domingo, 24 de julho de 2022

Lêda Baltar, uma estrela do frevo na Cidade Maravilhosa

Lêda Baltar levando o frevo e o maracatu pernambucano para a Cidade Maravilhosa. Foto: Revista "O Cruzeiro" em 2/3/1935.

Durante os anos de 1930, uma jovem recifense, universitária, de família rica, ganhou grande destaque no meio artístico, musical e social. Ela ganhou destaque da imprensa pernambucana por está presente nos principais bailes e eventos da cidade do Recife, muitos deles beneficentes.

Lêda Baltar, que fez parte da Banda Jazz Acadêmico de Pernambuco, formado por estudantes universitários, onde tocavam além do jazz, tocavam blues, foxs, frevo, maracatus e até samba na voz de sua eletrizante vocalista e instrumentista. Já que Lêda, tocava diversos instrumentos, além do piano. Em julho de 1934, fez uma grande apresentação no teatro Santa Izabel, durante a visita do compositor Villa Lobos, ao Recife. Lêda Baltar, cantou blues e dançou dança cigana.

Ainda em 1934, participou do concurso garota “Rosa da Primavera”, representando o bairro da Capunga, evento organizado pela Associação de Imprensa de Pernambuco, onde foi eleita em primeiro lugar com 22.218 votos. Participou de diversos eventos artísticos com o maestro Nelson Ferreira, irmãos Suassuna, Waldemar de Oliveira entre outros.

Pouco se publicou sobre a vida e a carreira desta talentosa artista, todavia, sua participação na Banda Jazz Acadêmico lhes trouxe notoriedade, pois participava de quase todos os eventos sociais e culturais no Estado, sendo convidado a participar de eventos em São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Em sua passagem pela “Cidade Maravilhosa”. Lêda Baltar foi bastante elogiada porque levou a cultura pernambucana à capital do samba, onde o frevo e as batidas dos maracatus ainda não haviam sido vistos. Os cariocas ficaram encantados com a apresentação de Lêda Baltar e a banda. Tanto, que a revista “O Cruzeiro” que à época era uma revista de grande circulação em todo território nacional, onde rendeu grandes elogios:

Revista “O Cruzeiro” em 2 de março de 1935

Lêda Baltar centraliza as atenções do Rio de Janeiro. Nunca estiveram aqui interprete mais legitima do folclore musical pernambucano. Música nortista cheia de encanto diferente, ritmos fortes, é por assim dizer, desconhecido entre nós. Tem sido revelada, por alto. O “Jazz Acadêmico de Pernambuco” veio trazer em pleno carnaval, ao conhecimento dos cariocas, as músicas carnavalescas pernambucanas. O que são as marchas do Recife, já o nosso grande público sabe, através “O teu cabelo não nega” música pernambucana dos irmãos Valença divulgada, um ano depois de sua estreia, por um compositor daqui. Os moços acadêmicos de Pernambuco selecionaram o que havia de melhor no repertório carnavalesco do ano: marchas e maracatus. O “Jazz Acadêmico” é composto de rapazes da mais fina sociedade recifense, todos eles universitários, das Faculdades de Direito, Engenharia, Medicina etc. Ao compasso marcial da música pernambucana, os foliões das margens do Capibaribe dançam o “frevo”.

Pedimos ainda a Lêda Baltar para dizer-nos o que é o “frevo”. Desta vez, porém, Lêda Baltar, não mostra, diz:

- O “frevo” é um passo de dança que se executa, ao som de marchas carnavalescas. É uma dança que contém passos de várias danças do mundo inteiro. A ligeireza do ritmo musical comporta uma série de atitudes que se plasmam e se desfazem. Eu poderia dizer do “frevo” que ele é um verdadeiro coquetel de danças. Há passos de bailados russos. Veja o jogo de pernas dos foliões. Há passos delicados de passos de salão etc. Até hoje ninguém fixou definitivamente a coreografia do “frevo”. Mesmo porque, os pernambucanos precisam aprendê-lo. Já nascem sabendo.

Por: Jânio Odon/VOZES DA ZONA NORTE.

Fonte: Revista O Cruzeiro e Diário da Manhã.

Galeria de fotos

Lêda Baltar no Rio de Janeiro, 1935, "O Cruzeiro"

Lêda Baltar com seu saxofone, Rio de Janeiro, 1935, "O Cruzeiro"

Lêda Baltar (em pé) cantando com Risoleta Cavalcanti. Recife, 1936, "Diário da Manhã"

Lêda Baltar com Risoleta Cavalcanti e a Banda Jazz Acadêmica, Recife, 1936, "Diário da Manhã".





 

 

 



 

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