sábado, 28 de agosto de 2010

O Reisado Imperial da Bomba do Hemetério

Seu Geraldo (a esquerda) e o estandarte do Reisado Imperial na rua Trinta e Cinco (atual Rua Arapixuna) em 1965. Foto: Katarina Real/Fundaj.

Seu Geraldo atualmente, no interior da sede na Rua Arapixuna (2010). Foto: Acervo Reisado Imperial.

Durante toda minha infância e juventude presenciei os ensaios e as animações que antecediam as saídas do Reisado Imperial em dias de carnaval na Rua Trinta e Cinco ( atual Rua Arapixuna), rua que faz divisa entre o Alto Santa Terezinha e a Bomba do Hemetério. O Reisado Imperial, saía sempre no segundo dia de carnaval, a comunidade enchia de expectativa, e se formava uma grande aglomeração de pessoas em torno da sede da agremiação, até que a orquestra começava a tocar o legitimo frevo pernambucano, todo mundo caía na folia junto com o Rei, a Rainha, as Damas, o Boi, o Jaraguá (personagem de pescoço longo e cabeça de girafa), que eu morria de medo quando criança, os demais figurantes com suas fantasias predominante em cores azuis e vermelhas e bastante espelhadas, típicas dos pastoris. O Reisado Imperial, é uma agremiação carnavalesca genuinamente bomberense, diferentemente, da Tribo Canindé, Maracatu Leão Coroado (hoje locado em Águas Compridas) e outras que migraram de outros bairros para Bomba do Hemetério.

A história do Reisado Imperial, começa com Geraldo de Almeida, esse paraibano nascido em 09 de Setembro de 1924, no município de Serra Raiz, agreste da Paraíba, com atuais 3.240 habitantes, distante 138 Km de João Pessoa. Aos dezoito anos, quando ainda era coroinha da igreja católica local, flagrou o padre em calorosa cena amorosa por trás da paróquia com uma suposta fiel. Segundo Geraldo, ao chegar em casa contou o libidinoso fato a sua mãe, para seu desapontamento, ela não acreditou e ainda aplicou-lhe uma surra na ocasião e outras alternadas sempre que lembrava, pois, para ela o padre era um santo caluniado e Geraldo um esdrúxulo mentiroso.

Decepcionado com sua mãe e agregando um sonho de infância de conhecer o Recife. Em 1942, Geraldo de Almeida resolveu fugir de casa rumo à Veneza Brasileira. No Recife, trabalhou como estivador no Porto do Recife, durante 35 anos, residiu no bairro do Pina e em 1951, mudou-se para Rua Trinta e Cinco (atual Rua Arapixuna), onde vive até hoje. Neste mesmo ano, juntamente com sua esposa, Iraci Alves de Almeida (falecida em 2010), José Cabral de Souza (falecido) que eu também conheci, Augusto Pimentel, João Reis, Pedro José do Nascimento e João Pimentel, fundaram a Troça Carnavalesca Mista Reisado Imperial, datado em 11 de Janeiro de 1951, o Reisado é multicultural, pois, além de tocar o legitimo frevo, toca também, coco de roda, fadangos e ciranda.

O Reisado Imperial já ganhou nestes seus quase 60 anos, mais de 300 troféus, mais seu patrono considera entre os mais importantes, dois concedidos pela Prefeitura da Cidade do Recife: Título Brincante Hemérito da Cidade do Recife em 2002 e a Placa de Bronze homenageando os 82 anos de vida dedicados à cultura pernambucana em 2005, além do Diploma da Fundação Joaquim Nabuco que o considera um colaborador da cultura e do folclore brasileiro. Geraldo de Almeida está atualmente com 86 anos, tem nove filhos, mais de vinte netos e dez bisnetos.

Por: Jânio Odon de Alencar.
Pesquisa: Diário de Pernambuco/ suplemento de 6/2/2005; Reisado Imperial Blogspot e Reisadobra Blogspot

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