Comercial de Ribeirão Preto, 1920, o primeiro clube do interior de São Paulo a jogar em Pernambuco. Foto: Arquivo Público de Ribeirão Preto. |
A convite do Sport Club do Recife, que estava comemorando 15 anos de fundação. Partiu da estação de trem da Morgiana, em Ribeirão Preto em 27 de abril de 1920, a equipe de futebol do Commercial Football Club, fundada em 1911, veio excursionar no Nordeste, propriamente em Recife e Salvador. O Commercial de Ribeirão Preto, foi a primeira equipe do interior de São Paulo e do sudeste do Brasil a jogar em Pernambuco. A equipe do Commercial tinha em seu plantel os seguintes jogadores nesta excursão: Alvino Grota, Antônio Dantes, Lourenço Parera, Timóteo Grota, José Franco, João Palma, Belmacio P. Godinho, João Fernandes, Benedito Rodrigues ou Zé Macaco, Joaquim Marcos ou Quinin, Sebastião Rodrigues ou Zico, Augusto Achê, Alberto Lorenzon, Orestes Moura e José Guimarães. Realizou no Recife, sete partidas, sendo um empate e seis vitórias. O jogo mais marcante do Comercial nesta excursão foi contra o Santa Cruz, pois ficou marcado como a da primeira confusão generalizada em gramados pernambucano. Nesta época, os torcedores assistiam os jogos próximo as linhas laterais e linhas de fundo, a segurança era precária, mas existia muita cordialidade entre o anfitrião e o visitante. Costumava-se sempre após as partidas, independente do resultado, a equipe visitante participar de grandes festas promovida pelo anfitrião. O problema todo é que, o Comercial chegou ao Recife como um time desconhecido no cenário nacional e desprestigiado, entretanto, dentro de campo mostrou um grande futebol e de alto nível, sendo uma grata surpresa. O Santa Cruz em 1920, não havia ganho nenhum título, mas já tinha uma grande torcida que começava a cobrar melhores resultados. Em virtude do bom desempenho do time de Ribeirão Preto, em gramados pernambucano, o jogo: Santa Cruz e Comercial encheu-se de expectativa e rivalidade. Pressionada pela torcida, o jogo tornou-se violento em alguns momentos, o árbitro ficou nervoso e amedrontado, chegando a se equivocar algumas vezes. O jogo esquentou mesmo, quando o árbitro marcou um pênalti contra o Comercial que vencia por 1 x 0, e o goleiro da equipe do interior paulista defendeu. Depois disto, os ânimos se exaltaram, até que Manoel Pedro do Santa Cruz, ao tentar driblar José Franco leva um pontapé. Os dois saem aos socos, tapas e pontapés, induzindo a quase todos jogadores a brigarem dentro de campo. A torcida coral também invade o campo e agridem os jogadores do Comercial de Ribeirão Preto.
O Diário de Pernambuco, de 21 de maio de 1920, publicou detalhes da violência do jogo da seguinte forma:
“Manoel Pedro, quando procurava passar a bola, recebe um pontapé de Franco, atracando-se os dois em luta corporal. Logo, o quadro do Santa Cruz, com a honrosa exceção de três players, agride indiferentemente todos os jogadores do Comercial. Os assistentes da geral, aos grupos, invadem o campo, armados de bengalas, facas e até pistolas. Deu-se então um conflito, sendo os infelizes rapazes do Comercial barbaramente maltratados. Fernando, em sério perigo de vida, foi salvo por um conselheiro da Liga, que o levou para o reservado da imprensa, onde o deixou guardado. Os dirigentes da Liga intervieram energicamente pondo os rapazes do Comercial a salvo de outros ataques. Do conflito, saíram feridos levemente: Santinho, Fernando, Dantas, Orestes e J. Franco. Pelo Dr. Júlio Machado, foi preso um jogador do segundo time do Santa Cruz, na ocasião em que, armado de um punhal, procurava ferir o jogador Timóteo.”
Em nota pelos jornais do Recife, a direção da equipe coral condenou os lamentáveis acontecimentos e abriu um inquérito para punir os jogadores brigões. A Liga, três dias depois do episódio, puniu os jogadores do Santa Cruz, Nelson Valença e Raimundo Sá com dois meses de suspensão, Manoel Pedro com trinta dias e Júlio Bezerra e José de Castro, ambos com quinze dias.
A campanha do Comercial de Ribeirão Preto no Recife. Que depois desta excursão ficou sendo chamado pela imprensa de “Leão do Norte”.
Seleção Pernambucana 2 x 2 Comercial
Seleção Pernambucana 1 x 5 Comercial
Combinado América/Santa Cruz 0 x 1 Comercial
Sport Recife 2 x 3 Comercial
Santa Cruz 0 x 1 Comercial
América 1 x 2 Comercial
Náutico 0 x 2 Comercial
Por: Jânio Odon de Alencar
Fonte: Diário de Pernambuco, Livro: História do futebol em Pernambuco, de Givanildo Alves, Ed. Bagaço, Arquivo pessoal.
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