domingo, 5 de novembro de 2017

Em 1960, a "invasão de zona" feita pelas empresas de ônibus, bagunçou o sistema de transporte coletivo da Zona Norte do Recife

A Avenida Rio Branco, no Recife Antigo em 1960. Os ônibus que serviam aos moradores da periferia. Foto: Museu da Cidade do Recife.

O Diário de Pernambuco do dia 12 de janeiro de 1960, publicou uma matéria relacionada as grandes empresas de ônibus da Zona Norte do Recife que migraram para outros bairros e provocaram o desmantelamento do sistema de transporte coletivo nos bairros, já que as pequenas empresas existentes na época, também migraram para outros bairros em virtude da queda de arrecadação nas passagens. Este fato, fez com que alguns bairros ficasse com escassez no transporte coletivo, enquanto outros foram beneficiados.

O Diário publicou o seguinte: "A INVASÃO DE ZONA" (o título). O primeiro ítem do memorial é dedicado, como dissemos, ao problema da "invasão de zona". Argumentam da seguinte maneira: "E tanto isso é verdade que a Empresa Linhas Unidas Ltda, retirou vários ônibus da linha de Peixinhos para fazê-los circular com destino à Linha do Tiro, enquanto a Empresa Petrópolis além de ter tomado providências no tocante ao cancelamento de certos horários, também se resguardou da aquisição de novas unidades, já devidamente encomendadas e em vias  de lhes serem entregues.

Com o deslocamento dos ônibus da Empresa Linhas Unidas Ltda, para o percurso Linha do Tiro, ocorreu que linhas menores da zona de Beberibe sentiram o decréscimo de suas arrecadações, passando consequentemente a outros setores, tais como Bomba do Hemetério e Águas Compridas, motivando tudo isso uma permanente desorganização no próprio serviço das empresas e no sistema de transportes de passageiros do Recife.

Enquanto o problema se robustece nos limites da linha de Peixinhos, fato semelhante se esboça com a Empresa Pedrosa, na sua permissão  para explorar a linha do Pina, agora recebendo verdadeiro afluxo de novas unidades.

Ônibus circulando na Ponte Duarte Coelho, entre a Rua do Sol e Avenida Guararapes em 1960. Foto: Museu da Cidade do Recife.

Por seu turno a linha de Casa Amarela, cuja zona vem sendo, há longos anos, servida pela Rodoviária Borborema, sempre com novos investimentos, numa demonstração do seu interesse em bem servir ao público, está passando, hoje, pelo mesmo processo, com os seus veículos trafegando quase vazios depois das horas de "rush" recifense.

A situação acima descrita, exmo. sr. prefeito (Miguel Arraes de Alencar), apresentar-se-á, dentro em breve, com fóros de calamidade para as empresas vitimadas pelo espraiamento de novas permissões, fator que poderá desarticulá-los, perdendo-se assim, organizações empreendedoras e que jamais se escusaram de uma cooperação direta com o Poder Público, no tocante aos serviços de transportes de passageiros do Recife

Por: Jânio Odon
Fonte: Diário de Pernambuco.

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