Os campeões de 1920: Mário Franco; Chalmers, Armindo, Salazar, Benedito, Jack, Griffiths, Hardy, Backer, Péricles e Batista. (Esta formação não está de acordo com a foto) |
A 6ª edição do Campeonato Pernambucano de Futebol em 1920, foi bastante tumultuado, a começar pelo movimento contra o profissionalismo liderado por: Barbosa Lima Sobrinho e Heitor Costa, do Náutico; Carlos Rios, do Santa Cruz; Alberto Colares, do Flamengo do Recife e Raul Frota, do Varzeano. Os clubes que estavam na mira dos opositores eram o Sport Club do Recife e o América Futebol Clube que revezavam nas conquistas de títulos do Campeonato Pernambucano e os jogadores alvos de serem profissionais e receberem dinheiro ocultamente eram: Mário Franco, Alarcon, Benedito Fernandes; Luiz Salermo, Nestor Cruz, Manoel Carvalhal, Francisco Bermudes, Alexi, Novinho e os irmãos Antônio Perez e Felipe Perez.
Barbosa Lima Sobrinho |
No dia 3 de março de 1920, houve uma assembléia na Liga Pernambucana de Desportos Terrestres (LPDT), liderado por Barbosa Lima Sobrinho e bastante acirrada. Presidia a mesa de debates o vice-presidente da Liga, João Duarte Dias, já que o presidente Reinaldo Costa Lima encontrava-se no sul do país. João Duarte era visivelmente favorável ao profissionalismo e evidentemente, defensor das causas do Sport Recife e o América. Isto provocou um descontentamento por parte dos opositores que acabou na destituição de João Duarte Dias, assumindo de imediato Raul Frota, do Varzeano. Definiu por eleição imediata para a presidência da Liga, sendo realizada dias depois, com vitória de João Duarte Dias que obteve 15 votos contra 10 votos do opositor Mário Severo. A oposição liderada por Barbosa Lima sofreu um duro golpe. Entretanto, ele não esmoreceu e continuou lutando contra os jogadores importados, até que em abril, lançou um projeto estabelecendo critérios para os jogadores de fora jogarem o Campeonato Pernambucano. O projeto tomou força de lei e foi aceito pela Liga em 14 de abril de 1920. Entre algumas exigências, os jogadores de outros Estados e estrangeiros deveriam ser transferidos para o Estado de Pernambuco; ter a família residindo no Estado há mais de dois anos entre outros. As novas exigências não afetaram os jogadores importados que estavam ou jogaram os campeonatos anteriores. Com isso, América e Sport continuaram fortes.
Outro fato marcante neste campeonato foi o abandono do América que já havia ganho por 4 x 1, do Sport na Avenida Malaquias, reduto rubro- negro e do Náutico pelo mesmo placar. O América vinha embalado e com grande chance de ser tricampeão. Até que no dia 27 de junho, estava marcado o jogo entre a equipe esmeraldina e o Santa Cruz, a Liga indicou para arbitrar o jogo João Elias Bernardes, a direção do América, contestou a indicação e pediu ao Presidente da Liga para indicar um outro árbitro, alegando que João Elias sempre que apitava jogos do América prejudicava a equipe. A Liga ignorou o pedido e manteve o árbitro. Durante o jogo, aconteceu o que a diretoria esmeraldina temia, João Elias errou bastante contra o América e para piorar a situação da arbitragem, o Santa Cruz venceu o América por 2 a 1. No final do jogo, os jogadores cercaram o árbitro e o xingaram barbaridades e João Elias só não apanhou porque ficou calado. Mas vingou-se na súmula. Resultado: A Liga suspendeu os jogadores Antônio “Perez” por seis meses, e seu irmão Felipe Perez, Bermudes e Alexi por três. O América recorreu ao Conselho Geral, sem êxito. A direção do América revoltados com a LPDT, abandonou o Campeonato, já que perdeu seus principais jogadores e desligou-se da Liga. O América perdeu por WO nos jogos que restavam contra as equipes do Torre, Flamengo, Varzeano e Peres. Outro fato marcante neste campeonato foram os jogos que nem começaram e acabaram resolvidos por WO.
O Campeonato Pernambucano de 1920, foi disputado em turno único com jogos de ida e volta e teve como campeão a equipe do Sport Club do Recife que venceu 12 jogos e perdeu apenas 2 jogos. O Sport Recife venceu também o 2º Torneio-Início, que foi realizado no Campo da Avenida Malaquias, no jogo decisivo a equipe leonina venceu ao Flamengo do Recife, pelo placar de 1 a 0. Não há registro de quem foi o artilheiro do campeonato pernambucano. Os jogos do campeonato foram realizados nos campos da Avenida Malaquias e da Jaqueira.
A classificação final do campeonato: 1º) Sport Recife com 22 pontos e 37 gols de saldo; 2º) Santa Cruz com 22 pontos e 32 gols de saldo; 3º) Torre com 18 pontos; 4º) Flamengo do Recife com 14 pontos; 5º) Varzeano com 7 pontos; 6º) Náutico com 6 pontos; 7º) Peres com 5 pontos, e em 8º) América com 4 pontos das duas vitórias iniciais. Depois abandonou o campeonato.
As grandes goleadas: Santa Cruz 6 x 1 Varzeano; Flamengo- PE 6 x 1 Varzeano; Santa Cruz 6 x 1 Torre; Náutico 5 x 0 Varzeano e Sport Recife 5 x 0 Peres.
As surpresas: Torre 3 x 1 Santa Cruz; Torre 2 x 1 Náutico; Flamengo 5 x 2 Náutico; Torre 7 x 1 Náutico e Flamengo 4 x 1 Náutico.
Os clássicos: 4/4- América 4 x 1 Sport; 11/4- Santa Cruz 2 x 0 Náutico; 30/5- América 4 x 1 Náutico; 27/6- Santa Cruz 2 x 1 América; 1/8- Sport 1 x 0 Náutico; 29/8- Santa Cruz 4 x 2 Sport; 31/10- Santa Cruz 1 x 0 Náutico; 5/12- Sport 6 x 1 Náutico e 19/12- Sport 1 x 0 Santa Cruz.
O artilheiro do campeonato: Não há registro.
Não houve seleção do campeonato
O Sport e o Santa Cruz chegaram ao final do Turno igualados com 22 pontos sendo necessário a realização de dois jogos extras para se conhecer o campeão. O primeiro jogo aconteceu no dia 20 de março de 1921, e terminou em 0 x 0 no tempo normal, houve uma prorrogação de 20 minutos que terminou sem abertura de contagem, sendo necessário a realização de uma segunda partida.
Em São Paulo , o campeão foi o Palestra Itália (atual Palmeiras); no Rio de Janeiro, o campeão foi o Flamengo; em Minas Gerais , o América tornou-se pentacampeão; No Rio Grande do Sul, o Guarany de Bagé levantou a taça; no Paraná, o Britânia conquistou o tri campeonato; No Ceará, o campeão foi o Fortaleza; na Bahia, deu Ypiranga de Salvador e no Pará, o Paysandu conquistou o título.
Não houve seleção do campeonato
O Sport e o Santa Cruz chegaram ao final do Turno igualados com 22 pontos sendo necessário a realização de dois jogos extras para se conhecer o campeão. O primeiro jogo aconteceu no dia 20 de março de 1921, e terminou em 0 x 0 no tempo normal, houve uma prorrogação de 20 minutos que terminou sem abertura de contagem, sendo necessário a realização de uma segunda partida.
Ficha técnica:
Sport 1 x 0 Santa Cruz
Data: 3/Abr/1921
Local: Campo da Jaqueira
Árbitro: não informado
Gol: Backer
O Sport venceu com Mário Franco; Chalmers e Armindo; Salazar, Benedito e Jack; Griffiths, Hardy, Backer, Péricles e Batista.
O Santa Cruz perdeu com Ilo Just; Bebé e Rosas; Júlio, Manoel Pedro e Zé de Castro; Neguinho, J. Sá, Oscar, Pitota e Anísio.
Outros campeões estaduais pelo Brasil em 1920:
Por: Jânio Odon de Alencar
Fonte: Diário de Pernambuco e História do futebol em Pernambuco, de Givanildo Alves, Ed. Bagaço.
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