América Bicampeão Pernambucano em 1919

O América foi bicampeão com: Salgado; Alexi e Ayres; Rômulo, Bermudes e Soares; Filipe Perez, Zé Tasso, Antônio
Perez e Lapa ( A formação não está de acordo com a fotografia).

GRANDES ACONTECIMENTOS: No ano de 1919, o governador de Pernambuco, Manuel Borba deixa o governo em 18 de dezembro, assumindo José Henrique Carneiro da Cunha por um pequeno período. Em 24 de dezembro, assumiu definitivamente José Rufino Bezerra Cavalcanti, até outubro de 1920. Tomou posse da Prefeitura do Recife, Lima Castro (1919-1922). O paraibano Epitácio Pessoa, torna-se Presidente do Brasil. Na Europa, é assinado o Tratado de Versalhes pondo fim definitivamente a 1ª Guerra Mundial.

O Campeonato Pernambucano de 1919, começou em 4 de maio  e encerrou em 7 de dezembro. Contou com oito equipes, todas de Recife, e em turno único, porém, uma novidade acontecia pela primeira vez, o chamado Torneio-Início, que reunia todas as equipes para jogarem entre si em jogos eliminatórios até surgir um campeão. Cada jogo tinha 20 minutos, divididos em dois tempos de 10 minutos. O primeiro Torneio-Início aconteceu no Campo dos Aflitos, e o primeiro campeão foi o Santa Cruz, que venceu o Náutico pelo placar de 1 a 0.   A grande polêmica do campeonato, novamente foi a questão dos jogadores importados de outros Estados. Dirigentes do Santa Cruz, Náutico, Varzeano e do Torre protestaram junto a Liga Sportiva Pernambucana, considerando desleal a atitude do América e Sport Recife que atingiram um nível bem superior as demais equipes. A verdade é que as duas equipes agiam dentro da legalidade, pois a Liga autorizava as importações, desde que fosse obedecida a “lei do estágio”, que era de 60 dias permanecendo no Estado. Todas equipes poderiam agir da mesma forma, entretanto na época, só o América e o Sport tinham condições de trazer jogadores de fora do Estado. A imprensa era quase unânime, com exceção do Jornal Pequeno, contra as importações de jogadores.

escudo do
América-PE

O América já contava com os jogadores paulistas contratado no ano anterior, como era os casos de: Alexi, Bermudes e Antônio Perez. Para 1919, a equipe alviverde, contratou o irmão deste último, Felipe Perez e Salermo. Com essas contratações, a metade do time do América era de jogadores importados e considerados pelos adversários como profissionais. Desta forma, o América Futebol Clube alcançou 6 vitórias e apenas uma derrota, justamente para o Sport, que também tinha jogadores de fora, e tornou-se Bicampeão Pernambucano de 1919.

A classificação final foi a seguinte: 1º) América- 12 pontos; 2º) Sport Recife- 11 pontos; 3º) Náutico- 10 pontos; 4º) Torre- 8 pontos (com saldo de 11 gols); 5º) Santa Cruz- 8 pontos (com saldo de 7 gols); 6º) Flamengo do Recife- 5 pontos; 7º) Peres- 2 pontos; e em 8º) Varzeano- 0

Bermudes do América

O artilheiro do campeonato foi Oswaldo Guimarães do Torre, com 11 gols marcados.

As grandes goleadas foram: Torre 10 x 0 Peres, Sport 6 x 0 Peres, Sport 6 x 0 Varzeano, América 6 x 1 Varzeano, Santa Cruz 5 x 0 Varzeano, América 5 x 0 Torre, Torre 5 x 1 Varzeano, Sport 5 x 1 Varzeano, América 4 x 0 Peres e Santa Cruz 4 x 0 Peres.

As surpresas: 29/6- Santa Cruz 2 x 2 Torre e 9/11- Sport 3 x 3 Torre.

Os clássicos: foram: 4/5- América 5 x 2 Santa Cruz, 1/6- Santa Cruz 3 x 0 Náutico, 13/7- 13/7- Náutico 2 x 1 Sport, 24/8- Sport 2 x 0 América, 14/9- América 2 x 0 Náutico, e 28/9- Sport 2 x 0 Santa Cruz.

Não houve seleção do campeonato.

O jogo do título:

América 5 x 0 Torre

Data: 23/11/1919

Local: British Club

Árbitro: João Lacerda

Gols: Antônio Perez (4) e Zé Tasso.

O América formou com: Salgado; Alexi e Ayres; Rômulo, Bermudes e Soares; Felipe Perez, Zé Tasso, Antônio Perez e Lapa. O Torre formou com: Paulo Ramos; Arthur e Romeu; Austragésilo, Roxura e Paulino; Arlindo, Osvaldo, Alemão, Hermógenes e Antônio Lins.

O Náutico e o Varzeano protestaram contra o América junto à Liga Sportiva Pernambucana em relação aos jogadores contratados de outros Estados, sem êxito. Mas provocou um retardamento no anúncio da LSP ao legítimo campeão pernambucano de 1919, que só foi anunciado no dia 13 de dezembro. A hegemonia do futebol pernambucano na década de 10, do século XX, foi dominada pelo Sport Clube do Recife (1916- 1917) e América Futebol Clube (1918-1919), sobrou ao Sport Club Flamengo do Recife (1915) o único título de sua história.

Outros campeões estaduais pelo Brasil: Em São Paulo, o Paulistano tornou-se tetracampeão paulista; no Rio de Janeiro, o Fluminense conquistou o tricampeonato carioca; em Minas Gerais, o América ganhou o tetracampeonato mineiro; no Rio Grande do Sul foi realizado o primeiro campeonato nos padrões atuais. E o Brasil de Pelotas sagrou-se campeão; no Paraná, o Britânia foi bicampeão; no Ceará, o Ceará mostrou sua superioridade, sendo pentacampeão; na Bahia, o Botafogo de Salvador foi o campeão baiano e no Pará, o Remo não deu chance a ninguém e tornou-se septacampeão paraense.   

    

Por: Jânio Odon de Alencar
Fonte: Diário de Pernambuco, Wikipédia e História do futebol em Pernambuco, de Givanildo Alves, Ed. Bagaço.