O Plenário da Câmara dos
Deputados aprovou nesta quarta-feira (2) a Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) 172/12, do deputado Mendonça Filho (DEM-PE), que proíbe a lei federal de
impor ou transferir qualquer encargo ou a prestação de serviços aos estados, ao
Distrito Federal ou aos municípios sem a previsão de repasses financeiros
necessários ao seu custeio.
O substitutivo da comissão
especial foi aprovado com 379 votos a favor e 47 contra e precisa passar ainda
por um segundo turno de votação na Câmara.
De acordo com o texto do relator,
deputado Andre Moura (PSC-SE), essa regra será aplicada inclusive em relação a
encargos previstos em ato normativo.
Com a União obrigada a garantir
os recursos necessários para repassar a Estados e Municípios, pautas
corporativas que impactam os caixas estaduais e municipais ficam
inviabilizados, como a PEC-300. A proposta cria um piso nacional para policiais
militares, civis e bombeiros. “Se não houver compromisso da União de prever em
sua dotação, ela está inviabilizada”. Afirmou o deputado federal André Moura
(PSC-SE), que deu o parecer.
Para a líder do PCdoB, deputada
Jandira Feghali (RJ), isso poder afetar o disciplinamento de valores que
ocorrem por decreto, como a definição dos repasses do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (Fundeb) para estados e municípios e os valores do salário mínimo.
Dotação orçamentária
A regra valerá inclusive para o custeio de piso salarial profissional cuja competência de definição tiver sido delegada à União, como o piso dos agentes de combate às endemias e o dos professores da rede pública.
A regra valerá inclusive para o custeio de piso salarial profissional cuja competência de definição tiver sido delegada à União, como o piso dos agentes de combate às endemias e o dos professores da rede pública.
Lideranças da Associação dos policiais e bombeiros militares de Pernambuco em luta pela aprovação da PEC-300.
Adicionalmente, o texto prevê que
os atos sobre os repasses de serviços e encargos somente poderão vigorar se
existir dotação orçamentária para o pagamento das despesas decorrentes.
Para isso, terá de haver aumento
permanente de receita ou redução permanente de despesa no âmbito federal que
compense os efeitos financeiros da nova obrigação assumida pela União.
Por acordo entre a maior parte dos líderes partidários, o PT apresentou um destaque que foi aprovado por 366 votos a 54 e retirou do texto dispositivo que permitia a compensação anual dos repasses de custeio com os pagamentos devidos por estados, municípios e o Distrito Federal à União, exceto os débitos previdenciários.
Para o autor da PEC, não procedem as críticas de que o texto impediria a atuação do Legislativo, vedando propostas de aumento salarial em tramitação na Casa. Entre elas, a PEC 443/09, que estende o gatilho salarial de advogados públicos da União e de delegados da Polícia Federal às carreiras de delegado de Polícia Civil dos estados e do Distrito Federal e aos procuradores municipais. Esse gatilho é de 90,25% do subsídio dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Para Mendonça Filho, “não tem
essa hipótese de uma PEC impedir que outra venha a ser aprovada. Isso depende
de cláusulas pétreas, criadas pela Assembleia Nacional Constituinte”.
Para o deputado Júlio Cesar (PSD-PI), a PEC do Pacto Federativo tem a intenção de proteger os municípios, que tiveram aumento de encargos a partir da Constituição de 1988 sem aumento de receita. “A União começou a transferir encargos que lhe pertenciam para os municípios: programas sociais, educação, saúde, assistência social. Por isso, eles estão todos quebrados”, alertou.
O deputado acusou ainda o governo
federal de “sangrar” os impostos compartilhados com outros entes federados, com
isenções que diminuíram os fundos constitucionais.
É a mesma opinião do deputado
Caio Nárcio (PSDB-MG). “Vemos hoje muitos prefeitos com a língua para fora sem
ter como pagar as contas e têm passado dificuldades para cumprir o papel para o
qual foram eleitos”, afirmou.
O deputado Giovani Cherini
(PDT-RS) lembrou a situação do Rio Grande do Sul, que teve repasses federais
suspensos por não arcar com a dívida. “Queremos que estados e municípios se
viabilizem”, declarou.
Cherini fez um mea culpa e disse
que é preciso acabar com o aumento de responsabilidades sem recursos.
“Aprovamos projetos sem previsão de onde vão sair os recursos e encargos, por
isso temos hoje discrepâncias no serviço público”, afirmou.
Por: Jânio Odon
Fonte: Agência Câmara Notícias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário