O frevo, ritmo genuinamente pernambucano,
agora é do mundo. A música que hipnotiza milhões de foliões e dá o tom do
carnaval no estado foi oficialmente reconhecida como Patrimônio Imaterial da
Humanidade. O anúncio foi feito em Paris, nesta quarta-feira, durante a cerimônia
organizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (Unesco).
Uma comissão de 25 pessoas que saiu de
Pernambuco especialmente para a ocasião, acompanhou o anúncio, entre elas a
secretária de Cultura do Recife, Simone Figueirêdo; o presidente da Fundação de
Cultura Cidade do Recife (FCCR), André Brasileiro; o secretário executivo da
Secretaria de Cultura de Pernambuco, Beto Silva; e o secretário chefe da Casa
Civil, Tadeu Alencar, representando o Governo do Estado.
Presente à solenidade, a ministra da
Cultura, Marta Suplicy, festejou o anúncio: "É extremamente importante a
escolha do frevo. Ele é uma força viva. Para nós, o frevo junta dança, música,
artesanato. É um enorme orgulho, ter todas estas capacidades reconhecidas",
ela disse, em declaração reproduzida pelo site do ministério. Marta também
observou a importância do título diante da comunidade internacional.
"Ajuda manter e preservar nossa riqueza”, frisou.
Em 2007 o frevo recebeu título Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro e agora é reconhecido mundialmente. O ritmo foi a única expressão da cultura brasileira avaliada nesta sessão, junto com outras 35 propostas. Sua pré-candidatura foi formalizada há dois anos, após a coleta de 28 mil assinaturas da população do Recife. Em outubro, o pleito foi colocado oficialmente na pauta da Unesco e teve julgamento de mérito concluído no documento emitido no início deste mês.
Dos 120 patrimônios imateriais protegidos pela Unesco desde 2001, apenas 20 estão na América, sendo três brasileiros.
Em 2007 o frevo recebeu título Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro e agora é reconhecido mundialmente. O ritmo foi a única expressão da cultura brasileira avaliada nesta sessão, junto com outras 35 propostas. Sua pré-candidatura foi formalizada há dois anos, após a coleta de 28 mil assinaturas da população do Recife. Em outubro, o pleito foi colocado oficialmente na pauta da Unesco e teve julgamento de mérito concluído no documento emitido no início deste mês.
Dos 120 patrimônios imateriais protegidos pela Unesco desde 2001, apenas 20 estão na América, sendo três brasileiros.
Wajãpi
A expressão linguística dos índios Tupi da região delimitadas pelos rios Oiapoque, Jari e Araguari, no Amapá, no extremo norte brasileiro, foi reconhecido em 2003 pela Unesco e foi o primeiro patrimônio imaterial brasileiro.
A expressão linguística dos índios Tupi da região delimitadas pelos rios Oiapoque, Jari e Araguari, no Amapá, no extremo norte brasileiro, foi reconhecido em 2003 pela Unesco e foi o primeiro patrimônio imaterial brasileiro.
Samba de Roda do Recôncavo Baiano
Mais que gênero musical, o ritmo baiano é uma celebração, reconhecido pela Unesco em 2005. Herança do período escravocrata, a música deu origem a manifestações como o samba e o jongo.
Mais que gênero musical, o ritmo baiano é uma celebração, reconhecido pela Unesco em 2005. Herança do período escravocrata, a música deu origem a manifestações como o samba e o jongo.
Yaokwa
O ritual dos indígenas Enawene Nawe, que vivem no Mato Grosso, região Centro-Oeste do país, que dura sete meses, com o objetivo de equilibrar a ordem cósmica e social, é o recente integrante brasileiro na lista da Unesco, em 2011.
O ritual dos indígenas Enawene Nawe, que vivem no Mato Grosso, região Centro-Oeste do país, que dura sete meses, com o objetivo de equilibrar a ordem cósmica e social, é o recente integrante brasileiro na lista da Unesco, em 2011.
Há exatos 100
anos, o Jornal Pequeno, periódico mais importante da época em Pernambuco,
trazia, em sua edição de sábado de carnaval, uma publicação sobre o clube
Empalhadores do Feitosa: "Em sua sede que se acha com uma ornamentação
belíssima, fez ontem esse apreciado clube o seu ensaio geral# O seu repertório
é o seguinte: marchas - Priminha, Empalhadores, Delícias, amorosa, O frevo, O
sol#". No Diario de Pernambuco de 11 de fevereiro de 1890, o primeiro
registro da palavra "frevo" foi revelado pelo pesquisador Evandro
Rabello. Estava reinventada a tradição. Sim, pois, naquele 9 de fevereiro de
1907 - quando o "frevo" chegou àquele jornal, fazia pelo menos duas
décadas que já estava sendo pronunciado pelos brincantes e foliões, que no
reinado de Momo jogavam-se na brincadeira liberta e socialmente condenável do
carnaval de rua. Frevo era realmente a gíria de algo que estava fervendo, ou
melhor, frevendo. Ir para o frevo, era o mesmo que se dissesse, ir para o forró
ou para o samba, independente do que essas expressões significassem em termos
de gêneros musicais.
Existem outras datas simbólicas, como o 12 de fevereiro de 1908, quando no mesmo jornal, o colunista Oswaldo da Silva Almeida, sob o pseudônimo de Paula Judeu, cita novamente o frevo em sua coluna Carnaval. E outro ainda mais marcante, em 22 de fevereiro de 1909 quando, novamente no Jornal Pequeno, uma ilustração sobre o rebuliço da população em torno de mais um carnaval que chegava, é titulada "Olha o frevo!" O frevo estava inventado, pela boca do povo, para designar o que cem anos depois tomaria novamente seu sentido mais amplo: uma manifestação que está além da música, apesar de estar nela sua marca maior, mas envolvendo ainda uma dança e um comportamento social que sintetiza a formação de uma classe urbana trabalhadora e livre, apesar de mal remunerada. O frevo nasceu produzido e consumido pelas classes pobres e médias da população. Hoje, nos seus cem anos, não é muito diferente. Apesar do seu consumo ter sido bem disseminado por todas as esferas da sociedade, ainda são os moradores dos subúrbios e dos bairros mais pobres, os músicos desempregados e sem escola, que o fazem ressoar carnaval após carnaval.
O frevo é música extremamente rica feita por artistas pobres. Assim como o samba, outro gênero que também nasceu de uma tradição inventada (quem disse que, antes de Pelo telefone, dito primeiro samba, não existiram outras canções que se estruturavam para ser o que depois se convencionaria chamar samba?) o frevo representa um símbolo de nacionalidade, apesar de ter ficado restrito a Pernambuco (questão meramente mercadológica). É mistura de raças, diferente do maracatu (que veio dos negros), do caboclinho (tradição indígena) ou das marchinhas (dos brancos). Surgiu dos dobrados das bandas marciais, das marchas militares, misturadas depois ao maxixe, à polca e outros gêneros populares. É por isso, inclusive, que até hoje alguns estudiosos do gênero hesitam em chamar o frevo-de-bloco, de frevo. Pois, mesmo depois que frevo passou a ser gênero musical, o que os blocos das Flores, Batutas de São José, Madeira do Rosarinho, entre outros blocos cantavam, continuou sendo marchinha.
Foi somente em 1957, quando Nelson Ferreira compôs a sua Evocação Nº 1, que o formato foi definido e, copiado por outros compositores, consagrou mais uma categoria de frevo, o de bloco. "Raul Moraes foi o primeiro expoente das músicas que depois seriam chamadas de frevo-de-bloco.
Existem outras datas simbólicas, como o 12 de fevereiro de 1908, quando no mesmo jornal, o colunista Oswaldo da Silva Almeida, sob o pseudônimo de Paula Judeu, cita novamente o frevo em sua coluna Carnaval. E outro ainda mais marcante, em 22 de fevereiro de 1909 quando, novamente no Jornal Pequeno, uma ilustração sobre o rebuliço da população em torno de mais um carnaval que chegava, é titulada "Olha o frevo!" O frevo estava inventado, pela boca do povo, para designar o que cem anos depois tomaria novamente seu sentido mais amplo: uma manifestação que está além da música, apesar de estar nela sua marca maior, mas envolvendo ainda uma dança e um comportamento social que sintetiza a formação de uma classe urbana trabalhadora e livre, apesar de mal remunerada. O frevo nasceu produzido e consumido pelas classes pobres e médias da população. Hoje, nos seus cem anos, não é muito diferente. Apesar do seu consumo ter sido bem disseminado por todas as esferas da sociedade, ainda são os moradores dos subúrbios e dos bairros mais pobres, os músicos desempregados e sem escola, que o fazem ressoar carnaval após carnaval.
O frevo é música extremamente rica feita por artistas pobres. Assim como o samba, outro gênero que também nasceu de uma tradição inventada (quem disse que, antes de Pelo telefone, dito primeiro samba, não existiram outras canções que se estruturavam para ser o que depois se convencionaria chamar samba?) o frevo representa um símbolo de nacionalidade, apesar de ter ficado restrito a Pernambuco (questão meramente mercadológica). É mistura de raças, diferente do maracatu (que veio dos negros), do caboclinho (tradição indígena) ou das marchinhas (dos brancos). Surgiu dos dobrados das bandas marciais, das marchas militares, misturadas depois ao maxixe, à polca e outros gêneros populares. É por isso, inclusive, que até hoje alguns estudiosos do gênero hesitam em chamar o frevo-de-bloco, de frevo. Pois, mesmo depois que frevo passou a ser gênero musical, o que os blocos das Flores, Batutas de São José, Madeira do Rosarinho, entre outros blocos cantavam, continuou sendo marchinha.
Foi somente em 1957, quando Nelson Ferreira compôs a sua Evocação Nº 1, que o formato foi definido e, copiado por outros compositores, consagrou mais uma categoria de frevo, o de bloco. "Raul Moraes foi o primeiro expoente das músicas que depois seriam chamadas de frevo-de-bloco.
Por: Diário de Pernambuco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário