quarta-feira, 2 de novembro de 2011

MMA no Chevrolet Hall e homenagem a Luciano Todo Duro

Luciano Todo Duro é homenageado
Não é qualquer um que sobe ao ringue e sai dele com um cinturão sem lutar. Mas foi o que aconteceu com o ex-pugilista Todo Duro, nome mais conhecido para Luciano Torres. O pernambucano de 43 anos recebeu um cinturão especial pela sua trajetória esportiva, marcada por 45 vitórias por nocaute e somente oito derrotas em 70 lutas que disputou ao longo da sua carreira. A homenagem ocorreu na noite desta terça-feira durante o Night of World Champions (NWC), realizado no Recife.
- Vou lutar ainda muitos anos porque estou novo, tenho espírito de guerreiro e não vou parar nem tão cedo. Estou aqui para "estraçaiar" - disse o ex-boxeador, que anunciou que vai lutar novamente em janeiro do próximo ano, quando enfrenta, em São Paulo, o lutador Marinho Soares.

Se os estrangeiros levaram a melhor nas disputas dos cinturões mundiais na modalidade K1, o mesmo não se pode dizer das lutas que valiam o título mundial de MMA (sigla em inglês para artes marciais mistas). Dos dois cinturões que estavam em disputa nesta primeira edição do Night of World Champions (NWC), realizado no Recife na noite desta terça-feira, um foi conquistado por um brasileiro e outro por um português, pondo fim à hegemonia espanhola que havia dominado os ringues nas lutas anteriores.
Foi ao som da banda de hardcore pernambucana Os Cachorros que o octógono, até então suspenso durante as lutas do K1, desceu. Os primeiros a estreá-lo foram o recifense Gleison "Pitbull" e o paraibano Geraldo Paiva, que disputaram o título de NWC na modalidade MMA, na categoria penas. E aos gritos de "Morde ele!" vindos do público, o pernambucano levou a melhor: apesar de ter vencido o primeiro round, Geraldo Paiva desistiu da luta no segundo round e o cinturão ficou com Gleison "Pitbull", para o delírio da plateia.
A luta seguinte trouxe mais um pernambucano ao octógono. Representando o Estado, Gilmar da Silva disputou o título do NWC de MMA na categoria leves com o carioca Joel de Oliveira. Mas quem se deu melhor foi o lutador do Rio de Janeiro. Logo no primeiro round, ele conquistou o título por nocaute técnico no adversário.
Encerrando as lutas profissionais de MMA da noite, o pernambucano Adilson Fernandes, mais conhecido como Jack Godzilla, e o paraibano Ronaldo Estevão disputaram o título do NWC na categoria meio-pesados. O duelo nordestino foi vencido por Jack Godzilla, que fazendo jus ao nome, mostrou toda a sua força no octógono e precisou apenas de um round para vencer com um nocaute o adversário numa luta que, embora rápida, foi uma das que mais empolgaram o público.
Já havia passado da meia-noite quando a primeira luta valendo o título da World Kickboxing League (WKL) na modalidade MMA foi iniciada. O octógono recebeu um duelo internacional: de um lado, o paulista Tomeya Sasahara, representando o Brasil; do outro, o angolano Sérgio Miguel. E o único representante do continente africano no evento acabou sendo derrotado no primeiro round. Com uma finalização mata-leão, Sasahara conquistou o cinturão mundial na categoria meio-médios.


O pernambucano Jacaré é derrotado pelo espanhol Galván
E a noite do NWC não poderia ter se encerrado de uma maneira mais emocionante. O último duelo foi o mais sangrento do evento (e talvez por isso) foi o que mais contou com a vibração do público. No octógono, mais uma luta internacional: desta vez, a disputa era entre Brasil, representado pelo mato-grossense Ivo Rodrigo, e Portugal, representado por Rafael Silva. O brasileiro até que começou bem, mas aos dois minutos do segundo round foi nocauteado pelo estrangeiro, que levou para o outro lado do Oceano Atlântico o cinturão mundial do WKL na categoria médios da modalidade MMA. A cena parecia paradoxal, mas é típica desse esporte: o português, mesmo sangrando e com hematomas no rosto, era pura alegria e estampava um sorriso maior do que qualquer dor que pudesse estar sentindo naquele momento.

Não foi do jeito que ele esperava ou desejava, pois foi com uma derrota que o pernambucano Wellington Jacaré deu adeus aos ringues. Ele, que é campeão mundial de kickboxing na categoria peso leve, desistiu do confronto com o espanhol Marcos Galván no final do quarto round e encerrou a carreira sem levar o título do World Kickboxing League (WKL), na modalidade K1, categoria galo. O duelo ocorreu na noite desta terça-feira no Night of World Champions (NWC), realizado no Recife.
O lutador, de 42 anos, fez questão de agradecer à plateia, que o incentivava aos gritos de "Uh! É Jacaré" enquanto ele estava no ringue. Por sua vez, o espanhol, bastante vaiado pela torcida recifense, chamou a atenção pelo laço rosa que ostentava no seu calção.
- Gostaria de agradecer ao público. Organizei o evento e lutei e isso é muito difícil. Tinha que ter me preparado mais psicologicamente, pois fisicamente estou preparado. Mas perdi para o melhor do mundo - afirmou mestre Jacaré, que não conteve as lágrimas após desistir da luta.
 
No outro confronto internacional das lutas K1 do evento, mais Brasil contra Espanha. O brasileiro Giuliano de Lima enfrentou o espanhol Antonio Jimenez Tortosa, que subiu ao ringue ostentando a marca de 14 vitórias em 15 lutas. E não foi desta vez que o lutador nascido na cidade de Murcia sofreu a 15ª derrota. Na verdade, ele ampliou o seu número de vitórias e ficou com o cinturão mundial de WKL na modalidade K1, categoria peso médio, após o brasileiro desistir da luta no final do terceiro round.

Após ter de esperar mais de uma hora do que o previsto, o público pode conferir a primeira luta da noite. Por volta das 21h, os recifenses Douglas Felipe e Jacques Waller Bárcia inauguraram o ringue montado no Chevrolet Hall para a primeira edição do NWC. E foi Douglas Felipe quem levou o título do NWC na categoria meio-pesados. Ele precisou de apenas três rounds, dos cinco possíveis, para derrotar por nocaute técnico o adversário, que deixou o ringue sangrando bastante.
Na luta seguinte, subiram ao ringue o paulista Clewton Fernandes e o mato-grossense Rafael Soldera. A segunda luta foi mais disputada e demorou mais um pouco: foram necessários os cinco rounds previstos no regulamento para chegar a um vencedor. Por decisão unânime dos árbitros, Clewton Fernandes venceu o confronto e levou para São Paulo o título do NWC na categoria penas.

Na disputa seguinte, o título da categoria superpesados é que estava em jogo. De um lado do ringue, o paulista Fábio dos Santos. Do outro, o pernambucano Elias Rodrigues. As vaias do público, que queria ver mais socos e chutes entre os lutadores, ainda nos primeiros rounds já davam indícios de que o duelo teria um desfecho diferente. E foi de uma maneira inusitada que a luta chegou ao fim: o representante de São Paulo preferiu abandonar o ringue no terceiro round. Com a desistência do adversário, o cinturão da categoria superpesados ficou com Elias Rodrigues, que arrancou risos do público ao chamar o paulista de gordo ao ser entrevistado ainda no ringue.


Por: Bruno Marinho/Globo Esporte


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