção de algodão, cana de açúcar e a criação de gado estava trazendo grande desenvolvimento para esta cidade. Ainda não havia a figura do prefeito, o governador era o Presidente da Província, à época, Franklin Américo de Menezes Dória (Barão de Loreto).

 O texto foi extraído do Relatório da Província de Pernambuco do ano de 1880. O texto diz o seguinte:

Vila de Limoeiro, 26 de outubro de 1880

Dissemos que Limoeiro era Comarca antiga e notável, e que em artigo especial o demonstraríamos, o que agora fazemos com a descrição dos acontecimentos mais importantes e que se prendem à sua história.

A Vila de Limoeiro está situada à margem setentrional do Rio Capibaribe, e ao pé da Serra da Raposa, ou da Barrica, como lhe chamou Vauthier*, por ter ela se arvorado uma barrica para observações; em uma extensa planície com proporções para acomodar grande população; dista 78 quilômetros do Recife; seu clima é frio  e seco, tornando-se por isto muito saudável; são seus limites: ao norte, com as comarcas de Bom Jardim, Nazaré e Paudalho; ao sul, com Santo Antâo e Bezerros; a oeste, com o Brejo da Madre de Deus e Bom Jardim.

Sua população sempre foi estimada pelos antigos arrolamentos policiais em 29 mil almas, como verificamos o arquivo da Câmara Municipal, e no Dicionário Topográfico Histórico da Província, que consultamos, o que está  em relação com a população escrava em número de dois mil matriculados na coletoria desta vila; não obstante figura ela ao último recenseamento com 15.604 habitantes, devido isto ao receio que tiveram os recenseadores, pelo boato que então se espalhou de que era listas para novo cativeiro.

 Senhorinhas nos canaviais do Agreste pernambucano. Foto: Revista O Cruzeiro.

Como ponto central, o seu comércio é bem animado, havendo importantes casas com um ativo superior a 40 contos, exportando muitas mercadorias para o alto sertão e para os povoados vizinhos.

O seu solo é brejado pelo lado norte e este, onde a cultura da cana de açúcar é animadíssima; sendo o sul e oeste mais apropriados ao plantio do algodão e a criação do gado. Sua edificação em geral é moderna, tendo o perímetro da vila, (06) seis sobrados, uma casa com sótão e (305) trezentos e cinco casas térreas, figurando ali o magnifico edifício público, em que funciona a câmara municipal, tribunal do júri, cadeia e quartel, que vai presentemente de 80 a 100 contos de réis; edifício este como não há outro fora da capital.

Uma igreja em reconstrução, que serve de matriz, (02) dois cemitérios, sendo um muito notável pela solidão, tamanho e obras, tendo importante capela. Há mais (02) dois açudes públicos e uma pequena ponte sobre o riacho Pirauíra.

Tem um fórum cível, com um juiz de direito, um promotor, um juiz municipal, um delegado, dois subdelegados, duas coletorias, um destacamento policial, três escrivães, dois juizados de paz, câmara municipal com importante patrimônio constante de meia légua do terreno, em quadro, e um bom edifício que serve de açougue público. Tem um comando superior de guardas nacionais, que pela nova organização, lhe ficaram subordinadas as comarcas de Taquaretinga e Bom Jardim, que não puderam formar um segundo comando superior.

Em 1880, Franklin Dória, o Barão de Loreto, era o governador de Pernambuco. Foto: J. Insley Pacheco.

Tem dois advogados formados em direito, e um provisionado pela Relação. Tem duas farmácias bem sortidas, sendo que uma delas tem concorrido com muitos preparados para todas as exposições, recebendo diversos prêmios. Tem três fábricas a vapor para o descaroçamento de algodão, além de muitas movidas por animais, e crescido número das de mão.

Tem (103) cento e três estabelecimentos comerciais e industriais sujeitos aos impostos gerais e provinciais. Tem (08) oito escolas públicas, sendo as duas da vila, frequentadas diariamente por (75) setenta e cinco alunos, e cerca de (100) cem de matrícula, sendo ambos os sexos. Tem mais um clube de leitura, com pequena biblioteca que recebe, por todos os correios, (25) vinte e cinco jornais das diversas províncias do império.

Tem (15) quinze engenhos de fabricar açúcar, fazendas de criação, (3) oficinas de fabricar azeite de mamona, (02) duas olarias e (02) dois fornos de cal.

Suas principais povoações são: São José de Pedra Tapada, Malhadinha, Bengalas, Cedro e Bizarra. Tem uma estrada de rodagem com uns (10) dez quilômetros em direção à capital, feita pelos retirantes, mas que está abandonada por falta de bombas; tem uma outra natural, em terreno plano, que dá comunicação para todos os sertões, sendo esta a principal artéria da província, por onde se dá saída à produção da zona algodoeira do Pajeú de Flores e Piancó, que vai beirando  o vale do Capibaribe, muito abundante de pasto e água; por esta estrada também desce muito gado do sertões de Pernambuco e Paraíba, e por onde, de época imemorial, transitam os magistrados, empregados públicos e destacamentos de todas as comarcas do centro.

Há na comarca (05) cinco mercados e feiras, para onde flui quantidade prodigiosa de cereais, que abastece a população, exportando o excedente para os sertões, pois para eles concorrem muitos sertanejos, não só pela barateza dos gêneros, como pela facilidade da comunicação e homogeneidade do clima.  (Finalizou).

*Louis Léger Vauthier – Engenheiro francês, contratado pelo governo da Província de Pernambuco para construir edifícios, estradas e casarões. Projetou o Teatro Santa Izabel (1840), o Solar Barão Rodrigues Mendes (atual Academia Pernambucana de Letras), Ponte Pênsil da Caxangá, sobre o Rio Capibaribe, Casa da Câmara e Cadeia do Brejo da Madre de Deus (1847). Arquitetou o Mercado de São José, mesmo estando morando na França.

*Paróquia Nossa Senhora da Apresentação - foi criada em 16 de junho de 1779, sendo desmembrada da Paróquia de Santo Antônio de Tracunhaém, pertencente a Arquidiocese de Olinda e Recife. Teve como primeiro pároco, o padre Bartolomeu Monteiro da Rocha.

Por: Jânio Odon/Vozes da Zona Norte.

Fonte: Relatório da Província de Pernambuco – 1880, Arquivo Público de Pernambuco.


terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

VILA MENDES (LIMOEIRO): A história que ninguém nunca contou

 

Praça e Igreja Nossa Senhora da Conceição da Vila Mendes. Foto: Facebook/I.N.S.C.V.M/29.03.2024.

Este trabalho, foi feito no intuito de homenagear minha esposa, meu sogro, meus cunhados e todas aquelas pessoas que tive o prazer de conhecê-las e de ter compartilhado grandes momentos de confraternização na casa de Seu Joaquim, na serra, às margens da Estrada das Bromélias, mas que muitos conhecem por Serra do Parari, à cerca de 500 metros de distância do povoado do Mendes. Acredito também, que será um grande presente para todos os moradores deste distrito, sejam jovens ou idosos.

Vocês terão acesso de velhas lembranças de fatos que aconteceram nesta localidade, e também, fatos que vocês nunca tomaram conhecimento, mas que estavam perdidos em antigas páginas de jornais de séculos passados deste lugarejo perdido dentro dos canaviais das terras de antigos engenhos que dominavam esta região do agreste.

Pesquisar sobre a Vila Mendes, não foi uma tarefa fácil. Para que vocês tenham uma ideia, o livro produzido pelo governo do Estado em 1981, denominado: Série Monografias Municipais – Limoeiro. Falando sobre o município e contendo 67 páginas, cita o povoado do Mendes, apenas duas vezes, sem nenhuma informação adicional sobre o povoado, indica apenas sua localização dentro do município.

Foi preciso me deslocar até o Arquivo Público do Estado para garimpar livros, revistas e jornais sobre Limoeiro, na intenção de encontrar algo sobre a Vila Mendes, pouca coisa encontrei. Consultei os sites da: CEPE, onde tem as publicações do Diário Oficial do Estado; da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, onde se pode encontrar um rico acervo para pesquisa. Mas sobre a Vila Mendes, pouco se publicou no passado. Todavia, encontrei algumas preciosidades que vocês verão mais adiante. Além disso, há fanpages no Facebook excelentes, dois merecem destaques: Mendes, Preservando a Memória, de Gentil Pereira Melo, que em 1984, quando cursava o 2º ano do 2º grau na rede estadual, foi o primeiro lugar no 5º Concurso de Oratória promovido pela Comissão de Moral e Civismo de Pernambuco; e Amigos de Limoeiro PE, de Arnaldo Newton Pimentel.

Descobri que, para você conhecer e entender melhor a Vila Mendes, você tem que ir até a ela e contactar com as pessoas mais velhas e experientes, os nativos. Estes, sim, são as verdadeiras fontes de conhecimentos e informações que dão sentido a tudo aquilo que se encontrou nos livros, revistas e jornais antigos. É preciso conhecer o comércio, os roçados, as pessoas, para que consigamos montar uma bela história.

Para chegarmos até a história da Vila Mendes, que atualmente é um distrito de Limoeiro, precisamos conhecer primeiramente, a história da formação de Limoeiro, só assim, entenderemos como se formou a Vila Mendes.

Centro de Limoeiro à noite. Ao fundo, a Paróquia Nossa Senhora da Apresentação. Foto: José Wilker Matos.

LIMOEIRO: Localização, surgimento e formação

Limoeiro fica localizado na parte leste do Estado, há 75 quilômetros da capital, no Agreste Setentrional. Faz limita-se: ao Norte com Bom Jardim e Buenos Aires; ao Sul com Passira, Feira Nova e Glória do Goitá; ao Leste com Carpina e Lagoa de Itaenga; e ao Oeste com Salgadinho e João Alfredo.

A ocupação territorial de Limoeiro correspondeu aos diversos momentos socioeconômicos decorrentes da colonização. As imprecisões históricas não permitem afirmar a data exata do surgimento de Limoeiro, já que foram encontrados em documentos antigos dos séculos XVII e XVIII, seis referências relativas a esta localidade.

A primeira referência sobre Limoeiro foi a do governador Francisco de Brito Freire, que relata que o aldeamento de Limoeiro foi confiado ao padre João Duarte do Sacramento em 1661.

A segunda referência, é atribuída ao grande historiador do século XIX, Francisco Pereira da Costa, que relata que o imperador D. Pedro II concedeu uma grande extensão de terra em Limoeiro, a João Gonçalves Soares da Fonseca, aos alfares, João Espíndola de Vasconcelos e a Gonçalo Dias Ferreira em 1693, que delas, nunca fizeram uso.

A terceira referência, é de outro grande historiador do século XIX, Vasconcelos Galvão, descreve no Dicionário Corográfico, Histórico e Estatístico de Pernambuco, que o território que deu origem a Limoeiro compreendia uma sesmaria, onde no século XVIII existia uma aldeia indígena, da qual entre 1730-1740, era missionário o padre Ponciano Coelho.

A quarta referência, deriva da História Eclesiástica de Pernambuco, cita os padres João Duarte do Sacramento e Manuel dos Santos, da Congregação do Oratório de São Filipe Nery ou da Madre de Deus, como fundadores do aldeamento de Limoeiro em 1711.

A quinta referência ficou sendo a mais famosa e concisa, consta de um documento de 1725, que afirma haver uma aldeia de índios sob a direção do padre Ponciano Coelho. Este fez desaparecer a imagem de Nossa Senhora da Apresentação de sua capela em Poço do Pau para um limoeiro do aldeamento, lugar onde se ergueu a torre da futura matriz, marco da fundação da cidade de Limoeiro. O padre Ponciano Coelho, havia solicitado ao governador da Capitania uma gleba de terra para o roçado dos índios, já que a aldeia deles, era justamente onde ficava a igreja da congregação do padre. A solicitação só foi atendida em 1751, através de carta de sesmaria.

A sexta referência é um relatório da Capitania de Pernambuco, contendo informações sobre o aldeamento de Limoeiro, datada de 1749 e consta que: “A aldeia de Limoeiro, sita na Freguesia de Santo Antônio de Tracunhaém é de caboclos da língua geral e seu missionário, religioso da Congregação de São Filipe Nery”.   

Através da Carta Régia de 16 de junho de 1786, Limoeiro torna-se sede distrital.

Em 27 de julho de 1811, Limoeiro torna-se vila, se separando da Vila de Igarassu. Recebeu os distritos de Pedra Tapada e Malhadinha.

Em 15 de fevereiro de 1812, pela Provisão recebe o termo de comarca.

Em 6 de abril de 1893, Limoeiro passou a categoria de cidade, tornando-se município autônomo. Recebeu o distrito de Cedro.

Em 1938, por questões políticas, Cedro deixou de ser distrito de Limoeiro. Passou a ser distrito de Bom Jardim.

Em 1939, em vista da superioridade dos povoados de Malhada e Cumaru, cujo desenvolvimento era marcante, Pedra Tapada e Malhadinha deixaram de ser sede distritais, dando lugar aos dois primeiros.

Em 1943, o distrito de Malhada passa a se chamar Passira.

Em 1945, Cedro, então chamado de Urucuba a partir de 1943, voltou a fazer parte do município de Limoeiro, que passa a contar nessa época com quatro distritos: Limoeiro (sede), Passira, Cumaru e Urucuba.

A lei de organização municipal de 4 de janeiro de 1949, exigia que todo distrito que houvesse atingido uma população superior a 10 mil habitantes, com mais de 300 casas de alvenaria, mais de mil eleitores e renda de 100 mil cruzeiros, fosse elevado à categoria de cidade. Para que Limoeiro não ficasse prejudicado na sua integridade territorial, uma vez que os distritos de Cumaru e Malhada ou Passira, como permanecia conhecido, haviam atingidos tais exigências, foram criados mais dois distritos: Ameixas, com metade de Cumaru, e Bengalas, com terras de Malhada.

Através da Lei Municipal Nº 117 de junho de 1952, Limoeiro passou a ter seis distritos: Limoeiro (sede), Passira, Cumaru, Urucuba, Ameixas e Bengalas.

Em 1959, Urucuba volta a ser chamado de Cedro.

Em 1964, Cumaru e Passira foram elevados a município, tendo sido anexado a Cumaru, o distrito de Bengalas, e a Passira, o distrito de Ameixas. Desta maneira, Limoeiro ficou apenas com dois distritos: Limoeiro (sede) e Urucuba (ex- Cedro).

Em 1988, o povoado do Mendes foi elevado à categoria de Vila. Os povoados são: Gameleira, Cedro, Pitombeiras e Ribeiro do Mel.

Seu Joaquim (Preá) com a família em seu aniversário de 87 anos. Foto: Arquivo de Família. Mendes, em 27/11/2014.

CONHECENDO A VILA MENDES

A minha relação com a Vila Mendes, começou quando conheci minha esposa lá no bairro dos Aflitos, no Recife, em 1985. Lembro-me que certo dia, cheguei pela manhã, numa Toyota que transportava as pessoas vindas da Capital. Ao chegar no Mendes, sozinho, me dirigi até a praça onde fica a igreja de Nossa Senhora da Conceição. Havia uma senhora sentada num banco da praça. Perguntei-a se ela conhecia um senhor por nome de Seu Joaquim, cujo apelido era Preá, pelo fato de ter tido muitos filhos. A senhora levantou-se do banco e me disse que o conhecia e me indicou o caminho apontando-o em direção a estrada de terra onde fica localizado o campo do Vitória dos Mendes. Não me recordo mais de sua fisionomia, mas lembro-me que era uma senhora muito humilde e generosa, pois não se contentou só em indicar o local da residência, como fez questão de me acompanhar por uma longa estrada de terra até o pé da serra, hoje conhecida por Rua das Bromélias, também chamada por muitos, como Serra do Parari, onde ficava localizada a casa do meu futuro sogro. Acredito que ela só não me levou até a porta da casa porque já estava cansada. O fato era que a casa ficava no meio da serra e não era nada fácil chegar até lá, principalmente quem não estava acostumado a subir ladeira, como eu.

Apesar de chegar ofegante, cheguei sã. Era um momento muito especial, pois lá estava minha namorada, minha cunhada e seu namorado, a nova companheira de seu Joaquim, pois ele era viúvo, há um bom tempo. Aos poucos, fui conhecendo toda a família. Preá, como era chamado Seu Joaquim, gostava de um chapéu, uma peixeira na cintura, camisa de botões, quase sempre desabotoados, calça de tergal, sempre dobradas um pouco abaixo dos joelhos, e seu inseparável cachimbo. Homem de voz tranquila, olhar sereno e de poucas palavras. Todavia, palavras sensatas, sábias, e não obstante mente leigas, pois, Seu Joaquim era antenado nos assuntos do dia a dia, seja na política, nos esportes, ou quaisquer outros assuntos. Seu Joaquim acordava sempre muito cedo, e com o inseparável radinho de cabeceira, ligado, não muito baixo, como se quisesse avisar a todos que era hora de acordar e levantar-se. Ouvia às notícias, missas, e aos jogos do seu querido Santa Cruz, pela Rádio Difusora de Limoeiro.

O meu sogro não excitava em abater seja quantas galinhas fossem necessárias para abastecer todos os visitantes que estivessem em sua casa. Até um bode, se fosse necessário.

Finais de semana e feriados, era comum ver vários veículos estacionados à beira da estrada de familiares e amigos que íam visitar Seu Joaquim. Foto: Jânio Odon/2015.

O interessante é que todos, tinham uma admiração por Seu Joaquim, não importava sua posição social, nobres ou plebeus, eram bem-vindos. Seu Joaquim era uma pessoa incrível, cativante, de caráter ilibado e muito especial. Às vezes, formavam-se filas de carros, de familiares e amigos de Seu Joaquim, às margens da estrada. Posso afirmar, que Seu Joaquim era uma celebridade.

O que mais me impressionava nele, era a sua vitalidade, apesar de sua idade avançada, cortava lenha como poucos. Cuidava dos animais e do roçado com muita disposição, seja na plantação de milho, coentro, maxixe, quiabo e cana. Isso o que eu lembro.

Seu Joaquim ladeado pelos filhos: Jessé, Edleuza, Isaías, Tita e o neto Robson. Foto: Robson Andrade/2007.

Seu Joaquim Gomes da Silva (Preá), era um pequeno agricultor, nascido no Mendes, em 27 de novembro de 1927, tinha como companheira, Dona Beatriz Maria Barbosa, que teve quinze filhos: Maria do Carmo (Lia), Jocelina (Jocinha), Manoel (Mané Mago) que faleceu em 2013,  Sebastião (Tita) que faleceu em 2021, João (Danda) que faleceu em 1992, Edleuza (Lôra), Isaías, Edmilson, Elza, Jessé, Cristina, além de Paulo, Fátima, Verônica e Jorge, que morreram ainda bebês. Dona Beatriz faleceu em 20 de Julho de 1976. Viúvo, Seu Joaquim, teve um novo cônjuge, Maria Severina da Conceição (Bete) pela qual, teve mais dois filhos: Patrícia e Marcelo. Dona Bete, veio a falecer em 5 de abril de 2021. Seu Joaquim, faleceu 5 anos e quatro meses antes, em 1º de outubro de 2015.

No passado, as coisas no Mendes não eram fáceis, não tinha nada, nem luz, nem água, nem transporte para todo mundo. Só havia escola primária, nem todos podiam estudar em Limoeiro. Minha esposa me contou que quando criança, teve que repetir três vezes a 4ª série para não deixar de estudar, já que a partir da 5ª série, só era possível estudar em Limoeiro. E para quem tinha condições de bancar o transporte, que era caro e para poucos.

Muitos moradores que viveram essa fase e hoje moram em outras cidades, não tem a mínima saudade desse tempo e desse lugar, apenas dos familiares e amigos. Minha esposa e meus cunhados, contam que tinha que acordar cedo para ir buscar água no distante cacimbão de água salobra, nas terras de Seu Sebastião Gregório, para beber, tomar banho, lavar roupas e pratos e encher os potes do gado e da criação de galinhas que Seu Joaquim tinha. O difícil de tudo isso, era que tinha que subir diversas vezes até a metade da serra, onde ficava localizada a antiga casa. 

Rua das Bromélias, também conhecida como Estrada do Parari, ao fundo, a casa de Seu Joaquim. Foto: Jânio Odon/20.12.2024.

Depois de meu namoro com Edleuza consolidado, minhas vindas para o Mendes tornaram-se mais frequentes. E depois de casado e com a chegada dos filhos: Rafael, Rafaela e Gabriel, se intensificaram mais ainda. Era sempre muito agradável passar um final de semana na Vila Mendes e na Serra do Parari. Fugir da agitação da cidade grande, tomar banho no riacho Gabioé e seus açudes e até pescar, já que no período invernoso descia uma enxurrada de peixes dos criadouros que transbordavam. Ainda mais, quando a família se reuniu e construiu outra casa melhor para seu Joaquim no pé da serra, em 2000. Depois, construíram um alpendre em 2007, onde acontecia “as bicadas”, cantorias e bate-papos. Tinha luz e água encanada e uma grande cisterna para captar água da chuva. As crianças, corriam, pulavam, subiam nas árvores e tomavam banho no riacho e no açude de Seu Sebastião Gregório. Era fantástico.

As crianças se divertiam no Mendes, durante às visitas a casa de Seu Joaquim. Foto: Jânio Odon/2000.

Nos finais de semana e nos feriados, a Vila Mendes é uma festa. Vem gente de todos os cantos visitar seus familiares, gente essa, que num passado não tão distante, haviam se aventurado em outras cidades e metrópoles em busca de seus sonhos e sobrevivência. O povo mendense são batalhadores e obstinados a vencer. Muitos venceram através dos estudos, outros através do comércio. E não é história de trancoso, não. Sou natural do Recife e conheço vários comerciantes bem-sucedidos oriundos do Mendes. Inclusive, três cunhados meu, foram ou são, comerciantes em Olinda. Conheço vários comerciantes do Mendes negociando nos bairros olindenses de: Peixinhos, Aguazinha, Sapucaia, Águas Compridas, Alto da Bondade, Jardim Brasil, Ouro Preto e Cidade de Tabajara. E sei que tem muitos outros espalhados por outros bairros, seja em Olinda ou Recife.

Há quase 40 anos, que venho por essas bandas, só tenho boas recordações que suprimem as coisas negativas. Já subi até o topo da Serra do Parari, já tomei banho no riacho e açude do Gabioé ; já vi as grandes enchentes do Rio Tracunhaém; já joguei bola no campo do Vitória dos Mendes; já tomei muitas cervejas com meus cunhados no Bar do Carreta; já assistir missas na igreja de Nossa Senhora da Conceição do Mendes e conheci muita gente bacana, com nomes comuns misturado com apelidos com sotaque rural.

Foi na Vila Mendes, que conquistei a mulher mais maravilhosa e mais especial da minha história. Um amor de uma vida.

Conhecer a Vila Mendes, foi marcante e inesquecível, algo profundo demais para esquecer. O adeus de Seu Joaquim (Preá) neste mundo terreno, foi muito doloroso. Deixou um vazio imenso em todos que o conheceram e vivenciaram cada momento bom ao seu lado, uma imensurável saudade.

Hoje, podemos dizer que o Mendes não é mais o mesmo de 40 anos atrás. Muitas coisas mudaram. A Vila Mendes ficou mais bonita. As casas melhoraram, as ruas estão sendo asfaltadas ou calçadas, a igreja da Conceição e a praça estão mais bonitas, já se tem água encanada, postos de saúde, escolas de 2º grau, rodovia, transportes mais acessíveis. No entanto, permanece sendo uma zona rural, muitos mantém seus roçados e ainda se pode ver algumas plantações de cana como antigamente. Mas a impressão que fica, é que o progresso finalmente chegou até a Vila Mendes.

Foto antiga, sem data, do Sitìo Mendes e a antiga igreja da Conceição, ao fundo. Foto: Acervo de Gentil Pereira Melo/Facebook.

A HISTÓRIA DA VILA MENDES

O “Mendes” se formou há seis quilômetros da então Comarca de Limoeiro, cortado pelo rio Tracunhaém e o riacho Gabioé, conhecido popularmente por “Gabiê”. As primeiras referências do “Mendes” como lugarejo, são da segunda metade do século XIX, no ano de 1867, período do Brasil-Império onde o país era subordinado à coroa portuguesa e a escravatura ainda existia. Em pleno ciclo do algodão e da cana de açúcar. De acordo com o Dicionário Topográfico Histórico da Província de Pernambuco, nesta época, onde ficavam localizados, o Mendes, João Alfredo e Bom Jardim, ao norte de Limoeiro, era uma região repleta de brejos e de grande plantio da cana de açucar. Como também, o leste da comarca, Carpina e Lagoa de Itaenga. Ao sul e ao oeste, era grande o plantio de algodão e criação de gado.

Quatro anos antes, os dados estatísticos da Província de Pernambuco indicavam que a população da Comarca de Limoeiro, incluindo as freguesias de Bom Jardim, Taquaritinga e os povoados de Queimadas e Malhadinha eram de 29.050 habitantes. Havia 12 engenhos de fabricar açúcar e 17 fazendas de gado. A região do Mendes era apenas um lugarejo cercado pelos canaviais dos engenhos: Parari, de propriedade do Sr. Claudino Correia de Melo; Pedra do Sono, do Sr. Joaquim Francisco de Paula; e Passasunga, dos herdeiros de José Francisco de Arruda; e pequenas plantações de algodão.

No final do século XIX, já existiam no Mendes, pequenas propriedades, exercendo a policultura agrícola e a pecuária de subsistência. Muita gente, se estabeleceu nesta região fugindo da seca e da fome que assolou o Sertão Nordestino entre 1877 e 1879, onde morreram mais de 400 mil pessoas e 190 mil deixaram as regiões afetadas.

"Zezim Donato", era agricultor e músico. Nasceu no povoado de Mendes, em 1898. Fonte: Acervo de Gentil Pereira Melo/Facebook.

Um exemplo da catástrofe da seca, foi a família de Seu Donato José de Arruda e Tereza de Jesus, pais de um ilustre morador do Mendes, nascido neste lugar em 1898, o agricultor e músico, José Egídio de Arruda, conhecido por “Zezim Donato”. A família veio da Serra do Teixeira, na Paraíba, fugindo provavelmente da seca de (1844-1845) que causou muito sofrimento aos sertanejos, fincando residência no Mendes. Zezim Donato, casou-se em 1923, com Maria Soares de Sousa e teve 4 filhos. Foi agricultor por um tempo. Depois trabalhou para o Governo na limpeza dos caminhos que seguia para Limoeiro, antes da construção da Rodovia PE-90 entre os anos de 1963 e 1964, onde transitavam animais com cargas e as pessoas em deslocamentos.

Os moradores mais antigos do “Mendes”, contam que Zezim Donato adorava música. Aprendeu a tocar trombone em Passasunga com os filhos de Manuel Tertuliano Travassos de Arruda (1847-1921), mais conhecido como Dr. Arruda e proprietário do Engenho. No Mendes, nos anos de 1930 e 1940, era componente de uma banda que animava festas, novenas e celebrações da comunidade e da vizinhança. Zezim Donato, faleceu em 7 de setembro de 1984.

Dados estatísticos da Província de Pernambuco em janeiro de 1894, constava a existência do Engenho Bizarra, vizinho ao Mendes, de propriedade do Sr. Francisco Manoel da Fonseca. O Engenho Parari tinha como novo proprietário o padre Vicente de Moura Vasconcelos; O Engenho Pedra do Sono pertencente ao Capitão Manoel Francisco de Barros Noé; e o Engenho Passasunga pertencia ao Dr. Manoel Tertuliano Travassos de Arruda. Em 1901, já não constavam na lista, os engenhos Parari e Bizarra.

O grande problema que a Vila Mendes enfrentou para seu desenvolvimento foi a sua própria localização geográfica. Durante os ciclos da cana de açúcar e do algodão, os engenhos e as fazendas ficavam distantes do povoado, não existiam estradas pavimentadas para o escoamento da produção. Tudo era feito através do trabalho braçal, todo o escoamento da cana, do roçado e do algodão eram feitos através de carroças e em lombos de animais, em caminhos abertos por trabalhadores.

O Mendes, na segunda metade do século XIX, e primeira metade do século XX, por ser um lugarejo perdido no meio dos canaviais e roçados, sem estradas, longe das ferrovias e da Comarca de Limoeiro, sem progresso e sobrevivendo dentro de sua precariedade. Muitas vezes, aparecia nas páginas de jornais remotamente, em casos de violência e por suas tragédias. Algumas dessas ocorrências foram descritas da seguinte forma:

AS NOTÍCIAS MAIS ANTIGAS SOBRE O "MENDES"

A primeira publicação num jornal, relacionado ao “Mendes”, foi feito pelo Diário de Pernambuco em 16 de janeiro de 1867. Durante a passagem de ano, no lugar Mendes, da Freguesia de Limoeiro. Vivendo sua angústia e sofrimento, longe de sua família e de seu lar, na condição de escravo e sem esperança de uma melhor perspectiva de vida. O escravo Luciano, que pertencia ao sr. Francisco Manoel Cavalcante, cometeu suicídio. O jornal descreve morte por estrangulamento para não chocar o leitor, por ser uma data festiva. O fato ocorreu em 1º de janeiro de 1867, durante o réveillon.  

O Jornal do Recife, em 1º de julho de 1875, publicou: No lugar Mendes, do termo de Limoeiro, no dia 16 do mês último, Galdino José Pereira feriu gravemente com um tiro a Francisco Antônio de Paula. O criminoso foi preso e está sendo processado. (Finalizou).

O Jornal do Recife, em 9 de novembro de 1899, publicou: Em data de 4 do corrente no lugar Mendes, município de Limoeiro, dois indivíduos cujos nomes ignora-se, agrediram e feriram a Joaquim Evangelista de Araújo. Contra os delinquentes que lograram evadir-se após a perpetração do crime, a mesma autoridade procede as diligências de conformidade com a lei. (Finalizou).

O Jornal do Recife, em 10 de fevereiro de 1909, publicou: No dia 4 de fevereiro, às 6 horas da tarde, voltaram de um divertimento os indivíduos Miguel Ferreira da Silva e Severino de Castro, um cunhado do outro. A diversão foi em Serra do Carneiro, Limoeiro, e quando os dois chegaram ao lugar Mendes, ainda no mesmo município, travaram forte discussão, indo depois a vias de fato. O resultado foi Severino sair gravemente ferido por Miguel que foi preso em flagrante. (Finalizou).

O Diário de Pernambuco, em 4 de novembro de 1911, Publicou: Às 4 horas da tarde de 28 de outubro de 1911, no lugar Mendes, em Limoeiro. Travaram renhida luta, Antônio Damião Ferreira da Silva e Manuel Reinaldo Júnior, por apelido de Manuel Padre, saindo aquele com dez ferimentos de punhal, que lhe ocasionaram a morte. O homicida, que é branco e estatura média, logrou-se evadir-se. (Finalizou).

O Almanach de Pernambuco, em seu anuário de 1913, sem data, o jornalista José Miranda, publicou uma matéria sobre os aspectos sociais, econômicos e estruturais da cidade de Limoeiro naquele ano, onde fez referências as feiras livres dos povoados da cidade da seguinte forma:

Prosperos povoados compõem o município, com feiras aos domingos, dos quais é justiça distinguir Pedra Tapada, Malhadinha, Cedro, Bengalas e Mendes. Na cidade (Limoeiro), também existe três vezes na semana rica exposição de gêneros, aos sábados e quartas, onde se encontra abundância de frutas, carne seca, queijo do sertão, rapaduras e a melhor farinha, e as quintas, a de gado, para onde vem compradores de várias partes do Estado. (Finalizou).

O Jornal “A Provincia” em 8 de outubro de 1913, publicou: Pela manhã do dia 29 de setembro último, no lugar Mendes, do município de Limoeiro, quando o indivíduo Sergio Gomes de Araújo, examinava uma espingarda de caça, aconteceu esta detonar, sendo ferido levemente José Bernardo da Silva. A polícia compareceu apurando a casualidade do fato. (Finalizou).

O Diário de Pernambuco, em 5 de dezembro de 1922, publicou: Morreu queimado – (Dizia a manchete) – No lugar Mendes, do município de Limoeiro. Ocorreu no dia 25 de novembro, um doloroso fato. Severino Gomes que acendia um cigarro com um pedaço de papel, em casa de seu conhecido Severino Vicente, aconteceu as chamas atingirem a certa quantidade de pólvora que se achava a pouca distância. Com a explosão, Severino Gomes, foi atingido recebendo graves queimaduras, em consequências das quais veio a falecer pouco tempo depois. Ontem a polícia central foi informada do caso. (Finalizou).

O Jornal Pequeno, em 24 de setembro de 1930, publicou: Um agricultor ferido gravemente – (Dizia o título) - No dia 15 de setembro, no lugar Mendes, município de Limoeiro, registrou-se uma cena de perversidade, que indignou profundamente os moradores do citado povoado. Pelas 5 horas da manhã daquele dia, o indivíduo José de Farias Maciel dirigiu-se a pequena mercearia naquele local, de propriedade do sr. Severino Pereira de Lima, a fim de comprar alguns cartuchos para uma pistola.

Ao entrar no referido estabelecimento, Maciel avistando o popular Benedito José Batista, seu antigo e rancoroso inimigo, dirigiu-lhe alguns insultos, fazendo reviver velhas questões.

Benedito respondeu energicamente travando-se então forte polêmica. Em dado momento José de Farias sacando de uma faca americana avançou para seu desafeto, cravando-a na omoplata direita. Enquanto o proprietário da mercearia e alguns populares procuravam prestar socorro ao ferido, José Maciel evadiu-se. Benedito foi conduzido à farmácia mais próxima onde recebeu os primeiros curativos, sendo seu estado gravíssimo.

Ciente do bárbaro crime, a polícia de Limoeiro abriu inquérito, saindo patrulhas no encalço do perverso criminoso. O Dr. Litto de Azevedo, chefe de polícia, teve conhecimento do fato. (Finalizou).

O trem da Great Western numa pausa na Estação de Paudalho, rumo a Limoeiro, em 1929. Foto: Fundaj.

O TREM DE LIMOEIRO

Em 1872, grupo capitalista inglês se reuniram em Londres e criaram a Companhia responsável pelas primeiras ferrovias em Pernambuco, inclusive a ferrovia de Limoeiro. Denominada The Great Western of Brasil Railway Company Limited, a Companhia inglesa obteve a primeira concessão em 1875 para a construção da chamada Ferrovia Norte, no entanto, esbarrou na burocracia, pois o rico comerciante recifense, José Pereira Viana, o Barão da Soledade, já havia em 1870, adquirido a concessão da referida ferrovia. O entrave durou quatro anos e o Barão da Soledade não conseguiu iniciar a obra.

Em 25 de março de 1879, foi iniciada a partir do Largo do Brum, no bairro do Recife, a Ferrovia Norte. O primeiro trecho tinha 48,8 quilômetros até Paudalho e foi inaugurado em 24 de outubro de 1881. O segundo trecho até Limoeiro, foi inaugurado em 20 de fevereiro de 1882, à época, a ferrovia calculada numa distância de 82,9 quilômetros atravessava 355 engenhos de cana-de-açúcar.

Com a chegada da ferrovia até Limoeiro a distância até a Capital diminuiu. No biênio 1882/1883 a empresa inglesa registrou um fluxo nos trens de 35.000 mil passageiros. Em 1888, ano da abolição da escravatura, os trens de Limoeiro, chegaram a transportar 90.000 mil passageiros. Apesar do grande fluxo de passageiros, a Great Western, registrou uma rentabilidade muito maior no setor de cargas. Neste período, florescia em Limoeiro uma classe de comerciantes proprietários rurais, enquanto a cidade passava por um ritmo de crescimento acelerado na região do Agreste Setentrional. Foram instaladas as empresas SANBRA e a Anderson Clayton, especializadas no processo do algodão. Ainda no século XIX, Limoeiro produzia objetos de cerâmica, artefatos de palha, e era grande produtor de algodão. Grandioso era o comércio de couros e peles. Em torno da Vila de Limoeiro existiam 18 fábricas de óleo de carrapateira e 17 engenhos de rapadura e açúcar bruto, responderiam pela vinda do trem e pela proliferação de numerosos estabelecimentos comerciais. Esse progresso, atraiu muitos comerciantes portugueses para Limoeiro, fortalecendo e muito a economia urbana.

Enquanto isso, no Mendes, as coisas não iam nada bem. O trem ficou no meio do caminho. A população sofria para chegar em Limoeiro. Muitos iam em cima de mulas, cavalos e burros; outros, a pé. Geralmente, os deslocamentos eram com carregamentos de cana para os engenhos da região. A população do Mendes tinha a esperança de que o trem de Limoeiro se prolongasse até Bom Jardim, já que a campanha dos políticos bonjardinenses para que o trem chegasse até aquela cidade, era intensa.

Antigos moradores do Mendes, confirmam que ao leste da vila, existia uma estrada de terra batida em Mendes de Cima, com uma extensão de aproximadamente dois quilômetros, próximo ao lugar conhecido por Matinha, que circulavam veículos, que conduziam as pessoas do Mendes até Limoeiro, desde o final da década de 1940.

 Esta é a primeira igreja erguida em Mendes. Inaugurada em 1928.

IGREJA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DA VILA MENDES

Na década de 1920, o Sítio Mendes, como era conhecido, era apenas um pequeno povoado na zona rural do município de Limoeiro e seus habitantes de predominância católica. Povo de muita fé e devoção diante das grandes dificuldades e desafios da época, onde tudo era muito difícil e a precariedade era enorme. O povo buscava seus anseios e depositavam suas esperanças por dias melhores em Deus, Jesus Cristo e Nossa Senhora.

No Sítio Mendes não havia nenhuma igreja ou capela. O povo do Mendes, tinha que caminhar bastante para assistir às missas nas capelas vizinhas de Pedra do Sono e do antigo Engenho de Passassunga, que foi reconstruída em 1888.

Padre José Ciríaco de Brito. Foto: I.N.S.C.V.M/Facebook.

Em 1927, o pároco de Limoeiro, padre José Ciríaco de Brito, que permaneceu de 1920 até 1933 à frente da paróquia, diante da aclamação do povoado do Mendes, que já era bastante numeroso, iniciou-se um movimento para a construção da capela.

Em 17 de novembro de 1927, deu-se início a construção da Capela de Nossa Senhora da Conceição dos Mendes, em terreno doado pela senhora Joaquina Otacília de Melo (Dona Dondom).

Em 11 de março de 1928, foi inaugurada a Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Mendes, que era localizada um pouco à frente da atual, onde fica a praça. O padre José Ciríaco de Brito, pároco de Limoeiro, celebrou a primeira missa. O sr. João Gregório do Nascimento foi o idealizador e pioneiro na organização da Festa de Nossa Senhora da Conceição, no então Sítio Mendes.

Igreja Nossa Senhora da Conceição de Mendes em 1980. Acervo de Gentil Pereira Melo/Facebook.

Em 1979, com o crescimento do povoado do Mendes, houve a necessidade de ampliação da igreja, que contou com os apoios do sr. Joaquim Gregório de Melo (filho de Dona Dondom), que doou o terreno; da comunidade; e dos padres italianos Luís Cecchin e Jorge Barbieri.

Em 24 de novembro de 2022, foi realizada a solenidade de inauguração da estátua de Nossa Senhora da Conceição, posta ao lado direito da igreja. Foi celebrada uma missa pelo padre Severino João, pároco de Limoeiro, com a presença do prefeito Orlando Jorge, do vereador Enildo do Sindicato e uma grande presença de fiéis.

Na Vila Mendes ainda temos a Capela Nossa Senhora do Carmo, inaugurada no dia 2 de março de 2024, em Chã dos Telhas, em terreno doado pela sra. Eliane Albuquerque. A missa inaugural foi celebrada pelo bispo da Diocese de Nazaré, Dom Francisco de Assis Dantas.

Inauguração da Estação Ferroviária de Bom Jardim em 1937. Foto: Site Estações Ferroviárias do Brasil/Sidney Corrêa/2009.

O TREM DE BOM JARDIM

O povo de Bom Jardim teve que esperar 55 anos para que a estação ferroviária chegasse até a cidade. Decepção maior, teve a população do povoado do Mendes, que esperava que o trem passasse na entrada do vilarejo, coisa que não aconteceu. A ferrovia de Bom Jardim, foi instalada como um ramal de Carpina, fazendo uma trajetória completamente diferente da pretendida pelo povo do Mendes, apesar de quando inaugurada, se ouvia o apito do trem que passava em Pedra do Sono, todavia, só parava na estação de Lagoa Comprida, há pouco mais de sete quilômetros do povoado do Mendes.

O ramal partia de Carpina, seguia por Lagoa do Carro, Campo Grande, Limoeiro, Pedra do Sono e parava na estação de Lagoa Comprida, que foi inaugurada em 19 de março de 1930; depois seguia pelos povoados de Espera e Parijós até chegar na estação de Bom Jardim, que foi inaugurada em 10 de maio de 1937. A estação de Bom Jardim era a mais alta do ramal, tinha 303 metros de altura. Em 1963, uma enchente num lugar conhecido como Vargem Grande, carregou um trecho do leito da ferrovia deixando seus trilhos suspensos no ar. Após esse episódio, ninguém sabe o motivo, a ferrovia foi desativada. Em maio de 1964, a Rede Ferroviária anunciou a retida dos trilhos. Mas só em 1968, emitiu uma nota oficial encerrando as atividades da ferrovia de Bom Jardim.

Luiz Paulino, era do Mendes, e exerceu três mandatos como vereador e foi duas vezes presidente da Câmara de Vereadores de Limoeiro. Acervo de Gentil Pereira Melo/Facebook.

OS VEREADORES DA VILA MENDES

Conforme levantamento do pesquisador Gentil Pereira de Melo, o agricultor Severino Pereira de Melo, conhecido como “Biu Pereira”, mendense, foi o primeiro vereador de Limoeiro, representante do Distrito do Mendes, no final da década de 1940 e início da década de 1950. Foi através de sua articulação na Câmara Municipal, que o Distrito de Mendes, conseguiu construir o Cemitério São José (1952) e a Escola Típica Rural, por volta do ano de 1956. Detalhe: Nessa época, o vereador não recebia remuneração. (Finalizou).

O segundo representante do “Mendes”, foi o vereador Luiz Manoel de Almeida (Luiz Paulino) que exerceu três mandatos: de 1977 a 1982, 1983 a 1989 e de 1989 a 1993, sendo presidente da Câmara Municipal em duas ocasiões: 1987/1988 e 1991/1992. Luiz Paulino, foi Presidente do Apostolado da Oração da Igreja Católica entre outubro de 1969 a setembro de 1995 e de novembro de 1997 a outubro de 2001; foi Secretário Municipal; exerceu a função de diretor de movimentos como Cooperativa Mista dos Trabalhadores Rurais de Limoeiro, Grupo 4S, Círculo Operário e foi agricultor sindicalizado.   Foi através de sua indicação que a Escola Mínima do Mendes, recebeu a denominação Luiz Sátiro Pereira. Participou ativamente da construção do atual templo da Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Mendes (1978 a 1980) e da pavimentação da principal via de acesso da Vila Mendes, a Avenida João Manoel de Melo (entre 1982 e 1984), salientando que, o nome da referida avenida, foi um projeto de lei de Luiz Paulino, aprovada pela Câmara Municipal de Limoeiro. Em 1981, Luiz Paulino, foi um dos defensores pelas permanências dos padres italianos Luís Checcin e Jorge Barbieri em Limoeiro, contrariando os interesses políticos da região.

O terceiro vereador eleito do Mendes, foi Manoel Teixeira, exerceu o mandato na Câmara Municipal de Limoeiro de 1996 a 2000. É comerciante no Mendes.

Nas eleições de 2016, o distrito de Mendes, teve sua primeira representante mulher na Câmara dos Vereadores de Limoeiro, eleita com 1.216 votos, a agente de saúde, Maria da Batalha de Melo, que adotou como nome na chapa, Batalha dos Mendes, exerceu seu mandato de 2017 a 2020. Em um podcast, disse que durante seu mandato, sofreu grande pressão interna e externa na Câmara e que se decepcionou com algumas pessoas. Motivo pela qual, não quis candidatasse para uma reeleição.

Escola Mínima Mendes, foi fundada em 1951, mas tarde, passou a se chamar Luís Sátiro Pereira. Acervo de Gentil Pereira Melo/Facebook.

AS ESCOLAS E AS PRIMEIRAS PROFESSORAS DA VILA MENDES

ESCOLA ISOLADA MENDES

A primeira escola instalada no Mendes foi inaugurada em 1950, denominada Escola Isolada Mendes. O dia e o mês de sua inauguração ainda são desconhecidos. Esta escola, ficava na entrada do Mendes, por trás da parada das toyotas e ônibus, e tinha apenas uma sala de aula. A primeira professora nomeada pelo Estado para ensinar na referida escola, foi a senhora Maria Silvina da Silva através da Portaria Nº 741, em 5 maio de 1950, publicado pelo Diário Oficial do Estado em 14/5/1950. Ela era recifense, morava em Ambolê no bairro da Várzea. Há registro, que Maria Silvina participou em junho de 1954 do corpo docente de Limoeiro, que implantou o curso supletivo no Mendes, e que em maio de 1957 era professora do Ginásio Dom Vital, em Olinda. Esses são os últimos registros da referida professora.

O Diário Oficial do Estado, em 20 de maio de 1952, publicou a nomeação da professora Luiza Iracema Bione para ensinar na Escola Isolada Mendes, onde ensinou até 1954. A professora Luiza Bione ensinou nas Escolas Reunidas Padre Cavalcanti, em Bonito (1950); Grupo Escolar Antônio de Morais e Silva, em Limoeiro (1953); Grupo Escolar Clara Camarão, em Taquaritinga do Norte (1953) e no Ginásio Dom Vital, em Olinda (1957).

Escola Luís Sátiro Pereira. Foto: Site Vila Urucuba Notícias.

ESCOLA MUNICIPAL LUÍS SÁTIRO PEREIRA

Conforme o histórico oficial desta instituição de ensino, a escola foi fundada em 1951, denominada Escola Mínima Mendes, todavia, dados que não constam no histórico, mas que foi publicado no Diário Oficial do Estado em 1959, revela que a referida escola foi denominada Escola Típica Rural do Mendes

Através da Portaria Nº 1618, em 20 de julho de 1959, foi nomeada para ensinar na Escola Típica Rural do Mendes, a professora Creuza de Arruda e Silva. Ela lecionou nesta escola de 1959 a 1964. Muito querida no Mendes pelos alunos, ela nasceu em Limoeiro em 1936 e se formou em licenciatura plena em geografia na Faculdade Olindense de Formação de Professores – FOFOP.

Ela era professora da rede estadual de ensino. Depois de ensinar no Mendes, seguiu para ensinar na Escola Austro Costa em Limoeiro e depois na Escola Ministro Jarbas Passarinho, no município de Camaragibe até 1988, quando licenciou-se. Se aposentou no ano seguinte. (Finalizou).

Em 1993, a escola passou a se chamar Grupo Escolar Luís Sátiro Pereira, através de um projeto de lei de autoria do vereador Luíz Paulino, que era morador do Mendes, para homenagear o agricultor de 75 anos, que foi vítima de um acidente fatal na Rodovia PE-90, em 18 de setembro de 1991.

Em 2010, foi denominada Escola Municipal Luís Sátiro Pereira.

A escola fica localizada à Rua José Bonifácio de Lucena, na Vila Mendes. Oferece a educação básica do maternal da educação infantil (3 a 4 anos); Nível I e nível II da educação infantil (4 a 5 anos) e ensino fundamental I (1º ano – crianças de 6 e 7 anos e 2º ano). Além de atender aos alunos da Vila Mendes, atende também aos alunos das comunidades circunvizinhas de Cabeça de Vaca, Bom Sucesso, Guabiraba, Sapé, Almirante e outros.

Escola Municipal Marechal Castelo Branco. Foto: Jânio Odon/4.10.2024.

ESCOLA MUNICIPAL MARECHAL CASTELO BRANCO

O Diário de Pernambuco, em 31 de maio de 1979, publicou uma nota sobre as diversas obras que seriam inauguradas no município de Limoeiro, entre elas, a inauguração de um Grupo Escolar no povoado do Mendes.  A nota dizia o seguinte:

Limoeiro inaugura (dizia o título) – O novo prédio da biblioteca pública do município, três postos de saúde na zona rural, um grupo escolar no distrito de Mendes, a nova ponte da Pirauíra e o calçamento em várias artérias da cidade, serão inaugurados oficialmente pelo prefeito Adauto Heráclio Duarte, no próximo mês, com a presença do governador Marco Maciel e vários secretários do Estado. A data ainda não foi confirmada e vai depender da agenda do governador. Todas as obras já se encontram prontas e a intensão do prefeito limoeirense é inaugurar todas num único dia. Está faltando apenas alguns metros de calçamento no trecho que dá acesso à Ponte Severino Pinheiro que deverá estar concluída ainda esta semana. (Finalizou).

Há uma questão curiosa nesta nota do Diário de Pernambuco. Analisando os históricos oficiais das duas escolas da Vila Mendes, verifica-se uma divergência. Enquanto no histórico da Escola Luís Sátiro há uma informação que em 1993, a escola passou a ser denominada de grupo escolar, por outro lado, no histórico da Escola Castelo Branco não há nenhuma citação de que a escola já foi um grupo escolar. Entretanto, faz crer, que o grupo escolar citado na nota do jornal, se refere a Escola Castelo Branco, que coincidentemente foi fundada em 1979, contrariando assim, o histórico oficial da Escola Castelo Branco, que afirma que o nome de fundação da escola era Escola Municipal Presidente Castelo Branco. O histórico acrescenta que a referida escola, possuía uma única sala de aula, localizada na propriedade da professora Olindina Esméria do Espírito Santo.

A Portaria Estadual Nº 292, de 20 de janeiro de 1982, A Secretaria de Educação do Estado favorável ao parecer do Departamento de Normatização e Registro da Diretoria de Desenvolvimento e Normas, autorizou o funcionamento do curso do primeiro grau (1ª a 4ª série) em diversas escolas municipais do município de Limoeiro, entre elas: Escola Mínima Mendes - inscrição nº 2162610 (atual Escola Municipal Luís Sátiro) e Grupo Escolar Presidente Castelo Branco* – inscrição nº 2092514. (Escolas localizadas na Rua José Bonifácio de Lucena, povoado de Mendes).(Publicado no DOE de 21/01/1982).

*OBS: Na portaria acima, a Escola Municipal Presidente Castelo Branco foi citada como sendo um Grupo Escolar.

Conforme o histórico da escola, em 21 de janeiro de 1983, a escola foi reestruturada e ampliada. Em 1986, a escola passou a denominar-se oficialmente Escola Marechal Castelo Branco sob a direção da professora Adélia Maria de Albuquerque, sendo seus sucessores os professores Adiel Aureliano de Melo, João Raulino de Souza Neto, Maria Imaculada de Melo, Geórgia de Figueiredo Araújo Lira, Carlos Wilson Pimentel de Lacerda, Maria do Socorro Correia da Silva, Selma Maria Alves da Silva e a atual gestora Josiane Pereira da Silva Cordeiro.

Atualmente, a escola está funcionando com 16 turmas do ensino fundamental (3º ao 9º ano), uma turma de Atendimento Educacional Especializado (AEE), quatro turmas do Projeto Música na Terra Amada, totalizando 422 alunos, 30 professores, 03 apoios escolares e 12 servidores administrativos.

A Portaria Estadual Gab. Nº 83, de 15 de dezembro de 1983, o Chefe de Gabinete de acordo com o Departamento de Normatização e Registro da Diretoria de Desenvolvimento e Normas, autorizou o funcionamento do curso de primeiro grau (5ª a 8ª série), na Escola Marechal Castelo Branco – Inscrição nº M. 356.002, localizada no povoado de Mendes, em Limoeiro. (Publicado no DOE em 16/12/1983).

Em 6 de março de 1990, o deputado estadual Severino Cavalcanti, subiu à Tribuna da Assembleia Legislativa de Pernambuco, solicitando ao Governo do Estado a elaboração de estudos para a construção de uma escola de 2º Grau na Vila Mendes, em Limoeiro, conforme reivindicação da comunidade, liderada pelo sr. Manoel Teixeira.

Em sua justificativa o deputado Severino Cavalcanti, ressaltou o seguinte:

A juventude carente da Vila Mendes, normalmente não prosseguem nos estudos por não dispor de recursos para as despesas com deslocamentos para Limoeiro. Concebemos que, em uma democracia, as oportunidades devem ser iguais para todos.

Uma escola de 2º Grau na Vila Mendes, além de beneficiar seus moradores, atenderia, às comunidades de Cabeça de Vaca, Passasunga, Bom Sucesso, Matinha, Sapé, Almirante, Gavião, Guabiraba e Lagoa Comprida. Ante o exposto, contamos com o apoio dos nobres colegas para a aprovação desta nova proposta. (Publicado no DOE de 8/3/1990).

As professoras acima citadas são as pioneiras, depois vieram outras, que contribuíram bastante para a educação dos jovens deste povoado, são elas: Olindina Esméria, Gilvete Ferreira Cavalcante, Adélia Maria Albuquerque, Margarida Barros e Maria José de Barros (Zui).

Professora Gilvete (blusa escura e óculos) na organização das festas juninas das escolas de Mendes, em 1976. Acervo de Gentil Pereira Melo/Facebook.

PROFESSORA GILVETE CAVALCANTE, RECEBE A MEDALHA DO MÉRITO EDUCACIONAL

O Diário da Manhã em 6 de novembro de 1983, publicou uma nota em destaque, sobre o recebimento da Medalha do Mérito Educacional, concedida pelo Governo do Estado aos destaques individuais na educação em Pernambuco. A professora Gilvete Cavalcante, da Escola Mínima Mendes foi citada pelo referido jornal da seguinte forma:

Professora recebe medalha (dizia o título) – Gilvete Ferreira Cavalcante, professora da zona rural do Departamento Regional de Educação do Vale do Capibaribe, sediado em Limoeiro, deixou de ser desconhecida na festa do Dia do Professor, realizada recentemente, pelo Governo do Estado; neste ano as Medalhas de Mérito Educacional, ao invés de homenagear educadores famosos ou mais conhecidos, foram conferidas a quinze professoras da zona rural e três da periferia urbana.

Gilvete Ferreira Cavalcante foi uma das grandes homenageadas. Ela iniciou suas atividades no Magistério como professora primária contratada pelo município de Paulista (Escola São Pedro), função que exerceu de 2 de fevereiro de 1964 a 30 de dezembro de 1966. Participando de concurso público, promovido pela Secretaria de Educação, para provimento de vagas de professores, foi aprovada com nota 56, tendo sido nomeada pelo Ato 274, de 25 de janeiro de 1959. Em sua nova função, tomou posse em 2 de fevereiro de 1968, e através da Portaria Nº 509, de 21 de março de 1968 foi localizada na Escola Mínima Mendes, no povoado de Mendes, em Limoeiro, onde continua lecionando, ainda hoje, no horário das 07:30 às 11:30.

Dedicação maior – Durante esses anos, Gilvete vem lecionando nas quatro primeiras séries do primeiro grau. Neste ano na 1ª série, conseguiu dos alunos um percentual de aprovação de 95% a 98%. Nos anos de 1972, 1981 e 1982, ensinou as 3ª e 4ª séries do primeiro grau, tendo obtido um percentual de 96% e 98% de aprovação dos estudantes. Nas turmas que tem ensinado, Gilvete conta com 35 a 42 educandos, sendo ótima a frequência às suas aulas. Também ótimo tem sido o relacionamento com os pais, colegas e alunos.

Na Escola Mínima Mendes, a professora além de ensinar, exerceu funções de diretora, merendeira e zeladora. Em 1º de março de 1969 foi promovida, automaticamente, para o padrão H, enquanto pelo Ato Nº 2.555, de 18 de novembro de 1977, passou para o padrão I, por merecimento. Em 1980, obteve progressão especial para FS-III e em 1982, obteve nova progressão especial para FS-IV.

Com o curso pedagógico feito no Instituto de Educação de Pernambuco e de Licenciatura Plena. Em História na Faculdade  de Formação de Professores de Nazaré da Mata, unidade de 3º grau vinculada à Fundação do Ensino Superior de Pernambuco, mesmo concursada  e com garantia de emprego, Gilvete não tem se descuidado no aprimoramento funcional, contando com o curso de aperfeiçoamento pedagógico, educação artística, alfabetização funcional, treinamento para professores municipais, intensivo para professores regentes de primeiras séries do 1º grau, quitação e conteúdo programático, repasse  em avaliação da aprendizagem, entre outros. (Finalizou).

* A professora Gilvete Ferreira Cavalcante, nasceu em Limoeiro-PE, no dia 13 de abril de 1942. Aposentou-se aos 46 anos, mas voltou a lecionar na extinta Escola Morais e Silva até 2012. Atualmente, reside em Limoeiro, curtindo a sua aposentadoria.

Cemitério São José, em Vila Mendes. Construído em 1952. Foto: Jânio Odon/2010.

O CEMITÉRIO SÃO JOSÉ

O Diário de Pernambuco em 31 de outubro de 1952, publicou uma nota escrita pelo ilustre limoeirense Antônio Vilaça, na coluna “Pelos Municípios” solicitando a construção de um cemitério no povoado do Mendes. A nota dizia o seguinte:

Nos Mendes – Não há um cemitério nos Mendes, falta sanável, desde que assim o entenda o sr. prefeito municipal (referindo-se ao prefeito Eulino Barbosa). Porque se trata de um povoado muito habitado e que dista, quase duas léguas da cidade. O sr. João de Melo, proprietário naquela localidade, oferece o terreno e o povo está pronto para colaborar com os poderes públicos. Apelamos para o prefeito, levando-lhes os anseios dos municípios daquela zona agrícola, certos de que Sua Senhoria tomará o fato como sendo de capital importância e de imediata solução. Finalizou.

No dia 14 de novembro de 1952, o prefeito de Limoeiro, Eulino Barbosa, esteve no referido terreno e deu o seu aval após a vistoria. Dias depois, deu-se início a construção do cemitério.

Antes do cemitério do povoado do Mendes, o cemitério mais próximo era o cemitério do antigo Engenho Passasunga, que existe desde o final do século XVIII, sua capela foi construída em 1745 e reformada em 1881, pelo então proprietário, capitão Manoel Gomes de Moura e Silva. Muitos dos moradores antigos da Vila Mendes, admite essa hipótese. Todavia, não podemos afirmar com absoluta certeza, já que não temos nenhuma prova documental até o presente.

Em 1983, a Prefeitura de Limoeiro na gestão do prefeito José Artur Teobaldo Cavalcanti, comprou outra parte do terreno a Família Melo para ampliação do Cemitério São José.

Em 2009, o cemitério teve sua área ampliada por desapropriação na gestão do prefeito Ricardo Teobaldo Cavalcante.

Rodovia PE-90 (antiga PE-5) começou a ser construída em 1952 e só foi concluída em 1964. Foto: Vila Mendes Ordinário ofc/Instagram.

A RODOVIA PE-90

A obra da construção da Rodovia PE-5 (atual PE-90) teve início em dezembro de 1952, a partir de São Lourenço da Mata, pelas construtoras Queiroz Galvão e Leão Limitada. A primeira etapa foi até Carpina. A notícia de que a rodovia seguiria até Bom Jardim, encheu de esperança a população do povoado do Mendes, pois com a estrada cruzando o povoado a expectativa de dias melhores era muito grande. Seria o fim das longas caminhadas até Limoeiro ou Lagoa Comprida, eram as únicas alternativas para se tomar o trem. O povo já começava a sonhar em ter transporte na entrada do povoado, não só para a sede do município, como também para a Capital e outros lugares distantes. O povo do Mendes, viram os operários construindo a estrada em frente ao povoado em 1963 até que o trecho até Bom Jardim fosse inaugurado lá na Pedra do Navio, em 15 de fevereiro de 1964, pelo governador Miguel Arraes de Alencar. Do início da obra em São Lourenço da Mata até esta data, foram mais de doze anos de espera. Mas quem viveu para ver, não conteve a alegria e a emoção desta grande conquista.

O trecho da Rodovia PE-5 (atual PE-90) de Limoeiro até Bom Jardim só teve seu projeto aprovado em 1955, na gestão do governador Etelvino Lins. Este trecho teve início em fevereiro de 1963, foram gastos Cr$ 360 milhões de cruzeiros, em obras executadas pelo DER. A estrada com mais de 33 quilômetros de extensão, 14 metros de largura, possui duas pistas, 78 bueiros, 4 pontilhões e mais de 176,5 metros de ponte.

O governador Miguel Arraes inaugurou a PE-5 (atual PE-90) em 1964. Foto: Folha Press/1964.

O jornal recifense “Última Hora”, em 16 de fevereiro de 1964, cobriu a solenidade de inauguração da PE-90 em Bom Jardim. Veja alguns trechos da publicação:

Em solenidade simples, o Chefe do Executivo, inaugurou, ontem, a pavimentação do trecho que une os municípios de Limoeiro e Bom Jardim, compreendendo as rodovias PE-5 (atual PE-90) e PE-61(atual PE-88).

A fita simbólica foi cortada pelo governador Miguel Arraes, após a benção do padre Nicolau Pimentel. Instantes depois, às 10:20m, acompanhados dos prefeitos de Limoeiro, Adauto Heráclio Duarte, e Bom Jardim, Noé Souto Maior, do senador Barros Carvalho e do ministro Oswaldo Lima Filho, além de secretários e assessores diretos, Miguel Arraes foi homenageado com um coquetel, no Grupo Escolar Austro Costa em Limoeiro.

Grande entusiasmo popular marcou a inauguração do trecho pavimentado da rodovia que liga os dois importantes municípios da Mata Norte. Cerca de duas mil pessoas, utilizando os mais diversos meios de condução, seguiram a caravana governamental até a Pedra do Navio, o mais pitoresco local da rodovia, onde as firmas responsáveis pelos serviços de terraplanagem e pavimentação – Moveterras e Cobrapa, respectivamente, recepcionaram os presentes com um coquetel.

O Ministro da Agricultura, Oswaldo Lima Filho, disse:

- Falo neste momento mais como o modesto homem do Agreste pernambucano de que como Ministro da Agricultura, testemunhando o apreço e os aplausos do povo desta Região ao governador Miguel Arraes, cujo trabalho, sereno e sem grande alarde publicitário, tem sido profícuo nesses primeiros meses de sua administração. Essa obra vem beneficiar não somente toda a Região, mas sobretudo, o pequeno produtor e o pequeno agricultor, lhes proporcionando transporte seguro e rápido para as mercadorias produzidas.

Depois da solenidade de inauguração, pelas 11 horas, o governador Miguel Arraes, Oswaldo Lima Filho, Sylvio Lins, Barros Carvalho, Lamartine Távora, o prefeito de Limoeiro – Adauto Heráclio Duarte; e toda comitiva, seguiram até Bom Jardim, tendo sido recebido pelo prefeito Noé Souto Maior, em sua residência. Posteriormente, toda a comitiva seguiu até a estrada que dá acesso a Surubim, ora sofrendo reparos, adaptações e melhoramentos para receber asfalto indo até o centro daquela cidade, de onde retornou ao Recife. (Finalizou).

AS PASSAGENS DE ÔNIBUS

O Diário de Pernambuco em 21 de agosto de 1966, publicou a tabela com os valores das passagens de ônibus intermunicipais e de localidades de Limoeiro: De Recife para Limoeiro a passagem custava 800 cruzeiros; de Limoeiro para Passira: 380 cruzeiros; de Limoeiro para Cumaru: 720 cruzeiros; de Limoeiro para Ameixas: 1.070; de Limoeiro para Feira Nova: 270 cruzeiros; de Limoeiro para Araçá: 410 cruzeiros; de Limoeiro para Guilherme: 620 cruzeiros; de Limoeiro para Tapera (Bonança): 930 cruzeiros; de Limoeiro para Urucuba: 140 cruzeiros; de Limoeiro para Bengala: 270 cruzeiros; de Limoeiro para Lagoa Comprida: 170 cruzeiros; de Recife para o Mendes: 870 cruzeiros; de Recife para Lagoa Comprida: 980 cruzeiros; de Recife para Bizarra: 1.000 cruzeiros. Nesta época, a infração era muito alta e a moeda desvalorizada. Motivo pela qual, as passagens apresentam valores altos.

O Diário de Pernambuco em 27 de outubro de 1987, publicou uma nota do cidadão Severino Franco Monteiro Mendes, se queixando do valor da passagem de ônibus do povoado do Mendes. A nota dizia o seguinte:

 O povoado dos Mendes não é considerado um ponto de ônibus. Por isso, ao utilizarmos os ônibus da Expresso 1002 pagamos passagem de Recife a Freitas, Limoeiro a Freitas e vice-versa (ônibus com destino: Recife-Surubim, Recife-Taquaritinga, Recife- Umburetama, e vice-versa), ou Recife a Bizarra. Limoeiro a Bizarra (ônibus com destino: Recife-Machados e vice-versa); e, ao utilizarmos os ônibus da Viação Vencedora pagamos de Limoeiro a Bizarra. Freitas, vila de Bom Jardim, fica distante de Limoeiro mais de 20 quilômetros. Bizarra, também em Bom Jardim, fica distante de Limoeiro 20 quilômetros.

Queremos pagar pela área que realmente percorremos. Passagens, por exemplo, Cz$ 12 cruzados (valor que deveria estar sendo cobrado) ou de Cz$ 15 cruzados (valor cobrado) entre Limoeiro e Mendes, são quantias altíssimas para quem percorre apenas 7 quilômetros. (Finalizou).

OS PADRES ITALIANOS

A história religiosa da Vila Mendes, ficou marcada pelas passagens marcantes de dois padres italianos: Giorgio Barbieri, conhecido como padre Jorge, e Luigi Cecchin, conhecido como padre Luís. Já circularam pelo Mendes, inúmeros párocos, mas nenhum, são tão lembrados quanto eles dois. É quase impossível encontrar um morador da Vila Mendes que mora ou morou durante as décadas de 1970 e 1980, que não tenha uma fotografia com um dos padres. Eles chegaram em plena Ditadura Militar, onde defender os direitos sociais era uma afronta ao regime. O interior enfrentava o absolutismo e o coronelismo. Limoeiro teve talvez, o mais famoso mandachuva de Pernambuco, o coronel Chico Heráclio, que dominou o cenário político limoeirense por quase sessenta anos (décadas de 1920 a 1970), ele faleceu em 1974, mas as oligarquias permaneceram por muito tempo.

O padre Jorge Barbieri foi o primeiro a chegar em Limoeiro, em 29 de outubro de 1967. Em 1979, coordenou a construção da nova igreja de Nossa Senhora da Conceição de Mendes e articulou a realização da Festa da Conceição.

Em 1984, foi para Salvador, mas em 1985, já estava de volta a Limoeiro. Assumiu a titularidade da Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação, permanecendo até 1990, quando se retirou da vida sacerdotal para casar-se com a sra. Judite Albuquerque de Barros, que fazia parte do grupo pastoral da igreja. Jorge Barbieri foi agraciado com o título de Cidadão Limoeirense em 15 de junho de 1991. Foi eleito vereador de Limoeiro em 2004 e exerceu o mandato de 2005 a 2008.

Jorge Barbieri, nasceu em 12 de agosto de 1940, em Treviso, na Itália. Atualmente reside em Limoeiro, aos 83 anos.

1ª Eucarístia na Igreja de N. S. da Conceição de Mendes,  em 1974: padre Luís Cecchin, minha esposa Edleuza, meu cunhado João (Danda) e minha sogra Beatriz. Acervo da família.

O padre Luís Cecchin, chegou em Limoeiro, em 26 de maio de 1969, com os seus 44 anos de idade. E no dia 12 de junho daquele ano, visitou o Mendes pela primeira vez, durante a reunião do Apostolado da Oração.

Recebeu os títulos de Cidadão Limoeirense em 1989 e de Cidadão Pernambucano em 2009.

Padre Luís Cecchin, nasceu em 11 de dezembro de 1924, em San Martino di Lupare, na Itália. Faleceu em 26 de março de 2010, em seu país, mas foi sepultado em Limoeiro, na Igreja Matriz de São Sebastião em 5 de maio de 2010.

Perseguidos pela Ditadura - Em 25 de dezembro de 1975, quando retornava do povoado de Bizarra, o padre Jorge Barbieri, foi preso pelo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) a polícia política durante o Regime Militar, Barbieri foi acusado de ser comunista, aliciar jovens para a guerrilha e de esconder uma metralhadora. Posteriormente, por falta de provas, ele foi posto em liberdade.

Em outubro de 1980, o padre italiano, Vito Miracapillo, do município de Ribeirão-PE, foi expulso do país por negar-se a celebrar duas missas em homenagem à Independência do Brasil. Este fato, teve grande repercussão no Brasil e no Exterior.

O episódio, fez com que todos os padres estrangeiros ficassem na mira do DOPS. Em 1981, os padres Jorge Barbieri e Luís Cecchin estiveram ameaçados de serem transferidos da paróquia de Limoeiro, e só não foram, porque ouve uma grande mobilização do prefeito, do povo limoeirense e de alguns políticos.

O Diário de Pernambuco, em 2 de abril de 1981, publicou o seguinte:

Limoeiro não quer a saída dos sacerdotes (Dizia o título) – Ao contrário do prefeito de Ribeirão, Salomão Brasil, no caso da expulsão do padre Vito Miracapillo daquela cidade, a permanência dos sacerdotes italianos Luís Cecchin e Jorge Barbieri na Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação de Limoeiro, “é uma questão de honra” para o prefeito local, Adauto Heráclio Duarte, que promete lutar ao lado da comunidade católica da região para que eles aqui permaneçam, apesar da existência, junto ao bispo de Nazaré da Mata, de complô político para afastá-los desta área.

O prefeito esclarece que tudo fará, junto as autoridades eclesiásticas, no sentido de que o trabalho dos padres em Limoeiro não seja interrompido, principalmente o Centro de Formação de menores, onde 305 crianças recebem educação e formação moral gratuitamente, através de um amplo programa assistencial e de ajuda externa. Diversos proprietários rurais não estão “satisfeitos com a atuação dos dois padres e abertamente afirmam que eles são comunistas “como o padre Miracapillo”. Esses empresários estão à frente do complô e junto ao bispo de Nazaré da Mata, dom Manoel Lisboa, a que os religiosos estão subordinados, interferem para a saída dos sacerdotes de Limoeiro.

O padre Jorge Barbieri, certa vez, foi preso pelo DOPS por denuncia de plantadores de cana de que estaria fazendo agitação no campo. Um terceiro padre italiano que também reside e atua na Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação de Limoeiro, de nome Hermínio, chegou a ser espancado e ameaçado de morte por senhores de engenho da região. Ele atua nos povoados do município, onde foi agredido, enquanto Luís Cecchin e Jorge Barbieri trabalham diretamente na zona urbana da cidade, assistindo os menores do Centro de Formação e da Sociedade de Camponeses São José.

A atuação dos sacerdotes tem incomodado os proprietários tendo em vista o trabalho de conscientização e orientação que desenvolvem nos sítios e fazendas, juntos aos camponeses que estão assimilando justiça social, reforma agrária, direito a posse de terra, saúde, educação, etc. A matéria publicada ontem por este jornal, obteve ampla repercussão não só em Limoeiro como em diversos municípios da Mata Norte. Deputados, vereadores e líderes católicos estão preparando uma manifestação em solidariedade aos padres italianos aqui radicados tendo em vista a ameaça de que poderão ser deslocados para outras regiões do Estado ou até mesmo expulsos, segundo se comenta.

À frente do movimento encontra-se o juiz de Direito de João Alfredo, Petrúcio Tobias Granja, que, ao lado de diversas autoridades, vem tentando sensibilizar o bispo dom Manoel Lisboa no sentido de que os padres não saiam de Limoeiro, como já estaria decidido por aquela autoridade eclesiástica, que também discorda da atuação dos religiosos principalmente porque eles não cobram pelos ofícios que celebram, no caso missas, casamentos, batizados, etc.

Disse o juiz Petrúcio Granja que o trabalho desenvolvido na Paróquia de Limoeiro, “através de seus zelosos sacerdotes, Luís Cecchin e Jorge Barbieri, é moldado rigorosamente nas diretrizes traçadas por Medellin, Puebla, pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros) e pelo Santo Padre João Paulo II. Em Limoeiro, uma missa não é uma mercadoria. Cr$ 1.000,00 (Mil cruzeiros), para se celebrar uma missa, ou Cr$ 200,00 (Duzentos cruzeiros), por um batizado. O fiel dá o que pode e quer. Na “Princesa do Capibaribe”, não se faz como se fazia em algumas paróquias de antigamente, pagar para o sacristão, para tocar Cr$ 50,00 (Cinquenta cruzeiros) de sino para o defunto”.

Repercussão – Ontem, em Caruaru a notícia da saída dos padres italianos de Limoeiro foi debatida na Câmara Municipal daquela cidade. O vereador Fernando Soares, do PMDB, apresentou requerimento convidando os sacerdotes “para virem residir em Caruaru, a fim de darem continuidade a fabulosa obra em favor dos oprimidos iniciada há 14 anos na “Princesa do Capibaribe”. Acrescentou Soares que não é de hoje que aqueles sacerdotes, “os quais abraçando os postulados das célebres conferências de Medellin, optaram preferencialmente pelos pobres. Agora, vêm sendo sistematicamente e implacavelmente perseguidos por uma ínfima minoria política extremamente conservadora e representantes das arcaicas estruturas agrárias do nosso País, no afã de manter eternamente os seus privilégios”, afirmou.

“Assim aconteceu com o frei José Maria” – Disse o vereador – “pároco de Alagoinha que ousou enfrentar a prepotência dos senhores feudais dessa cidade, nos idos de 1978; com o padre Reginaldo Veloso, Casa Amarela, no Recife; culminando com a expulsão absurda do padre Vito Miracapillo da Paróquia de Ribeirão, por férrea pressão dos latifundiários da zona da Mata, para citar apenas alguns casos que vieram ao conhecimento em nosso Estado”. Concluiu o vereador Fernando Soares.

Em Limoeiro – O vereador Luiz Manoel de Almeida (Luiz Paulino), do PDT, apresentou na reunião de ontem, da Câmara Municipal de Limoeiro, um requerimento em forma de apelo, ao bispo Manoel Lisboa e ao Conselho Presbiterial da Diocese de Nazaré da Mata, no sentido de que os padres italianos não sejam impedidos de trabalharem dentro da linha da CNBB, que é a mesma do Papa João Paulo II. “ E que acaba com as pressões que vem fazendo aos sacerdotes da Paróquia de Limoeiro, que em virtude disso terminarão sendo transferidos  para outras dioceses do Estado”, disse o vereador.

O saneamento básico na Vila Mendes começou a ser implantado em 1971. Foto: Sitío Guia Notícias/Instagram.

SANEAMENTO BÁSICO NA VILA MENDES

Em agosto de 1969, foi detectado através do órgão de saúde de Limoeiro, grande índice de doenças provocadas por parasitas na comunidade do Mendes, tais como: malária, mal de Chagas e principalmente a ascaridíase (lombrigas). Efeito esse, provocados pela falta de saneamento básico na comunidade, já que não havia água encanada e boa parte da população bebiam água dos cacimbões e dividiam com os animais os banhos no riacho Gabioé e o rio Tracunhaém. Muitos, tinham o hábito de fazer suas necessidades fisiológicas no meio do mato, durante às chuvas, todos os dejetos eram despejados dentro do rio e o riacho que corta o povoado, aumentando consideravelmente os casos de lombricoides. Outro grande problema eram as casas de taipa, que são criadouros do inseto barbeiro, que provoca o mal de Chagas.

Diante da grave situação de saúde pública no povoado do Mendes, o prefeito José Antônio Correia de Paula, juntamente com a 4ª Região de Saúde, Ancarpe, Deneru, começaram a desenvolver em conjunto, um plano de erradicação dessas doenças.

O Diário de Pernambuco em 22 de agosto de 1969, divulgou o seguinte: (trechos)

 ... O processo terá várias etapas, as quais serão executadas pelos órgãos assistenciais existentes no município. Inicialmente será feito um levantamento helmintológico e, em seguida, um trabalho de educação sanitária baseado em uma metodologia adaptada à realidade local. Como etapa final serão condições à população para passar a adotar novas formas de vida, de maneira que conserve, sempre um estado de saúde normal. Levantamento helmintológico: será feito pelo Denuru, contando com a colaboração da Ancarpe e Prefeitura de Limoeiro. Anexo a este levantamento, será levado em conta, uma pesquisa socioeconômica pelo Serviço de Extensão Rural de Pernambuco, Educação Sanitária: com participação da 4ª Região de Saúde e Ancarpe. No tocante à parte educativa haverá palestras, movimentos, filmes e treinamentos dados pelos funcionários dos órgãos competentes. Conclusão: para que se coloque em prática os objetivos do projeto, a Prefeitura fará abertura de um poço artesiano, banheiros e lavandarias públicas no distrito do Mendes. O projeto e programação encontra-se em fase de elaboração pelos representantes dos órgãos competentes. (Finalizou).   

No dia 4 de março de 1971, as obras dos poços artesianos no Mendes já estavam em andamento, quando o vereador José de Assis Pedrosa subiu à tribuna da Câmara Municipal de Limoeiro e solicitou a paralização de todas as obras em andamento no município de Limoeiro para que fosse pagas as dívidas com o funcionalismo municipal. O Diário de Pernambuco, dois dias depois, publicou o seguinte:

Declarou o vereador, cuja solicitação foi aprovada, que esta medida possibilitará condições à Edilidade de pagar ao funcionalismo que está com dois meses de atraso, as bolsas escolares e com o ipsep.

Em seu requerimento diz o sr. José de Assis Pedrosa que com apenas três meses de paralização das obras da atual administração, a Edilidade limoeirense conseguirá saudar todos os seus débitos e criará condições de dar continuidade a execução das obras públicas.

Entre as obras que deverão ser paralisadas citou os poços artesianos que estão sendo construídos no Distrito de Mendes e os canais nas principais artérias da cidade.

O vereador disse que não está fazendo parte do movimento levantado por alguns dos seus colegas contra a atual administração municipal por não encontrar motivos para tal, desde que a Prefeitura limoeirense, como tantas outras do Estado, não dispõe de condições financeiras e o chefe do Executivo, sr. José Antônio Correia de Paula, já fez uma série de realizações e tem procurado, no seu entender, conduzir a Edilidade dentro dos princípios democráticos. (Finalizou).

Em 24 de dezembro de 1971, na véspera do Natal, o poço artesiano, a lavanderia e o banheiro público do povoado do Mendes foram inaugurados. Além disso, foi instalada pela Prefeitura do Limoeiro, uma televisão na praça do povoado, que foi recebido com muita festa.

O Diário de Pernambuco em 28 de dezembro de 1971, publicou uma nota a respeito, que dizia o seguinte:

Prefeito entrega presente aos habitantes de Mendes – (Dizia o título) – O prefeito José Antônio Correia de Paula entregou ao distrito de Mendes, na véspera do Natal, o poço artesiano construído pela Prefeitura, que, desde sábado último, está fornecendo água à população.

O chefe do Executivo limoeirense fez a entrega, na oportunidade, de um chafariz, uma lavandaria e um banheiro público, além de dez lâmpadas a vapor de mercúrio, que iluminou a sede do distrito de Mendes.

O vereador Lívio Teobaldo de Vasconcelos, líder do prefeito na Câmara Municipal, afirmou que, no próximo ano, serão entregues mais quatro poços artesianos aos povoados de Gamaleira, Urucuba, Rua das Flores e Ponto Certo.

O prefeito José Antônio Correia, instalou no Mendes, um aparelho de televisão, que vem sendo a atração dos agricultores residentes no povoado. (Finalizou).

Em 17 de abril de 1974, foi inaugurado o sistema de abastecimento d’água de Limoeiro, que beneficiou 35 mil habitantes, mas a capacidade do sistema é de atender 68.300 pessoas. No projeto para a implantação do sistema de abastecimento d’água de Limoeiro, o Governo do Estado, através da Secretaria de Obras investiu 8,6 milhões de cruzeiros.

O manancial é o rio Orobó, tendo a Compesa construído uma barragem vertedoura de dois metros de altura, cuja função foi elevar o nível do rio, o sistema contém uma estação elevatória, adutora de recalque (de gravidade de água tratada) estação e tratamento d’água, três reservatórios e rede de distribuição de 32 quilômetros de extensão.

 Em 11 de novembro de 1993, a deputada estadual Lúcia Heráclio, subiu à bancada da Assembleia Legislativa de Pernambuco e apresentou a Indicação Nº 5168, solicitando a instalação de água encanada no distrito da Vila Mendes, sendo formulado apelo ao Governador de Pernambuco, Joaquim Francisco de Freitas Cavalcanti; ao Secretário de Habitação e Saneamento, Ricardo Couceiro; e ao Presidente da Compesa, José Claúdio Pontual Duarte.

Em seu discurso, a deputada Lúcia Heráclio apresentou a sua justificativa:

Torna-se desnecessário justificar a necessidade da presente indicação, face à absoluta relevância de água encanada, para o bem-estar de qualquer comunidade.

Padecendo constantemente de falta de água, o populoso distrito de Mendes tem sofrido os piores momentos de sua história, com a seca que grassa todo nosso Estado e que está sendo considerada a maior deste século. Instalar água encanada nessa comunidade é libertá-la do pior dos males que assola e contribuir decisivamente para elevar o padrão de vida de seus sofridos habitantes. (Finalizou).

Em 21 de março de 1994, a deputada Lúcia Heráclio faz novo apelo na ALEPE ao Governo do Estado para instalação de água encanada na Vila Mendes.

Em outubro de 2005, na Vila Mendes, a Compesa perfurou um poço artesiano de 20 metros de profundidade para melhoramento no abastecimento do distrito.

Atualmente a água que abastece a Vila Mendes é captada do rio Orobó, em Bizarra, na barragem de Palmeirinha. No entanto, alguns pontos do distrito do Mendes, ainda não possui água encanada, exemplo disso, são as residências situadas na estrada das Bromélias, onde a água é captada dos antigos cacimbões e poços artesianos perfurados pela população da localidade. 


O Rio Tracunhaém, cheio durante o inverno. No alto, o Cemitério São José, na Vila Mendes. Foto: Silvaninha Moura/Instagram/2022.

A ENCHENTE DE 1970

Entre os dias 21 e 22 de julho de 1970, as fortes chuvas que caíram em Pernambuco, atingiram a Capital e mais vinte e oito cidades da Zona da Mata e do Agreste. Os rios Capibaribe, Tracunhaém, Una, Ipojuca, Formoso, Tapacurá, Pirapama, Gurjaú, Amaraji e seus afluentes, transbordaram. A cheia de 1970, deixou em todo o Estado, um saldo devastador: 500 mil pessoas foram atingidas e 150 morreram; 1.266 casas foram destruídas em 28 cidades. No Recife, 50 mil pessoas ficaram desabrigadas.

Com o transbordamento dos rios Capibaribe e Tracunhaém, a cidade de Limoeiro e alguns distritos foram completamente inundados pela pior enchente de sua história.

O Diário de Pernambuco, em 22 de julho de 1970, publicou uma nota sobre a situação caótica enfrentada pelo município. A nota dizia o seguinte:

Rio Tracunhaém destrói Vila Urucuba: Limoeiro – (dizia o título) – A Vila de Urucuba, pertencente a este município, foi totalmente destruída pela inundação do rio Tracunhaém. A população conseguiu salvar-se, ocupando as partes altas da região.

Os soldados do Corpo de Bombeiros enviados àquela vila, não conseguiram penetrar no lugarejo, em virtude da forte correnteza do rio Tracunhaém.

A situação também é de desespero nos distritos de Mendes (Limoeiro) e Bizarra (Bom Jardim), ambos banhados pelo rio Tracunhaém. Segundo informes de pessoas residentes em Urucuba, as águas atingiram um metro no centro da vila.

Quanto a Limoeiro, o rio Capibaribe atingiu sua altura máxima às 10 horas de ontem, quando chegou a 6,55 metros, nas imediações da ponte que liga a cidade ao Bairro Novo. Segundo informes da estação hidrológica, daquela cidade, às 6 horas as águas atingiram a altura de 6,26 metros, subindo para 6,40 metros às 7 horas e atingindo 6,53 metros às 8 horas. Baixaram para 6,51 metros às 9 horas e subiram para 6,55 metros às 10 horas.

Cinco casas desabaram em Limoeiro, com a inundação das ruas da Alegria, Nova e Monsenhor Jerônimo Assunção. O pontilhão que liga a cidade à rua das Flores foi destruído pelas águas do Capibaribe. Duas residências desmoronaram na Serra do Redentor, em face das fortes chuvas que caíram na região.

O governador Nilo Coelho esteve em Limoeiro, quando manteve contatos com o prefeito José Antônio Correia de Paula e o delegado David Menezes. (Finalizou).

Centro de Saúde Emerenciana Wanderley do Rêgo, Vila Mendes. Foto: Jânio Odon/4.10.2024.

A CAMPANHA DE COMBATE AS DOENÇAS E A CRIAÇÃO DO POSTO DE SAÚDE DO MENDES

Como já foi dito, o povoado do Mendes, vivia em total abandono em relação aos cuidados sanitários pela municipalidade. Faltavam investimentos no saneamento básico e na saúde pública do povoado. Até que em agosto de 1969, o povoado do Mendes foi surpreendido por um surto de doenças provocadas por parasitas, tais como: malária, mal de Chagas e ascaridíase (lombrigas). A princípio, foram tomadas medidas paliativas, mas diante da gravidade da situação, a Prefeitura Municipal do Limoeiro, resolveu montar uma força tarefa para combater aquela epidemia. Decorrente disto, foi que sugiram no distrito do Mendes, poços artesianos, chafariz, banheiros públicos e posto de saúde. Fatos esses registrados pelo Diário de Pernambuco.

O Diário de Pernambuco, em 15 de agosto de 1970, publicou uma nota sobre o problema. A nota dizia o seguinte:

Ancarpe tem plano integrado – dizia o título – O técnico agrícola Demourier Garcia Martins, chefe do escritório local da Ancarpe, deu a conhecer o plano de saúde elaborado pela equipe da Ancarpe limoeirense para a comunidade de Mendes, neste município. O referido plano de trabalho foi criado tendo em vista a existência de problemas de saúde decorrentes das precárias condições de saneamento básico e educação sanitária.

A ação do programa é essencialmente educativa e visa melhorar o estado de saúde da população. A área de atuação do plano é o distrito de Mendes, que possui uma população de 976 pessoas, resumidas em 158 famílias. Do plano participam a Prefeitura Municipal, 4ª Região de Saúde, Posto Estadual de Higiene, Deneru, Sindicato Rural, Paróquia, Associação Comercial, Lions Club, Colégio Regina Coeli, Ancarpe, cooperativa Mista e a comunidade rural de Mendes.

A Prefeitura prometeu a perfuração de poços artesianos e a construção de banheiros e lavanderias públicas; o Lions Club, o transporte para aplicação de pesquisa e as demais entidades o fornecimento de materiais e a orientação técnica para a capacitação do pessoal. No início do mês, foi dado um curso sobre aplicação de pesquisa no meio rural para as alunas do curso pedagógico do Colégio Regina Coeli. Uma unidade volante da Ancarpe, equipada com alto-falante, motivou as famílias rurais e foram passados filmes sobre saúde e os médicos José Otávio Maciel e Antônio Mattos proferiram palestras referentes ao assunto.

Vacinas e partos – Segundo o escritório da Ancarpe, em apenas 40 dias (de 20 de maio a 30 de junho) foram vacinadas 4.784 pessoas em Limoeiro, sendo 3.154 contra varíola, 1.067 DPT e 563 contra tifo. As parteiras leigas da zona rural, treinadas pelas extensionistas da Ancarpe e maternidade local realizaram 143 partos de janeiro a junho do corrente ano (referindo-se ao ano de 1970). Finalizou.

O Diário de Pernambuco, em 1º de outubro de 1970, publicou uma nota sobre a campanha sanitária realizada no Mendes. A nota dizia o seguinte:

Campanha sanitária no distrito de Mendes – Pesquisa em 151 famílias no distrito de Mendes, deste município. Essa pesquisa atingiu os setores habitacional, saúde e econômico. O referido foi executado com colaboração das alunas do pedagógico do Colégio Regina Coeli. Houve várias reuniões, quando foram discutidos os problemas pesquisados. Funcionários do Deneru colhem da população, duas vezes por semana, material para análises médicas, sendo as famílias examinadas por médicos da referida repartição, recebendo os medicamentos na medida que vão sendo atendidas. Segundo o chefe do escritório local da Ancarpe, sr. Demourier Garcia Martins, a Prefeitura Municipal fez um poço artesiano e no próximo mês construíra um chafariz e uma lavanderia pública.

Adiantou que o prefeito José Antônio Corrêa de Paula prometeu iniciar a construção de duzentas “privadas” no Mendes, sendo que o Deneru entrará com as lajes e o Banco do Brasil e Cooperativa Mista financiarão as construções e aquisições de filtros e a edilidade ajudará as famílias pobres. A 4ª Região de Saúde iniciou a imunização da população contra tifo, varíola, coqueluche, difteria e tétano. Vem sendo dos mais proveitosos os resultados das pesquisas que a Ancarpe vem fazendo no distrito do Mendes, em conjunto com diversos órgãos públicos locais e com a colaboração das estudantes do Regina Coeli e da comunidade. Finalizou.

O Diário de Pernambuco, em 15 de fevereiro de 1975, publicou uma nota onde o secretário de obras de Limoeiro, Gilberto Lapenda, anunciou as obras que estavam em andamento no município e as já concluídas, entre elas, o Posto de Saúde Egídio Arruda, no Mendes. A nota dizia o seguinte: (trechos)...Um posto de saúde, com serviço médico-odontológico também será inaugurado no distrito do Mendes nesses próximos dias, apesar de já se encontrar em funcionamento, atendendo a mais de duzentas pessoas por dia, com dois dentistas e um médico, além de dois enfermeiros. Finalizou.

O Diário de Pernambuco em 5 de novembro de 1975, publicou uma nota sobre as obras e as ações executadas na administração do prefeito Artur Correia de Oliveira, onde faz referência ao posto de saúde Egídio Arruda, no Mendes. A nota dizia o seguinte: (trechos)

...Com o objetivo de oferecer um maior desenvolvimento à Região, tornando-a mais dinâmica, o prefeito Artur Correia Oliveira recuperou ainda 80% das estradas do município, reformou o matadouro público, instalou diversos televisores em praça pública, fez alargamento da Rua Nova e construiu mais de 17 quilômetros de estradas.

Além destas obras, a Prefeitura de Limoeiro, em convênio com a Fiam e Sudene, implantou a reforma administrativa e construiu seis grupos escolares na zona rural. Estabeleceu com a Fusam, também através de convênio, a distribuição de medicamentos à população de baixo poder aquisitivo e mantém atendimento médico-odontológico nos ambulatórios da Secretaria de Saúde e Posto Egídio Arruda, no povoado de Mendes. Finalizou.

Como vimos, o primeiro posto de saúde do povoado do Mendes, foi inaugurado em fevereiro de 1975, denominado Posto de Saúde Egídio Arruda, na gestão do prefeito Artur Correia de Oliveira.

Em 3 de agosto de 1998, através da Resolução Nº 281, foi inaugurado o novo posto de saúde da então Vila Mendes, na gestão do prefeito Luís Heráclio do Rêgo Sobrinho (1997-2005) que em 25 de março de 2000, fez uma grande reforma no prédio passando a denominar-se Centro de Saúde Emerenciana Vanderlei do Rêgo. O nome do posto foi uma homenagem a genitora de Nena Barbosa, empresário limoeirense do setor algodoeiro.

Frei Damião foi recepcionado pelos padres Luís Cecchin e Jorge Barbieri. Foto: Acervo de Arnaldo Newton Pimentel/Facebook.

FREI DAMIÃO NA VILA MENDES

No dia 29 de março de 1976, Frei Damião de Bozzano, o maior fenômeno religioso do Nordeste, chamado pelos fiéis de “Santo Milagreiro”, estava seguindo para o município de Feira Nova e resolveu aportar no povoado do Mendes. O tumulto foi geral. O povo do Mendes, de tradição católica e de grande devoção e fé, não queria perder aquele momento único de tocá-lo, beijar a sua mão e pedir uma benção. A multidão se formou pelas ruas e em torno da Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Mendes. Frei Damião foi recepcionado pelos padres italianos Jorge Barbieri e Luís Cecchin. O Santo Milagreiro após fazer sua pregação, deixou a Vila Mendes e seguiu viagem sendo ovacionado pelo povo.

Fachada do campo do Vitória dos Mendes. Foto: Acervo do clube/Facebook/2021.

ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA VITÓRIA DOS MENDES

O Vitória dos Mendes, é o clube mais tradicional da Vila Mendes, fundado em 7 de junho de 1987. O clube participa dos principais campeonatos realizados no município de Limoeiro: Campeonato Limoeirense Regional de Desportos, Copa Mendes, Copa Bizarra, Copa Terra Amada. O Vitória dos Mendes também tem seu próprio campo com gramado e vestiários denominado "Estádio Luiz Correia de Oliveira". Atualmente, seu principal rival é o Juventude dos Mendes.

O Mendes, Tornou-se Vila em 1988. Foto: Dronel/Instagram.

SURGE A VILA MENDES

Antes de torna-se Vila Mendes, a localidade era conhecida por Mendes, Sitio Mendes, povoado Dos Mendes. Também já foi dividido entre o Mendes de Cima e Mendes de Baixo. Em 1988, com a Lei Municipal sancionada no Palácio Municipal Francisco Heráclio do Rego, em Limoeiro, surgiu a Vila Mendes.

A Lei Municipal Nº 1735, de 20 de janeiro de 1988, elevou o povoado Mendes a categoria de Vila. Desmembrando do 2º Distrito de Urucuba, passando a formar o 3º Distrito de Limoeiro. Lei sancionada pelo prefeito José Artur Teobaldo Cavalcanti.

A Lei Municipal Nº 1835, de 2 de julho de 1991, sancionada pelo prefeito José Xavier Quirino. Delimitou de forma definitiva a Vila Mendes conforme o texto: O Distrito do Mendes limitar-se-á do seguinte modo: O rio Orobó, no limite intermunicipal, Limoeiro/Bom Jardim; segue o rio Orobó até a sua foz no rio Tracunhaém, segue até o encontro com a foz do riacho Gabioé, segue o Gabioé até o cruzamento com a PE-90; segue a PE-90 até a estrada para o Engenho Parari; segue a estrada para o Engenho Parari até o confronto com o limite intermunicipal Limoeiro/Bom Jardim; segue este limite até o rio Orobó, ponto do fechamento do perímetro distrital.

SOLICITAÇÃO DE UM POSTO TELEFÔNICO

O Diário Oficial de Pernambuco, em 26 de outubro de 1989, publicou a Indicação Nº 3527, de autoria deputado José Humberto, solicitando ao presidente da TELPE, dr. Frederico Siqueira, a implantação de um Posto Telefônico no Distrito de Mendes. Na tribuna da Alepe, o deputado José Humberto fez a seguinte justificativa:

- Mendes, se constitui no segundo aglomerado populacional mais importante do município. Situado às margens da PE-90, com uma população de 1.500 habitantes aproximadamente. Mendes, por sua localização geográfica, apresenta uma outra população dinâmica que ali transita em direção a outros municípios próximos e que por força do seu trabalho profissional, buscam novos meios de comunicação a fim de resolverem seus problemas, sem a necessidade obrigatória de buscarem as sedes dos municípios ali equidistantes.

Faço o exposto, esperamos contar com aprovação desta indicação, porque assim o fazendo estão realizando um antigo sonho daquela ordeira comunidade. (Finalizou).

ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA VILA MENDES

Em 10 de fevereiro de 1992, foi fundada a Associação Comunitária Vila Mendes. A Associação destina-se em defender os direitos sociais e desenvolver à cultura e a arte na comunidade.

SOLICITAÇÃO DE SINAL DE TELEFONIA CELULAR

Em 31 de outubro de 2013, o deputado Henrique Queiroz, apresentou na ALEPE, a Indicação Nº 7490, fazendo um apelo ao Gerente da Anatel em Pernambuco, sr. João Batista Furtado e ao Gerente de Relações Institucionais da Operadora VIVO, sr. Marcos Almeida, para que fosse disponibilizado sinal da Operadora VIVO, no Distrito de Mendes, em Limoeiro. O parlamentar apresentou a seguinte justificativa:

- Os moradores do Distrito de Mendes, apesar de possuírem celular não podem utilizá-lo por conta da falta de sinal. O que vem causando diversos transtornos a todos os usuários. Destaca-se que, apesar do crescimento da telefonia móvel em todo o Brasil ainda existem municípios que não têm sinal das operadoras o que vem impedindo que muitos habitantes, principalmente, do interior, usufruam de uma das principais de comunicação, ou seja, telefonia celular.

É sabido que a telefonia móvel se tornou essencial para o desenvolvimento do comercio da região, além de garantir o acesso dos cidadãos aos serviços públicos, como também de ter contatos com seus parentes e amigos em outras localidades. Nada mais justo que seja realizado o mais rápido possível a implantação e instalação de uma Torre de Telefonia Móvel Celular da VIVO a fim de atender a população daquelas localidades, que com disponibilização do sinal também beneficiaria outros povoados, inclusive de municípios próximos a cidade de Limoeiro.(Finalizou).

O Blog do Agreste, em 14 de agosto de 2020, publicou uma nota questionando os mesmos problemas de oito anos atrás. A população da Vila Mendes fez um abaixo-assinado solicitando a instalação de uma antena de telefonia para que a comunidade usuflua desta comunicação contemporânea. A nota dizia o seguinte: Promessas de campanha de vários políticos, a instalação de uma antena de telefonia continua sendo aguardada pelos moradores da Vila Mendes, em Limoeiro. O distrito é um dos mais habitados do município. Por ser cortada pela Rodovia PE-90, a vila também registra  considerável  crescimento econômico com o aumento do número de estabelecimentos comerciais de diferentes segmentos. Conseguir realizar uma ligação telefônica via celular ou acessar a internet móvel continua sendo "missão" quase impossível. Em consulta realizada, muitos moradores precisam sair de casa para conseguir sinal  em áreas mais altas. E um detalhe: nem todo tipo de aparelho permite conexão. O problema arrasta-se há vários anos. No período eleitoral, as promessas são intensificadas, mas sem resolução. Um abaixo-assinado com mais de mil assinaturas foi coletado, porém, sem sucesso. A melhoria cobrada, depende do local da instalação de uma antena, também poderá contemplar comunidades vizinhas. (Finalizou). 

POSTO DOS CORREIOS DA VILA MENDES

Através da Indicação Nº 665, de 30 de março de 2015, de autoria do deputado estadual José Humberto Cavalcanti, solicitou do governador Paulo Câmara, a instalação de uma unidade avançada dos correios na Vila Mendes.

Após três anos de espera, em abril de 2018, começou a funcionar na Vila Mendes, o Posto Avançado dos Correios no horário das 08:00 às 12:00. Antes, os moradores desta localidade, tinha que ir até a cidade de Limoeiro, na agência da Praça da Bandeira, para pegar suas correspondências e encomendas. Agora não precisa mais. Tudo é resolvido no Correios da Vila Mendes, que ganhou o CEP 55700-971.

Dr. Arthur Correia durante campanha nas eleições de 1982, em Limoeiro. Acervo de Arnaldo Newton Pimentel/Facebook.

O CISMA DO DR. ARTHUR CORREIA

Dr. Arthur Correia de Oliveira foi um ilustre limoeirense, fazendeiro, homem público. Foi eleito prefeito de Limoeiro (1972-1976), deputado estadual em 1986, deputado constituinte em 1988. A partir de 1972, adquiriu uma propriedade na Estrada do Parari (atual Rua das Bromélias). Parte de seu percurso era pela Vila Mendes, seguindo pela dita estrada. Dr. Arthur, como era chamado, era sempre muito cordial e simpático, cumprimentava a todos que encontrava pelo caminho, com um aceno de mão, ou um simples gesto com a cabeça. No entanto, sempre que encontrava grupos de pessoas vindo nas duas margens da pista, parava o veículo e ordenava que as pessoas seguissem em um lado só da pista. Muita gente, até hoje não sabe o motivo daquela atitude, mas existe uma explicação.

No dia 11 de novembro de 1968, numa segunda-feira à noite, Dr. Arthur Correia, candidato arenista, apoiado pelo coronel Chico Heráclio a prefeito de Limoeiro, foi vítima de uma tentativa de assassinato quando voltava de um comício no distrito de Cedro (atual Urucuba), acompanhado de sua esposa. A Rural Willys em que viajava foi emboscada a quatro quilômetros de Limoeiro por um grupo de desconhecidos, ficando o veículo com várias perfurações de bala. Imprimindo maior velocidade, Dr. Arthur conseguiu sair do alvo dos criminosos.

Antes em 1962, durante o movimento dos camponeses liderados por Francisco Julião, a Fazenda Horizonte em Bom Jardim, de propriedade do Dr. Arthur Correia, foi invadida pelos camponeses que foram reprimidos à bala pelos capangas da fazenda, não houve feridos, mas o caso teve grande repercussão no Estado.

Diante desses fatos, Dr. Arthur Correia adotou essa postura de proteção diante de seus inimigos políticos. Ele faleceu por motivo de doença, em 16 de outubro de 1998, aos 59 anos.

Centro da Vila Mendes e o seu principal acesso, Avenida João Manoel de Melo. Foto: autor desconhecido.

A AVENIDA JOÃO MANOEL DE MELO

A Avenida João Manoel de Melo, outrora, denominada de Avenida Central, é a principal via da Vila Mendes. Acredita-se que esta via foi surgindo desde a formação do povoado na segunda metade do século XIX. A primeira menção sobre o Mendes em que tomamos conhecimento é datada do ano de 1867, através das páginas do Diário de Pernambuco.

Esta via foi expandindo-se com o crescimento demográfico do povoado e atualmente, faz ligação com as comunidades de Chã dos Camelos e Cabeça de Vaca. Conforme levantamento do pesquisador Gentil Pereira de Melo, o novo nome dado a referida avenida, foi uma indicação do vereador Luiz Manoel de Almeida, conhecido no Mendes como Luiz Paulino, sendo aprovado pela Câmara Municipal de Limoeiro. O nome de João Manoel de Melo, foi uma homenagem a este cidadão que nasceu no município de Bom Jardim em 1901 e que veio morar em Mendes de Cima em 1936, quando comprou terras e um pequeno comércio (que vendia desde cereais até materiais de construção), ao sr. Antônio Tenório.

Além de comerciante, João de Melo, também era agricultor. O cemitério público do Mendes (Cemitério São José), foi erguido em terras de sua propriedade após tê-lo doado ao município. Boa parte da comunidade, se abastecia de água para os afazeres domésticos em açude existente em sua propriedade de forma gratuita.

Por ter sido um comerciante de destaque, parceiro da administração pública e beneficiador da comunidade. Recebeu a justa homenagem.

A IGREJA EVANGÉLICA MAIS ANTIGA DA VILA MENDES Foto: Jânio Odon/20.12.2024.

A Congregação Batista da Vila Mendes, localizada à Avenida João Manoel de Melo, é a igreja evangélica mais antiga da Vila Mendes. Fundada em 15 de maio de 1982, pelo pastor Salatiel Vieira de Melo que faleceu em 2 de maio de 2024, sendo substituído pelo seu filho, Isaque Vieira de Melo.

O pastor Salatiel Vieira de Melo, nasceu em 1937, na ilha de Fernando de Noronha, ainda criança, veio com os pais para o Recife. Tornou-se evangélico por influência da família, pertencente a congregação da Igreja Batista do bairro da Bomba do Hemetério, zona norte da capital, onde começou a evangelizar. A pedido do pastor Benobi de Souza, veio com a familia para Limoeiro onde fundou uma Congregação Batista. Anos depois veio para o distrito de Mendes e fundou a Igreja Batista do bairro João Ernesto.

Por: Jânio Odon/VOZES DA ZONA NORTE

*Esta matéria está em desenvolvimento, podendo sofrer alterações.

Agradecimentos as pessoas de Vila Mendes, que muito contribuíram para que este trabalho se realizasse da melhor forma possível:

Gentil Pereira de Melo

Josiane Pereira da Silva Cordeiro

Fabíola Bandeira

Manoel Teixeira da Silva Sobrinho

Manoel João de Melo

Fonte: Livro: Monografias Municipais – Limoeiro-PE, 1981,autor: Antônio Vilaça; Livro: Governar é Abrir Estradas, 2009- Associação Brasileira de Cimento Portland; Arquivo Público de Pernambuco; Fundação Joaquim Nabuco; Site: Estações Ferroviárias do Brasil, Autor: Sidney Correa, 2009; Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro; CEPE- Companhia Editora de Pernambuco; Diário Oficial do Estado de Pernambuco; Diário de Pernambuco; Diário da Manhã; Jornal do Recife; Jornal Pequeno; Jornal “A Província”; Jornal “Última Hora”; Dados Estatísticos da Província de Pernambuco de 1894 e 1901; Facebook: Mendes, Preservando a Memória, por Gentil Pereira Melo; Facebook: Amigos de Limoeiro, por Arnaldo Newton Pimentel; Instagram: Sítio Guia Notícias; Instagram: Vila Mendes Ordinário ofc; Instagram: Vila Urucuba Notícias; Dronel (imagens aéreas).