Durante os anos de 1930, uma
jovem recifense, universitária, de família rica, ganhou grande destaque no meio
artístico, musical e social. Ela ganhou destaque da imprensa pernambucana por
está presente nos principais bailes e eventos da cidade do Recife, muitos deles
beneficentes.
Lêda Baltar, que fez parte da
Banda Jazz Acadêmico de Pernambuco, formado por estudantes universitários, onde
tocavam além do jazz, tocavam blues, foxs, frevo, maracatus e até samba na voz
de sua eletrizante vocalista e instrumentista. Já que Lêda, tocava diversos
instrumentos, além do piano. Em julho de 1934, fez uma grande apresentação no
teatro Santa Izabel, durante a visita do compositor Villa Lobos, ao Recife.
Lêda Baltar, cantou blues e dançou dança cigana.
Ainda em 1934, participou do
concurso garota “Rosa da Primavera”, representando o bairro da Capunga, evento
organizado pela Associação de Imprensa de Pernambuco, onde foi eleita em
primeiro lugar com 22.218 votos. Participou de diversos eventos artísticos com
o maestro Nelson Ferreira, irmãos Suassuna, Waldemar de Oliveira entre outros.
Pouco se publicou sobre a vida e
a carreira desta talentosa artista, todavia, sua participação na Banda Jazz
Acadêmico lhes trouxe notoriedade, pois participava de quase todos os eventos
sociais e culturais no Estado, sendo convidado a participar de eventos em São
Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Em sua passagem pela “Cidade
Maravilhosa”. Lêda Baltar foi bastante elogiada porque levou a cultura
pernambucana à capital do samba, onde o frevo e as batidas dos maracatus ainda não
haviam sido vistos. Os cariocas ficaram encantados com a apresentação de Lêda
Baltar e a banda. Tanto, que a revista “O Cruzeiro” que à época era uma revista
de grande circulação em todo território nacional, onde rendeu grandes elogios:
Revista “O Cruzeiro” em 2 de
março de 1935
Lêda Baltar centraliza as
atenções do Rio de Janeiro. Nunca estiveram aqui interprete mais legitima do
folclore musical pernambucano. Música nortista cheia de encanto diferente,
ritmos fortes, é por assim dizer, desconhecido entre nós. Tem sido revelada,
por alto. O “Jazz Acadêmico de Pernambuco” veio trazer em pleno carnaval, ao
conhecimento dos cariocas, as músicas carnavalescas pernambucanas. O que são as
marchas do Recife, já o nosso grande público sabe, através “O teu cabelo não
nega” música pernambucana dos irmãos Valença divulgada, um ano depois de sua estreia,
por um compositor daqui. Os moços acadêmicos de Pernambuco selecionaram o que
havia de melhor no repertório carnavalesco do ano: marchas e maracatus. O “Jazz
Acadêmico” é composto de rapazes da mais fina sociedade recifense, todos eles
universitários, das Faculdades de Direito, Engenharia, Medicina etc. Ao
compasso marcial da música pernambucana, os foliões das margens do Capibaribe
dançam o “frevo”.
Pedimos ainda a Lêda Baltar para
dizer-nos o que é o “frevo”. Desta vez, porém, Lêda Baltar, não mostra, diz:
- O “frevo” é um passo de dança
que se executa, ao som de marchas carnavalescas. É uma dança que contém passos
de várias danças do mundo inteiro. A ligeireza do ritmo musical comporta uma
série de atitudes que se plasmam e se desfazem. Eu poderia dizer do “frevo” que
ele é um verdadeiro coquetel de danças. Há passos de bailados russos. Veja o
jogo de pernas dos foliões. Há passos delicados de passos de salão etc. Até
hoje ninguém fixou definitivamente a coreografia do “frevo”. Mesmo porque, os
pernambucanos precisam aprendê-lo. Já nascem sabendo.
Por: Jânio Odon/VOZES DA ZONA
NORTE.
Fonte: Revista O Cruzeiro e
Diário da Manhã.
Galeria de fotos
Lêda Baltar no Rio de Janeiro, 1935, "O Cruzeiro"
Lêda Baltar com seu saxofone, Rio de Janeiro, 1935, "O Cruzeiro"
Lêda Baltar (em pé) cantando com Risoleta Cavalcanti. Recife, 1936, "Diário da Manhã"
Lêda Baltar com Risoleta Cavalcanti e a Banda Jazz Acadêmica, Recife, 1936, "Diário da Manhã".
Nenhum comentário:
Postar um comentário