O arquiteto morreu na quarta-feira (5) à
noite aos 104 anos. O corpo vai ser sepultado na sexta-feira (7), no Rio de Janeiro.
Oscar Niemeyer faleceu às 21h55. A esposa
dele, Dona Vera, estava ao lado do marido. O último mês de vida ele passou no
hospital e impressionou os médicos pela força de vontade de viver.
Até os últimos momentos ele permaneceu
lúcido, só perdeu a consciência na quarta de manhã. E falava em novos projetos,
novos trabalhos.
O corpo será levado para Brasília, onde
será velado no Palácio do Planalto. Ele volta à noite para o Rio de Janeiro,
onde será velado no Palácio da Cidade. O prefeito Eduardo Paes decretou luto de
três dias. Ele será enterrado no Rio.
Oscar Niemeyer estava internado desde o dia
2 de novembro em um hospital na Zona Sul do Rio. Segundo a equipe médica, o
estado de saúde de Niemeyer piorou nos últimos dois dias.
O médico Fernando Gjorup, amigo do
arquiteto, fez o anúncio oficial. “Oscar Niemeyer vinha, desde ontem,
apresentando sinais de nos exames laboratoriais piora e infecção respirat[oria.
Hoje pela manhã, apresentou insuficiência respiratória, teve que ser entubado,
ventilado por aparelho, e agora à noite ele não tolerou e veio a falecer às
21h55. Ele não falava sobre morte. Nunca falou. Ele falava em viver”, disse.
O arquiteto manteve o bom humor e a lucidez
até um dia antes de morrer. “Ele só falava quando ele estava melhor. Ele pedia:
‘Preciso ir para casa. Eu estou cheio de coisa atrasada para fazer. Quero tomar
vinho e preciso acabar alguns projetos’. Estamos todos muito sentidos e vamos
sentir muita falta deste homem, deste brasileiro, deste modelo do tio. De tudo
o que ele foi para o país e para família em especial”, lamentou o sobrinho
Paulo Niemeyer.
Peter Gasper é cenógrafo e iluminador. Fez
mais de 40 projetos com Oscar Niemeyer, no Brasil e no exterior. “Tem muitas
obras ainda em andamento. Eu fico realmente honrado em ter sido amigo dele.
Honrado em ter trabalhado com ele e honrado em continuar a trabalhar com ele.
Ele se foi, mas eu continuo trabalhando com ele”.
O arquiteto Lauro Cavalcanti é o maior
especialista em Niemeyer no Rio e também um grande amigo do arquiteto. “Tinha
uma coisa muito ligada no trabalho dele, claro, mas também ligadíssimo em
política, na vida, interessado nas coisas. Eu acho que a longevidade dele
deu-se pela genética, mas também por este interesse vital nas coisas”.
O prefeito Eduardo Paes decretou luto
oficial de três dias pela morte de Niemeyer. “Eu acho que a gente perdeu o um
grande brasileiro, uma pessoa que a vida inteira acreditou até o fim nos seus
ideais. Há três, quatro meses atrás ele só falava de futuro, só falava de
projetos. E acho que Oscar é um revolucionário. É um homem que transformou”,
afirmou.
O amigo Chico Buarque não quis gravar
entrevista, mas divulgou a seguinte nota: “Oscar Niemeyer teve uma vida muito
bonita. Foi um dos maiores artistas do seu tempo e um homem maior que a sua
arte”.
Parentes e amigos de Oscar Niemeyer chegam
a todo o instante ao hospital. A esposa do arquiteto, Dona Vera Lúcia, disse
que haverá uma missa no próprio hospital.
Só depois disso o corpo deve ser levado, a
princípio, ao Aeroporto Santos Dumont, onde embarca em um voo fretado para
Brasília, para o velório, que acontecerá no Palácio do Planalto.
Ainda nesta quinta-feira o corpo será
levado de volta para o Rio de Janeiro. Na sexta-feira, ele será velado no
Palácio da Cidade. O enterro será no Cemitério São João Batista, na Zona Sul da
cidade.
Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer
Soares, nasceu no Rio de Janeiro, em 15 de dezembro de 1907.
1922.
Matricula-se no Colégio dos Barnabitas Santo Antônio Maria Zaccaria.
” Nasci em
Laranjeiras, na Rua Passos Manuel, rua que depois recebeu o nome do meu avô
Ribeiro de Almeida, então Ministro do Supremo Tribunal Federal. Uma rua
íngreme, tão íngreme que até hoje me espanta como a corríamos de cima para
baixo jogando futebol.”
Oscar Niemeyer e sua esposa Annita Baldo nos anos 20.
1928. Niemeyer
conclui o curso secundário. Casa-se com Annita Baldo.
1929.
Matricula-se na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.
“Em 1928, me casei com Annita Baldo, uma moça bonita, modesta, filha de imigrantes italianos, provenientes de Pádua, perto de Veneza. Nessa época eu não tinha tomado rumo certo, Ao contrário, levava vida boêmia e despreocupada e tudo me parecia bem.”
“Em 1928, me casei com Annita Baldo, uma moça bonita, modesta, filha de imigrantes italianos, provenientes de Pádua, perto de Veneza. Nessa época eu não tinha tomado rumo certo, Ao contrário, levava vida boêmia e despreocupada e tudo me parecia bem.”
“Depois de
casado comecei a compreender a responsabilidade que assumia e fui trabalhar na
tipografia de meu pai, entrando depois para Escola Nacional de Belas Artes.”
1934. Obtém o
diploma de engenheiro arquiteto no Rio de Janeiro.
1935. Inicia
vida profissional no escritório de Lúcio Costa e Carlos Leão.
1936. No
escritório de Lúcio Costa e Carlos Leão participa da equipe do projeto do
Ministério da Educação e Saúde. Conhece Le Corbusier e Gustavo Capanema.
“Não queria,
como a maioria dos meus colegas, me adaptar a essa arquitetura comercial que
vemos aí. E apesar das minhas dificuldades financeiras, preferi trabalhar, gratuitamente,
no escritório do Lúcio Costa e Carlos Leão, onde esperava encontrar as
respostas para minhas dúvidas de estudante de arquitetura. Era um favor que
eles me faziam.”
1937. Projeta a
Obra do Berço, no Rio de Janeiro.
1939. Viaja com
Lúcio Costa para projetar o Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova Iorque.
1940. Conhece o
prefeito de Belo Horizonte Juscelino Kubitschek, que o convida a projetar o
Conjunto da Pampulha.
1945. Ingressa
no Partido Comunista Brasileiro.
1946. Convidado
a dar um curso na Universidade de Yale, nos EUA, tem seu visto de entrada
cancelado.
1947. Obtida a
permissão de estada nos Estados Unidos, viaja a Nova Iorque para desenvolver o
projeto da sede da ONU.
1950. É
publicado nos EUA o livro The Work of Oscar Niemeyer, de Stamo Papadaki.
1951. Projeta os
conjuntos Ibirapuera e COPAN, em São Paulo.
1952. Projeta
sua residência na Estrada das Canoas, no Rio de Janeiro.
1954. Viaja pela
primeira vez a Europa, quando participa do projeto para reconstrução de Berlim.
1955. Funda a
revista Módulo, no Rio de Janeiro. Assume chefia do Departamento de Arquitetura
e Urbanismo da NOVACAP, encarregada da construção de Brasília.
1956. É
encarregado de organizar o concurso para escolha do Plano-piloto de Brasília,
participando também da comissão julgadora.
Oscar Niemeyer e sua maquete do Palácio da Alvorada em Brasília (1957)
1957- 58.
Projeta o Palácio da Alvorada em Brasília e os principais prédios da Nova
Capital.
1961. Publica Minha experiência em Brasília.
1962. É nomeado
coordenador da Escola de Arquitetura da recém criada UnB.
Viaja ao Líbano para projetar a Feira Internacional e Permanente.
Viaja ao Líbano para projetar a Feira Internacional e Permanente.
1963. É nomeado
membro honorário do Instituto Americano de Arquitetos dos Estados Unidos.
1964. Viajando a
trabalho para Israel, é surpreendido pela notícia do golpe militar no Brasil.
Retorna ao país em novembro, quando é chamado pelo DOPS para depor.
É nomeado membro
honorário da Academia Americana de Artes e Letras e do Instituto Nacional de
Artes e Letras.
” Mas durante a
ditadura, tudo foi diferente. Meu escritório foi saqueado e o da revista
Módulo, que dirigia, semi-destruído. Meus projetos pouco a pouco começaram a
ser recusados. “Lugar de arquiteto comunista é em Moscou “, desabafou um dia a
imprensa o Ministro da Aeronáutica.”
1965. Retira-se
da Universidade de Brasília com mais 200 professores, em protesto contra a
política universitária. Viaja a Paris para a exposição de sua obra no Museu do
Louvre.
1966. Publica o
livro Quase memórias: Viagens.
1967. Impedido
de trabalhar no Brasil, decide se instalar em Paris.
1968. Projeta a
sede da Editora Mondadori, na Itália, e desenvolve diversos projetos para a
Argélia.
1969. Na
Argélia, projeta a Universidade de Constantine.
1970. Em
protesto contra a guerra do Vietnã, desliga-se da Academia Americana de Artes e
Ciências.
1972 – 73. Em
Paris, abre seu escritório nos Champs Elysées, em Paris. Acompanha a exposição
sobre sua obra na Europa.
1975. Projeta a
sede da Fata Engeneering na Itália. A revista Módulo volta a ser publicada.
1978. Funda o
Centro Brasil Democrático CEBRADE, do qual é eleito presidente.
1983.
Retrospectiva de sua obra, no MAM-RJ.
1985. Volta a
desenvolver projetos para Brasília.
1987 – 88.
Recebe o Prêmio Pritzker de Arquitetura, dos Estados Unidos. Projeta Memorial
da América Latina em São Paulo.
1990. Junto com
Luiz Carlos Prestes, desliga-se do Partido Comunista Brasileiro.
1991. Projeta o
MAC de Niterói.
1993. Publica
Conversa de Arquiteto.
1994. Projeta o
Museu O Homem e seu Universo, em Brasília, e a Torre da Embratel, no Rio de
Janeiro.
1995. Projeta o
Monumento em Comemoração ao Centenário de Belo Horizonte.
Recebe os títulos de Doutor Honoris Causa das Universidades de São Paulo e de Minas Gerais.
Recebe os títulos de Doutor Honoris Causa das Universidades de São Paulo e de Minas Gerais.
1996. Projeta o
Monumento Eldorado Memória, doado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem-Terra. Recebe o Prêmio Leão de Ouro da Bienal de Veneza por ocasião da VI
Mostra Internacional de Arquitetura.
1997. Em
homenagem ao seu aniversário, realizam-se diversas mostras no Brasil.
Inicia os estudos para o Caminho Niemeyer, Niterói, no Rio de Janeiro; o Museu de Arte Moderna de Brasília; a sede da empresa TECNET – Tecnologia e o Paço Municipal de Americana, em São Paulo, e o Centro de Convenções do Riocentro, na cidade do Rio de Janeiro.
Inicia os estudos para o Caminho Niemeyer, Niterói, no Rio de Janeiro; o Museu de Arte Moderna de Brasília; a sede da empresa TECNET – Tecnologia e o Paço Municipal de Americana, em São Paulo, e o Centro de Convenções do Riocentro, na cidade do Rio de Janeiro.
1998. No
Pavilhão Manoel da Nóbrega – Parque do Ibirapuera, em São Paulo, é realizada a
exposição retrospectiva sobre sua obra Oscar Niemeyer 90 Anos.
Recebe a Royal
Gold Medal do Royal Institute of British Architects – RIBA.
Inicia os
estudos para os projetos do Centro Cultural de Santa Helena, no Paraná, o
Complexo arquitetônico Memorial e Palácio Legislativo Ulysses Guimarães, em Rio
Claro e a Escola de Música Guiomar Novaes, em São João da Boavista, em São
Paulo, o Memorial Darcy Ribeiro no Sambódromo, no Rio de Janeiro, o Memorial
Maria Aragão, em São Luis do Maranhão, o Monumento Marco de Touros, o Presépio
de Natal, em Natal, no Rio Grande do Norte, o Complexo Arquitetônico Memorial e
Palácio Legislativo Ulysses Guimarães, em Rio Claro, São Paulo, o Memorial
Carlos Drummond de Andrade, em Itabira, Minas Gerais, e o Memorial Paranaense
da Coluna Prestes, em Santa Helena, Paraná.
1999. Projeta,
entre outros, o novo Teatro no Parque do Ibirapuera em São Paulo, o Setor
Cultural de Brasília, o Centro Administrativo de Betim, em Minas Gerais, além
do Monumento Comemorativo aos 500 Anos do Descobrimento do Brasil em São
Vicente, SP. Realizam-se as seguintes exposições: no Museu de Arte
Contemporânea de Niterói a exposição Escultura de Oscar Niemeyer; no Riocentro,
Rio de Janeiro, a exposição Oscar Niemeyer 90 Anos, a qual segue depois para
Buenos Aires, Argentina e Brasília.
Parque Dona Lindu em Boa Viagem- Recife, de Oscar Niemeyer.
2000. Projeta o
Módulo Educação Integrada – MEI, creches populares incorporadas aos Centros
Integrados de Educação Pública – CIEPs; o Centro Administrativo de Goiânia,
oMemorial Cassiano Ricardo em São José dos Campos, SP, além da Sede da UNE na
Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, o auditório em Ravello, na Itália, o
Jardim Botânico em Petrópolis e o Centro Cultural e Esportivo João Saldanha, em
Maricá, ambos no estado do Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro é lançado, o
documentário Oscar Niemeyer um arquiteto engajado em seu século, do cineasta
belga Marc-Henri Wajnberg.
2001. Projeta a
Residência em Oslo, Noruega, o Acqua City Palace Moscou, Rússia, o Auditório e
Salão de Exposições da Faculdade Cândido Mendes, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. O
anexo do hotel Copacabana Palace no Rio de Janeiro, o Centro de Memória do
DOI-CODI, em São Paulo e o Museu do Cinema, em Niterói, Rio de Janeiro, o Museu
Arte, Arquitetura, Cidade, em Curitiba, Paraná, e o Hospital Veterinário da
Universidade do Norte Fluminense – UENF, em Campos, Rio de Janeiro.
Recebe a Medalha
da Ordem da Solidariedade do Conselho de Estado da República de Cuba, a Medalha
do Mérito Darcy Ribeiro do Conselho Estadual de Educação do Estado do Rio de
Janeiro, o Prêmio UNESCO 2001, na categoria Cultura e os títulos de Grande
Oficial da Ordem do Mérito Docente e Cultural Gabriela Mistral, do Ministério
da Educação do Chile e de Arquiteto do Século XX, do Conselho Superior do
Instituto de Arquitetos do Brasil.
Realiza-se a
exposição Oscar Niemeyer 90 anos, no Pavilhão de Portugal do Parque das Nações
em Lisboa, Portugal.
2002. Projeta o
Centro Cultural e Esportivo da Escola de Samba Unidos de Vila Isabel, no Rio de
Janeiro.
Realiza-se a
exposição Oscar Niemeyer 90 anos, na Galerie Nationale du Jeu de Paume em
Paris, França.
2011- Inaugurado em 26/3, obra do arquiteto Oscar Niemeyer, o Parque Dona Lindu em Boa Viagem-Recife.
Por: G1.com e Biografia.inf.br
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